Você está na página 1de 28

Meio Ambiente e

Cidadania
1. A Situação do Meio Ambiente e do Mundo 4
Planeta Terra 6
População 6
O Desgaste Ambiental e o
Crescimento Populacional 6
Controle Populacional X Preservação Ambiental 7
Zona Urbana e Zona Rural 9
Sustentabilidade das Cidades 10
A Qualidade de Vida 11
Conceitos Ambientais do Planeta Terra 13

2. Cidadania no Ambiente 15
Gestão Ambiental 17
Princípios que Orientam o
Gerenciamento Ambiental 18
Gestão Ambiental e Conflitos 18

3. Consumo Sustentável 21
Pobreza e Consumo Sustentável 22
Consumo Responsável 22
Acordos Mundiais 23
Agenda 21 24
Declaração do Rio Sobre o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento 24
Declaração dos Princípios para o Manejo
Sustentável das Florestas 24
Convenção sobre Mudanças Climáticas 25
Convenção da Biodiversidade 25
Comissão de Desenvolvimento Sustentável
das Nações Unidas 25

4. Referências Bibliográficas 27

02
03
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

1. A Situação do Meio Ambiente e do Mundo

Fonte: G1.Globo1

A natureza está se alterando por


causa das intervenções desas-
trosas causadas pelo ser humano. A
A chuva ácida é provocada
principalmente pela atividade hu-
mana através da industrialização e
ambição desenfreada e a desvalori- uso de transportes que usam com-
zação da vida muito têm contribuído bustíveis fósseis. Ela empobrece a
para a destruição do meio ambiente. vegetação e prejudica a pesca.
Então o Planeta Terra pede socorro! A grande quantidade de gases
Os problemas ambientais poluentes que são emitidos diária-
comprometem a qualidade de vida mente causa o aquecimento global.
de toda a sociedade. Dentre eles po- As consequências são catastróficas,
de-se citar a chuva ácida, o aqueci- pois leva ao aumento do número de
mento global, desmatamentos, pro- furações, desertificação, ondas vio-
blemas da água, principalmente sua lentas de calor e derretimento das
escassez e poluição, tornando-a im- calotas polares.
própria para consumo, buraco na O desmatamento causa degra-
camada de ozônio e lixo, dentre dação do solo, extinção de várias
outros. espécies e danos ao clima.

1 Retirado em https://g1.globo.com/

4
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

Quanto a água, está no futuro  Economia de energia;


será muito valorizada. Já existem  Uso de transporte coletivo; Fa-
países em que ela é escassa. Infeliz- zer reciclagem do lixo; Não
mente quem tem muito não dá im- desperdiçar água;
portância e a desperdiça de uma for-  Preferir produtos naturais a
industrializados; Reduzir o
ma inconsequente. A poluição aquá-
consumo de carne vermelha;
tica tem aumentado muito e com  Não poluir;
isso aumenta os casos de doenças  Plantar árvores no quintal de
veiculadas pela água, intoxicação casa; Não caçar;
por metais pesados e gastos para o  Não ser consumista e ser al-
tratamento da mesma. truísta.
A destruição da camada de
ozônio é causada principalmente Estamos todos interligados e
pela eliminação do gás clorofluor- dependemos um do outro. Não há
carbono, conhecido como CFCs, dúvida de que nossa ação local re-
usados em aparelhos de refrigeração fletirá globalmente. Se todos fizerem
e sprays. Isto pode afetar o sistema a sua parte, viveremos em um mun-
imune, causar câncer de pele e um- do melhor.
tações nos seres vivos. A preocupação da preservação
O lixo quando não colocado do Planeta Terra é motivo de confe-
em seu devido lugar traz mau cheiro, rências e reuniões mundiais para
polui a água, atrai ratos e insetos, que sejam adotados procedimentos
contribui para o aparecimento de racionais para a utilização dos
doenças, além de poder contaminar recursos naturais.
os solos. O conhecimento do funciona-
É necessário mudar a forma mento dos ecossistemas requer es-
com que exploramos os recursos na- tudo sobre o ambiente, a fim de
turais e o nosso comportamento em ajudar à sua preservação e utilização
relação a natureza. A educação am- sustentável dos seus recursos.
biental, voltada especialmente para Então, a Gestão Ambiental -
a sustentabilidade e, a adoção de ramo da educação - surge a partir do
uma nova ética, contribuirão e mui- crescente interesse do homem em
to para conseguirmos ter um planeta assuntos relacionados ao meio am-
habitável no futuro. biente, devido às grandes catástrofes
Ações que minimizam os im- naturais que têm ocorrido no mundo
pactos ambientais: nas últimas décadas.

5
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

Planeta Terra anos, atingindo a marca de 100


milhões de pessoas por volta do ano
População 500 a.C.
Foi, portanto, com o desenvol-
O habitat humano se restringe
vimento da agricultura que o cresci-
à biosfera; que é a camada da Terra
mento populacional deu seu pri-
composta da atmosfera, litosfera e
meiro salto. E o segundo só ocorreu
hidrosfera, ou seja; camada de vida
muitos séculos depois, com o de-
do Planeta Terra.
senvolvimento industrial. Tanto
É o único habitat das espécies
assim que, do início da era in-
e inclusive do homem, tendo como
dustrial, no século XVIII, até os dias
característica mais significativa da
atuais, a população mundial já ficou
biosfera o tamanho relativamente
oito vezes maior. E hoje somos,
pequeno e a exiguidade de recursos
aproximadamente, seis bilhões de
que oferece. Em termos terrestres a
pessoas na Terra (TOYNBEE,1980).
comunidade humana não ocupa
toda a extensão desta camada, pois O Desgaste Ambiental e o
grande parte da biosfera não é Crescimento Populacional
habitada pelos seres humanos, como
os oceanos, desertos e geleiras. O desgaste ambiental gerado
Então, o homem está instalado pelo esgotamento dos recursos natu-
numa limitada porção do planeta, rais face às necessidades de sobre-
onde mantém relações entre si, com vivência de determinada população,
outras espécies e com os fatores já ocasionou a extinção de muitas
abióticos, ou seja; com o meio civilizações.
ambiente. O aumento recente do número
No início da existência da es- de seres humanos e de suas res-
pécie humana, no período paleolíti- pectivas atividades teve um enorme
co, o crescimento populacional era impacto no meio ambiente. Em me-
muito baixo, inibido pelos desloca- nos de 200 anos o mundo perdeu
mentos constantes dos caçadores. seis milhões de quilômetros quadra-
Somente quando o homo sapiens dos de florestas, e o volume de terra
passou a se fixar em determina- desgastada pela erosão triplicou o
das áreas, tornando-se sedentário, é volume de sedimentos nos princi-
que a população começou a crescer pais rios do planeta. A esses pro-
de modo cada vez mais rápido. E blemas ambientais somam-se graves
depois da introdução da agricultura, problemas sociais, com dois terços
ela chegou a duplicar a cada mil da população da Terra sofrendo para

6
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

conseguir comida, abrigo e cuidados A relação entre os níveis de


médicos. qualidade de vida e de desenvol-
É importante destacar que a vimento social de uma sociedade e
análise da relação entre a questão os seus problemas ambientais torna-
populacional e os impactos ambien- se evidente, por exemplo, ao anali-
tais não pode estar desvinculada da sarmos o tema da concentração po-
análise do modelo atual de desen- pulacional nos centros urbanos
volvimento econômico. Basta lem- (êxodo rural).
brar que os países desenvolvidos, A essa enorme concentração
com menores taxas de crescimento populacional, causada pelo cresci-
populacional, demandam a maior mento desordenado das cidades,
parte das matérias- primas do associam-se muitos problemas am-
planeta e consomem o maior volume bientais e sociais, como o aumento
de produtos. Esses países concen- de todos os tipos de poluição e dos
tram um quarto da população glo- níveis de pobreza.
bal, mas consomem 80% da energia Atualmente, com o crescimen-
do mundo. Proporcionais a esse to das cidades de porte médio no
consumo são as emissões de gases Brasil, o ritmo dessa tendência vem
para o ambiente. Aproximadamente diminuindo. Ainda assim, as regiões
40% de todo o dióxido de carbono metropolitanas são áreas de concen-
emitido para a atmosfera provêm de tração de pobreza, uma vez que
sete países ricos da América do 70,9% dos pobres vivem nas cida-
Norte e Europa Ocidental, que cons- des, dos quais 29,2% em áreas me-
tituem apenas 11% de toda a popu- tropolitanas.
lação mundial.
Nesse sentido, não podemos Controle Populacional X Pre-
afirmar que o aumento populacional servação Ambiental
é a principal causa dos impactos am-
Segundo Toynbee (1980), as
bientais. Além dos níveis de cresci-
campanhas de controle de cresci-
mento populacional, fatores econô-
mento da população, geralmente são
micos e sociais, como o próprio mo-
conduzidas de forma autoritária,
delo de desenvolvimento preconiza-
como é o caso das campanhas de
do, e o nível de consumo e de quali-
esterilização em massa de mulheres.
dade de vida da população devem
Na China, por exemplo, adota- se a
contribuir para o entendimento dos
política de permitir apenas um filho
problemas ambientais.
por casal, o que acaba gerando sérios

7
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

problemas sociais, como o aban- mica que nem podiam ser sonhados
dono e o assassinato de inúmeros há 500 anos. Mas essa prosperidade
bebês do sexo feminino. vem causando problemas ambien-
De acordo com esse autor, no tais graves, como o aquecimento
Brasil, as campanhas de controle da global, a destruição da camada de
natalidade, obtiveram resultados as- ozônio, a perda da biodiversidade e
tisfatórios, mas não se percebe ne- outros mais.
nhuma melhoria quanto à utilização O consumo de bens duráveis e
dos recursos naturais e à preser- não duráveis é um dos principais in-
vação do meio ambiente, e nem dicadores utilizados pelas socieda-
quanto às condições de vida das ca- des capitalistas para medir a pros-
madas mais pobres da população peridade econômica. A questão, por-
brasileira. Isso confirma que o com- tanto é: o que, além da circulação de
trole da natalidade, sozinho, não é bens econômicos, poderia definir a
um parâmetro para a preservação prosperidade ou a afluência de uma
ambiental. sociedade? (TOYNBEE,1980).
Entretanto, o que mais preo-
cupa em termos de degradação am- Para refletir...
biental não é a taxa de natalidade
Você tem fome de quê?
dos países pobres, mas sim o au-
mento de consumo dos países ricos, A sociedade de mercado se
uma vez que não há uma relação ne- baseia na permanente recriação da
cessária entre crescimento demo- escassez, ou seja, para que os pro-
gráfico e aumento da pressão sobre dutos de consumo circulem e ali-
os recursos naturais. São processos mentem as trocas mercantis, é
distintos. necessário comportamento de con-
A pressão de consumo aumen- sumo, o desejo de consumir os valo-
ta muito rapidamente nos países res materiais e simbólicos que pro-
desenvolvidos, cujo crescimento po- metem os produtos. Como sabemos,
pulacional está estabilizado, en- a sociedade humana não produz
quanto nos países subdesenvolvidos apenas para satisfazer necessidades
o consumo quase não cresce, apesar biológicas.
de o crescimento populacional ainda Como diz a música dos Titãs,
ocorrer. “a gente não quer só comida”, mas
Atualmente, países desenvol- também diversão e arte. Consumir
vidos do hemisfério norte alcança- indica, também, modos de apro-
ram níveis de prosperidade econô- priar-se de bens simbólicos que ali-

8
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

mentam identidades, corpos e men- cultural, escolas, parque industrial e


tes preconizados pela cultura e pela uma diversidade de serviços que
contracultura. Assim, por exemplo, implicam em grandes segmentos de
nas sociedades de consumo, as exi- trabalhadores assalariados e maior
gências dos indivíduos que aderem oferta de emprego e educação.
aos valores materialistas hegemô- Já as cidades e agrupamentos
nicos podem se tornar ilimitadas. rurais, por sua vez, possuem baixa
Mas, também as necessidades hu- densidade populacional, menor
manas têm sido frequentemente oferta de serviços e equipamentos
reinterpretadas dentro destas mês- culturais e educacionais, atividades
mas sociedades por segmentos críti- produtivas voltadas à agricultura,
cos que valorizam circuitos de con- criação de animais, turismo rural,
sumo contra-hegemônicos, como é o entre outras ocupações ligadas à
caso das feiras ecológicas, produtos produção rural (trabalhador rural,
étnicos, mercados solidários, moeda produtor familiar, proprietário de
social, entre outros. O que você con- terra, entre outras).
some? Que tal se perguntar, anali- O espaço urbano tem sido, fre-
sando seus hábitos de consumo e quentemente, uma fonte de preo-
projeto de vida: você tem fome de cupação. Reflete uma situação de
quê? (SENAC, 2009). uso intensivo dos recursos naturais,
é visto como gerador de profundo
Zona Urbana e Zona Rural desequilíbrio e insustentabilidade
em termos ambientais.
Como já citado por Toynbee A concentração industrial e o
(1980), vivemos um processo de adensamento populacional traçam
adensamento da população em cen- um quadro de aumento exponencial
tros urbanos. Estes podem tomar a dos impactos ambientais do mundo
forma de grandes metrópoles, cida- urbano. Do mesmo modo, as con-
des médias e pequenas. Mas, para tradições e desigualdades sociais
além de seu tamanho em território também se evidenciam no tecido
geográfico e populacional, também urbano, principalmente consideran-
podemos pensar os assentamentos do o processo de migração campo-
humanos de acordo com o seu perfil cidade que, no Brasil, inverteu esta
socioespacial. Os urbanos se carac- relação entre os anos 1950 e 1980.
terizam pelo adensamento popula- Setenta por cento da população bra-
cional, presença de diversos siste- sileira nos anos 1950 era rural e nos
mas de transporte, equipamento anos 1980 a situação se inverte, com

9
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

70% da população em zonas ur- como turismo rural, de aventura,


banas. ecológico, pousadas rurais, hotéis
Desta forma, o urbano vai se fazenda, pesque-pague, trilhas eco-
constituindo cada vez mais como lógicas, etc.
polo de visibilidade, associado à mo-
dernização, enquanto o rural tem Sustentabilidade das Cidades
sido objeto de uma visão muitas
Segundo Reigota (2001) dizer
vezes estereotipada que, em contra-
que uma cidade é sustentável englo-
posição, o toma como um resíduo,
ba diferentes definições. Isto indica
um espaço social em extinção, so-
que não há um acordo sobre o que
brevivência de um passado, ora va-
seria sustentabilidade. Pode-se defi-
lorizado pela harmonia perdida no
nir estes conceitos desde ênfases di-
mundo urbano, ora desvalorizado
ferentes, como, por exemplo, a sus-
como sinal de atraso. Contra essa
tentabilidade como eficiência eco
visão preconceituosa e simplifica-
energética, sustentabilidade como
dora é importante não esquecer que
conservação dos recursos naturais,
a construção do urbano se dá em
ou ainda a sustentabilidade sócio-
constante relação com o mundo ru-
ambiental vista como busca da jus-
ral, que também se transforma a
tiça social e ambiental.
partir dos processos de moderni-
Do ponto de vista socioam-
zação da sociedade como um todo e
biental, a sustentabilidade das cida-
da própria relação urbano-rural
des poderia ser definida como envol-
(REIGOTA, 2001).
vendo a gestão, na qual o uso de re-
Reigota afirma ainda que ob-
cursos, bem como os meios tecnoló-
servar as diferenças entre os proces-
gicos e institucionais estejam volta-
sos urbano e rural não significa dei-
dos para o atendimento das neces-
xar de ver suas interessantes imbri-
sidades humanas, e a distribuição
cações. Alguns estudiosos chegam a
equitativa dos recursos sociais e
propor um conceito de novo rural ou
ambientais, considerando, também
rururbano, destacando como uma
o compromisso intergeracional que
tendência a transformação do mun-
projeta o uso futuro reconhecendo o
do rural em direção às dinâmicas de
direito das gerações que virão.
serviços e negócios do tipo urbano.
Já as cidades são insustentá-
Na medida em que as popula-
veis, uma vez que elas não produzem
ções urbanas projetam sobre a vida
tudo o que consomem, poluem o ar
rural o ideal de vida simples e “eco-
e não reciclam a água nem outros
lógica”, cresce a oferta de serviços
materiais como deveriam. Também

10
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

dependem de matérias-primas e ment Board (LGMB), ou seja, Con-


manufaturados produzidos em selho de Gerenciamento dos Gover-
áreas muitas vezes distantes geogra- nos Locais – dedicada à gestão das
ficamente. cidades – definiu as características
A transformação do modelo de uma comunidade sustentável:
atual de cidades insustentáveis, em  Não desperdiça recursos e
cidades sustentáveis requer um es- produz pouco lixo;
forço coletivo. Tanto os governos  Limita a poluição de forma
precisam assumir os princípios da que possa ser absorvida pelos
sistemas naturais;
sustentabilidade e da solidariedade
 Valoriza e protege a natureza;
socioambiental em todos os seus
 Atende às necessidades local-
trabalhos e esforços, como os cida- mente, sempre que possível;
dãos precisam mudar valores e ati-  Provê casa, comida e água
tudes. É necessário aprender a redu- limpa para todos;
zir o consumo de água e de energia,  Dá oportunidades para que to-
escolher produtos locais, optar pelo dos trabalhem com o que gos-
transporte coletivo, gerar menos tem, valorizando o trabalho
lixo, etc. Mas esses novos hábitos só doméstico;
serão adquiridos se houver uma  Protege a saúde de seus habi-
tantes, enfatizando a higiene e
estratégia por parte dos governos
a prevenção;
para estimulá- los e fazer com que  Provê meios de transporte
seja mais fácil e mais barato agir de acessíveis para todos;
forma sustentável, sem transferir os  Dá segurança, de modo que
ônus de suas opções para vizinhos todos vivam sem medo de
mais pobres, como ocorre no caso crimes ou perseguições;
dos envios de resíduos e produtos  Possibilita que todos tenham
tóxicos para os chamados países acesso igual às oportunidades;
 Dá acesso ao processo de
subdesenvolvidos.
decisão para todos;
Como garante nossa Consti-
 Dá oportunidades de cultura,
tuição: uma cidade sustentável se- lazer e recreação para todos
ria, principalmente, um espaço so- (Senac, 2009).
cial e ambientalmente justo (REI-
GOTA, 2001). A Qualidade de Vida

Curiosidades A qualidade de vida, segundo o


Programa das Nações Unidas para o
Uma entidade britânica deno- Desenvolvimento - PNUD - (1998),
minada Local Government Manage- se refere viver de modo sustentável,

11
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

ou seja, compatibilizando a qualida- suas necessidades básicas atendi-


de ambiental com o desenvolvi- das: possuem alimentação insufi-
mento econômico. ciente, moradia precária, falta-lhes
O meio ambiente sadio é parte saneamento básico e cuidados mé-
fundamental do bem-estar humano, dicos, não têm acesso ao sistema
e também é importante pensar sobre educacional ou não possuem qualifi-
indicadores para uma sociedade cação profissional para se inserir no
ecologicamente sustentável. Para is- mercado.
so, algumas organizações não gover- Estima-se que 80% dos indi-
namentais avaliam que uma socie- víduos mais pobres do mundo vivem
dade sustentável seria aquela que: em países da Ásia, África e América
 Conservasse a biodiversidade Latina. A maioria da população po-
e os sistemas de suporte à bre da Ásia, África e América Latina
vida; vive em áreas de alta vulnerabi-
 Assegurasse que o uso dos re- lidade ecológica, ou seja, áreas onde
cursos renováveis fosse sus-
a destruição ambiental – como ero-
tentável e que a degradação
dos recursos não renováveis são do solo, desertificação, redução
fosse minimizada; da fertilidade da terra, desmata-
 Se mantivesse dentro dos limi- mento, queimadas, assoreamento
tes da capacidade de suporte dos rios, etc. – ameaça o bem- estar
dos ecossistemas. e a qualidade de vida da própria po-
pulação. Nesse caso, há uma relação
Para refletir: Meio ambiente e po- direta entre perda de qualidade de
breza. vida e degradação ambiental.
Por outro lado, o meio am-
São consideradas pobres biente é geralmente fonte de renda
aquelas pessoas cujo rendimento e/ou subsistência da população po-
mensal é igual ou inferior a um terço bre mundial. No caso do Brasil, al-
do salário mínimo. Esse patamar de gumas iniciativas, como a das reser-
rendimento constitui a chamada li- vas extrativistas, dos comitês de ba-
nha de pobreza. Segundo a Pesquisa cias hidrográficas, a criação de coo-
Nacional por Amostra domiciliar perativas de catadores e de sistemas
(PNAD-IBGE) de 1990, o número de de reciclagem do lixo e outras, apon-
pobres no Brasil era, naquele ano, de tam para a possibilidade de se alcan-
39,2 milhões, o que correspondia a çar, ao mesmo tempo, aumento da
27% da população brasileira (142,4 qualidade de vida e sustentabilidade
milhões). São pessoas que não têm ambiental.

12
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

A redução da pobreza e a pro- Ainda segundo o autor citado


teção do meio ambiente são desafios acima, a pegada ecológica se define
de grande complexidade, quando se como a área de terra e água eco-
busca aumentar os níveis de desen- logicamente produtiva que se neces-
volvimento humano e a qualidade de sita de forma contínua para propor-
vida dos países em desenvolvi- cionar os recursos energéticos e ma-
mento. teriais consumidos, e absorver todos
Assim, além das experiências os resíduos gerados por esta po-
mencionadas, você identifica outras pulação.
iniciativas no Brasil e/ou no mundo O consumo das comunidades,
que estão tentando articular a supe- empresas e governos entram no cál-
ração da pobreza com a qualidade de culo, pois a pegada ecológica busca
vida e a sustentabilidade ambiental? mensurar as demandas de capital
(SENAC, 2009). natural da população em questão em
relação ao território que ocupa. O
Conceitos Ambientais do Pla- tamanho da pegada não é fixo, mas
neta Terra depende do ingresso financeiro e va-
lores socioculturais, assim como do
Segundo Mineiro (2001), o estado da tecnologia disponível. Ao
ambiente da Terra é agrupado em contrário do espaço ambiental, o
Espaço ambiental, pegada ecológica cálculo da pegada demonstra que
e capacidade de suporte. não existe um piso nem um teto
O espaço ambiental diz res- ambiental.
peito à quantidade de recursos não Hoje, segundo os cálculos da
renováveis, energia e terras que se pegada ecológica, a humanidade já
pode obter da Biosfera, de maneira excederia a capacidade global de
ambientalmente sustentável. Indica carga do planeta, impondo altos cus-
o consumo per capita destes recur- tos às gerações futuras.
sos dentro de um intervalo que não A capacidade de suporte avalia
ultrapasse um teto (quantidade má- a quantidade de seres vivos que um
xima per capita) e um piso (quanti- ecossistema pode sustentar para de-
dade mínima per capita). Pelo prin- senvolver sua capacidade produtiva
cípio da equidade, todo ser humano ao máximo.
teria direito ao uso equitativo dos
recursos naturais, patrimônio co-
mum da Humanidade, consideran-
do a finitude destes recursos.

13
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

2. Cidadania no Ambiente

Fonte: Ceem 2

S egundo Bordenave (1995), ser


cidadão é ter consciência de
seus direitos e deveres e participar
me de governo, isto é, ela é mais do
que uma democracia formal, já que
institui direitos.
ativamente de todas as questões da Desse modo, Souza (1996) en-
sociedade; participar das decisões tende que o processo democrático,
que interferem na vida de cada um. portanto, deve dar oportunidades
Atualmente, nós cidadãos bra- aos cidadãos para participarem da
sileiros vivemos na democracia; um vida pública. Ao envolver moradores
sistema social e político que nos ins- e outros setores da sociedade orga-
titui como sujeitos de direitos e nizada em parcerias com o governo
considera que onde não existam local para lidar com os desafios bási-
estes direitos, tem-se o direito de cos do desenvolvimento, tais como
lutar por eles. Esse regime de gover- moradia, desemprego, lixo, água e
no prevê eleições, partidos políticos, poluição do ar, pode-se mobilizar
divisão dos três poderes da Repúbli- novos recursos para solucionar esses
ca, respeito à vontade da maioria e problemas, criando uma cultura
das minorias. Contudo, a democra- mais participativa, transparente e
cia não se esgota nas regras do regi- responsável.

2 Retirado em https://blog.ceem.com.br/

15
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

Contudo, existem limites para to. Para que todos se envolvam na


o que o cidadão comum pode fazer formulação e na aplicação de políti-
sozinho. É necessário contar com o cas ambientais, é necessário que a
apoio do poder público e do setor educação aborde as condições do
produtivo para que haja uma um- meio ambiente, as consequências da
dança em direção à sustentabi- poluição e, sobretudo, os modos co-
lidade. mo se pode contribuir de forma indi-
Em relação às questões am- vidual e coletiva.
bientais, nos países em que os cida- Ribeiro (1998) afirma que a
dãos se envolveram na discussão de cidadania diz respeito ao exercício
temas como poluição ambiental e democrático de decidir sobre os as-
efeitos da exploração indiscrimina- suntos comuns, ou seja, aqueles que
da da natureza, o poder público se interessam a todos. O meio ambien-
viu forçado a considerar a opinião da te é um importante espaço comum,
população. Essa politização resultou de convivência com os outros huma-
em novas leis e medidas para nos e não humanos. Nossas ações e
minimizar os impactos ambientais. escolhas relativas aos assuntos am-
Para Bordenave (1995), mui- bientais influem nos rumos das deci-
tos países já descobriram que a inte- sões que se discutem na esfera públi-
ração entre governo e cidadãos pode ca, ao mesmo tempo em que somos
ser benéfica e que existe muito apoio afetados pelo conjunto das outras
da sociedade para assumir uma res- ações e decisões. Assim, meio am-
ponsabilidade compartilhada na biente, política e cidadania estão
solução dos problemas ambientais. profundamente relacionados.
Nesse contexto democrático, o Ribeiro (1998) reforça ainda
poder da opinião pública vem ga- que educar para a cidadania é cons-
nhando cada vez mais força. Amea- truir a possibilidade da ação política,
çadas de boicote, várias empresas no sentido de contribuir para formar
que agridem o meio ambiente po- uma coletividade capaz, informada,
dem mudar suas estratégias e ações. crítica e responsável pelo mundo
Um ambiente saudável diz res- que habita. Ter uma atitude ecoló-
peito a todos e é responsabilidade de gica é assumir essa responsabilida-
todos. Mas o processo não é auto- de, que se exerce em todo o tempo e
mático. Todas as pessoas envolvidas lugar, sendo cidadão. A educação de
têm que se esforçar, e o governo pre- um modo geral tem um papel fun-
cisa reconhecer que nem todos os damental na formação do sujeito
cidadãos são especialistas no assun- cidadão, e a educação ambiental em

16
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

particular, na formação de um sujei- deres instituídos – Prefeitura e Le-


to cidadão ecologicamente orien- gislativo –, a sociedade civil organi-
tado. zada, outras esferas sociais, o poder
público estadual e federal e as rela-
Gestão Ambiental ções que estabelecem entre si.
Da mesma forma, uma gestão
Segundo Quintas (2003), ges- ambiental eficaz e eficiente também
tão é o ato de administrar. É o uso de depende da ação conjunta desses di-
um conjunto de princípios, normas e ferentes atores sociais. Significa
funções para obter determinados também internalizar nas políticas
resultados. Numa gestão, os prin- públicas ações que visem à redução
cípios são a base das ações e o que dos impactos ambientais e ao fo-
nos ajuda a tomar as decisões mais mento do desenvolvimento harmo-
acertadas. nizado com o ambiente.
Por exemplo, quando muitas Dentre as atribuições da ges-
pessoas se juntam para decidir sobre tão ambiental temos aquelas volta-
o seu futuro, é importante que todas das para o cuidado das áreas obvia-
tenham os mesmos princípios, pois mente ecológicas e de outras menos
assim, quando tiverem que tomar óbvias, porém muito importantes
uma decisão, elas vão pensar nesses para o equilíbrio ambiental das cida-
princípios para fazerem as melhores des e para a qualidade de vida dos ci-
escolhas. Para fazer a gestão de uma dadãos. Esse é o caso, por exemplo,
cidade é preciso administrá-la de de áreas como o ordenamento do
modo a evitar que se deteriore, con- solo, o saneamento e o zoneamento,
servando as características que se tão necessárias para fomentar o
deseja manter e aprimorando as que desenvolvimento sustentável de
necessitam de melhoria. uma cidade (QUINTAS, 2003).
Para isso, ainda segundo o au- Além disso, de uma forma ge-
tor citado acima, é preciso consciên- ral o sucesso de uma gestão ambien-
cia e ciência, capacitação dos admi- tal local depende tanto das circuns-
nistradores e de seus funcionários tâncias gerais políticas, socioeconô-
para que possam desempenhar seu micas, culturais e psicossociais em
papel, suas responsabilidades e atri- que a administração pública é exer-
buições. cida, quanto da maior ou menor
Uma gestão participativa en- eficiência da máquina administrati-
tende que poder local não é apenas a va pública. As primeiras circunstân-
Prefeitura, mas o conjunto de po- cias caracterizam o que é chamado

17
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

pelos cientistas políticos de condi- Gestão e Meio Ambiente: Tra-


ções de governabilidade. Já o grau balhar dentro do ecossistema. Todo
de eficiência da máquina adminis- recurso ambiental tem uma capa-
trativa está associado ao que se de- cidade de suporte, que é a velocidade
nomina condições de governança. máxima com que podemos explorar
o recurso sem esgotá-lo ou usá-lo
Princípios que Orientam o Ge- para absorver ou limpar poluentes
renciamento Ambiental sem destruí-lo.
Sustentabilidade é não au-
Prevenção: Segundo a Constitui-
mentar nossas demandas indefini-
ção Federal (artigo 225, parágrafo
damente, mas criar políticas que
1), é melhor prevenir a destruição e
mantenham o desenvolvimento
a poluição, diminuindo os riscos de
dentro dos limites da capacidade de
degradação do meio ambiente.
suporte.
Precaução: Segundo Quintas
Igualdade intra e entre gera-
(2003), quando há dúvidas sobre as
ções: Ainda segundo Quintas
consequências ambientais de uma
(1993), a igualdade se refere à justiça
ação, deve-se agir com cautela. Não
e às oportunidades. Descreve uma
se deve autorizar ou continuar uma
relação entre pessoas, e não um pa-
atividade, ou escolher uma técnica,
drão mínimo. É importante que a
quando não se sabe ao certo sobre
justiça social seja um dos princípios
seus possíveis impactos.
pelo qual basearemos nossas deci-
Poluidor-pagador: O princípio do
sões. Para assegurar a igualdade
poluidor-pagador se refere que o
entre gerações, a geração atual deve
responsável pela poluição deve arcar
assegurar que a saúde, a diversidade
com os custos para remediar o es-
e a produtividade do meio ambiente
trago causado. Precisamos ficar
sejam mantidas ou então melhora-
atentos ao fato de que a degradação
das, em benefício das gerações fu-
também deve ser considerada como
turas.
poluição. Cortar uma floresta, por
exemplo, não causa poluição direta, Gestão Ambiental e Conflitos
mas degrada o meio ambiente.
Solidariedade: Todas as pessoas A Constituição Federal, em seu
devem estar comprometidas com artigo 225, estabelece o meio am-
um meio ambiente saudável e de- biente ecologicamente equilibrado
vem agir para prevenir danos. Os como direito do povo brasileiro, bem
problemas ambientais não têm de uso comum e, ainda, essencial à
limites geográficos ou burocráticos. sadia qualidade de vida. Determina,

18
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

também, que cabe ao Poder Público 5. Controlar a produção, a co-


e à coletividade o dever de defendê- mercialização e o emprego de técni-
lo e preservá-lo para as presentes e cas, métodos e substâncias que com-
futuras gerações. A CF, no parágrafo portem risco para a vida, a qualidade
primeiro deste artigo, definiu sete de vida e o meio ambiente;
tarefas cuja realização pelo Poder 6. Promover a Gestão Ambiental
Público e somente por ele, deve as- em todos os níveis de ensino e a
segurar a efetividade do direito ao conscientização pública para a
meio ambiente ecologicamente preservação do meio ambiente;
equilibrado, na qualidade de bem de 7. Proteger a fauna e a flora, ve-
uso comum. As sete incumbências dadas, na forma da lei, as práticas
são as seguintes: que coloquem em risco sua função
1. Preservar e restaurar os pro- ecológica, provoque a extinção de
cessos ecológicos essenciais e prover espécies ou submetam os animais a
o manejo ecológico das espécies e crueldade.
ecossistemas;
2. Preservar a diversidade e a in- Nesta perspectiva, o Poder Pú-
tegridade do patrimônio genético do blico e consequentemente seus
País, e fiscalizar as entidades dedica- agentes, estarão sempre lidando
das à pesquisa e manipulação de com conflitos implícitos ou explíci-
material genético; tos, institucionalizados ou não, onde
3. Definir, em todas as unidades de um lado está o interesse público,
da Federação, espaços territoriais e que obriga a defesa e preservação de
seus componentes a serem especial- uma qualidade específica de um
mente protegidos, sendo a altera- bem (e de um direito) – o meio am-
ção e a supressão permitidas so- biente ecologicamente equilibrado –
mente através de lei, vedada qual- e de outro, o acesso e uso dos seus
quer utilização que comprometa a elementos constituintes, por um,
integridade dos atributos que justi- por poucos ou por muitos, porém,
fiquem sua proteção; não por todos os brasileiros. A exis-
4. Exigir, na forma da lei, para tência de modo agudo e/ou latente
instalação de obra ou atividade po- de conflito entre o interesse público
tencialmente causadora de significa- e privado institui a necessidade do
tiva degradação do meio ambiente, Estado assumir o papel central na
estudo prévio de impacto ambiental, gestão ambiental pública (SENAC,
a que se dará publicidade; 2009).

19
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

3. Consumo Sustentável

Fonte: Portinfo3

A Agenda 21, principal docu-


mento assinado na Conferên-
cia Rio-92, propõe a incorporação
viços, de uma forma sustentável
econômica, social e ambiental-
mente.
do consumo sustentável pelas socie- Algumas ações colaboram pa-
dades atuais, apontando os padrões ra a definição de um consumo sus-
insustentáveis de consumo e de pro- tentável:
dução como a principal causa da de-  Ser ecologicamente seletivo
gradação ambiental, especialmente nas compras;
nos países industrializados.  Adquirir produtos de empre-
De acordo com as Diretrizes sas responsáveis que tenham
das Nações Unidas para a Proteção processos de gerência am-
biental;
do Consumidor, o consumo susten-
 Diminuir a produção de lixo
tável significa o atendimento das ne- por meio do incentivo a pro-
cessidades das gerações presentes e cessos produtivos mais ra-
futuras, no que se refere a bens e ser- cionais;

3 Retirado em https://blog.portinfo.com.br/

21
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

 Valorizar a reutilização e a re- mais de um bilhão de pessoas sem


ciclagem de produtos. acesso à água de qualidade e um
número ainda maior sem esgoto e
Em seu capítulo 4, a Agenda 21 energia.
(1997) destaca que o recente surgi- Nesse contexto, a discussão
mento, em muitos países, de um pú- acerca da incorporação de padrões
blico consumidor mais consciente de consumo sustentável pelas socie-
do ponto de vista ecológico, associa- dades em desenvolvimento pode pa-
do a um maior interesse, por parte recer uma questão falsa. No entanto,
de algumas indústrias, em fornecer a proposta que está sendo esboçada
bens de consumo mais saudáveis é a de compatibilizar desenvolvi-
ambientalmente, constitui aconteci- mento sustentável com qualidade
mento significativo que deve ser es- ambiental e acesso de todos aos bens
timulado em todos os países. e serviços.
A ideia de um consumo sus-
Pobreza e Consumo Sus- tentável passa, necessariamente, pe-
tentável lo direito de acesso da população ao
próprio consumo de bens e serviços,
Nos países em desenvolvi- mas não dentro de um modelo já
mento, o tema da incorporação de saturado.
um consumo sustentável pela socie- Então, cada vez mais, a susten-
dade é uma questão controversa. No tabilidade depende das mudanças
Brasil, por exemplo, enquanto uma no padrão de consumo (CANCLI-
pequena parcela da população NI,1995).
consome em níveis equivalentes aos
padrões europeus e norte-ameri- Consumo Responsável
canos, gerando impactos ambientais
correspondentes, uma grande parte A responsabilidade pelo con-
da sociedade ainda não tem suas sumo sustentável deve ser compar-
necessidades básicas atendidas. tilhada por toda a sociedade, espe-
Em nível mundial, estima-se cialmente os governos, empresas,
que um quinto da humanidade tem sindicatos, organizações de consu-
um estilo de vida que caracteriza o midores e organizações ambientais.
consumo excessivo; três quintos vi- Os governos, em conjunto com
vem de forma equilibrada; e o últi- as empresas e as organizações da so-
mo quinto vive mal, sem atendi- ciedade civil, devem elaborar e im-
mento das necessidades básicas. São plementar políticas que promovam

22
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

o consumo sustentável, mediante consumo sustentável, devendo di-


uma combinação de políticas que vulgar informações aos consumi-
podem incluir regulamentos, ins- dores e colaborar com o governo e
trumentos econômicos e sociais, po- com as empresas no esforço de al-
líticas setoriais em relação ao uso do cançar esse objetivo. Para isso, pre-
solo, transporte e moradia, e a elimi- cisam adotar critérios e metodolo-
nação de subsídios que promovam gias que permitam avaliar os im-
padrões insustentáveis de consumo pactos ambientais e também as exi-
e produção. gências de recursos durante a tota-
Além da promoção de políticas lidade dos processos e ao longo do
públicas adequadas, os governos e ciclo de vida dos produtos.
os setores empresariais podem tam- Os resultados de tal avaliação
bém promover o desenvolvimento e devem ser transformados em indica-
o uso de produtos e serviços efi- dores claros para informação dos
cientes em termos de consumo de consumidores e das pessoas respon-
energia e de recursos seguros e não sáveis pela tomada de decisões
tóxicos, levando em conta seu ciclo (SEMA/SP, 1998).
de vida integral e a extração de ma-
térias-primas, produção, distribui- Acordos Mundiais
ção, uso e disposição final.
Alguns progressos já vêm Um dos principais objetivos da
acontecendo nesse sentido, como, Conferência Mundial sobre Meio
por exemplo, a produção de geladei- Ambiente e Desenvolvimento (tam-
ras sem CFC, para diminuir a emis- bém conhecida como Eco-92 ou Rio-
são de gases que aumentam o efeito 92) foi chegar a um equilíbrio justo
estufa, ou de automóveis com nível entre as necessidades econômicas,
de poluição muito mais baixo. Mas sociais e ambientais das gerações
tudo isso também significa avançar atuais e futuras. Outro objetivo era
na pesquisa científica para descobrir estabelecer as bases para uma asso-
novas formas de energia, novos ciação mundial entre países desen-
combustíveis, novos materiais mais volvidos e em desenvolvimento, e
adequados a um modelo produtivo também entre governos e setores da
mais sustentável. sociedade civil, fundamentadas nas
As organizações de consumi- necessidades e interesses comuns.
dores e ambientalistas têm a respon- Três grandes acordos que deveriam
sabilidade de promover a partici- regular os trabalhos futuros foram
pação do público no debate sobre aprovados no Rio de Janeiro por 172

23
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

governos, incluindo 108 chefes de federal, estadual e local. Há um pa-


Estado e de Governo. Esses acordos pel para cada um: governos, em-
eram: presários, sindicatos, cientistas,
 A Agenda 21, um plano de ação professores, povos indígenas, um-
mundial para promover o lheres, jovens e crianças.
desenvolvimento sustentável;
 A Declaração do Rio sobre o Declaração do Rio Sobre o
Meio Ambiente e o Desen- Meio Ambiente e o Desenvol-
volvimento, que agrupa prin- vimento
cípios relativos a direitos civis
e obrigações dos Estados; Trata-se de uma Carta com 27
 Uma declaração de princípios princípios que definem os direitos e
relativos às florestas, que reú- as obrigações dos Estados em rela-
ne indicações para um manejo
ção aos princípios básicos do meio
mais sustentável das florestas
do mundo. ambiente e do desenvolvimento. Es-
tabelece que os Estados-membros
Também na conferência do têm o direito soberano de aproveitar
Rio de Janeiro foram assinadas duas seus próprios recursos, mas sem
convenções com força jurídica: a causar danos ao meio ambiente de
Convenção sobre Mudanças Climá- outros Estados.
ticas e a Convenção sobre Biodiver- Declara que a plena participa-
sidade. Ao mesmo tempo, foram ini- ção das mulheres é imprescindível
ciadas as negociações para uma para se alcançar o desenvolvimento
Convenção contra a Desertificação, sustentável, e que a paz, o desenvol-
que ficou aberta a assinaturas até vimento e a proteção ambiental são
outubro de 1994, passando a vigorar interdependentes.
em dezembro de 1996.
Declaração dos Princípios pa-
Agenda 21 ra o Manejo Sustentável das
Florestas
A Agenda 21 não é somente
uma agenda ambiental, mas uma Embora a declaração não te-
agenda que convoca os governos a nha força jurídica obrigatória, ela se
adotarem estratégias nacionais para constituiu no primeiro consenso
o desenvolvimento sustentável. Ela mundial sobre a questão. Ela diz,
prevê ações concretas a serem im- fundamentalmente, que todos os
plementadas pelos governos e pela países, especialmente os desenvolvi-
sociedade civil, em todos os níveis – dos, deveriam esforçar-se por recu-

24
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

perar a Terra mediante o refloresta- Comissão de Desenvolvimento


mento e a conservação florestal; que Sustentável das Nações
os Estados têm o direito de desen- Unidas
volver suas florestas conforme suas
necessidades socioeconômicas; e A Comissão de Desenvolvi-
que se devem garantir aos países em mento Sustentável foi estabelecida
desenvolvimento recursos financei- depois da Rio - 92. Seu objetivo é
ros destinados a estabelecer progra- apoiar, encorajar e supervisionar
mas de conservação florestal. governos, organizações das Nações
Unidas e setores, como o comercial e
Convenção sobre Mudanças industrial, as organizações não
Climáticas governamentais e outros segmentos
da sociedade civil no que diz respeito
Essa convenção fundamenta- às medidas adotadas para aplicar
se na necessidade de reduzir a con- quaisquer acordos firmados.
centração, na atmosfera, de gases A Comissão é formada por
que causam efeitos nocivos e adver- representantes de 53 países, eleitos
sos aos ecossistemas naturais e à hu- entre os Estados-Membros das Na-
manidade. O acúmulo desses gases ções Unidas, respeitando-se uma
pode aumentar o aquecimento da representação geográfica equitati-
superfície da Terra, causando a ele- va. Os relatórios apresentados
vação do nível das águas dos ocea- anualmente pelos governos desses
nos, turbulências na atmosfera e países são a base para a avaliação
maior ocorrência de furacões e chu- dos progressos obtidos no âmbito
vas intensas. dos acordos ambientais.
Com a colaboração da Organi-
Convenção da Biodiversidade
zação Mundial do Comércio, da
Os objetivos desse instrumen- Conferência das Nações Unidas so-
to internacional abrangem três as- bre Comércio e Desenvolvimento e
pectos fundamentais: a conservação do Programa das Nações Unidas pa-
da diversidade biológica; a utiliza- ra o Meio Ambiente, a Comissão de
ção sustentável de seus compo- Desenvolvimento Sustentável vem
nentes e a repartição justa e equita- estendendo a Agenda 21 a outras
tiva dos benefícios derivados da uti- esferas e promovendo a coerência e
lização dos recursos genéticos. o apoio mútuo às atividades de
comércio (TRIGUEIRO, 2003).

25
26
MEIO AMBIENTE E CIDADANIA

4. Referências Bibliográficas
Agenda 21 Brasileira. Bases para a discus- cipatória. (Texto apresentado no I Encon-
são, da Comissão de Políticas de Desen- tro Nacional de Avaliação de Políticas de
volvimento Sustentável e da Agenda 21 Meio Ambiente, promovido pelo Núcleo
Nacional. Brasília: 2000. de Estudos e de Políticas de Desenvolvi-
mento Agrícola e Meio Ambiente/Univer-
BORDENAVE, Juan E. Díaz. O que é pa- sidade de Brasília, em Goiânia, 27 e
rticipação? São Paulo: Editora Brasiliense, 28/08/03).
1995.
REIGOTA, Marcos. Meio ambiente e
CANCLINI, N. G. Consumidores e cida- representação social. São Paulo: Cortez,
dãos: conflitos multiculturais da globa- 2001.
lização. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995.
RIBEIRO, Maurício Andrés. Ecologizar,
CONSUMO Sustentável. São Paulo: Secre- pensando o ambiente humano. Belo
taria do Meio Ambiente de São Paulo, Horizonte: Roma Editora, 1998.
1998.
SAMPAIO, Shaula. Notas sobre a fabri-
Convenção sobre mudança do clima, vol. 4 cação de educadores/as ambientais: iden-
da “Série Entendendo o meio ambiente”. tidades sob rasuras e costuras. Porto Ale-
São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente gre: UFRGS, 2005. Dissertação, Mestrado
do Estado de São Paulo, 1997. em Educação.

DAJOZ, R. Ecologia geral. Rio de janeiro: SOUZA, Herbert de. Democracia: cinco
s.e. 1977. princípios e um fim. São Paulo: Editora
Moderna, 1996.
DORST, J. Antes que a natureza Morra.
São Paulo: Edusp,1973. TOYNBEE, A. A humanidade e a mãe Ter-
ra. Rio de Janeiro: Ed.Jorge Zahar, 1980.
LEONARDI, M. L. A. A educação am- TRIGUEIRO, A. Meio ambiente no século
biental como um dos instrumentos de su- XXI. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
peração da insustentabilidade da socieda- VERNIER, J. O Meio Ambiente. 7 Ed.
de atual. In: CAVALCANTI, C. Meio am- Campinas: Papirus, 1994.
biente, desenvolvimento sustentável e po-
líticas públicas. São Paulo, Cortez, 1997. WWW.senac.com.br
WWW.presidencia.gov.br
MINEIRO, Procópio. A crise anunciada.
Revista Senac e a Gestão Ambiental, Rio
de Janeiro, nº 2, 2001.

PNUD. Desenvolvimento humano e condi-


ções de vida: indicadores brasileiros. Do-
cumento. Brasília: Pnud/ Ipea/Fundação
João Pinheiro, 1998.

QUINTAS, J.S. Educação no processo de


gestão ambiental: uma proposta de Edu-
cação Ambiental Transformadora e Eman-

27
02
8

Você também pode gostar