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José Bleger seus trabalhos sobre psicanálise, psicologia, grupo e instituição.

psicologia voltada para a vida diária, fora do consultório.


Bleger estudou a psico-higiene e a intervenção institucional do psicólogo.

Ele é também, um autor psicanalista que entende a intervenção do psicólogo nas


instituições compreender as relações de poder que permeiam a vida das classes sociais.
todo lugar em que o ser humano esteja inserido, o psicólogo também estará.

Quando propõe que a psicologia saia do consultório e se ligue a realidade cotidiana,


Bleger quer que a intervenção do psicólogo seja investigadora.

A psico-higiene abrange serviços de Higiene Mental e Saúde Pública e devem se


desenvolver Junto à população, buscando melhores condições de vida e saúde na
família, escola, trabalho, e atividades comunitárias.

Significa lidar com os preconceitos, hábitos e atitudes das pessoas e dos grupos, tanto
em situações complicadas como, doenças, acidentes, como nas atividades rotineiras
como alimentação, infância, adolescência, velhice.

Bleger irá propor uma relação entre o psicólogo, o psicanalítico, o social e o científico.

Na instituição o psicólogo deverá ter como objetivos a psico-higiene,


promovendo a saúde e o bem-estar dos integrantes da instituição, ele será como um
assessor ou consultor diferente de aplicação de testes, e rotulações de pessoas a partir de
resultados.

Esclarecer sua função como um psicólogo consultor, delimitando seu tempo, cobrando
honorários, não sendo pressionado com prazos para executar suas tarefas.

Esclarecer os resultados fornecidos, sempre que lhe for pedido.


Não divulgar o relatório de algum grupo para alguém, se for preciso apresentar um
relatório para algum setor da instituição, deve-se avisar o grupo antes.
Procurar evitar contatos extra profissionais, para que não influenciem seu trabalho.
Não tomar partido entre grupos de diferentes setores, ser imparcial.

Ao psicólogo caberá compreender os problemas existentes, e não tentar dirigir


a instituição, ou tomar decisões, tomando cuidado para não tornar a instituição uma
clínica.

Não assumir postura arrogante frente ao grupo, não ser superior por achar que sabe-
tudo.

A instituição deve ser capaz de possibilitar soluções para os problemas que surgirem.

Bleger possui duas hipóteses sobre a origem dos processos grupais.


A primeira diz que o indivíduo não nasce no isolamento para vir a desenvolver uma
sociabilidade, o ser humano a princípio é indiferente ao outro. Através de um processo
chamado simbiótico, ou sincrético, numa relação que a construção da identidade e do
sentido de realidade acontecem juntos, nós iremos nos distinguindo do mundo e dos
demais.
A segunda hipótese é a de que esse vínculo se da por vias corporais, pré-verbais, sendo a
palavra importante. A personalidade ou identidade do sujeito se desenvolverá pela função
do ego sincrético e um ego organizado. O ego sincrético é o ego dos impulsos agressivos
libidinosos, é
através dele que se formam os vínculos, não permitindo a distinção entre o que é sujeito
e objeto da libido, já o ego organizado é o que normatiza a relação com o meio e o que
permite nos ver em relação com o outro.

A distinção entre os dois tipos de ego só será possível pela clivagem dos processos mais
primitivos da sociedade. Essa clivagem é o mecanismo de cisão do ego que permite a
coexistência de duas atitudes psíquicas em relação a realidade.
É dentro desse contexto que se caracteriza a identidade para Bleger, ela jamais será
totalmente individualizada, ela será uma soma do sincretismo, da indiscriminação e a
ambigüidade.
O grupo, para Bleger é a possibilidade da formação de um vínculo e da relação desse
vínculo com a personalidade do sujeito. A comunicação desse grupo é um movimento.
A organização é um conjunto desses grupos, distribuídos em um organograma, e que se
relacionam em um espaço físico, como uma empresa, um hospital. As organizações
funcionam pois nelas existem as normas de condutas que fazem com que tudo se
relacionem. Sendo assim a organização é parte da personalidade, pois esta é também
organizada.
Para o observador, o indivíduo, o grupo e a organização são como entidades separadas e
isoladas, que existem na articulação de duas instâncias, a sincrética e a organizada.
Ainda falando da personalidade, Bleger afirma que uma mudança nela, mudaria todo o
grupo, já que para alguns, o grupo e a organização formam toda a sua personalidade.
Como exemplo de grupos, o autor expõe o exemplo da mãe e do filho vendo TV, eles
não se comunicam, porém quando a mãe deixa a sala, o filho a segue, existe aí uma
relação pré-verbal que não precisa de palavra, isso seria a sociabilidade sincrética.
Esse sincretismo, Bleger diz que está presente na ansiedade que um participante novo
demonstra diante de um grupo novo. Para ele o indivíduo tem receio do que irá
encontrar no grupo a respeito da forma como ele está organizado, podendo assim ter que
perder sua própria identidade ao se inserir nesse grupo.
Para Bleger a instituição e organização têm relação com a intensidade da clivagem, da
flexibilidade dos grupos, e da ansiedade que essa flexibilidade desperta.
Sobretudo o grupo é uma instituição complexa que a partir do momento em que as
normas se formam dentro dele, este vai se burocratizando

Então a intervenção do psicólogo institucional deverá ser sobre a totalidade da


instituição, levar em consideração a relação entre os grupos, buscando atingir a
personalidade desses grupos.
Ao termos conhecimento da obra de Bleger, conseguimos compreender um pouco do
seu pensamento sobre a Psicologia Institucional.
Ele enfatiza bem, que a psicologia precisa sair do consultório, buscando intervir nos
grupos da instituição, não ser uma psicologia clínica dentro da instituição, que é o que
muitas vezes acaba acontecendo. É um pouco confuso conseguir diferenciar bem uma
prática psicológica institucional de uma prática psicologia clínica. Bleger busca abrir o
caminho para que essa diferenciação aconteça e assim possam ocorrer mudanças.
Ele chega a nos proporcionar um passo-a-passo bem interessante sobre como deveria ser
a ação do psicólogo, que se analisarmos com a devida atenção, poderá sim ser útil aos
psicólogos que queiram mudar a pratica institucional

Capítulo 2 – A análise institucional de Georges Lapassade


Abordaremos aqui a diversidade das teorias e práticas da psicologia nas instituições.
Neste capítulo falaremos de Georges Lapassade, que contribui teoricamente para a
psicologia institucional, ele utiliza o termo Análise Institucional para a forma de
entender e intervir em grupos e organizações sendo diferente do que Bleger propôs.
Essa análise tem suas raízes teóricas na relação de várias disciplinas, como a psicologia
social, a sociologia e a pedagogia.
A análise institucional critica a natureza das instituições. Buscando uma intervenção que
visa modificar, revelar e transformar sua estrutura.
Lapassade foi o autor escolhido aqui, por várias razões, a primeira é que seus trabalhos
foram mais divulgados entre nós, a segunda é que é fácil compreender o que ele diz e
por último ele é um autor que nos estimula a pensar, a refletir, a questionar.
A realidade social dessa análise constitucional acontece em três níveis: o do grupo, o da
organização e o da instituição.
Para Lapassade o grupo é a base da vida cotidiana, ele está sempre aparecendo no
contexto diário dos seres humanos, por exemplo, a classe, dentro da escola ela é um
grupo. O grupo possui sua regra, sua forma de agir, sua característica particular que irá
diferenciá-lo de outro grupo.
Quando estamos dentro de um grupo, temos que viver de acordo com o que ele propõe,
seguimos suas regras, seus horários, temos então nosso papel definido dentro desse
grupo. É então o grupo o nosso primeiro nível de realidade social.
O segundo nível dessa realidade é o da organização, com seus regulamentos e
regimentos, com questões jurídicas e burocráticas, seguindo as leias do Estado. Ele
também define outros 2 termos: instituído, que significa o que está estabelecido, e
instituinte, que significa a capacidade de inventar novas formas de relação, garantindo
uma possibilidade de mudança na instituição.
Para o autor, o Estado é a instituição primeira, aquela que legitima qualquer outra
instituição. Esse Estado é responsável por nos reprimir, ao nos impor o que devemos
fazer, através das leis, e até mesmo as instituições é repressivas, já que nos ditam como
devemos agir, através de suas normas de conduta. Uma maneira de fugir dessa repressão
seriam os clubes, as associações, tudo o que incentiva a ação coletiva, estas seriam
então, as instituições da revolução.
Lapassade aborda também a questão da burocracia, para ele, ela é uma questão política,
no sentido de exercer uma relação de poder, que abrange todas as atividades dos seres
humanos, desde o lazer até mesmo seu trabalho, por exemplo quando vamos viajar, nós
somos instruídos por uma agência sobre quais pontos turísticos visitarmos.
Resumindo, a burocratização é uma forma de poder alienado, para que os grupos
tenham a ilusão de que decidem o que querem fazer. Dentro da instituição segue-se
sempre o chefe para a tomada das decisões, desenvolvendo assim um conformismo por
parte dos funcionários, que perdem sua autonomia.
Então a Análise Institucional para Lapassade em “Chaves da Sociologia” seria um
método de intervenção, provocando o grupo a falar e se manifestar, essa análise quer
chegar até o Estado, que é o responsável pelos grupos.
Ainda em “Chaves da Sociologia”, ele diferencia Análise Institucional da
Organizacional.
A Análise Organizacional seria como uma empresa fechada, com suas próprias leis, sua
vida interna. A Análise Institucional seria então, uma maneira de investigar o que se
passa no grupo, provocando uma mudança nele.

Cabe ao analista ser o mediador da intervenção dentro do grupo, buscando sempre


mudá-lo de alguma maneira.
Em “El encuentro institucional”, o autor vai criticar a questão da técnica que se utilizava
a análise institucional. A analista não pode fazer aquilo que está criticando, ou seja, ele
próprio não pode ser o dono da verdade e do poder dentro da instituição, se não a
mudança não ocorrerá

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