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Teorias e Técnicas

de Processos Grupais

Prof. TANIA M. J. DE ALMEIDA


e-mail: tmalmeida@unicid.edu.br
Grupos e Organizações Sociais
• O ser humano é essencialmente gregário e só existe e subsiste em
função de relacionamentos grupais.
• Desde o nosso nascimento, participamos de diversos grupos. Esta
ação dialética e tranformadora nos remete á busca de nossa
identidade pessoal, social e grupal.
• Existem muitos conceitos sobre “grupo”, porém é sempre importante
considerarmos que um grupo não é apenas um mero somatório de
indivíduos.
• Podemos considerar um grupo como uma pluralidade de indivíduos
que estão em contato uns com os outros, que se consideram
mutuamente e que estão conscientes de que tem algo
significativamente importante em comum. ( Olmsted – 1970 )
Grupos e Organizações Sociais

Grupos Primários: Presença de laços afetivos e pessoais


entre seus membros ( ex. família, “ turma”, entre outros )

Grupos Secundários: Caracterizam-se por relações


interpessoais mais racionais, impessoais e mais formais ( Ex.
grupo de estudos )
Obs: Grupos que geralmente se dissolvem ao atingir seus
objetivos.
Organizações Sociais
• “ Pode ser considerado como um sistema integrado de grupos
psicológicos inter-relacionados e formados para um objetivo explícito.
( Krech, Crutchfield e Ballachey – 1975 )
Ex. Escolas, Partidos Políticos, Empresas, entre outros.

Observações:
a) Basicamente os grupos se formam em função de satisfazer suas
necessidades ( afiliação, poder, prestígio... );
b) A civilização moderna depende em grande parte das organizações
que constituem a forma mais racional e eficiente de agrupamento
social;
c) Contudo, o aumento da racionalidade e eficiência obtido pelas
organizações modernas, pode levar alguns indivíduos à posturas
alienadas e menos comprometidas com suas tarefas.
Necessidades Interpessoais
• Necessidade de Inclusão: Seria a primeira a surgir quando um
indivíduo entra em um grupo. É a necessidade de se sentir
integrado, valorizado, aceito totalmente pelos demais membros que
compõem o grupo.

• Necessidade de Controle: É entendida como a necessidade de


estabelecer para si mesmo, quais as suas responsabilidades e quais
as responsabilidade dos outros componentes do grupo (objetivos,
estrutura, funcionamento, progressos, etc ).

• Necessidade de Afeição: Representa o desejo de ser valorizado, de


ser percebido como insubstituível pelo grupo. Seria o desejo secreto
de todos nós como participantes de um grupo. Queremos ser, ao
mesmo tempo, valorizados por nossa competência e aceitos como
pessoa.
Estrutura Formal e Informal

• “A estrutura em um grupo é algo que pode ser concebido como uma


rede de papéis diversos, de posições e de expectativas recíprocas”.
(Bany e Johnson – 1970).
• Uma característica própria de todos os grupos formais é a
diferenciação dos papéis e das responsabilidades com relação aos
propósitos, tarefas ou objetivos dos grupos.

• As estruturas sociais/organizacionais determinam previamente as


posições e responsabilidades de cada indivíduo e também o
relacionamento entre os membros deste grupo.
Exemplo de Estrutura Formal e Informal nas Relações de
Trabalho

DIRETOR

GER. GERAL

GER. COMERCIAL GER. ADM. GER. DE PROD.

C.A C.B C.C C.D C.E C.F C.G C.H


Histórico das Modalidades de Grupo

• A psicologia grupal é resultante da confluência das contribuições


provindas da Teoria Psicanalítica e das Ciências Sociais, através dos
ramos da Sociologia, Antropologia Social e da Psicologia Social
• A psicologia não foca sua ação nos macrogrupos.
• A psicologia busca verificar a evolução de pequenos grupos.
• Trabalha com os principais autores de cada uma de múltiplas
vertentes: empírica, psicodramática, sociológica, filosófica, operativa,
institucional, comunitária, comunicacional, gestáltica, sistêmica,
comportamentalista e psicanalítica.

Zimerman, D. E. Fundamentos Básicos das Grupoterapias . Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 1993
Histórico das Modalidades de Grupo

Empírica
• Por contribuição de natureza empírica, designamos aquela que é mais
fruto de uma intuição e experimentação do que, propriamente de
bases científicas.
• Esta forma de recurso grupoterápico é atribuída a J. Pratt, um
tisiologista (parte da medicina que estuda a tuberculose), americano
que, a partir de 1905, em uma enfermaria com mais de 50 pacientes
tuberculosos, criou, intuitivamente, o método de “classes coletivas”.
• Tais classes consistiam em um a aula prévia ministrada por Pratt sobre
a higiene e os problemas da tuberculose, seguida de perguntas dos
pacientes e da sua livre discussão com o médico.

Zimerman, D. E. Fundamentos Básicos das Grupoterapias . Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 1993
Histórico das Modalidades de Grupo
• Nessas reuniões criava-se um clima de em “competição”, de
“concorrência” sadia, sendo que os pacientes mais interessados nas
atividades coletivas e na aplicação das medidas higienodietéticas
(promoção da saúde através da nutrição), ocupavam as primeiras filas
da aula.
• Esse método mostrou excelentes resultados na “aceleração” da
recuperação física dos doentes e está baseada na identificação desses
pacientes com o médico, compondo uma estrutura familiar-fraternal e
exercendo o que hoje chamaríamos de “função continente” do grupo.
Pode-se dizer que tal sistema empírico foi o modelo de outras
organizações similares, como por exemplo, a dos “Alcoolistas
Anônimos”, iniciada em 1935 e que ainda se mantém com uma
popularidade crescente.
Zimerman, D. E. Fundamentos Básicos das Grupoterapias . Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 1993
Histórico das Modalidades de Grupo
Psicodramática
Este método foi criado pelo médico romeno Jacob Levy Moreno e
introduziu a expressão "terapia de grupo". O seu amor pelo teatro,
desde a infância, propiciou a utilização de um a importante técnica
grupal.
Sociológica
A vertente sociológica é fortemente inspirada em Kurt Lewin criador do
termo "dinâmica de grupo", que substitui o conceito de "classe” pelo de
“campo". Este autor, a partir de 1936, concentra todos os seus esforços
no sentido de integrar as experiências do campo das ciências sociais ao
dos grupos. Para tanto, criou “laboratórios" sociais com a finalidade de
descobrir as leis grupais gerais que regem a vida dos grupos humanos e
diagnosticar uma situação grupal específica.
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Histórico das Modalidades de Grupo

Kurt Lewin Estabeleceu importantes concepções sobre o “campo grupal" e


a formação de papéis.
Filosófico-existencial
A contribuição dos filósofos e literatos sobre a compreensão da dinâmica
grupal, pode ser sintetizada na obra de J. P. Sartre.
Em seu último escrito filosófico-existencialista, Crítica da razão dialética,
em 1960, ocupa-se basicamente com as questões da liberdade e com a
das responsabilidades individual e coletiva.
Para tanto, ele estudou o processo de formação dos grupos, em especial
no que diz respeito à formação da “totalidade grupal", a qual se comporta
como uma nova unidade, ainda que jamais totalmente absoluta.

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Grupos operativos
O grande nome nessa área é o do psicanalista argentino Pichon Rivière
que, partindo de seu “Esquema conceitual referencial operativo” (ECRO)
aprofundou o estudo dos fenômenos que surgem no campo dos a grupos
que se instituem para a finalidade não de terapia, mas, sim, a de operar
numa determinada tarefa objetiva

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Histórico das Modalidades de Grupo

Institucional
O autor que mais estudou as organizações institucionais foi Elliot
Jacques, psicanalista inglês de formação kleiniana. Ele concebe que as
instituições, da mesma forma que os sistemas sociais, se estruturam
como defesas contra ansiedades persecutórias e depressivas.
Jacques enfatiza as subjacentes fantasias inconscientes, bem como o
Jogo da identificações projetivas e introjetivas entre os membros das
instituições e que esta dinâmica são as responsáveis pela distribuição
dos papéis e posições.
Partindo desse enfoque, e de novos referenciais teóricos de outros
autores, a moderna psicologia organizacional vem adquirindo uma
sólida ideologia específica e uma crescente aceitação.
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Grupos comunitários
Deve-se, principalmente, a Maxwell Jones o aproveitamento de
todo o potencial terapêutico (ambientoterapia) que emana dos
diferentes grupos que estão presentes no ambiente de uma
instituição assistencial (um hospital psiquiátrico, por exemplo),
e que totalizam o que ele denominou de "comunidade
terapêutica”.
Na década 40, Sigmund Henry Foulkes (fundador da
Psicoterapia Grupo Analítica), foi o criador de uma importante
comunidade terapêutica no Northfield Hospital.

Zimerman, D. E. Fundamentos Básicos das Grupoterapias . Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 1993
Histórico das Modalidades de Grupo

Comunicacional-interacional
Esta vertente vem ganhando uma importância cada vez maior entre
todos os interessados em grupos. Muitos são os estudiosos que têm
esclarecido a semiótica, a sintaxe e a semântica da normalidade e da
patologia da comunicação, tanto a verbal como a não-verbal.
É justo, no entanto, destacar os trabalhos de D. Liberman, psicanalista
argentino, nos quais ele estuda os diferentes estilos linguísticos que
permeiam as inter-relações humana.

Zimerman, D. E. Fundamentos Básicos das Grupoterapias . Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 1993
Histórico das Modalidades de Grupo

Gestáltica
O fundador da Gestalterapia é Frederik Perls que se baseia no fato de
que um grupo se comporta como um catalizador: a emoção de um
desencadeia emoções nos outros, e a emoção de cada um é amplificada
pela presença dos outros.
A Gestalterapia empresta grande importância à tomada de consciência
do comportamento não verbal e dos elementos de grupo.
Teoria sistêmica
Base da moderna terapia da família, essa teoria, como o nome sugere,
concebe a família como um sistema em que os seus diversos
componentes se dispõem num a combinação e hierarquização de papéis
que visa, sobretudo, manter o equilíbrio do grupo.
Zimerman, D. E. Fundamentos Básicos das Grupoterapias . Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 1993
Histórico das Modalidades de Grupo

Cognitivo-Comportamental
A corrente comportamentalista parte do princípio de que o importante
não é o acesso e a abordagem da conflitiva inconsciente profunda dos
pacientes; antes, ela preconiza a relevância de que o paciente deva
tornar um claro conhecimento da sua conduta consciente, em relação
ao seu grupo social. A partir dai, são utilizadas as variadas técnicas de
reeducação

Zimerman, D. E. Fundamentos Básicos das Grupoterapias . Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 1993
Histórico das Modalidades de Grupo

Teoria psicanalítica
De forma direta ou indireta, inúmeros psicanalistas pertencentes a
diferentes correntes e gerações têm contribuído decisivamente para a
compreensão e utilização da técnica grupal.
No entanto, devemos destacar três deles – Freud, Bion e Foulkes.
Freud, por quem começa qualquer vertente psicanalítica e quem
construiu o sólido edifício teórico-técnico (descoberta do inconsciente
dinâmico, ansiedades, regressão, complexo de Édipo, formação do
superego, entre outras referencias) que, indiretamente, se constitui
como o alicerce básico da dinâmica grupal.

Zimerman, D. E. Fundamentos Básicos das Grupoterapias . Porto Alegre:Artes Médicas Sul, 1993

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