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Brasil em Imaginação
Livros, Impressos e Leituras Infantis
(1895-1915)
246p.
(Coleção INESP-UFC. Escritos de um lugar qualquer; v. 1).
Brasil em Imaginação
Livros, Impressos e Leituras Infantis
(1895-1915)
Fortaleza 2012
Sumário
7 Apresentação
17 Introdução – Por uma Sociologia do Livro e da
Leitura
35 Nação Literária
38 Olavo Bilac e Coelho Neto
63 João do Rio e Viriato Correia
95 Figueiredo Pimentel
105 Os Livreiros-Editores
109 Francisco Alves
119 Pedro Quaresma
241 Referências
7 ... Brasil em Imaginação Livros, Impressos e Leituras Infantis (1895-1915) Andréa Borges Leão ... 7
pressivo-culturais emergentes e esse arranjo societário carac-
terizado pela demanda de homogeneidade afetiva e simbólica
– a sociedade-nação. Nos rastros da contribuição de Antônio
Cândido, em A Formação da Literatura Brasileira, a busca dos
imbricamentos da República das Letras com república nacio-
nal moveu-se pelas dúvidas em torno da formação da identida-
de e cultura brasileiras.
Não é demais supor que os esforços realizados na produ-
ção de conhecimentos sobre esse período abarcando a passa-
gem do século XIX para o século XX, tem-se por horizonte a
questão nacional, esta se encontra catalisada pelo problema da
montagem do próprio sistema cultural brasileiro com seus di-
versos campos e mercados. A auto-observação realizada deixa
um legado significativo, justamente pelo investimento na pes-
quisa e reflexão sobre as obras artísticas e literárias, conside-
rando as combinações de linhagens (ou famílias) intelectuais
compondo círculos culturais com elites dirigentes, mas sem
perder de vista os pertencimentos de classes. A análise propria-
mente estético-formal, então, tornou-se parceira da atenção às
condições estruturais e institucionais da produção, da circula-
ção e do acesso aos bens simbólicos.
O livro Brasil em Imaginação: livros, impressos e leituras
infantis (1895-1915), de Andréa Borges Leão, herda todo esse
estoque de saber que se vem acumulando, mas dá um passo
adiante na mesma caminhada, no instante em que vasculha
uma região até agora deixada obscura. Voltando-se a um âm-
bito só mais recentemente incorporado às preocupações das
ciências sociais, aquele habitado e constituído pelas crianças,
a autora retoma o problema da sociologia da cultura em torno
das diferenças no acesso aos bens culturais, enfocando-o sob
Edson Farias
Cidade do México, 2 de abril de 2012.
1 ARROYO, 1988.
4 Esses títulos fazem parte das publicações da Livraria Quaresma Editora e estão ar-
rolados nos anúncios-catálogos, anexos aos seguintes livros: Florilégio dos Cantores,
de Catulo da Paixão Cearense, 1915; Cancioneiro Popular de Modinhas Brasileiras, de
Catulo da Paixão Cearense, 1908; Mysterios do Violão, de Eduardo das Neves, 1905.
10 Homem de letras é um indivíduo cuja identidade e vida social dependem das socie-
dades de letras, das agremiações e demais agrupamentos da “vida literária”. O cuidado
com a aparência, as aparições públicas e o desvelo com o reconhecimento dos outros
compõem a estrutura determinante de sua existência social. Um homem de letras pode-
ria escrever o que quisesse, adquirir posição estável nas relações da clientela mundana,
mas não necessariamente tornar-se-ia um autor no sentido dado pela ordem do dis-
curso literário. Um autor, entretanto, poderia ter sua conduta sincronizada à ordem do
mundanismo. Os homens de letras, dependendo de suas funções, podem também ser
classificados como intelectuais que, entendo, sejam os profissionais da objetivação ou
verdadeiros profissionais da criação. A respeito dos homens de letras na Belle Époque
brasileira, consultar: BROCA, Brito, 1960; e NETO, Machado, 1973.
11 Para o sociólogo Pierre Bourdieu, o corpo é investido pela relação que estabelece com
o mundo, quer dizer, o corpo é a forma incorporada do mundo social. Hexiz é a maneira
de manter e conduzir o corpo. A este respeito, ver: BOURDIEU, Pierre, 1999 e 2001.
12 Flora Süssekind (1987) chama a atenção para a adesão de escritores consagrados à
publicidade, sobretudo através do ofício de reclamistas, bem dizer, de compositores de
anúncios publicitários veiculados nos jornais. A prática da escrita de versos-reclames só
foi possível com o diálogo entre a literatura e o novo horizonte técnico que se configurava
e, sobretudo, acenava com a possibilidade de profissionalização do trabalho literário.
13 Aqui, urge uma ponderação. O valor estético e o valor comercial da obra literária,
longe de serem independentes, são como as duas faces de uma mesma produção. No
campo literário, nenhuma posição é puramente comercial ou puramente simbólica.
Elas apenas oscilam conforme a conjuntura. Olavo Bilac foi mestre em ligar as duas
posições. A este respeito são ilustrativas as contribuições de Anna Boschetti, 1991.
14 Fica mantida a grafia original dos títulos dos livros e das coleções de livros.
22 A respeito da concepção literária da literatura que vigia no período e que dava forma
ao estilo ornamental, artificial e artesanal de escritores como Coelho Neto, conferir:
MARTINS, Wilson, 1977. Isso não significa que toda a literatura fosse regida por valo-
res exclusivamente literários.
28 A 21 de junho de 1907, Bilac escreve uma crônica para a Gazeta de Notícias conde-
nando o suicídio por amor como mania execrável, antes a mania das conferências, que
era inofensiva. Comentava, pois: “Há por aí quem se queixe da estupenda multiplica-
ção das conferências e dos conferentes. Realmente o número é excessivo. Esta semana
teve dez: uma política, no domingo; uma literária na terça-feira; uma geográfica, na
quarta-feira; uma ocultista, na quinta-feira; uma esperantista, na sexta-feira; e no sá-
bado uma literária, uma musical e uma geográfica. E no domingo haverá ainda uma
política e uma zoológica. Há conferências em português, em francês, em espanhol, em
esperanto, em turco. Todos os salões do Rio andam por empenho”, citado por: MAGA-
LHÃES JÚNIOR, Raymundo, 1974. p. 284-285.
29 RIO, João do, 1994.
30 MAGALHÃES JÚNIOR, Raymundo, 1974, p. 280.
42 Quando da conversa com o sogro, Coelho Neto já lograra o lugar de lente de História
das Artes, na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro.
77 Pequeno Cid Cor de Azeitona era como os redatores do jornal Cidade do Rio ca-
rinhosamente, ou por pura e simples bajulação, chamavam, em fins do século XIX,
José do Patrocínio Filho, o Zeca, filho do proprietário. Tratava-se, certamente, de uma
referência velada à mestiçagem do primogênito de José do Patrocínio. Vejam sobre o
assunto: MAGALHÃES JÚNIOR, Raymundo Magalhães, 1966.
78 EDMUNDO, Luis, 1938, p.590.
79 PINTO, Hércules, 1966.
80 CASCUDO, Luis da Câmara. 1970.
81 Esse é o critério estabelecido pelo crítico nos Estudos Sobre a Poesia Popular e na
História da Literatura Brasileira, o trecho acima citado foi extraído de: Sílvio Romero.
In: ROMERO; COUTINHO, 1980.
87 Idem, 1996.
88 Idem, 1996.
89 AMADO, Gilberto, 1956.
97 Idem, 1997.
98 EDMUNDO, Luiz, pág. 713, 1938.
99 Idem, 1938.
106 PINTO, Hércules, Viriato Correia (a moda de biografia). Rio de Janeiro: Edição do
Autor: Editora Alba Limitada, 1966.
107 Idem, 1966.
108 Idem, 1966.
122 Idem.
126 Idem.
127 PIMENTEL, Figueiredo. O Terror dos Maridos. Scenas da Alta Sociedade. Rio de
Janeiro: Livraria Jacinto Ribeiro dos Santos, s/d.
130 SENA, Ernesto. O Velho Comércio no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Garnier, s/d.
131 O Tico-Tico, quarta-feira, 7 de fevereiro de 1906.
135 Os dados biográficos de Francisco Alves foram obtidos na consulta do Folheto Come-
morativo de cem anos da Livraria Francisco Alves que, em 1954, tinha o nome de Editora
Paulo Azevedo Ltda. Esse documento contém uma relação completa das obras publica-
das pela Livraria Francisco Alves, incluindo o acervo do fundador Nicolau Alves. Foram
utilizados, também, os dados biográficos de Francisco Alves, do livro de Edmundo Fer-
rão Muniz de Aragão, uma publicação da Academia Brasileira de Letras, 1943.
152 Catálogo anexo ao Florilégio dos Cantores, de Catulo da Paixão Cearense, 1915.
153 EDMUNDO, Luiz, 1938.
154 Em suma, esse livro apoia-se nos seguintes argumentos do historiador Roger Charti-
er: “um texto, um gênero editorial ou um código de comportamento podem ser comparti-
lhados em e por diversos meios sociais”, o que lhes marca a distinção são as situações de
leitura que definem usos e modos de apropriação. CHARTIER, Roger (org.) 2001.
155 O Tico-Tico, de 8 de dezembro de 1909.
156 Anne-Marie Chartier, Cristiane Clesse e Jean Hébrard (1996) oferecem vários
exemplos de objetos que compõem o universo doméstico do impresso.
157 Prefácio da Nova Edição, 1896. In: Histórias da Avozinha por Figueiredo Pimentel,
Livraria Quaresma, Rio de Janeiro.
158 O tema da boa e da má leitura, bem como das maneiras corretas de ler pode ser
encontrado no livro de leitura “Alma, educação feminina”, de Coelho Neto, publicado
por Jacinto Ribeiro dos Santos, 1911.
159 Ao Leitor. In: Álbum das Crianças, poesias colecionadas por Figueiredo Pimentel,
Livraria Quaresma, Rio de Janeiro, 1956.
160 Essa é a definição de livro moderno dada por Roger Chartier, 1998.
161 Esse conceito de livro moderno complementa o anterior. CHARTIER, 1987.
162 Catálogo anexo ao livro O Castigo de um Anjo, Livro Para Crianças, por Figueiredo
Pimentel, Livraria do Povo, Quaresma, Rio de Janeiro, 1897.
165 Esses são os conselhos dados à criançada pela escritora Alexina de Magalhães Pinto
para uma leitura educativa. Ver: Alguns Conselhos – sobre a maneira de se servirem
deste livros os Paes, as creanças e os educadores. In: Cantigas das Creanças e do Povo e
Danças Populares, colligidas e selecionadas do folk-lore brasileiro, Coleção Ikes, Série
A, Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1911.
173 É o que nos informa Arroyo, 1988, p. 99 – 119. É o que nos vem assegurando Aníbal
Bragança, 2001. Citemos, mais uma vez, Bragança: se Alves pagava bem aos originais
escolares, “Seria por liberalidade? Não, claro. Mas por duas razões: a primeira, porque
podia pagar, tinha caixa. ... Em segundo lugar, Francisco Alves tinha uma política para
os autores da casa: procurava quase sempre colocá-los como parceiros, inclusive nos
lucros”.
174 Marisa Lajolo (1982), em obra clássica, empreende uma análise do Theatro Infantil
em sua dimensão ideológica como suporte de transmissão dos valores das classes pri-
vilegiadas. A autora examina o livro a partir dos usos , colocações e funções da lingua-
gem no universo bilaquiano, dando ênfase ao problema da escolarização na produção
destinada ao público infantil, sobretudo aos traços de afinidade que, na sua opinião,
uniam os textos de imaginação aos manuais didáticos. Recortamos o objeto por um
outro ângulo de análise, o que não nos impossibilita o acesso à leitura e muito menos
desautoriza o uso deste estudo pioneiro.
175 Basta lembrar a conferência Sobre Minha Geração Literária, nas Últimas Conferên-
cias e Discursos, no qual Bilac assume uma posição crítica em relação à imagem etérea
do poeta, como os “que deixavam crescer sobre as costas cabeleiras incríveis”, distantes,
buscando diferenciar-se das mesquinharias da vida burguesa. Olavo Bilac assume o
sonho como labor e a poesia como trabalho. Ver: BILAC, Olavo, 1996.
Mas aqui,
Entre nós dois, em segredo:
Tu tens apenas treze anos ...
Ficam-te mal esses ares
Sabichões e soberanos ...
Não achas que é muito cedo
Para fingir de grande homem?
Esses modos singulares
Só servem p’ra que te tomem
Por gabola e patarata!
Deixemos o sabichão!
Não pode jogar a bola
Quem tem como ele a cachola
De ideias abarrotada ...
Brincar? Isso é bom p’ra nós,
Pobres diabos sem talento ...
(...) O Gênio não joga a malha,
Não gosta da cabra cega:
Só aos prazeres se entrega
Do Estudo e do Saber ...
É preciso corrigi-o
E salval-o d’esse vício!
Elle é um monstro de vaidade ...
E a vaidade é um precipício ...
Onde se viu um rapaz
176 O Vício Literário. In: Ironia e Piedade. BILAC, Olavo, 1996, p. 802-805.
(affirmando ao publico)
Sim, senhores!
Quando, amorosa e paciente,
Nos conta historias galantes,
Em que há príncipes, pastores,
Bruxas, anões e gigantes,
E lobishomens encantadas,
Em torres de ouro e saphiras
Captivas e encarceradas,
– Não está pregando mentiras?
179 As peças de Coelho Neto são de resto bem convencionais, repetindo os mesmos
motivos, com lições que acabam na punição e no castigo. Sobre a Borboleta Negra,
Marisa Lajolo chama a atenção para a incomunicabilidade entre as classes, onde o eli-
tismo do discurso de Matilde, a patroa, aparece com tons irônicos ante a incapacidade
de leitura de Maria, a empregada. Tem-se, nesta peça, motivo semelhante ao utilizado
no A Carta.
180 Foram narrados, pela ordem, os contos: João Coizinha, O sapo no céu, O medo do
saci, Em casa do bicho homem, O rato vermelho. Essas histórias são as mais represen-
tativas para os objetivos desse livro. As demais eram fábulas de animais caracterizados
como juízes.
191 De acordo com Bourdieu (1979), a produção do sentido tem como princípio um
sistema de esquemas incorporados adquiridos no curso da história individual e que
organizam o pensamento do mundo social, funcionando na prática dos agentes per-
tencentes a esse mundo.
“ Traição e Lealdade
195 O Tico-Tico, quarta-feira, 1º de agosto de 1906, número 43. Com esse texto, a leitora
Maria Evangelina alcançou o primeiro lugar no concurso de contos e foi premiada com
a publicação.
196 ELIAS, Norbert, 1985. Neste livro o sociólogo alemão desenvolve o estudo da rela-
ção entre a dinâmica da posição social e a dinâmica individual.
197 Habitus deve ser entendido aqui na definição que lhe é dada por Bourdieu, 1984.
198 CHARTIER, Roger, 1991.
199 Para tratar da socialização infantil tome-se como referência os fragmentos da me-
mória de Jean-Paul Sartre, nos registros dos quais o escritor-criança mantivera uma
forte relação com os objetos e figuras do ofício intelectual, com os livros e seus autores,
através do aprendizado amoroso da leitura sob o modelo familiar do avô francês-ale-
mão Charles ou Karl Schweitzer. A imperiosa figura deste avô, um substituto simbólico
do pai de Sartre, representava aos olhos infantis do neto, um herói que escrevia livros.
(SARTRE, Jean-Paul, 1984). Entre nós, a mesma experiência de tradição cultural fami-
liar encontra-se nas memórias de Pedro Nava, nas quais fica evidente que o acesso afe-
tuoso ao mundo dos livros procede da filiação. Veja-se as relações do menino Pedruca
com o tio, o escritor Antônio Sales. (NAVA, Pedro, 1973).
202 O primeiro concurso fez tanto sucesso que os redatores prometeram abri-lo para
as meninas. Ao que tudo indica este propósito não foi realizado, pois não há comentá-
rios de respostas de meninas nos números do semanário.
220 O momento, de acordo com Raymundo Magalhães Júnior, não era favorável aos
alemães. Mas a Escola Normal acabou fechando suas portas até que o prefeito Riva-
dávia Correia nomeou Afrânio Peixoto para o posto. Bom, resta esclarecer que a nor-
malista, em caso, viria a ser a escritora Cecília Meireles. MAGALHÃES JÚNIOR, Ray-
mundo, 1974.
221 Este texto foi publicado no Tico-Tico de março de 1908. Note-se a referência ao
almanaque do Tico-Tico que, a partir de 1906, a empresa O Malho passa a publicar
anualmente.
Ah! Minha Luiza, peço-te que reflictas bem no mal que es-
tás fazendo a ti mesma; e lembra-te que Franklin disse que a
preguiça é para o corpo como a ferrugem para o ferro – ella des-
troe lentamente, porém certa.
Betty Wanderley é mais uma leitora que diz como foi pos-
sível a uma menina escritora de versos no Tico-Tico fundar um
nome próprio e passar a autora, quem sabe com a mesma desen-
voltura de Violeta Coelho Neto que, em uma noite de salão, saiu
do lugar mecânico da senhorita e desafiou o poeta Olavo Bilac.
Foi a nós ou foi aos alemães que ela veio visitar? Com essa
pergunta, muito brasileiro perdeu o sono no ano de 1906. Tra-
ta-se de um episódio que atiçou o sentimento nacional e colo-
cou em questão o prestígio e o vigor dos militares republicanos
aos olhos da criançada civil. O caso foi vivido como o perigo
iminente de uma grande batalha. Poderia haver uma invasão a
partir do porto brasileiro. Alta noite, ancora na costa de Itajaí
uma canhoneira alemã, a Panther. Em terra firme, os oficiais
e os marinheiros inferiores são recebidos com uma festa or-
ganizada pelo cônsul alemão, o Sr. Max Putter. No outro dia,
os marujos são convidados para um banquete. O Dr. Antônio
Wanderley Navarro Pereira Lins, juiz de Direito, imediatamen-
te manda abrir um inquérito para apurar os motivos da visita.
Os brasileiros, leitores de jornais, ficaram horrorizados com o
desenrolar do caso. Até a banda de música da canhoneira en-
trou em formatura para tocar no banquete a ela oferecido. Até
a Sociedade de Tiros foi mobilizada para outra grande festa.
Houve fotografia e um pic-nic. E logo no sul, onde havia uma
profusão de colônias de estrangeiros, argumentava-se.
Houve quem cresse que a Panther viajava em missão de
inspeção, “servindo ao mesmo tempo para acordar no ânimo
dos tíbios a idea do dever para com a pátria distante. Distante,
mas sufficiente poderosa para trazer a sua acção até cá. Depois,
todas essas festas, com que ella foi recebida, todo esse movi-
mento, despertam, reanimam, reforçam, as ideas e sentimentos
germânicos nas almas daquellas populações”223.
As crianças não ficaram alheias aos acontecimentos. Afi-
nal, a Pátria dependia delas, que eram como as luzes elétricas
do porvir. Havia uma cultura militar no Brasil e os soldadinhos,
os tambores e as espingardas de chumbo faziam o encanto da
Pétalas
A O Tico-Tico
225 Sobre o depoimento dos escritores, consultar o trabalho de Zita de Paula Rosa,
1991.
226 NAVA, Pedro. Baú de Ossos. Memórias I, 1984.
Fontes Históricas