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FAVENI

FACULDADE VENDA NOVA DO IMIGRANTE

MBA em Segurança do Trabalho e Gestão Ambiental

Paola Machado Muniz

RESÍDUO ELETRÔNICO: UM RISCO PARA O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE


HUMANA

Santo Cristo
2021
RESÍDUO ELETRÔNICO: UM RISCO PARA O MEIO AMBIENTE E A SAÚDE
HUMANA

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo
foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou
integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente
referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por
mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de violação aos direitos
autorais.

RESUMO - Os dispositivos eletrônicos estão se tornando cada vez mais parte da sociedade, uma vez
que estes são descartados, resultando em acúmulo de resíduo eletrônico, podendo levar à degradação
do meio ambiente. Quando descartados em resíduo comum, as substâncias químicas presentes nos
componentes eletrônicos, como mercúrio, cádmio, arsênico, cobre, chumbo e alumínio, podem penetrar
no solo e nas águas subterrâneas, poluindo o meio ambiente e contaminando os animais que acabam
ingerindo esses produtos tóxicos. Para determinar as principais variáveis a serem discutidas em relação
ao descarte e destinação do resíduo eletrônico e aos danos à saúde humana, foi realizado um
levantamento bibliográfico sobre o assunto. No que diz respeito às questões de saúde humana, a
pesquisa permitiu um melhor entendimento relacionado aos danos que seu descarte incorreto pode
causar. Por fim, espera-se que esta pesquisa auxilie na reflexão sobre a importância do correto manuseio
do resíduo eletrônico, e assim, cooperar com a política municipal de resíduos sólidos.
PALAVRAS-CHAVE: Ambiente. Descarte. Eletrônico. Resíduo. Saúde.
INTRODUÇÃO

O ecossistema vem sofrendo vários impactos gerados pelo excesso de resíduos,


entre eles os de Equipamentos Eletroeletrônicos (EEE). Para Marçal, Andrade, Rios
(2005), com o crescimento de novas tecnologias voltadas aos equipamentos
eletrônicos, cada vez mais a população busca um maior conforte e modernidade no
mundo moderno de eletrônicos. Com isso a tendência dos resíduos eletrônico é cada
vez aumentar mais, gerando um descarte inadequado dos resíduos e resultando sérios
impactos que na grande maioria das vezes são irreversíveis (WIDMER et al., 2005).
Segundo a pesquisa de Carvalho e Silva (2002), o contato manual direto com o
resíduo eletrônico é considerado um risco químico, pois os organismos podem absorver
facilmente tais substâncias tóxicas, devendo ser rigorosamente avaliado. Resíduo
refere-se a resíduos gerados a partir de equipamentos eletrônicos descartados
(incluindo computadores). Para fazer os microcomputadores, diversos elementos são
utilizados na indústria, como alumínio, chumbo, gálio germânio, ferro, níquel e plásticos
(polímeros de diferentes origens). Computadores descartados de maneira inadequada
perdem esses materiais que podem ser reciclados ou reutilizados, reduzindo assim o
impacto no meio ambiente (ARI, 2016).
Conforme Fiolhais e Trindade (2003) com a popularização de novos tipos de
produtos e a introdução acelerada das modernas gerações de equipamentos
eletrônicos, novidades que demoravam anos para atingir todas as classes sociais,
passaram a ser conhecidas em tempo real, fator que acaba alimentando o consumismo.
Os lançamentos são globalizados e cada vez mais novos produtos são oferecidos no
mercado (MA, et al, 2016).
O usuário médio de computadores, por exemplo, troca seus equipamentos
eletrônicos em um tempo mais rápido do que os da geração anterior, considerados
tardios, que acaba resultando em uma destinação inadequada, causando sérios
problemas ao meio ambiente (FAVERA, 2008). Os eletrônicos descartados de forma
incorreta representam o tipo de resíduo sólido de maior crescimento no mundo, mesmo
em países em desenvolvimento. Um dos problemas dessa variação de resíduos está
nas substâncias tóxicas não biodegradáveis em sua composição, aumentando a
responsabilidade com sua destinação final (TANSKANEN, 2013).
No entanto, como telefones celulares estão se tornando cada vez mais
essenciais para a vida das pessoas, a coleta e o descarte deste resíduo vêm
aumentando, com melhor resolução e mais recursos, o que acabará acarretando em
consumo ou troca de equipamentos (ROCKWELL, 2017). Essa demanda tem
aumentado muito a quantidade de resíduo eletrônico, por isso o descarte desse
material acaba sendo colocado em resíduo comum ou em lixões, sem a preocupação e
consciência de que o processo de destinação final pode danificar o meio ambiente
(FAVERA, 2008).
A razão para este estudo se e explica pela elevada quantidade de resíduo
eletrônico que é gerada e que, vêm aumentando a cada ano. De acordo com Magalini
et al. (2015), em 2014, a América Latina produziu aproximadamente 6,6kg de resíduo
eletrônico por pessoa. Este número é ligeiramente superior à média mundial que é 53,6
mega toneladas de resíduo eletrônico, uma média de 7,3 kg por pessoa. Por outro lado,
o Brasil gera 1,41 milhão de toneladas de resíduos, ocupando o primeiro lugar na
América Latina, segundo a Organização O Eco (2016).

1 DESENVOLVIMENTO

Neste capitulo, estão descritas análises bibliográficas e conceitos de resíduos


eletrônicos, legislação sobre os resíduos, riscos relacionados e o impacto causado pelo
descarte incorreto no meio ambiente e para a saúde humana. Por fim, descreve-se
alguns estudos que abordam o problema e, finalmente, a reciclagem correta dos
resíduos eletrônicos.
1.1 Resíduos Eletroeletrônicos

Segundo Viana (2008), todos os resíduos e disposição final de equipamentos


elétricos, eletrônicos e seus componentes (incluindo baterias e produtos magnetizados)
em uso doméstico, industrial, comercial e de serviços são considerados resíduos
técnicos (ou resíduos eletrônicos). O resíduo eletrônico refere-se a todos os aparelhos
com atividades humanas, computadores, rádios, televisores, telefones celulares e
outros itens danificados, obsoletos ou danificados, que serão descartados. O resíduo é
composto principalmente por ferro metais não ferrosos, plástico, madeira e vidro
(GERBASE et al., 2012).
Quando os dispositivos eletrônicos atingem o fim de sua vida útil, se todas as
possibilidades de reparo, renovação ou reutilização se esgotarem, ele se tornará um
desperdício (KAHHAT et al., 2008). Geralmente, custos de reparo relativamente altos
são um dos principais obstáculos para reparar produtos defeituosos em comparação
com a substituição de novos produtos (SABBAGHI; CADE; BEHDAD, 2016). Contribuí
para isto o fato de a tecnologia avançar rapidamente e as pessoas
comprarem/substituírem seus dispositivos eletrônicos, como computadores, celulares,
entre outros, mesmo muitas vezes não sendo necessário (KAHHAT et al., 2008).
As constantes inovações tecnológicas desses diversos produtos podem
apresentar vantagens e desvantagens (LAVEZ; SOUZA; LEITE, 2011). As vantagens
associadas as melhorias está na diminuição do consumo de energia elétrica por estes
equipamentos, melhoria da qualidade, aumento da capacidade de processamento ou
produtividade e a redução dos preços destes equipamentos, que torna viável a
aquisição por uma parcela maior da população (ROCKWELL, 2017). Já as
desvantagens ficam por conta no aumento do consumo de recursos naturais do planeta
e ciclo de vida curto, que acaba aumentando a quantidade de geração de resíduos
(PACHECO, 2013).
Com isso, nos últimos anos a quantidade de resíduos provenientes do descarte
de equipamentos eletroeletrônicos aumentaram rapidamente, principalmente devido a
modernização e o desenvolvimento tecnológico (PATHAK; SRIVASTAVA; OJASVI,
2017). Estes resíduos incluem telefones celulares, computadores, televisores, etc. e
sua composição depende basicamente do tipo e idade do equipamento, sendo em geral
compostos por metais (40%), polímeros (30%) e cerâmicos (30%) (DIAS et al., 2017).

1.2 Legislação resíduo eletrônico

Com a crescente produção, venda e descarte deste tipo de equipamento no


mundo, cresceu também a atenção e quantidade de legislações a fim de regular e
regulamentar esta área (WANG et al., 2016). Dessa forma, a coleta deste tipo de
resíduo, em especial da geração doméstica, tem recebido grande atenção. Diversos
países da Europa, Estados Unidos, Austrália, entre outros, possuem legislações
específicas relacionadas aos resíduos eletrônicos (KUMAR; HOLUSZKO; ESPINOSA,
2017).
No Brasil, existe a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305,
de 02 de agosto de 2010, que dispõe sobre os princípios, objetivos e instrumentos, bem
como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos
sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público
e aos instrumentos econômicos aplicáveis, estão sujeitas ao cumprimento desta Lei as
pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis direta ou indiretamente
pela produção de resíduos sólidos, e aquelas que desenvolvem atividades de gestão
integrada ou gestão de resíduos sólidos (BRASIL, 2010).
Além disso, a Lei nº 12.305/10 estabelece as responsabilidades e determina que
são obrigados a implementar um sistema de logística reversa, os fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes de pilhas e baterias, lâmpadas
fluorescentes, produtos eletrônicos e seus componentes (BRASIL, 2010).
Os países que já implementaram algum tipo de gerenciamento de resíduo
eletrônico, se basearam em um sistema de logística reversa (OLIVEIRA; BERNARDES;
GERBASE, 2012). O EPR transfere a responsabilidade de gerenciar os resíduos dos
municípios para as indústrias e tem como instrumentos de política diferentes tipos de
taxas e impostos sobre os produtos (BORTHAKUR; GOVINDB, 2017).
O EPR é amplamente praticado em países desenvolvidos, como Japão, Coréia e
estados membros da União Europeia (BORTHAKUR; GOVINDB, 2017). Não existe uma
lei específica para o resíduo eletrônico, e sim um projeto de Lei nº 2.940 de 2015, que,
de acordo com o Art. 1, define as regras para o gerenciamento e destinação final de
produtos e componentes eletrônicos, considerados resíduos tecnológicos (BRASIL,
2015).
No Estado do Rio Grande do Sul, o Decreto nº 45.554, de 19 de março de 2008,
dispõe sobre o descarte e destinação final de pilhas que contenham mercúrio metálico,
lâmpadas fluorescentes, baterias de telefone celular e demais artefatos que contenham
metais pesados (Brasil, 2008).
Os resíduos eletrônicos possuem uma ampla gama de componentes com as
mais variadas substâncias químicas (CARPANEZ, 2007). Por exemplo, televisores e
celulares possuem Placas de Circuito Impresso (PCI), monitores de tubos de raios
catódicos (CRTs), monitores de cristal líquido (LCDs), baterias, fiação, chips, metais,
polímeros, vidros e borrachas (YANG et al., 2017). Dispositivos eletrônicos modernos
podem conter até 60 elementos químicos diferentes, incluindo materiais valiosos e
perigosos. Os materiais mais complexos e valiosos são encontrados em PCI. As PCI
são uma plataforma para suportar componentes microeletrônicos, como chips e
capacitores. (YANG et al., 2017).

1.3 Resíduo eletrônico e impacto ambiental

Quando descartados no resíduo comum, substâncias químicas presentes em


eletrônicos, como mercúrio, cádmio, arsênico, cobre, chumbo e alumínio, penetram no
solo e nos lençóis freáticos, contaminando plantas e animais através da água
(FAVERA, 2008). Dessa forma, os seres humanos podem ser contaminados ao comer
esses alimentos. Se ingeridos em grandes quantidades, os elementos tóxicos também
podem causar doenças, que vão desde a perda do olfato, audição e visão até fraqueza
óssea (MACIEL, 2011). As consequências vão desde simples cefaleia e vômito até
complicações mais sérias, como comprometimento do sistema nervoso e aparecimento
de câncer, como explica Antônio Guaritá, químico do Laboratório de Química Analítica
Ambiental da Universidade de Brasília (CARPANEZ, 2007).
De acordo com CARPANEZ (2007), destinar estes produtos em resíduo comum
é extremamente perigoso. Esses materiais não são biodegradáveis e, mesmo que
contenham pequenas quantidades de elementos tóxicos, podem causar danos ao meio
ambiente. Délcio Rodrigues, físico da organização ambientalista GREENPEACE, alerta
que, hoje em dia, a reciclagem é a melhor saída (CARPANEZ, 2007).
Conforme Dias (2017) o principal problema que o resíduo eletrônico pode causar
em aterros sanitários é que, após a destruição de equipamentos eletrônicos (como
disjuntores eletrônicos), pode ocorrer vazamento de mercúrio, que pode infiltrar-se no
solo e causar danos ambientais e migração populacional (MACIEL, 2011).
De acordo com Mattos et al. (2008) isso também pode acontecer com o cádmio,
que não apenas penetra no solo, mas também polui os sedimentos dos rios. Outro
problema é que, quando misturado com água ácida, uma grande quantidade de íons de
chumbo se dissolve do chumbo contido no vidro (como o cone de vidro de um tubo de
raios catódicos), o que geralmente ocorre em aterros sanitários (KIDDEE; NAIDU;
WONG, 2013). Não só a penetração do mercúrio causará problemas ambientais, mas
também a evaporação do mercúrio metálico e do dimetil mercúrio, que também é
preocupante. Além disso, incêndios não controlados podem ocorrer em aterros
sanitários, e isso ocorre com frequência. Quando expostos ao fogo, metais e outros
produtos químicos são liberados, causando danos aos moradores (SANTOS, 2010).
Conforme Oliveira (2014) os metais pesados existem naturalmente no meio
ambiente e são essenciais para a manutenção da vida. Apesar destes estarem
presentes em um teor extremamente baixo, níveis elevados de metais pesados podem
ter efeitos destrutivos no meio ambiente e na saúde da população. Os impactos dos
resíduos desses resíduos podem atingir grandes áreas, ameaçando a fauna e a flora do
meio ambiente e em seu entorno (SILVA, 2010). Por isso, o resíduo eletrônico é
considerado um dos maiores problemas ambientais do mundo. Segundo relatório do
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o Brasil é o país
emergente com mais resíduo eletrônico per capita, ocupando o primeiro lugar na
geração resíduo eletrônico (SILVA; OLIVEIRA; MARTINS, 2007).
1.4 Impacto do resíduo eletrônico na saúde pública

De acordo com Tanaue et al. (2015), quando produtos químicos em materiais


eletrônicos ou aparelhos elétricos são jogados em aterros sanitários, eles podem
contaminar o solo e atingir o nível do lençol freático. Quando em contato com as águas
subterrâneas, essas substâncias de metais pesados (como ouro, prata, gálio, mercúrio,
arsênio, cádmio, chumbo, berílio, etc.) poluem a água que pode ser eventualmente
usada para irrigação de plantações ou fornecendo água para o gado, contaminado
assim a população (TANAUE et al., 2015).
Outro tipo de poluição ocorre quando as pessoas manipulam e mantêm contato
direto com placas eletrônicas em lixões a céu aberto (OLIVEIRA, 2010). As
consequências dessas substâncias tóxicas podem causar danos ao corpo humano.
Segundo Silva, Oliveira e Martins (2007), se o envenenamento por arsênio é uma
substância química encontrada em telefones celulares, a substância é o
envenenamento por arsênio.
Um exemplo comum é quando os metais pesados são jogados nos rios,
contendo peixes onde populações ribeirinhas dependem da pesca para o seu sustento
e esses peixes absorvem tudo o que tem no rio, como os metais pesados (MUCELIN;
BELLINI, 2006). E assim, através da cadeia alimentar, o ser humano pode ser afetado
(MATTOS et al., 2008). Outro exemplo seria intoxicação por arsênio que pode ser
encontrado em aparelhos celulares prejudicando a saúde do ser humano por ingerir
peixes contaminados com metais pesados, causando lesão nos rins, problemas nos
testículos, entre outros (SANTOS, 2010).
Outros metais pesados em resíduos eletrônicos é o chumbo, mercúrio e berílio
que igualmente prejudicam a saúde humana, como danos ao sangue, fígado e cérebro
(CHAN; WONG, 2013; SONG; LI, 2015). Além disso, outro metal pesado presente em
resíduos eletrônicos é o mercúrio, berílio e chumbo que também causam agravos à
saúde humana, como danos ao cérebro, fígado, e ao sangue (OLYMPIO et al., 2017).
Por isso se faz cada vez mais importante a necessidade de projetos
educacionais de coleta e descarte adequado para os resíduos eletrônico
(GONÇALVES, 2007). Também manter a população informada onde serão os pontos
de coletas dos resíduos com maior frequência de coleta nas cidades, para conscientizar
as pessoas, o quanto o descarte incorreto pode ser tão fatal tanto na fauna quanto na
flora e para a saúde humana (DUYGAN; MEYLAN, 2015).

1.5 Logística reversa como uma ferramenta para a proteção ambiental

Um significativo avanço no plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PNRS)


é a logística reversa, pelo meio da qual materiais recicláveis de um produto eletrônico
em fim de vida útil, grande parte descartado pelo consumidor, poderão retornar ao setor
produtivo na forma de matéria-prima (MATTOS et al., 2008).
A logística reversa caracteriza instrumento de desenvolvimento econômico e
social por meio do qual as empresas que produzem alguns produtos, especificados na
lei da PNRS, devem viabilizar a coleta dos resíduos, ao final de sua vida útil,
recolhendo os mesmos para sua reciclagem ou outra destinação final ambientalmente
adequada (ABDI, 2013).
Porém, a implementação da logística reversa exigida na PNRS é considerada um
desafio, devido a alguns aspectos como: investimentos em estrutura física para os
consumidores devolverem seus produtos; alterações em processos das empresas;
mudanças no comportamento do consumidor relacionados ao descarte; e criação de
incentivos em termos de impostos do governo para empresas (GUARNIERI; SILVA;
LEVINO, 2016). Já os principais benefícios relacionados com a logística reversa são:
geração de renda; formalização das áreas de coleta e triagem e redução na quantidade
de materiais dispostos em aterros (CAIADO et al., 2017).
Além disso, a logística reversa é importante para ampliar a vida dos materiais
usados para fabricar os Equipamentos Eletroeletrônicos (EEE), colaborando assim para
reduzir os impactos ambientais das operações industriais e auxiliar na resolução de
problemas de escassez de matérias-primas (CAIADO et al., 2017).
Para Leite (2003) o número de produtos eletrônicos descartados pela sociedade
vem aumentando a cada ano. No entanto, o fluxo reverso de produtos que podem ser
reaproveitados ou retrabalhados para se converter em matéria-prima recentemente,
vem sendo utilizado somente pela indústria em quantidades ainda pequenas frente ao
potencial existente (BRASIL, 2010).
A logística reversa inicia após o consumo do produto, neste momento, a empresa
deve estar preparada para lidar com as quatro logísticas reversas citadas por Leite
(2003) recuperação, reconciliação, reparo e reciclagem. Por isso, as empresas e
prefeituras buscam cada vez mais lidar especificamente com a separação desses
materiais encontrados na eletrônica (BUXBAUM, 1998; ZIKMUND; STANTON, 1971).
. Para isso, a empresa deve obter licenças da Companhia Ambiental do Estado
de São Paulo (CETESB) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA). O principal objetivo da PNRS é reduzir a concentração
de resíduo eletrônico por meio do apoio mútuo entre empresa, governos estaduais e
municipais para, em conjunto, reduzir o despejo dos equipamentos no solo e rever os
impactos ambientais (DIAS et al., 2017).
Para tanto, é fundamental a participação da população, para ampliar os postos
de coleta e incentivar as empresas de eletroeletrônicos a orientar os consumidores
sobre o descarte adequado. Algumas indústrias já estão criando métodos para separar
determinados componentes de eletrônicos, pois alguns desses materiais podem ser
reaproveitados para reforma e reparo de outros componentes eletrônicos (ABDI, 2013).
2 CONCLUSÃO

Com crescimento populacional e expansão territorial das cidades junto com a


extensão do sistema de produção e consumo industrial contribuíram para a
deterioração das condições ambientais, especialmente no cenário urbano. Situações de
poluição causadas por descarte inadequado de resíduos têm efeitos ambientais
negativos em vários ecossistemas urbanos, como margens de rios e leitos de rios,
margens de ruas e estradas, fundos de vales e terrenos.
No Brasil, o descarte adequado dos resíduos eletrônicos é muito pouco
conhecidos ou praticados. E ainda não existe leis nacionais que determinam a
destinação correta dos mesmos, e sim existe apenas decreto de logística reversa.
É preciso aumentar os incentivos e financiar todo o mercado de reciclagem e
aterro como centro de pesquisa de produtos fabricados com alto índice de reciclagem e
apoiar os municípios na criação de aterros sanitários. O modelo de responsabilidade
compartilhada obriga produtores, fabricantes e importadores de resíduos especiais a
garantir a melhor destinação dos resíduos descartados pelos consumidores. Isso quer
dizer que o poder público deve ajudar na responsabilidade do consumidor, ou seja, não
jogar resíduo eletrônico no resíduo comum, mas apenas em pontos de coleta
autorizados.
A logística reversa é a melhor alternativa para os resíduos eletrônicos, outra
alternativa seria cidades e municípios criarem novos projetos com pontos estratégicos
para a coleta dos mesmos com mais regularidade. Sendo assim esses resíduos não
seriam jogados em aterros sanitários ou até mesmo em qualquer rio, causando a
poluição do meio ambiente.
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