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Psicoterapias em grupo: Histórico

JOSEPH HENRY PRATT


1905, atuava em ambulatório. Tratamento em grupo: 20 pessoas, 1 a 2 vezes por semana.
Trocas de experiências.
“Método de classe”-> terapia de grupo.

início do interesse da psicoterapia em grupo


1940, contexto: segunda guerra mundial. Grande necessidade de tratamento devido às sequelas da guerra.
Grande interesse na terapia em grupo devido ao custo benefício e conseguir atender a demanda.

jacob levy moreno


1910 a 1930, representação de papéis para resolver uma situação-problema: psicodrama.
Criou a expressão “psicoterapia de grupo”.

FREUD
1920, escreveu o livro “psicologia de grupo e a análise do ego”
“Psicologia coletiva” - salientou o papel do líder como essencial para um grupo.

kurt lewin
1933, pesquisou a relação entre vida grupal e liderança.
Primeiro que estudou o grupo como um sistema de identidade própria.

wilfred bion
1940, contribuiu para a visão psicanalítica de grupos.
Supostos básicos: dependência, luta-fuga e acasalamento.

Enrique pichon-rivière
1960, grupos operativos.
GRUPO: conjunto restrito de pessoas voltadas à realização de uma tarefa.
Poderia ter função terapêutica, mas não se caracterizava enquanto terapia de grupo.

expansão das terapias em grupo


1960 e 1970, atendimento de pacientes psiquiátricos (setor público e privado)
Grupos de autoajuda e de apoio para pessoas com diversas doenças.

destaque da tcc
1970, possibilidade do desenvolvimento de técnicas cognitivas-comportamentais no formato grupal.

Porque trabalhar com grupos?


Grupo -> ambiente natural do homem psicossocial. (participa de grupos desde o nascimento)
Através de grupos se adquire identidade, sensação de pertencer e aprendizados.
Ampliação de atendimento efetivo para mais pacientes
É uma tendência na área da saúde mental
fatores terapêuticos de grupo
esperança, universalidade, identificação, altruísmo, aprendizagem, orientação, coesão, fatores existenciais,
autocompreensão.

Importância dos grupos


-> O ser humano participa de grupos desde o nascimento, é uma tendência inata, essencial e permanente em
qualquer cultura e geografia.
Pessoas -> grupo -> comunidade -> sociedade.
Primeiro grupo da vida: família nuclear.
Um grupo não é apenas um somatório de pessoas, mas sim uma nova entidade com leis e mecanismos próprios - ou
seja -, todo indivíduo participa de grupos, e todo grupo pode se comportar com individualidade.

Modalidades Grupais
Grupo -> conjunto de pessoas.
Comunidade -> conjunto de grupos.
Sociedade -> conjunto de comunidades.
Grupos podem ser espontâneos (como uma família, formado naturalmente), ou artificiais (escola, trabalho, grupo
terapêutico)

Classificações de grupo
Prática grupal -
Permite a criação de novas práticas e também a combinação de técnicas.

A classificação dos grupos pode ser de acordo com a técnica, o tipo de vínculo estabelecido, objetivo do grupo.

2 ramos genéricos
- Operativos
- Terapêuticos

operativos
Sistematização por Pichon-Rivière:
- Ensino-aprendizagem: tarefa voltada a aprender.
Quanto mais heterogêneo for o grupo, mais homogênea é a aprendizagem - devido a interação dos integrantes do
grupo, diferentes histórias, conhecimentos..
Tarefa primordial: aprender.

- Institucionais: empresas, escolas, igreja, exército..


Diferem-se conforme a instituição.

- Comunitários: programas de saúde mental.


Utilizados no cuidado primário da saúde (prevenção), secundária (tratamento) e terciário (reabilitação).
Objetivos: esclarecimento sobre doenças, sintomas e tratamento, desestigmatização de transtornos, orientações
de hábitos saudáveis.
Um treinamento adequado possibilita a atuação de técnicos de diversas áreas de especialização (psiquiatras,
psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros).
TERAPÊUTICOS
- Auto-ajuda: composto por pessoas com necessidades em comum.
Ganharam força a partir de 1930 com os Alcoólicos Anônimos (AA)
Podem ser formados espontaneamente ou motivados.
Caráter adaptativo, e não resolutivo.

- Psicoterapêuticos
Corrente psicanalítica: podem ocorrer em curto ou longo período, finalidade de insight, remoção de sintomas,
adaptabilidade.
Corrente psicodramática: utilizando técnicas de psicodrama do Moreno, possibilita desenvolvimento de
espontaneidade e criatividade, levando a conscientização e a catarse.
Teoria sistêmica: os grupos funcionam como um sistema, a modificação de um dos elementos afetará o todo.
Corrente cognitivo-comportamental: redução de concepções errôneas, treinamento de habilidades
comportamentais e modificação no estilo de vida.

Marcos referenciais teóricos


Contribuições diversas
Psicanálise (Bion)
Gestalt e dinâmica de grupos (Lewin)
Grupos operativos (Pichon-Rivière)
Psicodrama (Moreno)
Teoria Sistêmica (Von Bertalanffy)

Psicanálise aplicada a grupos


Psicanalise - teoria compreensiva das motivações inconscientes do comportamento.
BION - contribuiu com os conceitos dos supostos básicos.
Fantasias inconscientes compartilhadas pelo grupo determinam o aparecimento dos supostos básicos.
Supostos podem aparecer de modo simultâneo ou alternado; possui função opositora ao grupo de trabalho
(resistência)
Supostos básicos - BION
01 - DEPENDÊNCIA
Grupo se comporta como se esperasse por um líder que tomará as iniciativas e cuidará dos membros. - Fantasia
inconsciente do líder como figura onipotente.
02 - LUTA-FUGA
Grupo age como se houvesse um inimigo a ser enfrentado ou evitado. - Fantasia do líder como uma figura
invencível.
03 - ACASALAMENTO
Crença de que os problemas serão solucionados por alguém que ainda não nasceu, e que surge a partir da união de
2 elementos do grupo. - Fantasia de que o “líder por nascer” é perfeito.

Teoria da Gestalt e a Dinâmica de Grupos


Início do século XX
- Kurt Lewin - a partir da Gestalt, elaborou sua teoria do funcionamento grupal.
1944- usa o termo dinâmica de grupo pela primeira vez.
Fenômenos grupais não podem ser observados do exterior - somente se tornam compreensíveis para quem
participa da vivência grupal.
- Metodologia: Pesquisa-ação
Pequenos grupos: unidade experimental de referência para formulação de hipóteses.
- 3 estilos básicos de liderança
Autocrático, democrático e laissez-faire.
- Etapas
Definição dos problemas, promoção de ideais, verificação das mesmas, tomada de decisão e por fim execução.

Grupos operativos
Pichon-Rivière - referenciais na psicanálise e dinâmica de grupos
- Grupos centrados na tarefa.
- Diferentes tarefas
- Objetivo central: superar e resolver situações fixas e estereotipadas.
Condições para um grupo se tornar operativo:
01. Motivação para a tarefa.
02.Mobilidade nos papéis desempenhados.
03. Disponibilidade para mudanças necessárias.
O grupo precisa estar comprometido com a mudança de estruturas estereotipadas, resultando em movimento
psíquico e processo evolutivo.

Psicodrama
Abordagem de conflitos interpessoais: exercício da espontaneidade.

Setting Grupal
Presença do terapeuta (diretor de cena), egos auxiliares e dos pacientes (protagonistas ou público).
Início com representações improvisadas: estímulo da espontaneidade e criatividade.

Teorias do Psicodrama
01. Teoria da Espontaneidade-criatividade
Libertação de clichês, maior receptividade e disposição para novas dimensões no desenvolvimento da
personalidade.
Demanda atividade mental intencionada.
Grupo: espaço de reflexão, clima de superação de preconceitos e prontidão para mudanças e transformações.

02.Teoria dos papéis


Expressão das distintas dimensões do eu, e a versatilidade de representações mentais.
Papel: forma de funcionamento assumida pelo indivíduo no momento em que reage a uma situação específica.
Função do papel: entrar no inconsciente para lhe dar forma e ordem.
Esperado o desempenho dos papéis designados X a possibilidade e desejo de encarnar outros papéis.

Algumas técnicas psicodramáticas:


- Inversão dos papéis (troca de papel, quebra de hábitos e visões)
- Espelho: O protagonista passa a ser observador.
- Alter-ego: coordenador auxilia a tomada de consciência de material reprimido.
- Solilóquio: O protagonista externaliza seus pensamentos e sentimentos.

Teoria Sistêmica
Elaborada por Von Bertalanffy, década de 20.
Sistema não é somente a soma de suas partes (Gestalt)
Acontecimentos - Ação de sistemas socioculturais em interação.
A organização sistêmica está em toda a natureza.
Ordem, totalidade, diferenciação, finalidade.

- Substituição do modelo linear de pensamento científico (causa-efeito) pelo modelo circular (narrativo).
- Paradigma sistêmico: noção da interatividade entre os elementos constituintes de um sistema.

Totalidade e não-somatividade:
As partes isoladas de um sistema, se analisadas, não possibilitam uma compreensão do sistema como um todo.
Alteração em uma das partes do sistema provoca modificações nas outras, e no sistema total

Processos Grupais
Ser humano: sociável e socializado.
Sociável
Aspira se comunicar com os seus pares.
SOCIALIZADO
Membro de uma sociedade que o forma e o controla, quer ele queira, quer não.

História de vida do indivíduo: história de pertencer a diversos grupos sociais.

Processos grupais -> conceito da psicologia social:


Estuda a interação social, as manifestações de comportamento de uma pessoa com outras, e as expectativas
relacionadas às interações.

História do grupo
Através dela se identificam mudanças - normas, relações de poder, conflitos, solidariedade..

Processos de desenvolvimento do grupo - proporciona evolução e crescimento pessoal dos integrantes.

Diferentes processos
Coesão
Resulta das forças que agem sobre um membro para que ele permaneça no grupo. Quanto maior a coesão, maior a
satisfação dos membros, maior a influência exercida pelo grupo nos membros, maior a comunicação, maior a
produtividade.
- Desvantagens: possível “pensamento grupal” e decisões conflituosas.

Cooperação
Ação conjunta de 2 ou mais indivíduos a fim de influir nos resultados de uma ou mais pessoas.
Estratégia - permite que diferenças iniciais entre os membros sejam anuladas.

Formação de normas
Padrões ou expectativas de comportamento compartilhados pelo grupo.
Podem não ser necessariamente explícitas, mas partilhadas, conhecidas e seguidas.
As normas são um substituto para o uso do poder.
liderança
Crença da figura de líder nato - inteligente, criativo, persistente, auto confiante, sociável (essas características
não garantem o papel de liderança).
Características do líder: alinhadas ao objetivo do grupo.
- 3 tipos de liderança (LEWIN):
- Autocrática: centralização de poder, coerção.
- Democrática: decisões tomadas pela maioria, o líder é representante da vontade do grupo.
- Permissiva: cada integrante age como deseja.

status
Prestígio desfrutado por um membro do grupo.
Status subjetivo: como o indivíduo o percebe
Status social: resultado do consenso do grupo sobre este indivíduo.

papel social
Modelo de comportamento definido pelo grupo: modos de conduta que um indivíduo desempenha em uma
determinada posição no grupo.
Os papéis são influenciados pelas normas sociais, pelo status.
Harmonia = coerência entre o papel do indivíduo e o esperado pelos demais participantes.

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