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INSTITUTO SUPERIOR EVANGÉLICO DO LUBANGO

Departamento da Saúde
Licenciatura em Enfermagem Geral

PSICOLOGIA SOCIAL
Prof. Valdemiro de Jesus Alfredo
Lubango, Angola
UNIDADE 2: PROCESSO DE
SOCIALIZAÇÃO
1. CONCEITO DE SOCIALIZAÇÃO

Designamos por socialização o processo de


integração do indivíduo numa determinada
sociedade. É através da socialização que o sujeito
apreende e assimila comportamentos, regras,
normas, valores, rituais, formas de estar, de
comunicar e de se relacionar com os outros.
A socialização é um processo contínuo que decorre
ao longo de toda vida e termina quando o indivíduo
morre, é um processo presente em todas as
sociedades humanas, um processo dinâmico,
interactivo e permanente de integração social.
TIPOS DE SOCIALIZAÇÃO

Geralmente faz-se uma distinção entre


socialização primária e socialização secundária.
Por socialização primária designa-se a que
ocorre fundamentalmente durante a infância. É
neste período que a criança aprende com os
outros, seguindo os modelos sociais, os hábitos
alimentares, de higiene, as regras de linguagem,
de relacionamento, isto é, o conjunto de
comportamentos socialmente aceites e
considerados indispensáveis à vida em sociedade.
TIPOS DE SOCIALIZAÇÃO

A socialização secundária compreende o


processo de integração do indivíduo nas situações
sociais específicas que vão ocorrendo ao longo da
sua vida: quando inicia ou muda de profissão,
quando se casa ou se divorcia, quando tem um
filho, quando ingressa num grupo cultural ou
desportivo, quando se inscreve num sindicato ou
partido político, etc. Em todas estas situações a
pessoa tem que adoptar novos papéis, novos
modos de agir, interiorizar normas e modelos,
enfim, socializar-se.
TIPOS DE SOCIALIZAÇÃO

Segundo determinados autores; a socialização


primária assegura os “saberes de base”,
enquanto a secundária corresponde à
aquisição dos “saberes especializados” não
tendo esta última portanto o carácter de
generalidade que caracteriza a primeira.
AGENTES DA SOCIALIZAÇÃO

A socialização envolve um processo de


aprendizagem que se realiza ao longo da
vida através de vários agentes como a
família, a escola, o grupo de pares, os meios
de comunicação social, as organizações
religiosas, os partidos políticos, isto é, todas
as instituições sociais.
AGENTES DA SOCIALIZAÇÃO
É no grupo que nasce – a família – que
decorre o processo inicial de integração
social: a criança aprende os horários
alimentares, os gostos, hábitos de higiene e
outros, a linguagem, os valores, as atitudes,
as normas de comportamento. O processo de
socialização obriga a que acriança adapte os
seus comportamentos biologicamente
determinados às práticas culturais do grupo
social a que pertence.
AGENTES DA SOCIALIZAÇÃO
Os valores, as atitudes, os conhecimentos
adquiridos no seio da família visam tornar o
indivíduo apto a responder de forma
adequada a diferentes situações sociais. Por
tudo isto a família é o agente prioritário da
socialização.
AGENTES DA SOCIALIZAÇÃO
Na sociedade é cada vez mais importante o
papel das creches e dos jardins-de-infância
como agentes de socialização. É nesse
espaços que a criança exercita desde logo
comportamentos e hábitos de trabalho.
AGENTES DA SOCIALIZAÇÃO
A escola é a instituição que transmite os
conhecimentos científicos e técnicos que irão
permitir ao indivíduo exercer um papel no
aparelho produtivo. Contudo, a escola tem
uma outra função essencial: veicular as
normas sociais, as noções éticas básicas, os
ideias da sociedade. Será todo este conjunto
de aquisições que irá facilitar a inserção
social do indivíduo.
AGENTES DA SOCIALIZAÇÃO
É nos grupos de pares, isto é, grupos de
pessoas de idade aproximada, que se
desenvolvem relações de solidariedade e
cooperação e se adquirem sentimentos de
reciprocidade e também de autonomia,
interdependência e identidade social.
AGENTES DA SOCIALIZAÇÃO
Os conflitos que decorrem durante as
brincadeiras ou trabalhos darão à criança a
consciência da existência dos outros, que lhe
manifestam os seus interesses e desejos
próprios.
Na adolescência, por sua vez, o grupo de
pares vai ter um papel fundamental no
processo de socialização e de construção da
identidade social.
AGENTES DA SOCIALIZAÇÃO

Os meios de comunicação social –


televisão, cinema, revistas e jornais –
tornaram-se, na sociedade contemporânea,
importantes agentes de socialização. A
televisão assume um papel particularmente
importante: os filmes, as telenovelas, a
publicidade veiculam modelos de
comportamento, posteriormente imitados e
reproduzidos.
AGENTES DA SOCIALIZAÇÃO
Outras instituições como as igrejas, as
empresas, os partidos políticos, os
sindicatos e o exército intervêm também no
processo de socialização.
OS GRUPOS SOCIAIS

Podemos dizer que um grupo é uma unidade social,


é um conjunto de indivíduos, mais ou menos
estruturados, com objectivos e interesses comuns
cujos elementos estabelecem entre si relações, isto
é, interagem.
OS GRUPOS SOCIAIS

Assim, um conjunto de pessoas constituem um grupo


quando estas:

 Interagem com frequência;


 Partilham de normas e valores comuns;
 Participam de um sistema de papéis;
 Cooperam para atingir determinado objectivo;
 Reconhecem e são reconhecidas pelos outros
como pertencemos ao grupo.
OS GRUPOS
A psicologia social vai procurar conhecer e
caracterizar o comportamento das pessoas
enquanto membros de um grupo. A
complexidade da questão reside no facto de, no
interior dos grupos, se desenvolverem múltiplas
interacções. Além disso, uma mesma pessoa
pode pertencer a vários grupos.
TIPOS DE GRUPOS
Podemos distinguir geralmente dois tipos de grupos: os
grupos primários e os grupos secundários, que se
diferenciam fundamentalmente pelo tipo de
relacionamento.
Os grupos primários são grupos de pequenas
dimensões, caracterizados fundamentalmente por
motivações afectivas. A comunicação é directa, face a
face. As relações são muito frequentes, caracterizando-
se pela informalidade e espontaneidade.
Ex.: família, grupo de amigos, turma, grupo de vizinhos...
TIPOS DE GRUPOS
Nos grupos secundários, geralmente
formados por um maior número de elementos
que os grupos primários, a comunicação e as
relações que se estabelecem não são
directas. O relacionamento está marcado pela
formalidade e impessoalidade e determinado
pelos papéis desempenhados:
Ex.: empresas, sindicatos, partidos políticos,
associações recreativas, etc.
LIDERANÇA
Podemos, com Hersey e Blaulhand, definir
liderança como o “ processo de exercer influências
sobre um indivíduo ou grupo de indivíduos, nos
esforços para a realização de objectivos em
determinada situação.”

Estilos de liderança
Vamos analisar então os três tipos de líder
propostos por Kurt Lewin: líder autoritário, líder
permissivo e líder democrático.
LIDERANÇA
Líder Autoritário
No estilo de liderança autoritária ou autocrática o
líder toma decisões sem consultar o grupo. Além de
fixar as tarefas de cada um, determina também o
modo de as concretizar. Não há espaço para a
iniciativa pessoal, sendo este tipo de liderança
gerador de conflitos, de atitudes de agressividade,
de frustração, de submissão e desinteresse, entre
outras. A produtividade é elevada, mas a realização
das tarefas não é acompanhada de satisfação.
LIDERANÇA
Líder Permissivo
No estilo de liderança permissiva, o líder funciona
como elemento do grupo e só intervém se for
solicitado. É o grupo que levanta os problemas,
discute as soluções e decide. O líder não intervém
na divisão de tarefas, limitando-se a sua actividade a
fornecer informações, se a sua intervenção for
requerida. Nos grupos como este tipo de líder,
quando o grupo não tem capacidade de auto-
organização, podem surgir frequentes discussões,
com um desempenho das tarefas pouco satisfatório.
LIDERANÇA
Líder Democrático
No tipo de liderança democrático, o grupo participa
na discussão da programação do trabalho, na
divisão das tarefas, sendo as decisões tomadas
colectivamente. O líder assume uma atitude de
apoio, integrando-se no grupo, sugerindo
alternativas sem, contudo, as impor. Procura ser
objectivo nas apreciações que faz do desempenho
dos elementos do grupo e reenvia-lhe sínteses dos
processos desenvolvidos.
LIDERANÇA
Líder Democrático
Um bom líder democrático é aquele que é capaz de
sentir o que se está a passar no grupo sendo capaz
de tomar as atitudes adequadas para ajudar o grupo
a ultrapassar os seus problemas. A produtividade é
boa mas, sobretudo, constata-se uma maior
satisfação e criatividade no desempenho das
tarefas, uma maior intervenção pessoal, bem como
o desenvolvimento da solidariedade entre os
participantes.
INFLUÊNCIA DO GRUPO
A influência é uma dimensão da interacção que se
estabelece no interior do grupo pelo facto de se
estar junto do outro. A interacção implica que os
sujeitos ajam uns sobre os outros. Os indivíduos
modelam o seu comportamento segundo as normas
e os valores dos grupos a que pertencem: na
família, na escola, no grupo de trabalho, nos grupos
de lazer... É grupos que se realizam as
aprendizagens, é nos grupos que emergem os
modelos e se exercitam os papéis sociais.
INFLUÊNCIA DO GRUPO
• Conformismo e Inconformismo
• Por conformismo entende-se o processo que leva
um indivíduo a modificar o seu comportamento, as
suas atitudes, por influência ou pressão do grupo.
Mesmo face a tarefas claras e inequívocas, os
indivíduos tendem a conformar-se com a norma do
grupo.
• O inconformismo designa a atitude de não seguir
o que está socialmente estabelecido, não
corresponder às expectativas dos outros. Se o
indivíduo não cumpre com as normas prescritas
para o seu papel, pode sofrer sanções negativas,
que podem ir da crítica à punição formal ou mesmo
até à marginalização.
OS ESTATUTOS E OS PAPÉIS SOCIAIS

Estatuto Social

Cada um de nós ocupa uma posição nos


diferentes grupos sociais a que pertence. É o
conjunto das posições sociais que vai determinar
o estatuto, isto é, a posição que o indivíduo ocupa
num grupo, na hierarquia social. O estatuto
permite esperar um conjunto de comportamentos
por parte dos outros.
Ora, o indivíduo tem tantos estatutos quantos os
grupos sociais a que pertence. O esquema que se
segue reflecte esta situação.
OS ESTATUTOS E OS PAPÉIS SOCIAIS

Estatuto Adquirido e Atribuído


Estabelece-se geralmente uma distinção entre os
estatutos adquiridos e os atribuídos ou prescritos.
Designa-se por estatuto adquirido aqueles que a
pessoa possui tendo contribuído para a sua
obtenção. No exemplo apresentado, as
capacidades, aptidões, personalidade e vontade da
pessoa contribuíram para aquisição do estatuto de
professora. Contudo, convém não esquecer que o
nível de instrução da família a que pertence, bem
como a sua classe social facilitam ou dificultam a
sua aquisição de estatutos socialmente mais
valorizados.
OS ESTATUTOS E OS PAPÉIS SOCIAIS

Estatuto Adquirido e Atribuído

Para além disso, a pessoa possui estatutos


atribuídos ou prescritos, isto é o conjunto de
estatutos que o indivíduos tem sem nada ter feito
para adquirir. A idade, etnia e o género sexual são
exemplos de estatutos atribuídos que escapam,
portanto, ao controlo do indivíduo.
PAPEL SOCIAL
A cada estatuto corresponde um papel social.
O papel é o conjunto de comportamentos
esperados de um indivíduo com um
determinado estatuto. A posição que uma
pessoa ocupa num grupo, numa organização,
esperamos que ela se comporta de
determinada maneira, segundo os modelos
sociais.
Por exemplo, podemos representar
graficamente o papel social da professora.
PAPEL SOCIAL
O desempenho do papel é avaliado de acordo
com as expectativas, atitudes, crenças e
representações sociais relativas à noção
deste papel. Todavia a personalidade da
pessoa não é anulada no desempenho do
papel: cada um modifica-o e adapta-o dentro
de uma determinada margem.
Esquematizando:

Conjunto de comportamentos que um


Estatuto indivíduo espera de parte de outros tendo em
conta a sua posição no grupo.
Conjunto de comportamentos que outros
Papel esperam do indivíduo tendo em conta a sua
posição no grupo.
CONFLITOS

Cada pessoa desempenha simultaneamente vários


papéis, o que pode gerar conflitos. Em determinadas
situações e momentos, podem não ser possíveis
comportamentos compatíveis entre dois ou mais
papéis. Cria-se, neste caso, um conflito interpapéis:
a satisfação das expectativas relativas a um papel
implica a incapacidade de responder às expectativas
do outro. Por exemplo, um indivíduo pode pertencer
a um grupo religioso que interdite os seus membros
de usar armas e ser obrigado, por lei, a incorporar-se
no exército.
FIM DA IIª UNIDADE

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