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NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO
Coordenação Pedagógica – IBRA
DISCIPLINA
OS PCNs E O ENSINO DE
QUÍMICA
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................3
UNIDADE 2 – OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS E O ENSINO DE
QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO ...................................................................................4
2.1 – A Química nossa de cada dia.................................................................................. 7
2.2 - Propostas de Atividades que atendem aos PCN..........................................13
UNIDADE 03 - SUGESTÕES DE ATIVIDADES EXPERIMENTAIS PARA O ENSINO
DA QUÍMICA NO ENSINO MÉDIO: artigo...............................................................16
3.1 - Introdução .................................................................................................................. 16
3.2 - Atividades................................................................................................................... 18
3.3 - Discussão................................................................................................................... 26
3.4 - Considerações Finais............................................................................................... 27
UNIDADE 04 – ARTIGOS ACERCA DE EXPERIÊNCIAS COM O ENSINO DE
QUÍMICA...................................................................................................................28
Artigo 01: Aplicação de Pigmentos de Flores no Ensino de Química ....................... 28
Artigo 02: Contextualização do Ensino de Química: motivando alunos de ensino
médio ................................................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS.........................................................................................................49
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INTRODUÇÃO
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De acordo com a análise das propostas contidas nos PCN, vemos que a
proposta apresentada para o ensino de Química neste documento contraria a antiga
prática, como por exemplo, memorização de informações, nomes, fórmulas e
conhecimentos como fragmentos desligados da realidade dos alunos.
Quando entramos em contato com esses pressupostos teóricos, somos
impulsionados, então, a mudar de atitude como professores para adequar nosso
aluno ao que se espera no modo de ensino-aprendizagem de hoje.
Enquanto professores, seja de que disciplina for, pretendemos que nosso
aluno reconheça as transformações químicas que ocorrem nos processos naturais e
tecnológicos em diferentes contextos, encontrados na atmosfera, hidrosfera, litosfera
e biosfera, e suas relações com os sistemas produtivo, industrial e agrícola.
Seguindo os PCN (2002) para o Ensino de Química, é válido considerar a
importância, na organização das práticas do ensino, de se levar em conta a visão de
que o conhecimento químico é uma construção humana histórica e específica, o
qual, sendo objeto de sistemáticos processos de produção e reconstrução
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Artes: trabalhos que retratem a visão dos alunos sobre o uso da tecnologia e o
meio ambiente; conhecer algumas obras de um cineasta brasileiro analisando
uma reportagem onde a palavra corrosão não tem a conotação química.
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u63439.shtml>.
Acesso em: 11 jan. 2011.
Sugestões:
Sugerimos, a seguir, diversos sites em que é possível encontrar textos muito
interessantes e que podem ser utilizados para o trabalho com o fenômeno da
oxidação e redução, por estes estarem presentes em vários tipos de transformação.
Os textos trazem uma abordagem do fenômeno no meio onde ocorre e a
influência no meio ambiente.
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- + H+ → 5 SO4
2- + 2 Mn2+ + 3 H2O
2ª parte
Colocar em outro tubo de ensaio 2 ml da solução de bissulfito de sódio –
NaHSO3(aq) (aproximadamente 40 gotas) e adicionar à solução, gota a gota, a
solução de permanganato de potássio - KMnO4(aq) até observar a formação de um
precipitado pardo.
A reação que ocorre é:
2 MnO4
- + 3 HSO3
- + H2O → 2 MnO2↓ + 3 HSO4
- + 2 OH-
3ª parte
Colocar em outro tubo de ensaio 2 ml da solução de permanganato de potássio -
KMnO4(aq) (aproximadamente 40 gotas) e 2 ml da solução de hidróxido de sódio –
NaOH (aq) (aproximadamente 40 gotas). Adicionar nesse tubo, gota a gota, solução
de bissulfito de sódio – NaHSO3(aq) até o aparecimento de uma cor verde.
A reação que ocorre é:
2 MnO4
- + 1 HSO3
- + 2 OH- → 2 MnO4
2- + 1 HSO4
- + H2O
Comentários
Esse experimento pode ser feito de forma demonstrativa para iniciar o assunto de
óxido redução em sala de aula ou em laboratório.
Também pode ser explorada a identificação de uma reação química.
A explicação para a mudança de cor e a verificação do estado de oxidação do
manganês deve ser abordada em turmas onde esteja sendo iniciado o assunto
sobre óxido redução ou de eletroquímica.
2) Experimento realizado para observar a deposição de um metal sobre um objeto.
Material necessário
Lâmina de zinco e cobre
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Fio de cobre
Solução saturada de sulfato de cobre – CuSO4. 5 H2O(aq)
Solução saturada de nitrato de prata – AgNO3(aq)
Solução saturada de sulfato de zinco – ZnSO4(aq)
3 béquer
a) introduzir a lâmina de cobre na solução de sulfato de zinco – ZnSO4(aq)
b) introduzir a lâmina de zinco na solução de sulfato de cobre – CuSO4. 5 H2O(aq)
c) introduzir o fio de cobre enrolado num formato decorativo, na solução de nitrato de
prata – AgNO3(aq).
Aguardar por alguns minutos e observar o aspecto dos metais mergulhados na
solução. A deposição de um metal sobre o objeto é explicada através do movimento
de elétrons, ou seja, uma reação de óxido redução.
O experimento a e c pode ser realizado para visualizar uma reação química.
Também pode ser explorado o assunto sobre mudança do estado de oxidação dos
metais que ocorre devido ao movimento de elétrons.
Se a utilização desse experimento ocorrer durante a abordagem do assunto de
eletroquímica pode-se comparar a deposição do cátion Cu2+ (aq) sobre o metal
Zn0 e a não ocorrência do experimento b (deposição do cátion Zn2+ (aq) sobre o
metal Cu0).
3) Uma pesquisa sobre fenômenos envolvendo reações de óxido redução pode ser
solicitada aos alunos para introdução do assunto. Como sugestão:
→ Xilografia em metal
→ Qual a finalidade do uso do zarcão na pintura de grades de ferro?
→ Porque quando mordemos um pedaço de papel alumínio sentimos um choque?
→ Porque algumas frutas e legumes escurecem depois de cortadas?
→ Galvanização. → Corrosão microbiológica
→ Que tipo de transformação ocorre durante o funcionamento de uma pilha ou
bateria? → Indústrias siderúrgicas
→ Vitamina C → O ferro enferrujado pode ser reaproveitado?
→ Porque alguns objetos metálicos escurecem em contato com o ar atmosférico? É
possível recuperá-los?
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3.1 - Introdução
A Química surgiu como uma disciplina puramente experimental, servindo
como base para explicar diversos fenômenos existentes na natureza, bem como as
teorias que os explicassem (BRANDY et al, 2002). No processo evolutivo da
Química, citam-se os experimentos dos alquimistas (MAAR, 2000), os quais
buscavam a vida eterna utilizando misturas de várias substâncias, cuja finalidade era
a obtenção da pedra filosofal para este fim (RODRIGUES, 2006). Tal pedra nunca
foi encontrada.
Entretanto, esse objetivo, até hoje, não foi abandonado, basta observar o
grande número de indústrias de cosméticos que, através de seus produtos,
prometem a diminuição da influência do tempo sobre a pele, o que seria uma forma
de prolongar a vida de um indivíduo. Os mesmos alquimistas também trabalhavam
na transformação de materiais e nesse âmbito procuravam transformar ferro em ouro
(PORTO, 1998). Este intento não se configurou, mas suas ideias são observadas na
criação de novos elementos químicos, os quais, através da reação de fusão nuclear,
resultam em novos elementos (CHANG, 1994). No decorrer da História, os
alquimistas foram vistos como magos, feiticeiros e /ou bruxos, poucos os viram como
os verdadeiros pensadores de sua época. Suas pesquisas foram tão relevantes que,
atualmente, como descrito acima, muitos conhecimentos adquiridos por eles são
usados na ciência.
Não obstante, hoje em dia a Química vem se desenvolvendo muito, tanto no
que tange ao campo científico-tecnológico, com contribuições para os
desenvolvimentos sociais, econômicos e políticos (MAAR, 2000), quanto no campo
do ensino de Química, com contribuições em métodos cada vez mais eficientes no
ensino (GAUCHE et al, 2008; REBELO et al, 2008). Este último será o tema
abordado neste artigo. Torna-se notório o desenvolvimento do ensino de Química no
país, basta verificar o elevado número de artigos relacionados ao tema publicados
periodicamente em revistas, jornais, sites e toda mídia especializada. O número de
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divertida. O objetivo principal deste trabalho é fazer com que os alunos tenham um
maior contato com a Química através de experiências reais, nas quais terá a
oportunidade de ver, experimentar, questionar e suscitar questões sobre o conteúdo
abordado. O que é diferente da Química convencional, que, na maioria dos casos,
apresenta-se puramente conteudística. Essa é a Química que os alunos denominam
“chata”. Segundo um estudo publicado na revista Química Nova (CARDOSO, 2000),
havia um questionário em que uma das perguntas era se o aluno teria sugestões
para melhorar o ensino de Química. O resultado desta foi o seguinte: alegaram ser
importante o manuseio de substâncias e a realização de práticas, deste modo,
teriam como comprovar os conhecimentos passados em sala de aula. Com base
nesta pesquisa, foi desenvolvido este trabalho. Não está sendo discutida a parte de
segurança, tema que será abordado em outro trabalho, mas uma boa referência que
aborda, de forma geral, a segurança, encontra-se no artigo publicado por Machado e
Mól (2008) e no livro publicado por Carvalho (1999).
3.2 - Atividades
Este trabalho descreve diversos temas relacionados ao ensino de Química,
tais como: reações químicas, gases, densidade, ácidos e bases, pilhas e pressão.
Para tal, apresentaremos alguns experimentos de fácil realização e com materiais
simples, os quais o professor não terá muito trabalho de obter, pois a maioria deles
pode ser encontrada em casa ou num simples laboratório. Caso o professor não
tenha o material no laboratório da escola, deve procurar substituí-lo por um
equivalente, já que foram inseridas sugestões, entre parênteses, no decorrer do
artigo. O importante é tentar de alguma forma fazer com que essas experiências
cheguem aos alunos em sala de aula, embora nunca esquecendo os devidos
cuidados relacionados com as substâncias que possam trazer alguma espécie de
risco à saúde. Por isso o auxílio de luvas e óculos de proteção é indispensável para
a execução dos experimentos. Será, também, de grande interesse para a
aprendizagem do discente que ele e seus companheiros elaborem em casa
questionamentos e/ou soluções relacionados às experiências ministradas em sala
de aula, para que haja uma maximização da aprendizagem.
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Experimento 3: Densidade
a) Gotas de óleo flutuantes:
Nesse capítulo da Química, podemos estudar uma experiência muito
interessante (SILVA, 2003), essa prática é bastante simples e muito ilustrativa. Será
preciso apenas:
1. Um copo fundo transparente (capacidade de 300 ml);
2. Conta gotas;
3. Água (100 ml);
4. Óleo (5 ml);
5. Groselha (2 ml);
6. Álcool etílico (100 ml) (desses comuns que são vendidos em supermercados).
Com os materiais supracitados, será feito o seguinte:
1°. Misturar num copo um pouco de groselha (2 ml) na água para ficar vermelha;
2°. Em seguida, verter o álcool (100 ml) sobre a água, vagarosamente, para que não
se misturem completamente, gerando duas fases;
3°. E finalmente com a ajuda de um conta-gotas, pingue sobre as fases formadas 10
gotas de óleo, bem devagar.
Observa-se nessa experiência que as gotas pingadas na superfície da mistura
bifásica ficarão esféricas, devido à pequena força que a gravidade exerce. Notam-se
também, nessa demonstração, as diferentes densidades dos líquidos envolvidos
nesse experimento, o que pode ser observado pela formação das fases.
b) Líquido colorido:
É possível verificar a densidade de líquidos através dessa outra prática
(SILVA, 2003). São necessários:
1. 100 ml de água com corante (2 gotas de groselha);
2. 50 ml de azeite;
3. 50 ml de mel;
4. 50 ml de álcool etílico (encontrado em qualquer farmácia);
5. 1 copo de vidro alto (capacidade de 300 ml);
6. 1 Copo plástico de café (capacidade de 50 ml).
Neste experimento, para que caibam outros líquidos no copo, colocamos,
apenas, duas medidas do copo de café de água com corante. Depois, uma medida
de mel, na mesma proporção; em seguida o azeite e por último o álcool etílico.
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2. Uma pipeta volumétrica (ou se não houver, uma seringa grande sem a agulha);
3. Um erlenmeyer de 50 ml (ou um copo);
4. Uma bureta de 10 ml (que também pode ser substituída por uma seringa);
5. 50 ml de solução de NaOH 1/9 mol/L (0,111 mol/L), chamada de soda Dornic;
6. 2 gotas de solução de fenolftaleína 2%.
Transfira 10 ml de leite para dentro de um erlenmeyer. Adicione 20 ml de
água e em seguida duas gotas de solução de fenolftaleína. Coloque na bureta a
solução de soda Dornic e goteje (termo técnico: titule) sobre o leite até que ele
adquira uma coloração rósea persistente. Após a titulação, anote a quantidade de
soda gasta.
O fato é que cada 0,1ml de soda Dornic gasto equivale a um grau Dornic
(1°D), que representa uma unidade de medida de acidez. Sabe-se que o grau de
acidez aceitável para um bom leite é entre 16°D e 20°D. Esses testes propiciarão
aos alunos comprovar a qualidade dos leites ingeridos por eles.
Experimento 5: Relação entre calor e trabalho
Agora poderá ser feita uma experiência um pouco mais trabalhosa, porém
muito elucidativa, referente à termodinâmica. Essa experiência foi feita no século
XVIII por James Prescott Joule para comprovar a relação entre calor e trabalho
(CHEMELLO, 2006). Para a realização dessa experiência, será necessário:
1- Um recipiente de vidro grande (capacidade de 1,5 L);
2- Um termômetro bastante sensível (0-50°C, com variação de 0,2°C);
3- 1000 ml de água;
4- Palhetas para mexer a água.
Coloque água no recipiente até um pouco mais da metade. Meça a
temperatura da água à temperatura ambiente. Com a ajuda de palhetas, agite a
água por uns 5 minutos e meça sua temperatura novamente. Note que a
temperatura, mesmo que ligeiramente, se elevou. Isso ocorre em função do esforço
realizado pela água ao resistir aos movimentos das palhetas.
Experimento 6: Eletroquímica
No capítulo de eletroquímica também existem ótimos experimentos, com
metodologias e utilização de materiais relativamente fáceis, que proporcionarão uma
aula muito cativante e erudita para os educandos.
a) Pilha de Limão:
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destilada. Com o auxílio do pedaço de fio colorido, conecte o outro conector do bocal
da lâmpada, mas ainda sem pôr a sua outra ponta na água. Como é do
conhecimento de todos, a água destilada apresenta uma baixíssima condutividade
eletricidade. Pode-se comprovar esse fato colocando a ponta do fio colorido dentro
da água destilada contida no becher. Será notado que a lâmpada não acenderá. No
entanto, misturando as 10g de NaCl (sal de cozinha) na água, a mistura passará a
conduzir eletricidade, fato comprovado pelo acendimento da lâmpada. Para melhor
fixação dos alunos, pode-se fazer o teste de várias soluções, como por exemplo, de
açúcar ou outros materiais que os discentes tiverem curiosidade.
Experimento 7: Pressão
A pressão é uma força que está presente em todo o planeta. Todos os seres
encontram-se sob a influência da pressão. Os gases são influenciados pela pressão
(aumento da pressão), ocasionando uma redução do seu volume e, por conseguinte,
uma maior aproximação das suas moléculas, gerando um aumento dos choques de
suas partículas no interior de recipientes que os contêm.
Dito isso, poderão ser feitas experiências para comprovar essa força que a
pressão exerce sobre tudo na natureza.
a) Amassando latinha de uma forma diferente:
Essa experiência, retirada do livro Química na Cabeça (MATEUS, 2007), é
uma das melhores práticas, no quesito visualização, porém deve-se ter bastante
prudência, pois se estará lidando com fogo e altas temperaturas. Será necessário
para a realização:
1. Uma lata de refrigerante de alumínio (350 ml);
2. Uma tigela de vidro de 2 l;
3. 1,5 l de água à temperatura ambiente;
4. Uma pinça de madeira (ou um pregador de madeira, desses de pendurar roupas
no varal);
5. Uma fonte de calor (que pode ser um fogareiro qualquer).
De posse desses materiais, coloque 1 litro de água na tigela. Adicione à lata,
aproximadamente, dois dedos d’água. Com o auxílio de uma pinça de madeira,
segure a lata contendo água firmemente sobre a chama, até que a água entre em
ebulição. Espere que ocorra a formação de bastante vapor, saindo da boca da
latinha. Em seguida, coloque a lata com a boca virada para baixo dentro da tigela
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3.3 - Discussão
Tendo como foco inicial de discussão as experiências, é importante que o
professor levante questões e debates em sala de aula para uma fixação geral do
conteúdo apreciado em cada experiência. Estas questões e debates levarão os
educandos a refletirem, em casa, sobre o que eles viram no experimento. Deste
modo, poderão também discutir as observações com seus colegas. O resultado
esperado desse trabalho é um maior envolvimento por parte dos alunos com a
matéria, já que tiveram acesso à visualização da teoria através da prática, com
esses experimentos.
De acordo com MACHADO (1996), é necessário buscarmos a prática de uma
“educação química” - esta se subentende pelo ato de o aluno elaborar conceitos
através de construções de conhecimentos adquiridos. O que difere em muito do
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Introdução
As espécies vegetais, uma vez que não podem se locomover, utilizam-se de
artifícios para atrair animais para efetuarem funções tais como a polinização.
As flores são utilizadas com esta finalidade, nos vegetais superiores. Por
definição botânica as flores são elementos de reprodução de plantas fanerógamas;
conjunto de cálice e corola, mais ou menos vistoso, com forma, organização,
coloração e demais caracteres extremamente variáveis1.
A forma, o aroma, o sabor e a coloração de substâncias presentes nas flores
são utilizadas para chamar a atenção de mamíferos, insetos e aves.
Esta coloração é causada pela presença de pigmentos que absorvem
radiação luminosa na região do ultra-violeta e do visível. Estes pigmentos localizam-
se nos vacúolos das células vegetais2, nos quais o pH varia entre 3,70-4,15 e 4,40-
4,50 por exemplo, para o caso de pétalas de rosas, no pico de coloração e após três
dias de colhidas, respectivamente, segundo foi relatado por Asen et al3.
Várias classes de substâncias podem colaborar para a coloração das flores,
frutos e folhas dos vegetais, destacando-se as porfirinas, carotenóides e
flavonóides4. Exemplos destes corantes, bem como seu grupo característico são
apresentados na tabela 1.
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Revisão Bibliográfica
Vários autores têm se preocupado em aproveitar estas colorações no ensino
de química. Assim a definição dos corantes, sua aplicação na indústria, aspectos
históricos e técnicas de separação podem ser encontrados no Journal of Chemical
Education e em anais de reuniões científicas realizadas no Brasil, conforme se
descreve a seguir.
Teixeira et al6 apresentaram estudos sobre a preparação de papéis
indicadores à partir de pigmentos naturais de Tradescantia diurética e Brassicaceae
abracea, impregnando papel de filtro com os extratos etanólicos dos vegetais.
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Antocianinas
As antocianinas, pigmentos da classe dos flavonóides, são os principais
cromóforos encontrados nas flores vermelhas, azuis e púrpuras. Quando extraídas
do meio natural, apresentam-se na forma de sais de flavílio, normalmente
glicosiladas, ou seja, ligadas a moléculas de açúcares, sendo os mais comuns a -
D-glucose, a -D-galactose e a -D-ramnose21. As estruturas mais comuns
apresentadas pelas antocianinas são mostradas na figura 1.
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Parte Experimental
Todos os reagentes utilizados foram de grau analítico (PA) e as soluções
foram preparadas com água destilada e deionizada.
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Reagentes e Soluções
Foram utilizadas soluções tampão de McIlvaine, preparadas de acordo com
Elving et al24, para controle de pH na obtenção de espectros de absorção molecular.
Soluções dos ácidos clorídrico e acético (HAc), bem como dos hidróxidos de
sódio e amônio foram preparadas em concentrações próximas a 0,1 mol L -1 e
padronizadas de acordo com livros texto de química experimental 25. Estas soluções
foram utilizadas nas titulações ácido-base, usando-se eletrodo de vidro e os extratos
como indicadores de ponto final, para comparação. O volume de ácido titulado foi
fixado em 10,0 mL.
Espectros de absorção na região do UV e do visível foram obtidos em
diferentes pH, para determinação dos comprimentos de onda dos máximos de
absorção, bem como para demonstração da mudança da forma destes espectros em
função da acidez do meio. A quantidade de extrato foi variável sendo utilizado
extrato suficiente para a observação de cor em cada caso.
Para verificação da Lei de Lambert-Beer foram preparadas soluções estoque
contendo aproximadamente 10 mg do extrato em 100 mL de solução. Alíquotas
destas soluções foram diluídas com soluções de HCl e NaOH, e suas absorbâncias
medidas em função da diluição. Os coeficientes de absortividade aparentes (a), para
as misturas de cromóforos contidos nos extratos, foram também determinados.
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Equipamentos
pH-metro: Orion Ion Analyser EA 940
Eletrodo Combinado de Vidro: Analion V620
Rota-Evaporador: R-114, com trompa de vácuo
Espectrofotômetro: Hitachi U-2000, com cubetas de quartzo
Resultados E Discussão
a) Demonstração da Reversibilidade do Equilíbrio e do Fenômeno da Mudança
de Cor em Função do pH.
Neste caso os extratos brutos foram adicionados inicialmente a soluções
ácidas. Adicionando-se a solução de NaOH, observa-se uma alteração de cor até
amarelo. Neste ponto a adição de solução de HCl, faz com que a coloração retorne
ao vermelho inicial, como pode ser observado na figura 4.a. Este comportamento foi
observado para todos os extratos, podendo ser aproveitado para discussões sobre a
reversibilidade e deslocamento do equilíbrio químico, bem como do comportamento
ácido-base de substâncias orgânicas, utilizadas como indicadores. Em cursos de 2°
grau, a utilização de produtos de limpeza, vinagre, comprimidos efervescentes etc.,
pode ser de grande interesse para os alunos, sem elevação de custo pela aquisição
de reagentes.
Uma escala de pH pode ser obtida variando-se a acidez do meio, conforme é
apresentado na figura 4.b.
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Conclusão
Tendo em vista os resultados obtidos, pode-se concluir que os extratos brutos
obtidos das flores das quatro espécies vegetais estudadas apresentam
potencialidade didática para demonstração:
1) do comportamento de substâncias naturais como indicadores em titulações para
os sistemas ácido forte-base forte, ácido forte-base fraca, ácido fraco-base forte e
ácido fraco-base fraca, já que os pontos de viragem observados são próximos dos
obtidos com o eletrodo de vidro;
2) da Lei de Lambert-Beer;
3) do comportamento de indicadores visuais e a sua aplicação na determinação de
pontos finais em titulações ácido base.
Agradecimentos
Os autores gostariam de agradecer à Profa. Dra. Maria Inês Salgueiro Lima, do Depto. de
Biologia/UFSCar, pela colaboração na identificação das espécies e ao Prof. Dr. João Batista
Fernandes, do Depto. de Química/UFSCar, pelas discussões.
REFERÊNCIAS
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Eds.; Plenum Press; New York, 1979; p 525.
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T. J.; Livro de Resumos da 18ª Reunião Anual da SBQ; 1995; QA-193.
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8. GEPEQ; Química Nova na Escola 1995, 1, 32.
9. de Lima, V. A.; Battaggia, M.; Guaracho, A.; Infante, A.; Química Nova na Escola 1995, 1, 33.
10. Teixeira, C. M.; Queiroz, M. E. .; Livro de Resumos da 17ª Reunião Anual da SBQ, 1994, QA-86.
11. Curtright, R. D.; Rynearson, J.A.; Markwell, J.; J. Chem. Educ. 1994, 71, 683.
12. Lalitha, N. .; J. Chem. Educ. 1994, 71, 432.
13. Kimbrough, D. R.; J. Chem. Educ. 1992, 69, 987.
14. Calafatti, S. A.; Souza, J. A.; Capelato, M. D.; Livro de Resumos da 40ª Reunião Anual da SBPC;
1988; 03-D.2.6.
15. Velozo, E. S.; Rodrigues, P. C.; Ramus, A.; Giudici, R.; Roque, N. F.; Osório, V. K. L.; Livro de
Resumos da 18ª Reunião Anual da SBpc, 1988; 18-D.2.6.
16. Mebane, R. C.; Rybolt, T. R.; J. Chem. Educ. 1985, 62, 285.
17. Séquin-Frey, M.; J. Chem. Educ. 1981, 58, 301.
18. Foster, M.; J. Chem. Educ. 1978, 55, 107.
19. Anwar, M. H.; J. Chem. Educ. 1963, 40, 29.
20. Geissman, T. A.; J. Chem. Educ. 1941, 18, 108.
21. Timberlake, C. F.; Bridle, P.; The Flavonoids; Harborne, J. B.; Mabry, T. J.; Mabry, H., C. F., Eds.;
Chapman and Hall; London, 1975; p 214.
22. Brouillard, R.; Dubois, J. E.; J. Am. Chem. Soc. 1977, 99, 1359.
23. Brouillard, R.; Delaporte, B.; J. Am. Chem. Soc. 1977, 99, 8461.
24. Elving, P. J.; Morkovitz, J. M.; Rosenthal; Anal. Chem. 1956, 28, 1179.
25. Silva, R. R.; Bocchi, N; Rocha, R. C.; Introdução à Química Experimental; McGraw-Hill; São
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26. Lorenzi, H.; Árvores Brasileiras; Plantarum; Nova Odessa, 1992.
27. Lorenzi, H.; Souza, H. M.; Plantas Ornamentais do Brasil; Planatarum, Nova Odessa, 1995, 336
28. Graf, A. B.; Pictorial Cyclopedia of Exotic Plants, Vol. 2; Exotica Internacional, São Paulo; 2189
29. Corrêa, M. P.; Dicionário da Plantas Úteis do Brasil e das Exóticas Cultivadas, Vol. 1; Imprensa
Nacional; Rio de Janeiro, 1926; 186 pp.
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Resumo
Este projeto visa contextualizar e inserir a interdisciplinaridade nas aulas de
química, como forma de motivar os alunos e formar novos cidadãos mais
conscientes. Neste enfoque, procurou-se buscar alternativas que restaure o
conhecimento do ensino de química, utilizando recursos simples e de baixo custo,
através de aulas práticas realizadas na escola e na UFPB.
O projeto foi desenvolvido na Escola Estadual do Ensino Fundamental e
Médio Presidente Médici, situada no Bairro do Castelo Branco no município de João
Pessoa/PB. Foram aplicadas pesquisas de opiniões a respeito dos interesses da
turma em relação ao ensino de química. Mediante a análise dos questionários, pôde-
se ter uma ideia dos anseios e das carências de conteúdos de química, e a partir daí
planejar as atividades, procurando atender as expectativas da turma. Inicialmente, a
participação dos alunos foi bastante efetiva, no entanto a frequência foi diminuindo o
que pode ser atribuída a alguns fatores como: greve de professores da rede
estadual, recesso escolar e o PSS. Apesar destas dificuldades um grupo se manteve
constante até o final das atividades, sempre motivados e participativos. Desta forma
podemos dizer que as experiências vividas, relacionamento com os alunos,
percepção de suas dificuldades e anseios, contribuíram significativamente para
nossa formação pessoal e profissional. E acreditamos ter despertado em alguns
jovens o interesse pela química como ciência e tê-los feito perceber que esta ciência
faz parte de suas vidas.
Palavras-Chave: Ensino de Química; Contextualização; Motivação.
Introdução
A Química é uma disciplina que faz parte do programa curricular do ensino
fundamental e médio. A aprendizagem de Química deve possibilitar aos alunos a
compreensão das transformações químicas que ocorrem no mundo físico de forma
abrangente e integrada, para que os estes possam julgar, com fundamentos, as
informações adquiridas na mídia, na escola, com pessoas, etc. A partir daí, o aluno
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tomará sua decisão e dessa forma, interagirá com o mundo enquanto indivíduo e
cidadão (PCN. MEC/SEMTEC, 1999).
Uma das finalidades deste projeto é analisar as reflexões sobre a
aprendizagem, procurando identificar os fatores que motivam os alunos para a
aprendizagem em química, caracterizando o papel das relações sociais e escolares
nesta motivação e no processo educacional. Nosso grupo de trabalho são alunos
das três séries do ensino médio da Escola Estadual Presidente Médici, situada no
bairro Castelo Branco em João Pessoa – PB.
A aula prática é uma maneira eficiente de ensinar e melhorar o entendimento
dos conteúdos de química, facilitando a aprendizagem. Os experimentos facilitam a
compreensão da natureza da ciência e dos seus conceitos, auxiliam no
desenvolvimento de atitudes científicas e no diagnóstico de concepções não-
científicas. Além disso, contribuem para despertar o interesse pela ciência.
Neste enfoque, buscamos motivar os alunos a participarem das aulas
práticas, tornando-as mais dinâmicas, proporcionando o desenvolvimento dos
conteúdos, segundo os seus anseios e de uma forma mais significativa.
Nesta perspectiva, as contextualizações dos conteúdos são de extrema
importância, como fator motivacional e para a construção do conhecimento de uma
forma holística. Desta forma, apresentamos os principais objetivos deste projeto:
▪ Identificar os fatores que motivem os alunos a se entusiasmarem pela disciplina
(química);
▪ Aplicar a contextualização da química nas aulas;
▪ Conscientizar os jovens da importância da ciência e como eles podem participar
ativamente da sociedade, sendo detentor do conhecimento científico.
Descrição - A contextualização e a motivação
A idéia de contextualização surgiu com a reforma do ensino médio, a partir da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB-9.394/97) que orienta a compreensão dos
conhecimentos para uso cotidiano. Originou-se nas diretrizes que estão definidas
nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), os quais visam um ensino de química
centrado na interface entre informação científica e contexto social.
Contextualizar a química não é promover uma ligação artificial entre o
conhecimento e o cotidiano do aluno. Não é citar exemplos como ilustração ao final de
algum conteúdo, mas que contextualizar é propor “situações problemáticas reais
e buscar o conhecimento necessário para entendê-las e procurar solucioná-las.”
(PCN+, p. 93).
Diante do exposto, se faz necessário a prática de um ensino mais
contextualizado, onde se pretende relacionar os conteúdos de química com o cotidiano
dos meninos e das meninas, respeitando as diversidades de cada um, visando à
formação do cidadão, e o exercício de seu senso crítico.
Um dos objetivos da química é que o jovem reconheça o valor da ciência na
busca do conhecimento da realidade objetiva e insiram no cotidiano. Para alcançar
esta meta buscamos trabalhar contextos que tenham significado para o aluno e
possam leva a aprender, num processo ativo, acredita-se que o aluno tenha um
envolvimento não só intelectual, mas também afetivo. De acordo com as novas
propostas curriculares (PCN), seria educar para a vida.
Metodologia
A abordagem deste projeto está centrada na identificação dos fatores de
motivação e a aplicação de temas contextualizadas em aulas de química para
alunos das três séries do ensino médio da Escola Presidente Médici, situada no
município de João Pessoa, Paraíba. O projeto foi desenvolvido no ambiente escolar e
nas dependências do Departamento de Química Universidade Federal da Paraíba, no
período de 18 de abril a 18 de dezembro de 2007.
Os dados coletados foram agrupados, analisados e descritos quantitativamente,
a partir de apresentações percentuais de variáveis categóricas. Neste tipo de estudo
descritivo, buscarmos observar, registrar, analisar e interpretar quais os fatores que
influência a motivação dos alunados em obter a aquisição do saber em química, como
uma ciência presente no seu dia-a-dia e importante para a preservação da vida do
planeta. A equipe de extensionistas buscou não interferir e nem manipular qualquer
tipo de influência nas opiniões e conceitos dos alunos. Assegurando-os a garantia
do anonimato, a liberdade para participar ou desistir das atividades em qualquer
momento.
Resultados e Discussão
As atividades desenvolvidas foram: Segurança no laboratório / Materiais e
Vidrarias, Misturas e Reações Químicas, A Evolução dos Modelos Atômicos –
Experimento Demonstrativo: Teste da Chama, Solubilidade, Funções Ácidas e
Básicas, Fabricação de Sabonetes, Fabricação de Detergentes, Simulação da
Chuva Ácida, Filme Didático – A Química da Atmosfera, Filme Didático – A Química
em Nossas Mãos, selecionamos algumas destas atividades para descrever o
interesse e a motivação dos alunos durantes as mesmas.
Inicialmente foi aplicada uma pesquisa de opinião a respeito do interesse dos
estudantes pelas atividades em laboratório, quais eram suas sugestões e a partir
dos seus anseios faríamos os planejamentos das aulas. O resultado desta pesquisa
está apresentado no Quadro 01.
36% Rutherford
34% Dalton
18% Outros conceitos
12% Thompson
Quadro 02. Conceitos dos alunos sobre modelo atômico.
Fonte: Dados da pesquisa
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