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IRATI
2008
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Temas:
Meio ambiente e os recursos naturais;
O meio ambiente como fonte de recursos;
Gestão de recursos naturais para um desenvolvimento “viável”;
Problemática e desafios;
Os recursos renováveis;
Tecnologia, inovação e modo de apropriação;
Estratégia patrimonial para a gestão dos recursos e dos meios naturais;
A gestão integrada dos recursos naturais e do meio ambiente, instituições e desafios de
legitimação;
A dimensão do longo prazo;
Experiências;
As contribuições possíveis no campo da pesquisa ambiental e os avanços a serem feitos;
As ciências da engenharia: lições, instrumentos e exigências.
Bibliografia recomendada:
Meio ambiente é tudo o que envolve ou cerca os seres vivos. A palavra ambiente vem do latim e
o prefixo ambi dá a idéia de “ao redor de algo” ou de “ambos os lados”. As palavras meio e ambiente
trazem a idéia de entorno e envoltório. O que envolve os seres vivos e as coisas que está ao seu redor
é o Planeta Terra com todos os seus elementos, tanto os naturais, quanto os alterados e construídos
pelos seres humanos.
Assim, por meio ambiente se entende o ambiente natural e o artificial, isto é, o ambiente físico e
o biológico originais e o que foi alterado, destruído e construído pelos humanos, como as áreas
urbanas, industriais e rurais. Esses elementos condicionam a existência dos seres vivos, podendo-se
dizer, portanto, que o meio ambiente não é apenas o espaço onde os seres vivos existem ou podem
existir, mas a própria condição para a existência de vida na Terra.
3 tipos de ambientes (segundo Odum e Sarmiento):
ODUM, E. & SARMIENTO, F. Ecologia: El puente entre ciência y sociedad. México: McGraw-Hill Interamericana,
1997. P. 9-15.
1) O fabricado ou desenvolvido pelos humanos, constituído pelas cidades, parques industriais e
corredores de transporte como rodovias, ferrovias e portos;
2) O ambiente domesticado, que envolve áreas agrícolas, florestas plantadas, açudes, lagos
artificiais etc., e
3) O ambiente natural, por exemplo as matas virgens e outras regiões auto-sustentadas, pois
são acionadas apenas pela luz solar e outras forças da natureza, como precipitação, ventos,
fluxo de água etc. e não dependem de qualquer fluxo de energia controlado diretamente
pelos humanos, como ocorre nos dos dois outros ambientes.
O ambiente de suporte à vida é, segundo estes autores, aquela parte da Terra que satisfaz as
necessidades fisiológicas vitais, provendo alimentos e outras formas de energia, nutrientes minerais, ar
e água. A vida ocorre apenas na biosfera, uma estreita faixa do Planeta constituída pela interação de
três ambientes físicos: o ambiente terrestre ou litosfera, o aquático ou hidrosfera, e o atmosférico, que
envolve os outros dois ambientes.
A parte terrestre da biosfera é apenas a camada sólida superficial da litosfera; a da atmosfera é
a camada rente à crosta terrestre denominada troposfera e que alcança cerca de 11 Km de altitude nos
pólos e 16 Km no equador.
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O meio ambiente, como condição de existência da vida, envolve a biosfera e estende-se muito
além dos limites em que a vida é possível. Por exemplo, os seres vivos estão condicionados a uma
certa exposição às radiações ultravioleta que, por sua vez, dependem da camada de ozônio existente
na estratosfera, região da atmosfera que vai até cerca de 35 Km de altitude e onde não há vida.
Os organismos e os elementos físicos e químicos do meio em que vivem formam um
ecossistema ou sistema ecológico. (Ecossistema = organismos + ambiente abiótico, sendo que cada um
desses fatores influencia as propriedades do outro e ambos são necessários para a manutenção da
vida na Terra). Os organismos e o ambiente físico são interdependentes e, portanto, se influenciam
mutuamente funcionando como uma totalidade, ou seja, o que ocorre com uma de suas partes acaba
influenciando as demais. Um ecossistema pode ser parte de outro; no limite, todos fazem parte da
biosfera e o ser humano é um de seus componentes. Os ambientes artificiais ou domesticados pelos
seres humanos formam ecossistemas específicos, como as regiões agrícolas e agroindustriais e até
mesmo as cidades e os distritos industriais, embora estes últimos casos sejam concessões ao termo
ecossistema (tecnoecossistemas - porque não possuem capacidade de regeneração, uma capacidade
importante dos ambientes naturais e até mesmo dos domesticados).
Os problemas ambientais provocados pelos humanos decorrem do uso do meio ambiente para
obter os recursos necessários para produzir os bens e serviços que estes necessitam e dos despejos
de materiais e energia não aproveitados no meio ambiente. Mas isso nem sempre gerou degradação
ambiental, em razão da escala reduzida de produção e consumo e da maneira pela qual os seres
humanos entendiam sua relação com a natureza e interagiam com ela.
O aumento da escala de produção tem sido um importante fator que estimula a exploração dos
recursos naturais e eleva a quantidade de resíduos. Há quem sustente que os povos que se sentem
parte da natureza apresentam um comportamento mais prudente em relação ao meio ambiente e
utilizam seus recursos com parcimônia. A concepção de um ser humano separado dos outros
elementos da natureza talvez tenha sido o fato de maior relevância para o estado de degradação
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ambiental que hoje se observa. Mas certamente foi o aumento da escala de produção e consumo que
iria provocar os problemas ambientais que hoje conhecemos.
É comum apontar a Revolução Industrial como um marco importante na intensificação dos
problemas ambientais. A maior parcela de emissões ácidas, de gases de estufa e de substâncias
tóxicas resulta das atividades industriais em todo o mundo. O lixo gerado pela população cada vez mais
está composto por restos de embalagens e de produtos industriais. O uso de inseticidas, herbicidas,
fertilizantes, implementos e outros produtos industrializados fez com que a agricultura se tornasse uma
atividade intensiva em degradação ambiental. O mesmo pode-se dizer da pesca, dos transportes e
inclusive das atividades comerciais e de serviço. Não que antes da Revolução Industrial não existisse
tais problemas – basta lembrar das florestas devastadas em todos os continentes para os mais diversos
fins, dos rios assoreados e da perda da fertilidade de muitas áreas. Entretanto, a possibilidade de
encontrar novas áreas para obter recursos escondia a gravidade desses problemas. Se a degradação
do ambiente fosse considerada um sério risco pelas sociedades daquele tempo, as atitudes tomadas
seriam severas. A poluição gerada pelas atividades humanas ficava confinada em áreas específicas e
era absorvida com mais facilidade, pois era basicamente de origem orgânica. A partir da Revolução
Industrial surge uma diversidade de substâncias e materiais que não existiam na natureza. Mais de 10
milhões de substâncias foram sintetizadas e esse número não pára de crescer. A era industrial alterou a
maneira de produzir degradação ambiental, pois ela trouxe técnicas produtivas intensivas em material e
energia para atender mercados de grandes dimensões, de modo que a escala de exploração de
recursos e das descargas de resíduos cresceu a tal ponto que passou a ameaçar a possibilidade de
subsistência de muitos povos na atualidade e das gerações futuras.
A maneira como a produção e o consumo estão sendo realizados desde então exige recursos e
gera resíduos, ambos em quantidade vultosas, que já ameaçam a capacidade de suporte do próprio
Planeta, isto é, a quantidade de seres vivos que ela pode suportar sem se degradar. No entanto, há
diversos sinais de que a Terra já se encontra nos limites de sua capacidade para suportar as espécies
vivas. Entre esses sinais estão os diversos problemas ambientais provocados pelas atividades humanas
que vêm se agravando ao longo do tempo, sendo que alguns já adquiriram dimensões globais ou
planetárias, como a perda da biodiversidade, a redução da camada de ozônio, a contaminação das
águas, as mudanças climáticas decorrentes da intensificação do efeito estufa e outros. O resultado
desse quadro caracterizado pela escalada dos problemas ambientais de toda ordem é o
comprometimento do próprio futuro da Terra e de todos os seres vivos.
Os Não Renováveis, de acordo com a disponibilidade, podem ainda ser classificados em:
Abundantes - Hoje "ainda" consideramos assim os minérios de alguns metais como Ferro, Alumínio,
Cromo, Manganês, Titânio e Magnésio.
Escassos - Nesta classificação "já" figuram hoje, os minérios de Cobre, Chumbo, Zinco, Níquel,
Molibdênio, Prata, dentre outros.
Exemplos:
O petróleo não se renova independentemente do uso que se faça dele, seja para produzir
combustível que é consumido no ato da sua utilização ou materiais mais duráveis, como o plástico que
pode ser reciclado diversas vezes, mas não indefinidamente.
O mesmo acontece com os metais e outros produtos obtidos de recursos minerais metálicos e
não metálicos, que são considerados reutilizáveis e renováveis. Quando se diz que ferro, cobre,
alumínio, vidro e outro são 100% recicláveis, estamos diante de uma meia-verdade, e não só porque
sempre ocorrem perdas nos processos de reciclagem. Estes produtos se tornaram possíveis graças ao
fato de que os recursos minerais de onde foram extraídas suas matérias-primas encontravam-se
acumulados em grandes depósitos, tornando viável a sua exploração. O uso dos produtos dissipa os
seus materiais pelo atrito, oxidação, quebras e outras formas de perdas disseminando-os pelo meio
ambiente de modo atomizado, o que impede a sua recuperação. Milhões de toneladas de metais
dissipados anualmente pela fricção e atrito, por exemplo, não são recuperáveis para efeito de
reciclagem por se encontrarem espalhados em porções muito diminutas por todo o Planeta. Assim, com
o uso continuado desse material, algum dia esse recurso irá acabar, mesmo que seja só daqui a
milhares de anos.
Excetuando a energia solar que incide diretamente sobre o Planeta, os demais recursos
renováveis podem se exaurir, dependendo de como eles são usados ou de como a natureza é afetada
pelas transformações naturais e humanas.
As plantas são consideradas recursos renováveis, mas uma árvore que leva mais de 200 anos
para fornecer um determinado tipo de madeira é na realidade um recurso não renovável na escala
humana. As espécies vivas deixam de ser recursos renováveis se a sua exploração comprometer a sua
capacidade de reprodução, o que pressupõe que apenas uma certa quantidade anual poderia ser
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extraída para uso humano. Essa quantidade denomina-se rendimento sustentável de um dado recurso
renovável numa dada área e a quantidade máxima de exploração que equilibra a capacidade de
regeneração com a quantidade coletada é o rendimento máximo sustentável.
A beleza de uma paisagem é um recurso renovável para as atividades de turismo, desde que as
suas características não se degradem pelo excesso de visitantes.
O solo agrícola é um recurso renovável, pois os ciclos biogeoquímicos do nitrogênio, fósforo,
potássio e de outros elementos restabelecem sua fertilidade indefinidamente, mas o uso inadequado
pode comprometer a realização desses ciclos tornando o solo estéril, cuja regeneração pode levar
séculos. As ações humanas podem, no entanto, produzir alterações positivas, por exemplo, impedindo
um processo natural de erosão, controlando inundações ou melhorando as espécies para melhor
adaptá-las ao uso e às condições do ambiente domesticado.
Os ciclos biogeoquímicos são exemplos de serviços ou funções que o meio ambiente
proporciona às atividades de produção e consumo, devendo ser, portanto, considerados recursos para
as atividades produtivas. A biosfera depende desses ciclos para fornecer aos seres vivos
continuamente elementos químicos que se encontram em quantidades finitas no meio ambiente. Por
exemplo, as plantas absorvem nutrientes minerais do solo, mas após a morte da planta os minerais
retornam ao solo por meio de processos de decomposição e lixiviação (Processo físico de lavagem das rochas e
solos pelas águas das fortes chuvas (enxurradas) decompondo as rochas e carregando os sedimentos para outras áreas, extraindo, dessa
Atividade em grupo:
Faça uma pesquisa em jornais, revistas e internet e relacione notícias sobre os problemas
ambientais relativos aos recursos naturais.
Superexploração
A superexploração ocorre quando a demanda humana excede o suprimento da natureza
(capacidade de suporte) em escala local, nacional ou global. O nível de superexploração é a quantidade
de uso da capacidade biológica da natureza que excede a taxa de regeneração.
Recursos Energéticos
Em média, a energia mínima necessária para um ser humano adulto permanecer vivo é
aproximadamente 1.000 Kcal por dia, o que é equivalente, em termos energéticos, a 100 g de petróleo.
Para um adulto com atividades normais, ela é de aproximadamente 2.000 Kcal por dia. O homem retira
a energia necessária às atividades humanas dos alimentos que ingere.
Os estágios de desenvolvimento do homem primitivo até o homem tecnológico de hoje podem
ser correlacionados com a energia consumida:
• Homem primitivo – Leste África, 1 milhão anos atrás – sem uso do fogo, dispunha apenas da
energia dos alimentos que consumia. Homem caçador – Europa, 100 mil anos atrás –
dispunha de mais alimentos e também queimava madeira para obter calor e para cozinhar;
• Homem agrícola – Mesopotâmia, 5 mil anos a.C – utilizavam a energia de animais de tração;
• Homem agrícola avançado – Nordeste da Europa, Idade Média – usava carvão para
aquecimento, a força da água, do vento e o transporte animal; destruição das florestas na
Europa
• Homem industrial – Inglaterra, 1875 – dispunha da máquina a vapor.
• Petróleo e gás natural
Com a explosão populacional dos últimos dois séculos e com o aumento do consumo de energia
per capita, o consumo total de energia no mundo aumentou cerca de 100 vezes em relação ao consumo
do passado distante.
Isto só foi possível através do aumento do uso do carvão como fonte de calor e potência, no
século 19; do uso de motores a explosão interna, que levaram ao uso maciço de petróleo e de seus
derivados; e do uso da eletricidade gerada inicialmente em usinas hidrelétricas e, depois, em usinas
termelétricas.
Homem empregar e consumir grandes quantidades de energia – sinônimo de progresso
1973 – países perceberam que estavam a basear seu desenvolvimento, essencialmente numa
fonte de energia não renovável – o petróleo.
Perfil do consumo de energia no Brasil atualmente:
Petróleo – 46%
Biomassa – 27%
Hidreletricidade – 14%
Carvão – 6%
Gás – 6%
Nuclear – 1%
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O consumo anual médio de energia per capita no mundo, em 2000, era de aproximadamente 1,6
TEP (ton of equivalent petroleum) ou 18.000 Kcal. Há, contudo, uma enorme diferença entre o consumo
de energia per capita dos países industrializados – onde vivem 25% da população mundial – e os
países em desenvolvimento, onde vivem os restantes 75%.
Somente os EUA, com 6% da população mundial, consomem 35% da energia mundial. Nos
países industrializados, o consumo per capita é de 5,5 TEP, sendo de 1,39 TEP o consumo no Brasil.
O esgotamento das fontes de energia convencionais não parece ser um problema imediato,
porque existem reservas das principais fontes de energia fóssil para, pelo menos, 30 ou 40 anos.
O problema real é a poluição causada pelo seu uso na biosfera terrestre.
Os impactos do uso de energia no meio ambiente não são novidades. Durante séculos, a
queima de madeira contribuiu para o desmatamento de muitas áreas. Mesmo nos primórdios da
industrialização, chegou-se a altos índices de poluição do ar, água e solo. O que é relativamente novo é
a relação entre problemas ambientais regionais e globais, e suas implicações.
A produção de energia convencional e o seu consumo estão intimamente relacionados com a
degradação do meio ambiente. Esta degradação ameaça a saúde humana e a qualidade de vida, além
de afetar o equilíbrio ecológico e a diversidade biológica.
Nos últimos 100 anos, em que a população do mundo pelo menos triplicou, os danos ambientais
passaram de alterações locais para alterações globais. O aumento no uso dos combustíveis fósseis
resultou na emergência da ação do homem, pelo impacto acelerado da vida na Terra que está afetando
o mundo como um todo.
Recursos energéticos podem também ser classificados em renováveis e não renováveis.
Renováveis – sol, vento, ondas do mar, água dos rios, as marés, a biomassa e o calor da Terra.
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Não – Renováveis – combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás natural) e a energia nuclear (urânio) – a
velocidade de formação é inferior à velocidade de consumo – esgotamento.
Texto para discussão: Geopolítica dos recursos energéticos e imperialismo na América do Sul:
um estudo sobre o gás natural na Bolívia, Venezuela, Peru, Brasil e Argentina.
Vídeos: Carvão – a destruição do Pantanal e Energia eólica
Texto para discussão: A nova energia do mundo – Livro Mundo sustentável
1º - Turfa
2º - Linhita
3º - Hulha
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4º - Antracita
• O petróleo –
Origem: Fósseis (peixes + plantas) + Sedimentar (ambiente marinho) que
sofre transformações físicas e químicas
Surgimento: Era Paleozóica, período Carbonífero
É um recurso não renovável resultante da transformação da matéria
orgânica, constituindo atualmente a fonte de energia mais utilizada e a
base da atual sociedade industrial. A sua utilização é fundamental na
produção de energia elétrica, combustíveis para os transportes e
máquinas industriais, e ainda como matéria-prima para um conjunto
diversificado de produtos (plástico, por exemplo).
Esta fonte de energia substituiu historicamente o carvão.
Petróleo
Carvão
O carvão é fundamentalmente, constituído por carbono e tem a sua origem em florestas que foram
soterradas em épocas remotas.
Os carvões têm poder calorífico diferente, isto é, ao serem queimados, uns fornecem mais calor
do que outros.
O carvão foi uma das fontes energéticas mais importantes do século passado. Depois da Segunda
Guerra Mundial, e mesmo anteriormente, foi substituído pelo petróleo.
O carvão tornou possível a Revolução Industrial que teve lugar no século XIX. Nessa altura foram
utilizados:
Na indústria – em máquinas a vapor para gerar força motriz; em fornos e caldeiras como
combustível; na obtenção de produtos químicos; no fabrico do coque para a produção de ferro e aço.
Nos transportes – em locomotivas e barcos a vapor.
Nas habitações – no aquecimento das casas, cozinhas e produção de gás de cidade
Gás natural
O gás natural começou a ser encontrado, na segunda metáde do século XIX, em muitos poços de
petróleo dos Estados Unidos da América. Não tinha qualquer utilização, sendo queimado à saída dos
poços. Considerava-se, nessa altura, que só ajudava o petróleo a subir em virtude da pressão que
sobre ele exercia.
O gás natural é um gás mais leve que o ar, sendo menos poluente do que o carvão ou o petróleo.
Este gás é altamente inflamável e encontra-se em reservatórios subterrâneos perto do petróleo. Desta
forma é bombeado e transportado de forma semelhante á do petróleo.
Energia Nuclear
A energia elétrica gerada por usinas nucleares baseia-se na fissão (quebra, divisão) do átomo. As
matérias-primas necessárias a esse processo são o urânio ou tório, dois minérios radioativos.
A fissão nuclear consiste no seguinte: os átomos do urânio-235,por exemplo, são "bombardeados"
por neutrons; seus núcleos se fragmentam liberando enorme quantidade de energia. Essa
fragmentação do núcleo do átomo atingido, por sua vez, dá origem a outros neutrons, que vão
bombardear os átomos vizinhos e assim sucessivamente, uma reação em cadeia.
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Esse processo, essa reação em cadeia, tem de ser realizado de forma controlada, em condições
de segurança absoluta, pois sua expansão desordenada pode causar terríveis catástrofes. O local
apropriado onde ocorre essa fissão nuclear controlada chama-se reator nuclear, peça fundamental de
uma usina nuclear.
Essa fissão nuclear provocada no reator da usina produz enormes quantidades de calor; esse
calor por sua vez, será utilizado para aquecer uma certa quantidade de água transformando-a em
vapor, a pressão desse vapor faz girar uma turbina que irá acionar um gerador; este gerador converterá
a energia mecânica, proveniente da turbina, em energia elétrica.
O urânio é um elemento encontrado na natureza, no interior das rochas. Nesse estado bruto, ele é
quase todo urânio –238 (99,3%) e somente uma parte muito pequena (0,7%0) é de urânio 235.
Ocorre que, em alguns tipos de reatores nucleares, como os que foram instalados no Brasil, o
combustível utilizado tem de ser o urânio-235, é necessário aumentar a porcentagem de urânio –235 a
fim de poder utilizá- lo como combustível. Esse processo chama-se enriquecimento do urânio.
Um dos grandes problemas ambientais ocasionados pelas usinas nucleares é o lixo atômico.
Trata-se dos resíduos que decorrem do funcionamento normal do reator: elementos radioativos que
"sobram" e que não podem ser reutilizados ou que ficaram radioativo devido ao fato de entrarem em
contato, de alguma forma, com o reator nuclear.
Normalmente se coloca esse lixo atômico em grossas caixas de concretos e outros materiais para
em seguida jogá-los no mar ou enterrados em locais especiais. As condições de armazenamento desse
lixo é preocupante, pois essas caixas podem se desgastar com o tempo e abrir contaminando assim o
meio ambiente.
Apesar da probabilidade de um acidente grave numa central nuclear ser pequena, os efeitos de
um acontecimento desse tipo podem ser desastrosos. Se houver uma explosão numa central, são
lançadas para o ambiente grandes quantidades de isótopos radioativos. O efeito da radiação pode
perdurar por muitos anos, enquanto decaem os isótopos radioativos de maior semi-vida.
O maior acidente nuclear deu-se na central de Chernobyl, na Ucrânia (antiga União Soviética), em
26 de Abril de 1986. Nessa central, o material moderador da reação era o grafite, tal como no primeiro
reator nuclear de 1943. Esse tipo de tecnologia já estava desatualizado em 1986. Por outro lado, a
construção não obedecia as normas de seguranças necessárias. Numa série de testes de controle da
atividade do reator, ocorreu um conjunto de erros humanos que conduziram a um aumento súbito da
reação e a uma explosão (muito menor, no entanto, do que a explosão de uma bomba nuclear, onde o
urânio radioativo está em maior percentagem). No acidente morreram 31 pessoas, entre bombeiros e
operários da central que combatiam o incêndio, em virtude das elevadas doses radioativas que
receberam.
Em conseqüência deste acidente, foram espalhados pela zona e arrastados para mais longe
isótopos radioativos que aparecem no processo de cisão, como o iodo 131 e o césio 137. Esse material
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espalhou-se, devido as condições meteorológicas, principalmente pelo Norte e Centro da Europa,
provocando um aumento da radiação no ambiente.
Numa zona com raio de 30 km a volta de Chernobyl viviam cerca de 120.000 pessoas, que
ficaram mais expostas à radiação. Foram quase todas evacuadas nos dias seguintes ao acidente. Hoje,
só vivem nessa zona cerca de 1000 pessoas. Algumas delas trabalham em outros reatores da central
que continuam a funcionar. O reator que sofreu o acidente foi coberto com uma espessa camada de
cimento, planejando-se o reforço dessa cobertura.
Quantas pessoas vão ainda morrer a médio ou longo prazo devido a este acidente? Não se sabe
ao certo, mas podem fazer-se estimativas com base no que se conhece sobre os efeitos da radiação,
nomeadamente o aparecimento de câncer.
Um perigo particular das radiações ionizantes, para além dos malefícios imediatos no organismo,
reside na eventual alteração dos próprios genes dos seres vivos, que contém a informação transmitida
de pais para filhos, causando o nascimento de novas gerações com defeitos. Esse perigo é bastante
menor do que por vezes é referido. Com base na análise das populações japonesas afetadas pela
radiação das duas bombas que terminaram a Segunda Guerra Mundial, sabe-se que os defeitos
genéticos devidos a radiação são bastante raros. Os genes têm uma grande capacidade de reparação e
o próprio processo de reprodução do ser humano só é bem sucedido se não houver problemas graves
no embrião. Na população de Chernobyl referida esperam-se cerca de 60 casos de defeitos genéticos
(menos de 1 % de aumento em relação aos defeitos genéticos que ocorrem naturalmente).
Face às perspectivas de esgotamento das fontes de energia que têm vindo a ser utilizadas,
procura-se recorrer a soluções alternativas baseadas no aproveitamento de recursos renováveis. São
exemplos:
Energia hidroelétrica, obtida em centrais instaladas em barragens.
Energia solar, utilizada para produzir calor por meio de colectores.
Energia geotérmica, obtida a partir do calor que provém do interior da Terra.
Energia maremotriz, que aproveita a força das ondas e das marés.
Energia eólica, conseguida a partir da força do vento.
Bioenergia, resultante da fermentação ou da destilação de resíduos orgânicos.
Energia hidroelétrica
Desde tempos muito antigos que o homem aproveitava a energia da água para mover máquinas.
Os moinhos de água são o exemplo mais característico.
A energia da água também se utiliza para produzir eletricidade. A energia hidroelétrica é a
eletricidade produzida através do movimento da água. Esta usa a energia cinética da água para
produzir eletricidade.
A eletricidade é produzida nas centrais elétricas, que são instalações onde existem grandes
geradores de energia produzida pelo movimento da água. Normalmente constroem-se diques que
param o curso da água acumulando-a num reservatório a que se chama barragem. Noutros casos,
existem diques que não param o curso natural da água, mas obriga-a a passar pela turbina, fazendo-a
girar de forma a produzir eletricidade.
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Energia Solar
Utilizadas a princípio nos satelites as células de energia fotovoltaica desceram a terra e fazem a
luz do dia virar eletricidade.
A técnica de usar pequenas lâminas para captar a luz do sol e gerar electricidade foi lentamente
saindo dos laboratórios até chegar a aplicação prática hoje a forma mais barata se encontra nos
relógios e calculadoras solares. A energia fotovoltaica é bem diferente da energia solar termal, que já
existe até em residências onde o calor do sol é usado para aquecer a água. A conversão da luz em
eletricidade é feita pelas células fotovoltaicas. A energia solar é ainda mais cara do que o petróleo.
Para a Terra o sol é a fonte de energia mais abundante, podemos dizer que praticamente todas
outras formas de energia derivam da energia solar. Por isso a humanidade está fazendo grandes
esforços para domá-la, através de vários processos como:
*o aquecimento solar de casas, edifícios;
*coletores solares de espelhos que pode aquecer a água como nas caldeiras.
Para produzir energia elétrica, são utilizadas células solares que permitem a conversão direta da
energia solar em energia elétrica, como já existem em postos telefônicos, em locais isolados,
automóveis de teste, satélites artificiais etc...
Um típico veículo para circular pelos congestionamentos das cidades grandes é o SCV-0,
construído por uma empresa japonesa. É um carro elétrico movido a bateria, ela transforma luz do sol
em eletricidade, e podem recarregar as baterias do carro enquanto ele anda. Em dia ensolarado sua
autonomia pode chegar a 160km, sua velocidade máxima é de 65km/h, adequada para um pequeno
carro de uso urbano, e tem lugar para somente duas pessoas.
Energia geotérmica
Sabemos que, à medida que se penetra no interior da Terra, o calor aumenta em média 3ºC por
cada 100 metros de profundidade.
Regiões onde haja vulcanismo, géiseres ou fontes de água quente são provas bem evidentes da
espetacular energia contida na forma de energia de calor natural no interior do nosso planeta. É esta
energia, sob a forma de calor natural, que constitui a energia geotérmica.
A aplicação dos fluido quentes tem utilização diferente comforme a temperatura a que se
encontram. Se a temperatura é baixa, podem ser usados no aquecimento de edíficios e estufas. Se a
temperatura é elevada, entre 150º e 300º C, empregam-se na produção de eletricidade.
As primitivas termas romanas constituem, de certo, o primeiro testemunho da utilização da energia
geotérmica como fonte de aquecimento. No entanto, só no século XX é que a energia geotérmica ganha
posição de destaque no domínio dos recursos energéticos. Em 1977 funcionavam em todo o mundo 17
centrais elétricas geotérmicas.
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Energia maremotriz
Os oceanos podem ser uma fonte de energia para iluminar as nossas casas e empresas. Neste
momento, o aproveitamento da energia do mar é apenas experimental e raro. A energia da deslocação
das águas do mar é outra fonte de energia. Para transformar são construídos diques que envolvem uma
praia. Quando a maré enche a água entra e fica armazenada no dique; ao baixar a maré, a água sai
pelo dique como em qualquer outra barragem.
Para que este sistema funcione bem são necessárias marés e correntes fortes. Tem que haver
um aumento do nível da água de pelo menos 5,5 metros da maré baixa para a maré alta. Existem
poucos sítios no mundo onde se verifique tamanha mudança nas marés.
O ciclo de marés de 12 horas e meia e o ciclo quinzenal de amplitudes máxima e mínima
apresentam problemas para que seja mantido um fornecimento regular de energia.
Caracteriza-se essencialmente pelo aproveitamento de cursos de água cuja energia potencial
(queda), seja possível transformar em energia mecânica através de turbinas hidráulicas e por sua vez
em energia elétrica com recurso a geradores acoplados às mesmas.
A energia das ondas é definida pela energia total contida em cada onda e é a soma da energia
potencial do fluído deslocado a partir do nível médio da água entre a cava e a crista da onda incluindo a
energia cinética das partículas da água em movimento. Esta energia resulta da força do vento exercida
na superfície dos Oceanos.
Quando a onda se desfaz e a água recua o ar desloca-se em sentido contrário passando
novamente pela turbina entrando na câmara por comportas especiais normalmente fechadas. Esta é
apenas uma das maneiras de retirar energia da ondas.
Atualmente, utiliza-se o movimento de subida/descida do onda para dar potência a um êmbolo
que se move para cima e para baixo num cilindro. O êmbolo pode pôr um gerador a funcionar. Os
sistemas para retirar energia das ondas são muito pequenos e apenas suficientes para iluminar uma
casa ou algumas bóias de aviso por vezes colocadas no mar.
Desvantagens
· O fornecimento da energia das ondas não é continuo;
· Apresenta baixo rendimento;
· É fortemente dispendiosa
Energia Éolica
A energia eólica é a energia obtida pelo movimento do ar (vento) e não se tem registro de sua
descoberta, mas estima-se que foi há milhares e milhares de anos. A energia dos ventos é uma
abundante fonte de energia renovável, limpa e disponível em todos os lugares. A utilização desta fonte
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energética para a geração de eletricidade, em escala comercial, teve início há pouco mais de 30 anos e
através de conhecimentos da indústria aeronáutica os equipamentos para geração eólica evoluíram
rapidamente em termos de idéias e conceitos preliminares para produtos de alta tecnologia. No início da
década de 70, com a crise mundial do petróleo, houve um grande interesse de países europeus e dos
Estados Unidos em desenvolver equipamentos para produção de eletricidade que ajudassem a diminuir
a dependência do petróleo e carvão. Mais de 50.000 novos empregos foram criados e uma sólida
indústria de componentes e equipamentos foi desenvolvida.
Existem, atualmente, mais de 30.000 turbinas eólicas de grande porte em operação no mundo,
com capacidade instalada da ordem de 13.500 MW. No âmbito do Comitê Internacional de Mudanças
Climáticas, está sendo projetada a instalação de 30.000 MW, por volta do ano 2030, podendo tal
projeção ser estendida em função da perspectiva de venda dos "Certificados de Carbono".
Na Dinamarca, a contribuição da energia eólica é de 12% da energia elétrica total produzida; no
norte da Alemanha (região de Schleswig Holstein) a contribuição eólica já passou de 16%; e a União
Européia tem como meta gerar 10% de toda eletricidade a partir do vento até 2030.
No Brasil, embora o aproveitamento dos recursos eólicos tenha sido feito tradicionalmente com a
utilização de cataventos multipás para bombeamento d'água, algumas medidas precisas de vento,
realizadas recentemente em diversos pontos do território nacional, indicam a existência de um imenso
potencial eólico ainda não explorado.
Grande atenção tem sido dirigida para o Estado do Ceará por este ter sido um dos primeiros locais
a realizar um programa de levantamento do potencial eólico através de medidas de vento com
modernos anemógrafos computadorizados. Entretanto, não foi apenas na costa do Nordeste que áreas
de grande potencial eólico foram identificadas. Em Minas Gerais, por exemplo, uma central eólica está
em funcionamento, desde 1994, em um local (afastado mais de 1000 km da costa) com excelentes
condições de vento.
A capacidade instalada no Brasil é de 20,3 MW, com turbinas eólicas de médio e grande portes
conectadas à rede elétrica. Além disso, existem dezenas de turbinas eólicas de pequeno porte
funcionando em locais isolados da rede convencional para aplicações diversas - bombeamento,
carregamento de baterias, telecomunicações e eletrificação rural.
Biomassa
A utilização de biomassa para a produção de energia elétrica tem vindo a aumentar ao longo dos
últimos dez anos. Na Europa, cerca de 2% do consumo total de energia elétrica provem da biomassa.
Até o ano 2020, a produção de energia elétrica através de biomassa assegurará 15% do total
consumido. Principalmente em áreas rurais a utilização da biomassa é, por vezes, a forma mais barata
de produzir eletricidade.
Atualmente, a maioria dos sistemas que estão a ser utilizados para a produção de energia
eléctrica a partir de biomassa têm baixa eficiência, como conseqüência das características do
combustível bem como da pequena dimensão das centrais de produção. No entanto, num futuro
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próximo, com as tecnologias que se vão descobrindo, prevê-se que a biomassa seja mais e melhor
aproveitada e em custos mais baixos. Os gaseificadores de biomassa são alguns métodos para a
obtenção de energia a partir da biomassa. Aquecem a biomassa num ambiente com pouco oxigénio até
que a biomassa se separe nos seus componentes químicos. Para isto é preciso o fornecimento de calor
de forma a permitir que as moléculas se separem. Dos vários sistemas que podem ser utilizados há três
que são considerados mais eficientes pela capacidade calorífica que conseguem produzir quando
utilizados com turbinas geradoras a gás. Estes gaseificadores são utilizados tanto em queima direta, em
que o ar ou oxigênio são alimentados diretamente ao gaseificador, como em queima indireta em que é
utilizado calor de uma fonte externa para gaseificar a biomassa.
Os gaseificadores de leito fixo e fluidizados parecem ser os indicados para sistemas de produção
de energia a partir de biomassa.
A demanda projetada de energia no mundo aumentará 1,7% ao ano, de 2000 a 2030, quando
alcançará 15,3 bilhões de toneladas equivalentes de petróleo (TEP, ou toe, na sigla internacional, em
inglês) por ano, de acordo com o cenário base traçado pelo Instituto Internacional de Economia (Mussa,
2003). Em condições sem alteração da matriz energética mundial, os combustíveis fósseis
responderiam por 90% do aumento projetado na demanda mundial, até 2030.
Entretanto, o esgotamento progressivo das reservas mundiais de petróleo é uma realidade cada
vez menos contestada. A Bristish Petroleum, em seu estudo “Revisão Estatística de Energia Mundial de
2004”, afirma que atualmente as reservas mundiais de petróleo durariam em torno de 41 anos, as de
gás natural, 67 anos, e as reservas brasileiras de petróleo, 18 anos.
A matriz energética mundial tem participação total de 80% de fontes de carbono fóssil, sendo 36%
de petróleo, 23% de carvão e 21% de gás natural (Tabela 1). O Brasil se destaca entre as economias
industrializadas pela elevada participação das fontes renováveis em sua matriz energética. Isso se
explica por alguns privilégios da natureza, como uma bacia hidrográfica contando com vários rios de
planalto, fundamental na produção de eletricidade (14%), e o fato de ser o maior país tropical do mundo,
um diferencial positivo para a produção de energia de biomassa (23%).
A Figura 1 apresenta a cotação do barril de petróleo, no período 1861 - 2005 (valores de 1/7 de
cada ano). Do gráfico é possível inferir, com clareza, que o período de 100 anos de petróleo barato
(cotação entre US$10-20/barril), que durou até 1970, está definitivamente superado. Por questões
conjunturais, eventualmente o preço spot poderá oscilar abaixo de US$60,00/barril, porém a tendência
de médio prazo é de valores crescentes. É perfeitamente razoável traçar cenários com o piso da
cotação em US$100,00 a partir do início da próxima década.
Nesse contexto, passa a ser fundamental a relação de preços entre matérias primas (petróleo,
etanol na usina, óleo vegetal). O break even, entre o preço do álcool e da gasolina (tributação exclusa)
oscila entre US$30 e US$35,00. Por ser uma tecnologia ainda imatura, a mesma relação é estimada em
torno de US$60,00 para biocombustíveis derivados de óleo vegetal (Figura 2).
26
Figura 2. Preço internacional do petróleo e eventos conexos.
Como a maioria dos cenários traçados para o preço internacional do petróleo prevê a continuidade
da escalada de preços, consolida-se o programa do etanol combustível e ficam criadas as condições
para alavancar o programa de biodiesel.
Entende-se que as condições comerciais estão delineadas, em forma estrutural, para a viabilização
da agroenergia enquanto componente de alta densidade do agronegócio. As pressões de cunho social
(emprego, renda, fluxos migratórios) e ambiental (mudanças climáticas, poluição) apenas reforçam e
consolidam essa postura, além de antecipar cronogramas.
Nesse particular, o mundo está cada vez mais temeroso dos impactos negativos dos combustíveis
fósseis sobre o clima. Consolidando de forma reducionista a percepção de autoridades e cientistas,
verifica-se que os extremos climáticos (secas, cheias, furacões, etc.) tornaram-se mais freqüentes e
mais severos. Assad et al. (2004) apresentaram modelos matemáticos, que projetam alterações
profundas na temperatura do planeta e desastrosas conseqüências para o agronegócio.
As alterações do clima acarretam modificações na incidência de pragas agrícolas, com sérias
conseqüências econômicas, sociais e ambientais. O cenário fitossanitário atual seria significativamente
alterado, expondo a vulnerabilidade da agropecuária a essas mudanças e a necessidade de
desenvolver estratégias adaptativas de longo prazo.
Embora não exista um estudo definitivo comparando a geração de emprego e renda e sua
distribuição, cotejando as cadeias de energia de carbono fóssil e de bioenergia, a experiência brasileira
e o senso comum indicam que é possível gerar 10-20 vezes mais empregos na agricultura de energia,
comparativamente à cadeia de petróleo – com a vantagem de que os empregos seriam gerados
internamente, auxiliando na solução de um dos mais sérios desafios brasileiros.
A produção agrícola desconcentra renda mais intensamente que a extração de petróleo ou gás,
podendo tornar o Brasil um paradigma mundial de como enfrentar três grandes desafios do século XXI,
com uma única política pública: através do incentivo à agricultura de energia, é possível enfrentar os
desafios da produção de energia sustentável, da proteção ambiental e da geração de emprego e renda,
com distribuição mais eqüitativa.
Além da temática ambiental, a questão sanitária também possui interface com a temática da
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agroenergia. O desenvolvimento de tecnologias para o tratamento e utilização dos resíduos é o grande
desafio para as regiões com alta concentração de suínos e aves. De um lado, existe a pressão pelo
aumento do número de animais em pequenas áreas de produção, e pelo aumento da produtividade e,
do outro, que esse aumento não provoque a destruição do meio ambiente e esteja de acordo com o
MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo).
Ressalta-se que a recente crise energética e a alta dos preços do petróleo têm determinado uma
procura por alternativas energéticas no meio rural (Lucas Junior, 1994). O processo de digestão
anaeróbica (biometanização) consiste de um complexo de cultura mista de microorganismos, capazes
de metabolizar materiais orgânicos complexos, tais como carboidratos, lipídios e proteínas para produzir
metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) e material celular (Lucas Junior, 1994; Santos,2001).
Projetando o médio prazo, é importante alinhavar os principais aspectos positivos e negativos das
principais fontes energéticas, para tornar mais transparente a percepção da evolução futura da matriz
energética e as reais possibilidades de participação de cada fonte no market share da energia (Tabela
2).
Tabela 2. Análise das principais fontes da matriz energética.
Combustível Aspectos Aspectos
positivos negativos
• Abundante, • Alta emissão
Carvão economicamente de gases de
acessível, uso efeito estufa
seguro • Necessita
• Fácil de portentosos
transportar e de investimentos
armazenar para
• Amplamente desenvolvimento
distribuído de tecnologias
que reduzam as
emissões de
gases de efeito
estufa (GEE) a
níveis aceitáveis
• Extração
perigosa
• Conveniente • Fortemente
Petróleo • Alta densidade poluidor da
energética atmosfera
• Fácil de • Preços voláteis
transportar e de • Concentração
armazenar geográfica das
28
• Co-evolução da jazidas
fonte energética • Produto
com os cartelizado e
equipamentos mercado
para seu uso manipulável
• Vulnerabilidade
de interrupção
de oferta e
instabilidade
geopolítica
• Riscos de
transporte e
armazenamento
• Reservas em
esgotamento
• Eficiente e • Produto
Gás conveniente emissor de
• Combustível gases de efeito
multiuso estufa
• Alta densidade • Transporte e
energética armazenamento
caro e arriscado
• Requer infra-
estrutura cara,
própria e
inflexível
• Volatilidade de
preços
• Jazidas
concentradas
geograficamente
• Produto
cartelizado e
mercado
manipulável
• Não há • Baixa
Energia emissões de aceitação da
Nuclear gases de efeito sociedade
estufa • Sem solução
29
• Poucas para eliminação
limitações de dos resíduos
recursos • Operação
• Alta densidade arriscada e
energética perigosa
• Muito intensivo
em capital
Energia • Baixas • Custos altos
Renovável emissões de • Fontes
gases de efeito intermitentes
estufa • Distribuição
•Sustentabilidade desigual
• Estágio
tecnológico
inferior às
demais fontes
em uso
Gestão energética
O imperativo da mudança climática exige nada menos do que uma Revolução Energética. No
cerne desta revolução está uma mudança no modo como usamos, distribuímos e consumimos energia.
Os cinco princípios-chave para essa mudança são:
• Implementar soluções renováveis, especialmente através de sistemas de energia descentralizados.
• Respeitar os limites naturais do meio ambiente.
• Eliminar gradualmente fontes de energia sujas e não sustentáveis.
• Promover a eqüidade na utilização dos recursos.
• Desvincular o crescimento econômico do consumo de combustíveis fósseis.
Sistemas descentralizados de energia, nos quais energia ou calor são produzidos próximos ao
destino final de uso, evitam o atual desperdício de energia durante a conversão e distribuição. A
descentralização é essencial para empreender a Revolução Energética, bem como para garantir o
fornecimento de energia para os dois bilhões de pessoas no mundo todo que hoje vivem sem acesso à
energia elétrica.
30
A revolução energética pode ser alcançada pela adesão a cinco princípios fundamentais:
1 implantar sistemas de energia limpa, soluções renováveis e descentralizadas
Não há falta de energia. Tudo o que deve ser feito é utilizar as tecnologias existentes para aproveitar a
energia de modo mais eficiente. Energias renováveis e medidas de eficiência energética estão
disponíveis, são viáveis e cada vez mais competitivas. Eólica, solar e outras tecnologias de energia
renovável obtiveram crescimentos de mercado na década passada. As mudanças climáticas são uma
realidade. O setor de energias renováveis também. Sistemas descentralizados e sustentáveis de
energia produzem menos emissões de carbono, são mais baratos e menos dependentes da importação
de combustíveis. Criam mais empregos e dão poder às comunidades locais. Sistemas descentralizados
são mais seguros e mais eficientes. Este é o objetivo da Revolução Energética.
2 respeitar os limites naturais
A sociedade precisa aprender a respeitar os limites da natureza. A atmosfera não tem capacidade de
absorver tanto carbono. A cada ano, as atividades humanas emitem o equivalente a cerca de 23 bilhões
de toneladas de carbono, literalmente saturando os céus. As reservas geológicas de carvão poderiam
fornecer combustível por mais algumas centenas de anos, mas queimar esse combustível significaria
ultrapassar os limites de segurança. O desenvolvimento da indústria de petróleo e de carvão precisa
chegar ao fim. Com o objetivo de evitar que o clima da Terra fique totalmente fora de controle, a maior
parte das reservas de combustíveis fósseis do mundo – carvão, petróleo e gás – devem permanecer no
solo.
3 eliminar gradualmente energias sujas e não sustentáveis
As usinas a carvão e nucleares devem ser gradualmente eliminadas e substituídas. Não se pode
continuar a construir usinas a carvão em um momento em que as emissões oferecem um perigo real à
manutenção da vida no planeta. Os incentivos às inúmeras ameaças nucleares também devem ser
banidos, já que o pretexto de que a energia nuclear pode, de algum modo, ajudar no combate às
mudanças climáticas não se sustenta. Não existe função para a energia nuclear na Revolução
Energética.
4 promover eqüidade e justiça
Considerando-se os limites naturais, deve-se buscar uma distribuição justa dos benefícios e dos custos
entre as sociedades, nações e gerações presente e futuras. Por um lado, um terço da população
mundial não tem acesso à eletricidade, enquanto a maioria dos países industrializados consome muito
mais do que a sua justa parte. Os efeitos das mudanças climáticas nas comunidades mais pobres são
agravados pela enorme desigualdade de distribuição da energia global. Um dos princípios básicos para
abordar as mudanças climáticas é o da igualdade e justiça, de modo que os benefícios dos serviços de
energia – como luz, aquecimento, eletricidade e transporte – sejam disponibilizados a todos. Somente
assim poderá ser alcançada uma real segurança energética, bem como as circunstâncias para o
genuíno conforto da humanidade.
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5 desvincular crescimento econômico do uso de combustíveis fósseis
Começando pelos países desenvolvidos, o crescimento econômico deve ser totalmente desvinculado
dos combustíveis fósseis. É uma falácia sugerir que o crescimento econômico deva ser atrelado ao
aumento da queima de petróleo ou carvão.
Resumindo:
• É necessário usar a energia produzida de modo muito mais eficiente.
• É necessário fazer uma transição ágil para as energias renováveis de modo a proporcionar um
crescimento limpo e sustentável.
ENERGIA ELÉTRICA
Nº da Lei Ementa Situação
10.848 de 15/03/2004
Dispõe sobre a comercialização de energia elétrica Em Vigor
Durante o século XX o crescimento da população foi muito superior aos séculos passados. Como
conseqüência a exigência de energia, água e solo aumentou drasticamente durante este último milênio,
especialmente durante as últimas décadas. O solo, necessário para a produção alimentar e madeireira,
bem como habitat das espécies, foi cada vez mais explorado.
Neste contexto, um investigador americano reviu recentemente a literatura existente sobre estudo do
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solo para destacar o potencial da sua gestão sustentável de modo a combater os problemas ambientais
levantados por um uso cada vez maior deste recurso natural.
O autor classificou os resultados da pesquisa científica segundo vários temas:
- Solo e segurança alimentar: já que o solo é um recurso necessário à agricultura, os investigadores
destacaram que é crucial desenvolver e validar métodos inovadores de cultivo.
- Solo e produção biodiesel: como a parte da tentativa atual de alcançar emissões de carbono mais
baixas no mundo inteiro, o uso de biodiesel aparece como uma das soluções de reduzir emissões CO2.
Contudo, a pesquisa mostrou que os métodos de produção bioetanol são bastante ineficientes e o
retorno do investimento é bastante baixo. Conseqüentemente, o autor sugere que, no campo do
biodiesel, as decisões devam ser baseadas no uso sustentável dos recursos naturais.
- Solo e aterros sanitários: o solo também é usado como local de deposição de lixo. A produção de
resíduos sólidos duplicou a nível mundial desde os anos 70, o investigador destaca que a escolha dos
futuros aterros sanitários deve ser cuidadosamente analisada. Além do mais, os investigadores têm de
desempenhar um papel na identificação dos locais com características apropriadas para este tipo de
infra-estruturas, nomeadamente no que diz respeito a minimizar os riscos de infiltrações. Deverá,
também, ser dada uma atenção particular a aterros destinados a resíduos industriais e a resíduos
nucleares.
- Solo e seqüestro de carbono: o solo atua como um sumidouro de carbono. O conteúdo de carbono no
solo pode ser aumentado restaurando solos degradados e sujeitos a desflorestação. O autor sugere que
seja criado um sistema de comércio de licenças de carbono no solo, à semelhança do que já existe para
o carbono atmosférico, permitindo aumentar os investimentos na melhora de solo.
- Solo e recursos aqüíferos: há grande competição por recursos hídricos entre o setor agrícola, a
indústria e os consumidores domésticos. O autor do estudo sugere que a gestão sustentável do solo
necessita de uma agricultura sustentável, que deve incluir a maximização da produtividade por unidade
de área, energia, água e entrada de fertilizantes. Usando a nanotecnologia, a biotecnologia e a
tecnologia de informação como formas de promoção da segurança alimentar e do uso sustentável dos
recursos naturais.
Além de nos sustentar e ser onde construímos nossas casas, o solo, por meio da agricultura,
fornece a maior parte do alimento que consumimos. Para garantir a produção constante de alimentos, o
ser humano passou a investir na agricultura. Construir armazéns para guardar o estoque de alimentos,
desenvolver máquinas para facilitar seu trabalho, como tratores e arados; criar mecanismos de
drenagem e irrigação pra controlar a quantidade de água e até mesmo escolher espécies mais
resistentes ao ataque de organismos considerados pragas como insetos, fungos, bactérias ou vírus.
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IRRIGAÇÃO DRENAGEM ADUBAÇÃO ARAÇÃO
Serve para molhar Utilizada para retirar o Importante para Realizada para revolver a terra
os solos secos excesso de água dos enriquecer os solos facilitando a circulação do ar, da
tornando-os bons terrenos muito úmidos. pobres com nutrientes. água e nutrientes. Realizada em
para o plantio, Costuma-se abrir valas, Podem ser usados: solos compactos, que dificultam
através de tubos fazer aterros ou plantar calcário, húmus e esterco, a passagem do ar. No entanto, o
ou canais. vegetais que absorvem adubos ou fertilizantes uso exagerado desta técnica
muita água, como o químicos. pode também levar à erosão.
eucalipto.
No entanto, deve-se considerar que o solo não é importante somente para a produção de
alimentos, mas também, que exerce uma multiplicidade de funções, como a regulação da distribuição,
escoamento e infiltração da água da chuva e de irrigação; armazenamento e ciclagem de nutrientes
para as plantas e outros elementos além de ação filtradora e protetora da qualidade do ar e da água.
Como recurso natural dinâmico, o solo é passível de ser degradado em função do uso
inadequado pelo homem. Condição em que o desempenho de suas funções básicas fica severamente
prejudicado, acarretando interferências negativas no equilíbrio ambiental, diminuindo drasticamente a
qualidade de vida nos ecossistemas, principalmente naqueles que sofrem mais diretamente a
interferência humana como os sistemas agrícolas e urbanos.
A seguir, vamos listar algumas práticas agrícolas e atividades de exploração comuns em quase todo o
país que têm provocado prejuízos ao solo.
Monocultura
Desmatamento
Queimada
Extrativismo
Extração de areia.
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Uso de fertilizantes
Uso de pesticidas
A degradação ambiental no Brasil atinge níveis críticos e impõe elevados custos à sociedade. A grande
perda de solos agricultáveis através da erosão e redução da capacidade produtiva do solo, o
assoreamento dos cursos de água e represas e, conseqüentemente, o empobrecimento do produtor
rural, com reflexos negativos para a economia nacional são exemplos deste ônus. Portanto, as ações
voltadas para o racional uso e manejo dos recursos naturais, principalmente o solo, a água e a
biodiversidade visam promover uma agricultura sustentável, aumentar a oferta de alimentos e melhorar
os níveis de emprego e renda no meio rural.
A agricultura sustentável é vista como a melhor prática de conservação e manejo dos solos. Os
objetivos de uma agricultura sustentável envolvem o desenvolvimento de sistemas agrícolas que sejam
produtivos, conservem os recursos naturais, protejam o ambiente e melhorem as condições de saúde e
segurança a longo prazo. Neste sentido, as práticas culturais e de manejo, como a rotação de culturas, o
plantio direto, e o manejo conservacionista do solo, são muito aceitáveis, uma vez que, além de
controlarem a erosão do solo e as perdas de nutrientes, mantêm e/ou melhoram a produtividade do solo.