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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CAMPUS CABO FRIO 


ESTUDO DIRIGIDO - 2020.2
BIOCOMBUSTÍVEIS E ENERGIAS ALTERNATIVAS

ETANOL

Aluna: Caroline de Andrade Moreira


Matrícula: 201301034223
INTRODUÇÃO

Após a virada do século 21, o petróleo, insumo a partir do qual a maior parte do
mundo depende para ter suas economias funcionando, pois é matéria prima de
combustíveis e de diversos insumos químicos, vem apresentando um aumento
significativo em sua cotação real.

Entre as diversas causas que elevam a sua cotação, destaca-se a crescente


demanda por este insumo nos grandes países emergentes como a China e Índia
assim como a instabilidade política das regiões produtoras (Oriente Médio, Venezuela
e Nigéria, que tornaram os fluxos de fornecimento instáveis). A incerteza gerada no
mercado levou a cotação do petróleo a atingir sua máxima histórica no ano de 2008,
com os preços oscilando entre US$70 a US$147 o barril, quatro vezes maior do que
no ano de 2003 quando os preços oscilavam entre U$23 a U$28.

O Brasil é um dos poucos países que tem uma alternativa que substitua, em
parte, o petróleo e seus derivados, diminuindo o peso que esta commodity apresenta
para sua matriz energética. No decorrer dos últimos quarenta anos, o país vem
desenvolvendo tecnologias para produzir combustíveis renováveis, os
biocombustíveis, dos quais o mais conhecido e usado é o etanol.

Porém, até chegar ao nível de produção existente de etanol, muita história


sucedeu ao ponto de criar a base para o desenvolvimento desta cadeia que vem
despontando como uma revolução para a agroindústria. Este setor, que até então
tinha o papel predominante na área alimentícia, passa a participar também da matriz
energética.

O Pró-Alcool desenvolvido pelo Governo Federal na década de 70 induzido


pelos dois choques do petróleo ocorridos no mesmo período foi um grande divisor de
águas no desenvolvimento do setor agro-energetico. Desenvolvendo mecanismos
para melhorar a produtividade da cadeia e garantindo a demanda do etanol,
desenvolvendo um mercado complementar ao do petróleo.

O processo de produção do etanol de primeira geração inicia-se a partir da


fermentação dos açúcares presentes em muitos vegetais, sendo a cana de açúcar um
dos mais eficientes para este processo. O desenvolvimento desta tecnologia confere
ao país um destaque significativo, a nível mundial, em sua matriz energética, pois tem
os biocombustíveis concorrendo sem subsídios do Estado com combustíveis
derivados do petróleo.

Outro motivo que atrai os olhares para a produção dos biocombustíveis é a


introdução das regras do Protocolo de Kyoto, a qual determina a diminuição das
emissões de carbono. O que ocorre, de fato, é a necessidade dos países signatários
do desse protocolo em se adaptarem a novos mecanismos de produção menos
nocivos ao meio ambiente que, consequentemente, irá gerar um novo ambiente
concorrencial. Vemos, então, que a regulamentação ambiental tem sido indutora do
desenvolvimento tecnológico e da inovação.
Os avanços tecnológicos geram, portanto, uma maior produtividade do
trabalho, ou seja: cada trabalhador produz mais por cada hora trabalhada, pois
permitem o uso mais eficiente da força de trabalho e de insumos para produzir novos
bens.

Neste sentido, observa-se que as empresas tanto automobilísticas quanto de


energia estão procurando, cada vez mais, desenvolver sistemas alternativos aos
combustíveis fósseis. Partem em busca de inovações que lhe permitam tornarem-se
mais lucrativas, transformando os combustíveis renováveis como o etanol mais
competitivos e mais seguros para consumo.

Com o álcool, o Brasil conquistou: primeiro - auto-suficiência em combustíveis;


segundo - diminuição da emissão de carbono; terceiro - a geração de empregos. A
crise momentânea de competitividade do álcool nos anos 90, causada pelos baixos
preços internacionais do petróleo e a insegurança da oferta do produto foi contornada
pelos avanços tecnológicos que, inicialmente, aumentaram a produtividade do trabalho
para, em seguida, tornar o álcool um substituto perfeito da gasolina através da
tecnologia flex.

O QUE É O ETANOL

O etanol é um biocombustível, que no Brasil é produzido a partir da cana-de-


açúcar. As usinas de cana têm processos similares para produção tanto de etanol
quanto de açúcar, seus dois principais derivados. Devido a essa flexibilidade, a
proporção de cada produto varia de acordo com elementos de mercado, como preço
do petróleo, cotação do dólar e preço do açúcar no mercado.

O etanol está presente de duas formas diferentes nos motores a combustão.


Primeiro existe o consumo direto, com o álcool abastecido na bomba dos postos,
chamado de etanol hidratado, utilizado diretamente como alternativa à gasolina nos
motores flex-fuel. Com a difusão dessa tecnologia, entre a década de 80 e o início do
século XXI, o consumidor passou a ter oportunidade de optar pelo combustível de
preferência no momento do abastecimento. Em linhas gerais, o etanol é mais
econômico custando até aproximadamente 70% do preço da gasolina.

Existe ainda um consumo indireto de etanol, por meio do etanol anidro que é
misturado na gasolina pura (Gasolina A) para compor a Gasolina C, disponível nos
postos. Até 2018 o percentual estabelecido em lei para a mistura é de 73% de
Gasolina A e 27% de etanol anidro. O RenovaBio, programa do governo para o setor
de transportes, propõe o aumento desse percentual para 30% até 2022 e 40% até
2030.

O processo industrial para obtenção de etanol também resulta na geração de


bagaço de cana, utilizado para geração de energia. Atualmente, essa fonte já
corresponde a 17,4% da oferta total de energia, sendo a maior dentre as renováveis.
ETANOL ANIDRO E HIDRATADO

Define-se o etanol como o biocombustível proveniente do processo


fermentativo de biomassa renovável, destinado ao uso em motores a combustão
interna, e que possui como principal componente o etanol, o qual é especificado sob
as formas de etanol anidro combustível e etanol hidratado combustível. Sua massa
específica é a massa por unidade de volume de uma substância a uma determinada
temperatura. Já o teor alcoólico é o percentual em base mássica (% m/m) ou
volumétrica (% v/v) de álcool em etanol combustível.

O etanol hidratado é usado diretamente no abastecimento de veículos


automotores. É o álcool adquirido pelo consumidor no posto de abastecimento, para
os veículos a etanol ou para os veículos com motor flex. Se o consumidor possuir um
veículo com motor flex ele pode utilizar exclusivamente o etanol hidratado.

O Brasil está entre os maiores produtores e exportadores de etanol


combustível do mundo. Parte da consolidação do etanol no país foi a criação do
Programa Nacional do Álcool, o Pró-Álcool, em 1975. A iniciativa visava diminuir a
dependência nacional em relação ao petróleo, em contexto de Crise do Petróleo,
quando os países árabes membros da Opep (Organização dos Países Exportadores
do Petróleo) aumentaram rapidamente o preço do barril do combustível em resposta a
Guerra do Yom Kippur, conflito que envolveu Egito e Síria contra Israel.

Ao contrário da gasolina, o etanol é uma substância pura, composta por um


único tipo de molécula: C2H5OH. Na produção do etanol, no entanto, é necessário
diferenciar o etanol anidro (ou álcool etílico anidro) do etanol hidratado (ou álcool
etílico hidratado). A diferença aparece apenas no teor de água contida no etanol:
enquanto o etanol anidro tem o teor de água em torno de 0,5%, em volume, o etanol
hidratado, vendido nos postos de combustíveis, possui cerca de 5% de água, em
volume (embora a especificação brasileira defina essas características em massa, o
comentário feito expressa os dados em volume, para harmonização da informação
com a prática internacional).
Na produção industrial do etanol, o tipo hidratado é o que sai diretamente das
colunas de destilação. Para produzir o etanol anidro é necessário utilizar um processo
adicional que retira a maior parte da água presente. Cerca de 80% da produção
brasileira de etanol tem como destino o uso carburante, 5% é destinado ao uso
alimentar, perfumaria e alcoolquímica e 15% para exportação.

Enfim, o etanol pode ser usado como combustível de veículos em três


maneiras: etanol comum, etanol aditivado e etanol misturado à gasolina. O etanol
comum é o álcool hidratado, mistura de álcool e água que precisa ter de 95,1% a 96%
de graduação alcoólica.

O etanol aditivado é o álcool hidratado com aditivos que proporcionam melhor


rendimento e um desgaste menor do motor. Já o etanol misturado à gasolina é álcool
anidro, álcool com graduação alcoólica de no mínimo 99,6%, praticamente álcool puro.
Em alguns casos, ocorre também a adulteração do álcool comum com substâncias
que tornam o produto mais barato, o que é chamado de etanol adulterado.

Os três tipos de etanol são a mesma substância (C2H6O), mudando apenas a


graduação alcoólica, no caso do etanol anidro e hidratado, o uso de aditivos, diferença
entre etanol hidratado comum e aditivado, ou a adição de substâncias ilegais, etanol
adulterado.

UTILIDADES

No Brasil, o etanol é muito utilizado como combustível de motores de explosão.

O etanol também é muito importante no meio médico, onde é utilizado, bem


como outros alcoóis também são, no extermínio de vida microbiana nociva, que
poderia piorar o estado dos doentes já que o etanol mata os organismos desnaturando
suas proteínas e dissolvendo os lipídios sendo eficaz contra a maioria das bactérias,
fungos, e vários tipos de vírus, mas é ineficaz contra os esporos bacterianos.

É usado também na produção de biodiesel, onde o óleo da mamona reage com


o etanol, gerando éster etílico e glicerina.

Há utilização também na produção de bebidas alcoólicas e de produtos


farmacêuticos e de perfumaria.

ESPECIFICAÇÕES DO ETANOL

Para poder ser comercializado em suas mais diversas formas, o etanol passa
por uma série de testes que verificam sua qualidade, permitindo que ele seja utilizado
de forma saudável e seguro. Esses pré-requisitos que o etanol precisa ter para ser
comercializado são chamados de especificações, que variam conforme a utilização de
cada álcool. Cada produto possui um tipo próprio de especificação, regulada por
alguma entidade da área de cada mercadoria.

Em relação ao etanol combustível, também chamado de etanol carburante, as


normas de especificação são, atualmente, estipuladas pela Agência Nacional de
Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) através do Regulamento Técnico ANP
nº3/2011, anexo da Resolução ANP Nº7 de 9 de fevereiro de 2011. Nesse
regulamento, estão contidos as características que o etanol precisa ter em relação a
seu aspecto, cor, massa específica, teor alcoólico, potencial hidrogeniônico,
condutividade elétrica e outros quesitos. Algumas especificações são próprias para o
etanol carburante hidratado (vendido como etanol), outras para o etanol anidro
(misturado à gasolina), além das especificações comuns para ambos.

 Álcool hidratado

O álcool hidratado é o álcool misturado com água, vendido nos postos como
etanol combustível. Para poder ser comercializado, a ANP estabelecee vários critérios
de qualidade ao produto.

Em relação a seu aspecto, o etanol precisa ser límpido e isento de impureza.


Isso significa que o líquido deve ser uniforme, da mesma cor, e sem nenhum resíduo
sólido em sua mistura. O método para definir a qualidade é apenas visual, sem
precisar submeter o álcool a outros testes.

Esse mesmo método é utilizado para a certificação da qualidade de sua cor. Sendo o
etanol hidratado uma mistura feita basicamente de álcool e água, ele não possui
coloração, precisando ser transparente.

Em relação à massa específica (densidade) do etanol hidratado, ele precisa ter entre
807,6 a 811,0  Kg/m³, levando-se em conta a temperatura de 20º C. Caso o etanol
atinja uma marca de 799,8 a 802,7 kg/m³, ele poderá ser vendido como etanol
hidratado premium, desde que atenda aos outros pré requisitos e possua uma
excelência também em relação ao teor alcoólico.

Já o teor alcoólico do etanol hidratado estipulado pelo ANP precisa ser entre 95,1 e 96
º GL, (unidade de medida equivalente à porcentagem de álcool na mistura). Em
relação à massa alcoólica, ela precisa ter entre 92,5 e 93,8% da massa total do etanol
hidratado. O etanol será considerado premium caso, além da baixa densidade, tenha
entre 95,5  e  97,7% da massa e 97,1 a 98,6% de volume quando ele for importado,
distribuído ou revendido.

Com relação ao PH, ele precisa estar entre 6 ou 8, ou seja, não pode ser nem muito
básico nem muito ácido, permanecendo neutro.

Outro item que a ANP especifica é o limite mínimo de álcool e o máximo de água na
mistura entre os dois. O mínimo de etanol que a mistura precisa ter é entre 94,5% de
volume, enquanto a água pode ser de no máximo 4,9%.
 Álcool anidro

O álcool anidro, também conhecido por álcool absoluto, é aquele que possui
quase 100% de etanol puro. Como combustível, ele é comercializado misturado à
gasolina, com intuito de melhorar o rendimento e diminuir os índices de poluição, em
uma mistura que no Brasil pode chegar em até 20%. O etanol anidro também possui
controle de qualidade, previstos no Regulamento Técnico ANP nº3/2011.

Da mesma forma que o etanol hidratado, o anidro precisa ser límpido e livre de
impurezas, porém ele se diferencia em relação à sua cor. Com o intuito de diferenciá-
los, é preciso ser adicionado à mistura um pigmento de coloração laranja ao álcool
anidro. A ANP também regula o tipo de pigmento a ser adicionado, que precisa, entre
outras coisas, ser solúvel em etanol e insolúvel em água.

A densidade do álcool anidro tem que ser de no máximo 791,5 Kg/m³, não
havendo especificação de um limite mínimo. A medida desse quesito também é em
relação à temperatura de 20 ºC.

Sobre a proporção de álcool, ele precisa ter um teor alcoólico de no mínimo de 
99,6%, se tornando praticamente álcool puro, com massa mínima de 99,3%. O teor de
etanol puro também é bem rigoroso, com um mínimo de 98%, enquanto a água pode
ter no máximo 0,4%. Caso o álcool anidro possua mais que 0% de hidrocarbonetos e
menos que o limite permitido de 3%, o teor de etanol puro não será avaliado.

 Especificações comuns

Além da mistura de etanol puro com água, são tolerados nos combustíveis
alguns minerais e outras substâncias, que só podem estar presentes em
pequeníssimas quantidades.

Uma delas é o metanol, um composto orgânico da família dos álcoois


altamente tóxico. A presença dele no etanol pode ser de no máximo 1% do volume
total do álcool.

Outro componente que também pode aparecer no etanol é uma substância


sólida e pegajosa, com a consistência de uma resina, que se forma naturalmente
através da exposição do álcool com ar e calor, chamada de goma lavada. A
quantidade máxima que o etanol pode ter dessa substância é de até 5 miligramas a
cada 100 mililitros.

Essa mesma quantidade é a tolerada para os resíduos por evaporação, que


são os resíduos que permanecem após a ebulição do combustível.

Também é delimitado no documento um teor máximo de hidrocarbonetos


(componentes da gasolina) no álcool. A taxa de presença desses elementos pode ser
de até 3%.

São especificados, ainda, os limites de acidez total do etanol, que pode


possuir, no máximo, até 30 miligramas de ácido acético por litro de álcool.
A condutividade elétrica do álcool também é passada pelo controle de análise.
O máximo permitido é de até 350 micro siemens por metro (µs/m), o que torna
praticamente inexistente sua capacidade de conduzir corrente elétrica.

O limite dos minerais cloreto, sulfato, ferro e sódio são especificados somente
quando o agente econômico importa o etanol, o que não o isenta de continuar
seguindo a recomendação nos outros ciclos econômicos do combustível. Em relação
ao cloreto, a medida só é válida em casos de importação por transporte marinho. Os
limites permitidos, em miligramas por kilogramas, são 1 para cloreto, 4 para sulfato, 5
para ferro e 2 para o sódio.

A IMPORTANCIA DO ETANOL PARA A ECONOMIA BRASILEIRA

O Brasil é o país mais avançado, do ponto de vista tecnológico, na produção e


no uso do etanol como combustível, seguido pelos EUA e, em menor escala, pela
Argentina, Quênia, Malawi e outros. A produção mundial de álcool aproxima-se dos 40
bilhões de litros, dos quais presume-se que até 25 bilhões de litros sejam utilizados
para fins energéticos. O Brasil responde por 15 bilhões de litros deste total. O álcool é
utilizado em mistura com gasolina no Brasil, EUA, UE, México, Índia, Argentina,
Colômbia e, mais recentemente, no Japão. O uso exclusivo de álcool como
combustível está concentrado no Brasil. O álcool pode ser obtido de diversas formas
de biomassa, sendo a cana de-açúcar a realidade econômica atual. Investimentos
portentosos estão sendo efetuados para viabilizar a produção de álcool a partir de
celulose, sendo estimado que, em 2020, cerca de 30 bilhões de litros de álcool
poderiam ser obtidos desta fonte, apenas nos EUA. O benefício ambiental associado
ao uso de álcool é enorme, pois cerca de 2,3t de CO2 deixam de ser emitidas para
cada tonelada de álcool combustível utilizado, sem considerar outras emissões, como
o SO2.

A cana-de-açúcar é a segunda maior fonte de energia renovável do Brasil, com


12,6% de participação na matriz energética atual, considerando-se o álcool
combustível e a co-geração de eletricidade, a partir do bagaço. Dos 6 milhões de
hectares, cerca de 85% da cana-de-açúcar produzida no Brasil está na Região Centro-
Sul (concentrada em São Paulo, com 60% da produção) e os 15% restantes na
Região Norte-Nordeste.

Na safra 2008, das cerca de 380 milhões de toneladas moídas,


aproximadamente 48% foram destinadas à produção de álcool. O bagaço
remanescente da moagem é queimado nas caldeiras das usinas, tornando-as
autossuficientes em energia e, em muitos casos, superavitárias em energia elétrica
que pode ser comercializada. No total, foram produzidos 15,2 bilhões de litros de
álcool e uma geração de energia elétrica superior a 4GWh durante a safra, o que
representa aproximadamente 3% da nossa geração anual.

Apesar de todo o potencial para a co-geração, a partir do aumento da eficiência


energética das usinas, a produção de energia elétrica é apenas uma das alternativas
para o uso do bagaço. Também estão em curso pesquisas para transformá-lo em
álcool (hidrólise lignocelulósica), em biodiesel, ou mesmo, para o seu melhor
aproveitamento pela indústria moveleira e para a fabricação de ração animal.

PROÁLCOOL

O Proálcool (Programa Nacional do Álcool) consistiu em uma iniciativa do


governo brasileiro de intensificar a produção de álcool combustível (etanol) para
substituir a gasolina. Essa atitude teve como fator determinante a crise mundial do
petróleo, durante a década de 1970, pois o preço do produto estava muito elevado e
passou a ter grande peso nas importações do país.

Nesse sentido, em 1975, foi criado o Proálcool, sendo oferecidos vários


incentivos fiscais e empréstimos bancários com juros abaixo da taxa de mercado para
os produtores de cana-de-açúcar e para as indústrias automobilísticas que
desenvolvessem carros movidos a álcool.

Na primeira década do Proálcool, os resultados foram positivos, visto que os


consumidores priorizavam os automóveis movidos a álcool e, em 1983, as vendas
desses veículos dominaram o mercado brasileiro. Em 1991, aproximadamente 60%
dos carros do país (cerca de 6 milhões) eram movidos por essa fonte energética.

Porém, apesar de substituir parcialmente o petróleo, o Programa Nacional do


Álcool promoveu uma série de problemas: elevação da dívida pública em
consequência dos benefícios concedidos; aumento dos latifúndios monocultores de
cana-de-açúcar; elevação dos preços de alguns gêneros alimentícios (pois ocorreu a
redução do cultivo de alimentos em substituição à cana-de-açúcar), entre outros.

Para agravar ainda mais, durante a década de 1990, houve a redução do preço
do barril de petróleo. Esse fato fez com que a diferença entre a gasolina e o álcool
diminuísse. Os usineiros passaram a destinar a produção de açúcar para o mercado
internacional, pois o mercado interno tornou-se menos lucrativo. Todos esses
aspectos contribuíram para que os consumidores e fabricantes de veículos voltassem
a priorizar automóveis movidos à gasolina.

Contudo, em 2003, uma nova crise do petróleo impulsionou a fabricação de


novos carros a álcool. Dessa vez, entretanto, as indústrias automobilísticas inovaram e
desenvolveram motores flex, que permitem aos consumidores a opção de uso tanto do
álcool quanto da gasolina.
BENEFICIOS EM USAR O ETANOL

O uso do etanol como combustível traz vantagens em diferentes aspectos.


Entre as suas grandes qualidades, está o fato de ele ser renovável, limpo e
autossustentável. Isso confere ao combustível diversas vantagens.

 Redução de Poluentes

Segundo dados IEA (Agência Internacional de Energia), a utilização de etanol


produzido através da cana-de-açúcar reduz em média 89% a emissão de gases
responsáveis pelo efeito estufa – como dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e
óxido nitroso (NO2) – se comparado com a gasolina. O etanol de outras fontes
também contribuem à diminuição do problema, porém em menor escala, sendo 46% a
redução do etanol produzido por beterraba e 31% no etanol de grãos.

O efeito estufa causa elevação da temperatura do planeta, o que contribui ao


derretimento das calotas polares e consequentemente, o aumento do nível dos
oceanos  e maior propensão do planeta a fenômenos como tufões, furacões e
maremotos. A emissão de alguns gases por combustíveis fósseis tem sido um dos
grandes causadores do aumento do efeito estufa, sendo por isso mais vantajoso a
utilização de biocombustíveis como o etanol.

Em todo o ciclo do combustível o etanol lança menos C02 à atmosfera pelo fato
dele ser extraído da cana-de-açúcar. Durante a fotossíntese, as plantas absorvem o
gás carbônico da atmosfera, acarretando que quase todo o gás seja absorvido pela
própria cana. Em combustíveis fósseis, é lançado o CO2 extraído da terra (petróleo),
ocasionando um aumento do teor desse gás presente na atmosfera.

Além dos gases do efeito estufa, gasolina e diesel também lançam ao ar


quantidades maiores de substâncias nocivas à saúde humana. Os combustíveis são
os grandes responsáveis pela emissão de  poluentes como  óxidos nitrosos (NO e
N2O), que formam o ozônio (O3) e monóxidos de carbono (CO). O ozônio formado
pelos óxidos nitrosos, por exemplo, causa desconforto respiratório, irritação nos olhos
e envelhecimento precoce, enquanto o CO diminui a oxigenação no sangue podendo
causar vertigens e tonturas.  O álcool também lança essas substâncias, porém em
quantidades menores, visto sua combustão no motor do automóvel ser muito maior.

Por possuir cadeias longas de hidrocarbonetos em suas composições, a


gasolina e o diesel lançam à atmosfera outros compostos, como o benzeno (C6H6),
altamente cancerígeno, além de dióxido de enxofre (SO2), que provoca graves danos
pulmonares, além de ser responsável pelas chuvas ácidas. Tendo cadeias maiores de
hidrocarbonetos, o diesel é o combustível veicular mais poluente, seguido da gasolina.

Entretanto, as características do etanol por si só não garantem que ele polua


menos que os outros combustíveis. A tecnologia empregada no veículo é um fator
importantíssimo à diminuição do nível de substâncias nocivas lançadas à atmosfera.
Por isso, carros novos movidos à gasolina geralmente são menos nocivos que carros
velhos movidos a álcool. Além disso, carros com motor flex (que aceitam gasolina e
etanol), costumam a ser melhor adaptados à queima do combustível fóssil,
ocasionando que a poluição seja praticamente a mesma, e em alguns casos até
menor da gasolina em relação ao álcool.

 Sustentabilidade

Estima-se que em meados desse século estarão extintas todas as fontes de


petróleo já descobertas. Mesmo que surjam novas fontes, é fato que um dia o petróleo
acabará, e consequentemente não mais existirão combustíveis como gasolina e
diesel. Com o etanol, entretanto, não há limite de tempo para sua existência. Sendo
utilizado pela humanidade há milhares de anos antes de Cristo, bastam apenas terras
agricultáveis para que se plante a cana-de-açúcar e outros insumos capazes de
produzir o álcool.

 Bioeletricidade

Um outro grande benefício do etanol é que sua produção também gera outras
fontes de energia. O bagaço e a palha, substratos da cana-de-açúcar com enorme
poder de calorífico, produzem vapor que é transformado em energia térmica, mecânica
e elétrica, chamada de bioeletricidade devido a sua matéria prima ser produtos
orgânicos. A eletricidade é utilizada para abastecer a própria usina (que chegam a
quase 100% de auto sustentabilidade) e seu excedente pode ser vendido ao sistema
elétrico brasileiro.

Segundo dados da Conab, a safra 2009/10 da cana-de-açúcar produziu cerca


de 20 mil MWh (megawatts hora) de eletricidade, com pouco mais de 7 mil
comercializados. Essa quantidade seria suficiente para abastecer aproximadamente
28 milhões de lares brasileiros, levando em conta o aproveitamento total da energia
vendida pelas usinas. Dados da Conab de outubro de 2010 indicaram que a
eletricidade proveniente de cana-de-açúcar representou 5% de toda produção
energética nacional, e 90% de toda energia bioelétrica.

O Brasil vem gradativamente usando matrizes energéticas alternativas à


energia hidráulica, cada vez mais questionáveis devido aos impactos ambientais e à
baixa produtividade. A produção anual de bioeletricidade da cana-de-açúcar já supera,
por exemplo, a geração elétrica de Belo Monte, que produziria em média 4,5 mil Mh de
energia. Há estimativas que, até 2021, a bioeletricidade consiga produzir energia
equivalente a três usinas de Belo Monte.

Entretanto, é ainda muito elevado o custo da produção de bioeletricidade, o


que torna pouco viável a sua consolidação como energia. Uma saída possível seriam
maiores incentivos governamentais em relação à carga tributária, investimentos em
infraestrutura e um novo cálculo do preço comprado pelo governo.

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