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Psicologia Social

Psicologia social e vida em sociedade


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Socialização primária e socialização secundária


Socialização
Ao falarmos de psicologia social e vida em sociedade, iniciamos tratando do conceito de socialização, que se divide
em socialização primária e secundária. A socialização primária compreende o desenvolvimento da criança a partir
de seu nascimento, quando esta apropria-se de valores, regras, comportamentos e linguagens da vida em
sociedade a partir de relações sociais primárias, que se dão sobretudo no seio da família.

Já na socialização secundária temos o sujeito se inserindo em novas e complexas instituições da sociedade, como
escola, igreja, grupo de amigos, trabalho etc. Nessa inserção, o sujeito amplia e/ou modi ca seu repertório de
valores, comportamento, linguagem etc.

É importante notar que:


Acerca do processo de socialização, é importante notar dois pontos. O primeiro, embora pareça óbvio, é
importante frisar: a socialização secundária pressupõe a primária. O segundo ponto, consequência do primeiro e
talvez menos óbvio, é o seguinte: uma falha nas relações no ambiente familiar pode signi car uma falha sistêmica
no processo de socialização. Se o processo de socialização secundária depende da primária e se esta se dá
mormente no ambiente familiar, devemos sempre levar em conta a importância e dimensão que as relações no
ambiente familiar adquirem no desenvolvimento do sujeito como um todo.

Grupo social
Outro conceito de bastante relevância quando tratamos da vida em sociedade é conceito de grupo social. Grupos
sociais são a forma básica de associação humana, na qual contradições e valores são compartilhados e interesses
em comum unem os diferentes membros do grupo em uma mesma direção. Grupo, portanto, é diferente de
agrupamento, pois quando falamos em agrupamento consideramos pessoas apenas fortuitamente reunidas de
forma ocasional.

Grupos sociais primários


Os grupos sociais também são divididos em primários e secundários. Grupos sociais primários, em geral, são
grupos pequenos nos quais as pessoas estão intimamente relacionadas. O maior exemplo de grupo social
primário é a própria família: um grupo pequeno no qual todos se conhecem intimamente.

Grupos sociais secundários


Já quando falamos de grupos sociais secundários estamos falando de grupos grandes nos quais as relações são
menos pessoais e pautadas por relações institucionais. Exemplo são grupos formados por instituições como
escola, empresa, igreja etc.

Em resumo, quando tratamos de vida em sociedade não podemos esquecer dos conceitos de grupos sociais e
socialização. Os indivíduos constituem-se como tal pelas suas relações sociais, que se dão nos grupos sociais,
locais onde ocorrem os processos de socialização.

/
Processo grupal e instituições
Para estudarmos processos grupais e instituições precisamos nos recordar de alguns importantes pressupostos
da psicologia social. 

Primeiramente, consideremos o homem como ser social, a rmação que remonta a Aristóteles. Esse social
apresenta-se de forma mais ou menos organizada por meio de grupos. Somos constituídos pela vida em grupo. O
social no homem é parte de sua construção e essa construção se dá pela vida em grupo.

Vida em grupo
A vida em grupo pressupõe regras e leis que scalizem as relações humanas e permitam a convivência mútua
saudável. Sem organização supraindividual, não há convivência coletiva. Essa normatização que constitui os
grupos sociais é chamada de institucionalização. As instituições, portanto, são a forma organizada de grupos
humanos em convivência.

A nal, o que é um grupo?


De nição: conjunto de pessoas que se relacionam e interagem entre si em busca de um objetivo comum.

Membros do grupo compartilham objetivos, afetos e sentimentos de identi cação com o grupo.

Kurt Lewin (1890-1947)


Quando falamos de grupos e processos grupais em psicologia não podemos nos esquecer de Kurt Lewin. Lewin foi
um psicólogo alemão que dedicou-se a estudar grupos. Criou a “teoria do campo”, segundo a qual campo é um
conjunto de realidades físicas e psicológicas em constante interação. Para Kurt Lewin, além da interação, grupos
necessariamente compartilham valores e objetivos.

Para Lewin, membros de um grupo compartilham de um mesmo objetivo, mas cada integrante tem sua
singularidade que os faz sujeitos únicos que convivem e compartilham de um mesmo valor ideal coletivo. É a
subjetividade na coletividade.

Papel social
Para nalizar, um conceito fundamental quando pensamos em sujeitos e grupos ou em subjetividadade e
coletividade é o conceito de papel social. Papel social é na verdade o resultado do processo de socialização.
Lembrando que socialização é o processo de construção do sujeito a partir de sua vivência coletiva inicialmente na
família (socialização primária) e depois em instituições como escola, trabalho, grupo de amigos etc. O resultado
dessa socialização é a incorporação do papel social, ou seja a introjeção de normas, direitos e deveres que regem
a conduta dos sujeitos quando de sua ação no interior de um grupo ou instituição. Por exemplo, com o tempo eu
aprendo na escola qual o papel do aluno. Aprendo como me comportar, como interagir com meus colegas, com os
professores, como manuseio meu material, o que posso ou não fazer. Eu me aproprio do papel social de aluno.

Os papéis sociais podem ser herdados, ou seja, posso adquiri-los como algo já esperado para a minha pessoa.
Também podem ser conquistados, ou seja, posso assumir um papel já existente mas que não estava pressuposto
para mim, ou posso nalmente construir um papel criativamente. De qualquer forma, seja herdado, conquistado
ou construído, um papel social se faz sempre na relação dialética do sujeito com o grupo.

Psicologia política

Psicologia social e política


Para falarmos um pouco sobre psicologia e política, um dos focos da psicologia social, precisamos primeiro deixar
claro o que estamos chamando de “política”. Etimologicamente, a palavra política faz referência ao que é
relacionado a grupos que integram uma pólis. Segundo o dicionário Aulete, é a arte e ciência da organização e
/
administração de um Estado, uma sociedade, uma instituição etc. Trataremos política nessa dimensão: ação de
grupos numa sociedade, administração da coletividade etc. Em outras palavras, política trata da vida coletiva em
sociedade.

É importante entender que a psicologia social luta contra toda forma de neutralidade ou falsa neutralidade política
da ciência. A psicologia social da América Latina surgiu como crítica à psicologia norte-americana, que não
instrumentalizava para uma impacto concreto na sociedade. Falar em impactar e modi car a realidade social é
necessariamente falar em política.

Impacto social e transformação social


A psicologia social, ao estudar o homem em sociedade e suas atividades grupais, não pode deixar de analisar o
impacto social e poder de transformação das mobilizações grupais. Mobilizações grupais têm forte impacto
político e podem levar a transformações sociais, como ocorreu na Revolução Francesa, nas greves brasileiras que
conquistaram direitos trabalhistas, nas revoluções feministas, na luta pela redemocratização e direito a voto direto
etc. As ações grupais têm forte impacto político.

Psicologia social crítica (América Latina)


A psicologia social que estamos propondo, com seu berço remontando a Martin-Baró e Silvia Lane, entende que
sujeito e meio estão ontologicamente imbricados, ou seja, não dá pra falar do sujeito sem falar no meio onde este
vive. Intervir nesse meio é ação política. A psicologia deve estar comprometida de forma ética, social e política com
a realidade, pois não podemos atuar numa subjetividade descolada da realidade. Teoria e realidade devem estar
interligadas. Essa psicologia social que propomos critica visões apolíticas e anti-históricas do sujeito, pois a
subjetividade se con gura num contexto sócio-histórico concreto. Qualquer universalização teórica que negue a
realidade não é capaz de transformar sujeitos de verdade. Compromisso ético envolve ação social.

Psicologia social ou psicologia política?


A nal, estamos falando de uma psicologia social ou psicologia política? Nesse paradigma da psicologia, é comum a
psicologia social crítica ser chamada de psicologia política. O psicólogo social não pode ancorar-se no princípio da
neutralidade, pois as relações socias e políticas são assuntos de interesse da psicologia, já que a gênese do sujeito
são as relações político-sociais da comunidade onde vive.

Psicólogo social
Nessa perspectiva, o psicólogo social é tido como um agente político responsável pelo processo de tomada de
consciência do sujeito sobre suas condições materiais de existência, de modo a promover transformações da
realidade e emancipação e protagonismo dos sujeitos.

Papéis da psicologia social no plano macro


Enquanto cabe ao psicólogo social as ações mais diretas com sujeitos, grupos e comunidades, a psicologia social
de forma organizada deve promover a colaboração para questionamentos e críticas sociais acerca de reproduções
sociais históricas, desigualdades, opressão e preconceitos, e denunciar fontes de sofrimento psíquico, como essas
citadas, além de promover ações de transformação da sociedade por meio de participação política em conselhos e
sistemas de garantia de direitos

Sistema de garantia de direitos


Por m, traremos algumas palavras sobre o sistema garantia de direitos, importante ferramenta de controle social
e ação política da qual a psicologia comumente toma parte. Por de nição, podemos entender o sistema garantia
de direitos como a articulação e integração de instituições e instâncias do poder público na aplicação de

/
mecanismos de promoção, defesa e controle das políticas públicas de direitos humanos. Como exemplo podemos
mencionar os conselhos de direitos que ocorrem nos níveis municipal, estadual e federal, as políticas públicas da
saúde e assistência, os C.T. etc.

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