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Psicologia Social

Aplicações da psicologia social


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Nesta webaula, estudaremos tópicos importantes dentro do contexto das aplicações da psicologia social, tais
como: pesquisa em psicologia social, psicologia social e comunidade, e, por m, psicologia social: escola e
trabalho.

Pesquisa em psicologia social

Para falarmos sobre a pesquisa em psicologia social, precisamos antes relembrar onde a mesma se situa.

A psicologia não é um campo de aplicação da psicologia, mas um campo teórico da psicologia cientí ca. A
psicologia é uma ciência que adquiriu status de cienti cidade e independência de outras ciências e da loso a a
partir dos trabalhos de Wundt com a inauguração do primeiro laboratório de psicologia em Leipzig, na Alemanha,
no nal do século XIX. Nas primeiras décadas do século XX essa ciência foi se rami cando e um dos ramos é a
psicologia social, que surgiu após a primeira guerra mundial.

Como ramo cientí co, a psicologia precisa apoiar-se no tripé: pesquisa, ensino e aplicação. Em outras palavras, o
conhecimento em psicologia social precisa ser construído e elaborado, o que se dá através da pesquisa. Esse
conhecimento construído a partir da pesquisa precisa ser ensinado, o que é feito em uma aula como essa, e esse
ensino precisa ser aplicado no campo prático, o que vem após o ensino. É sobre esse tripé que se sustenta o
conhecimento de uma ciência aplicada, e nessa aula nos focaremos na pesquisa em psicologia social.

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Fonte: Shuttesrtock.

Pesquisa em psicologia social crítica


Os pressupostos da psicologia social crítica permitem que a pesquisa seja realizada nos mais diversos campos,
como a educação, a comunidade, o mundo do trabalho, etc. Os pressupostos ontológicos da psicologia social
crítica, cabe lembrar, consideram que sujeito e sujeito não se in uenciam um ao outro, ao contrário, são da
mesma natureza e constituem-se mutuamente, de modo que o estudo se volta para a relação tensa entre ambos,
sujeito e sociedade, e essa relação entre sujeito e sociedade pode ser vista em diversos recortes como educação,
comunidade, mundo do trabalho etc.

Pesquisa-ação
Leva em conta o compromisso ético-político do psicólogo social com a transformação da realidade.

Compreender o fenômeno ao mesmo tempo em que intervém.

Diagnóstico e coleta de dados ocorre enquanto se dá a intervenção.

Exemplo de pesquisa-ação

Pesquisador quem investigar o impacto da leitura em uma escola pública. Em vez de apenas investigar como
está a leitura e diagnosticar o status quo, executa um projeto de leitura. A partir do projeto, coleta dados e
diagnostica a situação, enquanto realiza um ação interventiva e colhe dados também da intervenção.

Pesquisa participante
Já na pesquisa-participante também pode haver uma ação interventiva, porém sua principal característica é que os
sujeitos investigados apresentam uma participação ativa no processo de pesquisa, podendo ajudar na re exão
sobre os dados coletados, as interpretações e achados principais.

Exemplo de pesquisa participante

Na mesma situação exposta na pesquisa ação, se os alunos que zeram parte do projeto de leitura, bem
como seus professores, participarem de rodas de conversa com o pesquisador visando analisar os dados
coletados na pesquisa e o impacto do projeto na escola, e se o pesquisador usar dessa discussão na análise
dos dados, já temos uma exemplo de pesquisa participante.

Pesquisa em psicologia social


É possível notar na psicologia social a busca por modelos de estudo que coloquem a função e o papel do
pesquisador enquanto ser ativo, a partir de estratégias e ferramentas de intervenção que levem à interação e
transformação da sociedade e da população investigada.

Psicologia social e comunidade


Comunidade
Para iniciarmos nossa aula sobre psicologia social e comunidade, convém darmos uma olhada no que o dicionário
Aulete Caldas nos traz como conceito de comunidade.

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“Conjunto das pessoas que partilham, ger. em determinado contexto geográ co ou num grupo maior, o mesmo habitat,
religião, cultura, tradições, interesses etc.: 

Exemplos: a comunidade judaica. A comunidade da zona oeste.


— (Dicionário Aulete Caldas)

Cabe destacar que muitas vezes a psicologia social é confundida com psicologia comunitária. Na verdade,
psicologia social é um campo teórico que se aplica em diversos contextos. Um desses contextos é a comunidade.
Logo, a psicologia comunitária é uma aplicação da psicologia social.

Trabalho do psicólogo na comunidade


A inserção do psicólogo na comunidade deve seguir a lógica da proposta a ser levada, ou seja, do trabalho
coletivo. O psicólogo, assim, em geral não trabalha sozinho na comunidade, mas trabalha em equipe, equipe
multipro ssional, que signi ca que pessoas de diferentes pro ssões estarão envolvidas, e esse trabalho será
também interdisciplinar, o que quer dizer que esses pro ssionais compartilharão entre si saberes visando melhor
e cácia junto do público alvo e de seu objetivo.

Essa atuação institucional se dá tanto através do poder público como através do terceiro setor. Falaremos
disso nos próximos slides

Terceiro setor
O psicólogo atuante no terceiro setor atua em organizações não governamentais, conhecidas pela sigla ONG.
Embora não governamentais, como tratam de interesse público é comum serem nanciadas pelo setor público.
Também há instituições nanciadas pela iniciativa privada ou com nanciamento misto, ou seja, receber verba
tanto do poder público quanto da iniciativa privada.

O psicólogo que atua em ONGs geralmente trabalha com crianças e adolescentes em contraturno escolar em
trabalhos preventivos de educação social, ou atua com adultos em situações por exemplo de violência
doméstica, ou em contextos preventivos como estratégias de fortalecimento de vínculos familiares, entre
outras dezenas de intervenções possíveis.

Poder público
Já no poder público o psicólogo atua executando políticas públicas, principalmente as políticas de saúde e de
assistência social. O ingresso, por se tratar de poder público, é feito por concurso público e as políticas que mais
absorvem o psicólogo são as políticas da saúde e da assistência social.

Psicólogo no SUS
Como exemplo de inserção do psicólogo em políticas públicas, falaremos um pouquinho sobre o trabalho no
sistema único de assistência social. Nessa política o psicólogo pode trabalhar na proteção social básica, que é
executada pelo CRAS e visa prevenir que direitos humanos sejam violados. Já na proteção social especial temos a
média complexidade, em que direitos encontram-se ameaçados ou rompidos, e ainda temos a alta complexidade,
situação em que vínculos já foram desfeitos, como é o caso do acolhimento institucional, situação em que os pais
perdem inicialmente de forma provisória o poder familiar por decisão judicial devido ao fato de terem colado seus
lhos em situação de risco.

Nesse caso, as crianças são acolhidas em instituições de acolhimento onde o psicólogo atua. A atuação no
SUAS sempre é multipro ssional e interdisciplinar.
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Psicologia social: escola e trabalho
Iniciemos nossa aula relembrando algo que já foi dito em aulas anteriores, mas que é de suma importância. A
psicologia social não é um contexto de aplicação da psicologia, mas sim um campo teórico cuja aplicação se dá em
diversos e diferentes contextos, dentre elas o campo escolar e o campo das organizações e do trabalho. É claro
que há diversas outras aplicações em diferentes campos, como já vimos o caso da psicologia comunitária, mas
nesta aula destacaremos esses dois campos.

Psicologia social na escola: premissas


O trabalho do psicólogo social na escola tem como premissas que a atuação pro ssional se voltará para o coletivo,
e não para a individualidade. O trabalho se volta para a construção grupal, envolvendo as relações ensino-
aprendizagem como um todo, e não um dado aluno que não aprende. O trabalho ainda volta para a re exão e
crítica às ideologias, a busca da consciência e superação da alienação e volta-se para a coletividade em detrimento
da individualidade.

Psicologia social na escola


Dessa forma, o psicólogo social na escola não tem uma salinha separada para ele, mas atua junto da equipe
pro ssional da escola. Em seu trabalho, é discutido o que ocorre para além dos muros da escola, pois a violência
escolar e o preconceito, por exemplo, que se encontram dentro da escola existe antes na sociedade como um
todo. A intervenção sempre é coletiva.

Psicologia social no trabalho: premissas


Já no campo do trabalho, a psicologia social tem como premissas o foco no trabalhador e não na produtividade da
empresa, na relação homem trabalho macrocontextualizada, ou seja, considerada para além das relações naquela
dada empresa, e, como sempre, a premissa principal é o compromisso ético-político do pro ssional.

Psicologia social no trabalho


Dessa forma, seu trabalho visa promover relações dignas e humanizadas no ambiente organizacional, visa a saúde
física e mental do trabalhador e, sempre, considera os interesses coletivos dos trabalhadores, e não apenas a
condição de um deles. A intervenção é preferencialmente preventiva.

Ao se voltar para o trabalhador em detrimento das demandas de produtividade e ao voltar seu olhar para a
coletividade em vez da individualidade (escolha da “pessoa certa para o local certo”), são muitos os dilemas e
di culdades enfrentados para a inserção desse pro ssional no contexto empresarial.

Situação-problema
Escola pública estadual situada em bairro periférico de uma grande metrópole urbana.

Escola apresenta alto índice de evasão escolar e violência.

As violência presentes na escola são as mais diversas: humilhação, provocação, danos materiais (materiais do
colega e da própria escola) e violência física.

Em uma parceria entre estado e município, este cede um psicólogo servidor municipal para atuar na escola
pelo período mínimo de um ano, podendo ser prorrogado.

O psicólogo
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Psicólogo concursado pela prefeitura, onde atua há 7 anos na política pública do SUAS, mais especi camente
em dos CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) do município.

Embora atue na política da Assistência Social, frequenta um grupo de pesquisa de psicologia escolar e
educacional na universidade onde se formou.

Sua base teórica de atuação no CRAS e de discussão no grupo é a Psicologia Social Crítica.

O psicólogo chega à escola


Se apresenta e logo a diretora mostra uma lista dos alunos problemáticos com quem o psicólogo deverá
fazer sua intervenção.

Os professores, também, já sugerem acrescentar alguns nomes a essa lista, pois tem tido di culdades com
certos alunos que não constam da lista.

O psicólogo, contudo, pede uma reunião com a gestão escolar e com os professores, a m de esclarecer qual
será seu papel na escola.

A reunião acontece no dia seguinte, em horário que já haveria reunião com professores, e nesse contexto o
psicólogo esclarece que seu trabalho não é no âmbito da psicologia clínica, ou seja, não atenderá alunos
“problemáticos”, mas sim atuará na coletividade (escola, alunos e comunidade).

A proposta inicialmente desagrada boa parte dos professores e gestores escolares, mas com o tempo o
psicólogo vai mostrando o potencial do seu trabalho.

Ao longo do tempo, leva os professores e a gestão escolar a entenderem que a escola, embora tenha muros,
é parte da comunidade, e o que acontece fora dos muros da escola re ete no que acontece dentro.

O psicólogo, assim, consegue realizar, com consentimento e endosso da gestão escolar, reuniões com alunos
e pais a m de re etirem sobre o porquê de a escola estar apresentando altos índices de violência.

Os pais trazem di culdades como oferta para o trá co nos arredores da escola, além de outras demandas
não mencionadas anteriormente pela escola como gravidez na adolescência.

O psicólogo nota que há a necessidade de integração de outras políticas públicas no seu trabalho, então
aciona o CRAS local e a UBS, mobiliza funcionários e passa a oferecer o cinas de cuidado e higiene pessoal,
projeto de vida, planejamento familiar e gravidez na adolescência, tudo isso dentro do espaço escolar.

Ao nal de um ano de trabalho, seu empréstimo à escola não é renovado, mas o psicólogo está satisfeito por
ter lançado a semente do trabalho coletivo.

 A escola segue, mesmo sem o psicólogo, trabalhando com projetos e parcerias com outras políticas públicas,
além do envolvimento maior da comunidade na escola, o que logo já re ete no sentimento de pertença
comunitária e redução da violência.

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