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I. Introdução
Esse texto didático visa estabelecer um delineamento teórico-conceitual para o
embasamento de ações concretas de diagnóstico e intervenção psicopedagógicas, a fim
de direcionar o trabalho com grupos, no contexto organizacional de escolas, creches,
centros de reabilitações, hospitais, empresas, grupos comunitários, espaços em que o
processo de aprendizagem se desenvolve em atendimento a públicos diferenciados,
independente de segmentos de ensino, faixa etária, ou objetivos educacionais.
Ao voltar o nosso olhar para a Psicopedagogia Institucional, estamos nos voltando para
o trabalho de assessoria a pedagogos, orientadores, professores, gestores, profissionais
que têm como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares entre
sujeitos em situação de aprendizagem e a construção desse processo, considerando os
diferentes níveis de implicações que decorrem da interação permanente do aprendente
com o meio que o cerca, mais especificamente, com figuras significativas que se fazem
mediadores dessa relação sujeito X aprendizagem.
Nesse sentido, em sintonia com a Butelman (1998), considero a Psicopedagogia
Institucional um modelo teórico-prático que permite um questionamento, um
diagnóstico e uma elaboração de recursos para a solução de problemas em situações de
carência, conflito, crise, em instituições educacionais.
A Psicopedagogia Institucional contemporânea é reflexo do desenvolvimento do
Movimento Institucionalista, que se estendeu para além do campo da Psicologia, e
passou a se configurar, na área educacional, como uma busca de compreensão das
relações instituídas entre os atores de um mesmo cenário – a Educação.
Assim, ao considerar o Movimento Institucionalista como o nosso referencial
teórico, cumpre-nos ressaltar, nessa fase introdutória, algumas considerações sobre essa
abordagem para ampliar a compreensão do eixo condutor desse trabalho.
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Pedagoga, Orientadora Educacional, Mestra em Educação (UFRJ), Psicopedagoga Institucional
(CEPERJ), Especialista em Dinamização de Grupos (CPP- Centro de Estudos da Pessoa), Educação e
Desenvolvimento de Recursos Humanos (UFRJ). Professora da Universidade Estácio de Sá (Graduação
e Pós-Graduação); Tutora em Pós-Graduação de Ensino a Distância pelo SENAC/ RJ.
As Raízes do Movimento Institucionalista introduzida no Brasil por mãos
argentinas e francesas de psicólogos e psicanalistas, no final da década de 60, a
Psicologia Institucional surge como um movimento de revisão e crítica do pensamento e
da prática profissional, que se restringia aos atendimentos terapêuticos individuais e em
consultórios, vistos com uma conotação “cientificista” e“aburguesada” ao olhar das
esquerdas nacionais.
Mais do que isto, surge propondo uma alternativa de atuação que não fossem os
testes, as terapias e as análises experimentais do comportamento, buscando ampliar os
modelos de compreensão teórica e o âmbito de ação dos profissionais da área
psicológica. Surge, ainda, apoiada numa espécie de discurso moral, convocando os
psicólogos a encarar a sua “função social”, a sua responsabilidade de se conscientizarem
e promover a conscientização de outros do que significa a inserção numa sociedade de
classes, dentro de um modo de produção capitalista.
Assim, o trabalho dos psicólogos, historicamente distribuído entre consultórios,
empresas, escolas, hospitais psiquiátricos, e universidades, começa a ser percebido,
falado, estudado, da perspectiva de ser ou vir a ser um trabalho “institucional”
(GUIRADO, 1987, p.IX).
REFERÊNCIAS
BAREMBLITT, Gregório. Compêndio de Análise Institucional e Outras Correntes:
Teoria e Prática. 4. ed.Rio de Janeiro: Record, 1998.
MACIEL, Ira Maria (org.). Psicologia e Educação: novos caminhos para a formação.
Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2001.