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Copyright © UNIASSELVI 2014

Elaboração:
Prof. Profª Mônica Conzatti

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

370.733
C882o Conzatti, Mônica
Organização do Trabalho Educativo em Ambiente
não Escolar / Mônica Constate. Indaial: Uniasselvi, 2014.

259 p.
ISBN 978-85-7830-852-0

1. Prática de Ensino. 2. Pedagogia. I. Centro


Universitário Leonardo da Vinci.
UNIDADE 1
TÓPICO 3

A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

1 INTRODUÇÃO
Prezado(a) acadêmico(a)! Nesta nova fase de estudos, apresentaremos
alguns conceitos pertinentes à formação de sua identidade, além da influência
que os diversos grupos que fazem parte da sua vida, contribuindo também com
a formação de sua identidade enquanto pedagogo. Além disso, abordaremos
o papel do professor na pós-modernidade e os avanços da pedagogia neste
movimento, enfocando principalmente a postura do educador.

2 TODOS POR UM: O GRUPO NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE

Que tal iniciarmos os estudos de uma maneira diferente? Para isto o(a)
convidamos para um desafio: em posse de um papel e lápis, pare por um minuto e
liste todos os grupos dos quais fez ou faz parte. Dos grupos que você listou, pense
agora: qual é a principal razão de fazer parte deles? Certamente você terá mais
claro os motivos que o(a) impulsionaram a participar de alguns grupos e talvez
ficará em dúvida quanto à sua participação em outros, mas não se preocupe,
pois no decorrer desta exposição vamos procurar juntos, as respostas para estas
perguntas.

Para que possamos compreender melhor estas questões, precisamos


inicialmente nos remeter à infância. Toda criança que vem ao mundo adentra
a um cenário pronto, ou seja, construído e organizado anteriormente ao seu
nascimento que farão parte da vida e, consequentemente, das relações sociais
desta criança.

Bock (1995) salienta que essas relações sociais ocorrem num primeiro
momento na família, que é responsável por orientar a criança a fim de prepará-la
para a ampliação do círculo de relações. Ao longo da vida do indivíduo, acontecerá
a internalização da realidade e sua formação psíquica, que são construídos a
partir de suas experiências de vida em um processo contínuo.

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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS

FIGURA 18 – FAMÍLIA

FONTE: Disponível em: <http://pastorsantos.no.comunidades.net/index.


php?pagina=1135855144>. Acesso em: 15 nov. 2012.

A história de vida de cada um é construída mediante o convívio com os


vários grupos sociais e como esses agem sobre nós. Por exemplo: na escola, a
criança desenvolve várias habilidades, mas poderá apresentar maior desenvoltura
em uma determinada área, destacando-se entre os demais, e com isso terá mais
afinidade com as pessoas que demonstram a mesma habilidade.

Bock (1995) destaca que o grupo social supõe um conjunto de pessoas


relacionando-se mutuamente e de forma organizada, tendo por finalidade atingir
um objetivo a curto ou longo prazo.

Podemos exemplificar este conceito tendo por objetivo imediato (curto


prazo) a elaboração de um projeto social, e a longo prazo, alcançar ampliação do
laboratório de informática de uma escola que será aberta para a comunidade. Para
que os objetivos sejam alcançados, a execução do projeto deverá estar centrado
na distribuição das tarefas, no relacionamento entre as pessoas, na comunicação
entre todos que fazem parte do grupo e no desenvolvimento dos que dele fazem
parte, em prol do alcance do objetivo.

Quando falamos na importância das ações do grupo ao alcance do objetivo,


estamos nos referindo ao processo grupal, no qual Bock (1995, p. 207) define como:

[...] uma rede de relações que pode caracterizar-se por relações


equilibradas de poder entre os participantes ou pela presença de uma
figura ou subgrupo que detém o poder e determina as obrigações e
normas que regulam a vida grupal. As relações de poder no grupo
determinam ou influenciam o grau de participação dos membros nas
decisões grupais, o processo de comunicação interno, o sistema de
normas e punições e suas aplicações.

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TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

Cada grupo tem sua própria história, bem como um sistema de controle
próprio para lidar com seus membros, ou seja, quando alguns deles fogem às
regras instituídas, cabe aos demais estabelecer quais medidas serão aplicadas
a fim de controlar o comportamento dos mesmos. Para que um grupo trabalhe
em harmonia, a cooperação é um fator muito importante pois traz vitalidade à
equipe, e por isso favorece a resolução de conflitos em relação a valores e regras,
entre outros aspectos da vida grupal.

Outro movimento que integra a relação nos grupos são os conflitos, pois os
mesmos consistem em situações que perturbam a ação ou a tomada de decisões,
devido à diversidade de opiniões e crenças dos membros do grupo, porém faz-
se necessário pensar que os conflitos nos momentos de hostilidade, podem ser
caracterizados como crescimento para um grupo que saiba tirar proveito disso.

Ao refletirmos sobre a diversidade, consideramos que o indivíduo faz parte


de diversos grupos como, por exemplo, na igreja, na família, no voluntariado,
no trabalho, entre outros, sendo que o mesmo também acontece, também ocorre
com cada um dos demais participantes e todos trazem consigo as experiências
vivenciadas nos demais grupos dos quais fazem ou fizeram parte.

Bock (1995, p. 208) ressalta que:

Considerar o processo de desenvolvimento grupal significa,


também, que o grupo pode propiciar a seus participantes condições
de desenvolvimento e crescimento pessoal. Ninguém sai de um
grupo igual a quando entrou nele. Participar de um grupo significa
partilhar pontos de vista, representações, crenças, informações,
emoções, desenvolver habilidades, aprender a desempenhar papéis
de estudante, de filho, de profissional etc.

Partilhando suas vivências com o grupo, o indivíduo traz à tona o que


realmente é, ou seja, o que ele pensa, age, e sente, podendo assim influenciar o
grupo de alguma maneira. Assim como influencia também é influenciado pelo
grupo. Em ambos os casos, algumas atitudes ou crenças podem ou não ser aceitas,
mesmo sendo produto da história de vida de seus envolvidos. Neste momento,
estamos falando do processo de socialização.

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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS

FIGURA 19 – GRUPO DE ADOLESCENTES

FONTE: Disponível em: <http://sociologiamelhormateria.blogspot.com.


br/2011/03/tipos-de-agregados-sociais.html>. Acesso em: 15 nov. 2012.

Conforme Bock (1995), a socialização é o processo no qual ocorre a


internalização do mundo social, com suas normas, valores, modos de representar
os objetos e situações que compõe a realidade objetiva; fazendo parte também
do processo de constituição de uma realidade subjetiva, formada a partir das
primeiras relações do indivíduo com o meio social.

É importante destacar que a questão específica que aborda o “que e como” o


indivíduo aprenderá vai depender de que grupo ele faz parte, mediante condições
peculiares como a classe social e cultural resultando em aprendizados diversificados.

Bock (1995) nos chama a atenção para dois processos distintos no que
tange à socialização, são eles:

a) Socialização primária: ocorre a partir do momento em que são passados


à criança os valores referentes às situações vividas pela sua família ou seu
substituto, podendo ser a creche ou o orfanato.

FIGURA 20 – VALORES

FONTE: Disponível em: <http://meustrabalhospedagogicos.blogspot.com.


br/2008/02/abordagens-dos-temas-transversais.html>. Acesso em: 21 nov. 2012.

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TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

b) Socialização secundária: nesta fase, os grupos levados em consideração, são


todos aqueles que vão fazer parte da vida do indivíduo ao longo dos anos, ou
seja, essa socialização irá ocorrer na escola, no grupo de amigos (especialmente
na adolescência, que se torna referência em comportamento, hábitos e valores,
principalmente quando tratar do enfrentamento com o adulto) e adiante no
grupo de trabalho.

Constantemente fazemos parte de algum grupo social, independentemente


da idade, pois a socialização não deixará de fazer parte da vida, mesmo quando um
adolescente torna-se adulto, já que se trata de um processo ininterrupto. Porém,
com a maturidade, as relações passam por mudanças e, consequentemente, o
indivíduo vai interferindo no seu próprio processo de construção subjetiva,
transformando-a. Desta forma, quando o indivíduo passa a transformar, produzir
e interagir no meio que o cerca e, principalmente, em si próprio, ocorre a formação
da identidade.

Acadêmico(a)! Quando alguém o(a) aborda e pede a sua identidade,


certamente você providencia seu documento em que consta uma série de
informações que o diferencia das demais pessoas de um mesmo ambiente.

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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS

FIGURA 21 – CARTEIRA DE IDENTIDADE

FONTE: Disponível em: <http://aevangelista.wordpress.com/2010/03/15/


nossa-identidade/>. Acesso em: 15 nov. 2012.

Porém, o conceito de identidade vai muito além de um documento,


estamos nos referindo a uma apropriação do indivíduo em si mesmo ou a um
autorreconhecimento. Bock (1995, p. 213) bem coloca:
[...] o reconhecimento do eu se dá no momento em que aprendemos
a nos diferenciar do outro. Eu passo a ser alguém quando descubro
o outro e a falta desse reconhecimento do outro não permitiria que
eu soubesse quem sou eu, na medida em que não teria elementos de
comparação que permitissem que o meu eu se destacasse dos outros
eus. Desta forma, podemos dizer que a identidade, o igual a si mesmo,
depende da sua diferenciação em relação ao outro, o que faz da
categoria uma função de interação entre o indivíduo e sua cultura.

A construção da identidade é algo permanente na vida do indivíduo, por


meio de seus sonhos, desejos, anseios, personalidade etc. Outro fator importante
de constituição da identidade é a atividade. Bock (1995) nos expõe que a atividade
constrói a identidade, sendo que o fato de estarmos inseridos nas organizações
torna nossa ação fragmentada.

Para melhor compreender esta afirmação, é preciso perceber que,


dependendo de onde estamos e com quem estamos, desenvolvemos atividades
e ocupamos lugares diferentes. Por exemplo, neste momento você está no lugar
de estudante, a leitura é pertinente aos seus estudos; diante dos seus colegas
de turma, você é visto como um bom estudante, pois é responsável, e tem boas
notas. Já para seus amigos mais íntimos, talvez você seja o extrovertido, que está
sempre alegre contando histórias, ou seja, como pode perceber houve uma troca
de lugares e assim o “bom aluno” foi substituído pelo “amigo extrovertido”.

Bock (1995, p. 216) ressalta:

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TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

A identidade é sempre uma identidade pressuposta, mas ao mesmo


tempo tal pressuposição é negada pela atividade, já que ao fazer eu
me transformo o que faz da identidade um processo em permanente
movimento.

É nesta movimentação que nos identificamos, fazendo parte de vários


grupos durante nossa vida. Nesta conjuntura e tomando como base a sua escolha
pelo Curso de Pedagogia, acadêmico(a), você amplia sua rede de relações e coloca
em movimento sua identidade pessoal, para assim construir sua identidade
profissional enquanto pedagogo, que passará a conhecer melhor a partir de agora.

3 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO PEDAGOGO


Vimos que uma das formas de constituição da identidade é a atividade,
ou seja, durante nossa vida desempenhamos várias funções nos grupos dos quais
fazemos parte e isso nos posiciona diante das pessoas.

A escolha profissional é um momento de muitas dúvidas para determinadas


pessoas, considerando que algumas deixam o curso superior para mais tarde, a
fim de adquirirem maturidade.

Acadêmico(a), pare por um momento e pense como foi a sua escolha


pela Pedagogia: foi espelhada em alguém que admirava? Foi o testemunho de
algum pedagogo que o inspirou? Escolheu por que gosta de crianças? Reflita
sobre suas respostas e considere toda a sua caminhada até aqui. Dentre tudo que,
provavelmente, você imaginou antes de envolver-se diretamente com a pedagogia,
o “ser pedagogo” bem como o papel a desempenhar, deve estar mais claro.

Conforme o site Brasil Profissões (2010), o pedagogo é um profissional


especialista em educação, cuja função é produzir e difundir conhecimento no
campo educacional, no qual deve ser capaz de atuar em diversas áreas educativas
e compreender a educação como fenômeno cultural, social e psíquico.

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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS

FIGURA 22 – ESTUDANTE DE PEDAGOGIA

FONTE: Disponível em: <http://saojosedoscampos.olx.com.br/sou-estudante-


de-pedagogia-procuro-um-trabalho-de-baba-iid-116250137>. Acesso em: 21
nov. 2012.

O site ainda sustenta que algumas das características necessárias para


ser pedagogo englobam a capacidade de planejamento e execução de planos,
dinamismo, boa comunicação facilidade em transmitir ideias; criatividade
e competência no enfrentamento dos problemas do cotidiano, assim como
flexibilidade, tolerância e atenção à diversidade cultural da sociedade, também
são atributos exigidos para o exercício da pedagogia.

A partir disso, podemos afirmar que a educação sente diretamente as


mudanças provocadas pelas constantes transformações que ocorrem devido à
globalização, exigindo dos educadores novas posturas, dinâmicas e abordagens
objetivando o preparo dos alunos para que num futuro desenvolvam suas
atividades como profissionais competentes, hábeis e polivalentes, cabendo
também ao educador transmitir os conceitos necessários para que este aluno
entenda e pratique a cidadania em conformidade com a ética e todas as implicações
que a mesma confere.

Conforme Soares (2006) faz-se necessário dominar conhecimentos, para


que seja possível garantir a eficiência e eficácia da ação em prol do resultado,
sendo pertinente buscar formação teórica a fim de se unir aos saberes práticos.

Estes saberes necessitam estar ligados e sustentados no desempenho


do ofício docente desempenhado pelo Pedagogo na construção do processo
educacional, levando a uma reflexão no que tange aos conceitos de identidade
profissional, saberes, competência, valores, crenças e culturas, princípios estes
que contribuem para a caracterização do perfil do pedagogo.

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TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

Diante do exposto, este profissional deve ter clareza do seu papel, pois
sua função faz com que ele experimente constantemente novas possibilidades de
pensar, agir e compreender seu atuar na sociedade, por fazer parte da construção
da história, juntamente com vários outros atores sociais que buscam a mudança
e consequentemente a transformação do meio que os cerca em um espaço mais
humano, mediante ações competentes e participativas. Para que o pedagogo
tenha êxito nesta jornada, faz-se necessário a aquisição de alguns saberes que
fundamentem o seu fazer pedagógico. Tardif (2001) os compreende como:

• Saberes da formação profissional: são transmitidos pelas instituições


responsáveis pela formação (escolas normais ou universidades). O professor
e o ensino constituem objeto de saber para as ciências e para as ciências da
educação.
• Saberes pedagógicos: caracterizam-se como doutrinas ou concepções
provenientes de reflexos da prática educativa no seu mais amplo sentido, no
qual orientam a prática educativa.
• Saberes curriculares: fazem parte deste os objetivos, conteúdos e métodos a
partir dos quais a constituição escolar categoriza e apresenta os saberes sociais.
• Saberes experienciais ou práticos: estes compreendem os saberes produzidos
pelos professores no exercício da função diária e no conhecimento de seu meio,
ou seja, são os saberes validados a partir da experiência.

FIGURA 23 – PEDAGOGO

FONTE: Disponível em: <http://www.trajetoconsultoria.com.br/


acerteorumo/?cat=66>. Acesso em: 21 nov. 2012.

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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS

Todos estes saberes constituem a identidade do pedagogo, diante das


relações que são estabelecidas com os alunos e demais pessoas que fazem parte
daquela realidade. Para a construção deste processo, o profissional deve ter claro
que a formação teórica é algo essencial para o desenvolvimento de suas atividades,
nos quais a ciência, arte e filosofia, fazem parte do trabalho. Conforme Rios (2003),
as ações dos docentes abrangem dimensões importantes, sendo:

• Dimensão técnica: consiste na capacidade em lidar com os conteúdos conceitos e


comportamentos, articulando-os com os alunos em um processo de construção
e reconstrução.
• Dimensões estéticas: diz respeito à presença da sensibilidade e sua orientação
numa perspectiva criadora.
• Dimensão política: refere-se à participação na construção da sociedade bem
como na reivindicação dos direitos e exercício dos deveres.
• Dimensão ética: trata-se do respeito à orientação da ação, tendo como base o
respeito e a solidariedade, na direção de um bem coletivo.

Diante do exposto, a constituição da identidade do pedagogo parte de saberes


teóricos e práticos, para a construção de um trabalho autônomo e competente, na
superação dos obstáculos e desafios que surgem em seu cotidiano escolar.

De acordo com Soares (2006), os dilemas e conflitos enfrentados


diariamente em sua prática o fortalecem nas suas crenças, potencializa suas ações
e compromisso ético, agregando crenças, valores e culturas, traçando assim um
perfil identitário para esse profissional.

Ao desempenhar sua função, o pedagogo contribui diretamente na


construção do ser humano, investindo em sua dedicação e compromisso, para
que o próximo tenha a oportunidade de exercer e ter o seu direito como cidadão
a qualquer momento.

3.1 O PAPEL DO PEDAGOGO NA ATUALIDADE


Neste momento, acadêmico(a), vamos nos aprofundar no que diz respeito
à atuação do pedagogo na atualidade, sua postura e preparo diante das diversas
demandas que a ele se apresentam diariamente. Certamente, em sua época escolar,
você deve ter convivido com professores que mantiveram a mesma estrutura de
ensino ano após ano, ou seja, totalmente previsíveis na metodologia aplicada,
enquanto outros se apresentam criativos e inovadores.

A respeito disso, Rêgo (2009, s/p) nos coloca que:

O professor, enquanto especialista da aprendizagem, adquiriu


formação específica e foi designado pela sociedade através de um
processo de seleção acadêmica, para cuidar da aprendizagem dos
alunos. O perfil desse professor pós-moderno assume alguns aspectos

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TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

sobremodo relevantes; é ele quem constrói os fundamentos de todo


e qualquer perfil profissional. Do ponto de vista do humano é o
profissional mais estratégico.

Para assumir o compromisso pelo direcionamento da vida profissional de


outras pessoas, faz-se necessário que o mesmo adote uma postura articulada e
seja dotado de algumas características importantes.

Assim, Rêgo (2009) nos mostra quais são as ações que devem ser adotadas
pelo professor moderno no ato do seu desenvolvimento profissional:

a) O professor deve ser pesquisador: o ato de pesquisar e estar em busca do


conhecimento é o que mais define o exercício deste profissional, portanto,
lecionar vai além de ministrar aulas e socializar conhecimentos; pois a pesquisa
é compreendida como princípio educativo comprometido com a qualidade do
ensino.
b) O professor precisa saber construir: a aprendizagem tem maior significado a
partir do momento em que direcionamos nossas intenções na construção do que
queremos transmitir, sendo que quando construímos novas formas de transmissão
e aplicação deste conhecimento o conteúdo internalizado é pela via da elaboração.
As informações a serem transmitidas tornam-se energia pessoal se elaboradas
pessoalmente, assim como o alimento se torna energia pessoal se digerido.
Elaborar métodos e estratégias, implicam três aspectos importantes: 1) viabilizar o
projeto pedagógico próprio e coletivo; 2) dar conta do material didático próprio; 3)
introduzir inovações didáticas próprias, no sentido de nos tornarmos sujeitos das
próprias propostas. O professor não pode ser apenas leitor, mas precisa tornar-
se autor, e mostrar o caminho visível da passagem do leitor para o autor, do
observador para o participante, do discípulo para o mestre.
c) O professor precisa teorizar a prática: trata-se de combinar de forma criativa
teoria e prática. Podemos arriscar dizer que o conhecimento tem início a partir
do questionamento da prática. A própria teoria se não for confrontada com a
prática, não é uma teoria socialmente pertinente. Neste aspecto o professor
necessita da autocrítica, no que tange à sua competência, pois o professor
cujo seu próprio aprendizado é deficitário, não desenvolve no seu aluno o
aprendizado de forma eficiente.
d) O professor deve buscar atualização permanente: isso sempre faz parte das
discussões pedagógicas mais aprofundadas, pois o conhecimento imprime
uma coerência assustadora ao processo de inovação, sendo ele próprio objeto
de inovação, pois a velocidade da inovação é proporcional à velocidade do
envelhecimento. Nenhuma profissão envelhece mais rapidamente quanto a
do professor. O desafio na atualização permanente pode ser visualizado sob
dois níveis principais: 1) a socialização do conhecimento: representado por
seminários, encontros, palestras que permitem ao professor manter contato
com pesquisadores, oportunizando momentos de discussão comunicação
e informação; 2) nível de captação permanente: consiste na participação
em cursos que garantam aprendizagem adequada, baseados na pesquisa e
elaboração própria.

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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS

e) O professor deve saber utilizar-se das tecnologias de informação: neste


item estão presentes dois desafios: 1) usar os meios disponíveis para fins de
socialização de conhecimento e informação, pois tais recursos proporcionam
que o aprendizado seja acessível e consequentemente mais atraente,
promovendo ambientes mais motivadores e instigadores de aprendizagem;
e 2) a produção de materiais didáticos através de meios eletrônicos, sendo o
professor autor de propostas criativas. É possível caminhar na direção de uma
informática cada vez mais construtiva, que supere a simples transmissão de
informação e conhecimento; o “educativo” da informática, não provém dela
mesma, mas do educador engajado no processo de aprendizagem do aluno.
Assim a informática assume o papel de insumo da educação, enquanto meio
para levar o aluno a estudar e a pensar.
f) O professor precisa caminhar na direção da interdisciplinaridade: o
conhecimento exige que a posição dos especialistas seja mantida, porém a
interdisciplinaridade de conhecimentos nas áreas afins, não pode ser deixada
de lado. Trata-se de encontrar um meio termo entre o conhecimento profundo e
naturalmente verticalizado, e a capacidade de aprender para além da fronteira
disciplinar, o professor um profissional polivalente.
g) O professor deve revisar o processo de avaliação: cabe ao professor rever sua
teoria prática de avaliação, objetivando aprimorar o processo de aprendizagem
dos alunos. A avaliação faz parte do processo educativo e num primeiro momento
proporciona ao professor a oportunidade de diagnosticar, ou seja, saber em que
situação se encontra o aluno, sobretudo as dificuldades de aprendizagem.

Diante do exposto, acadêmico(a), verificamos que o professor é um


profissional dinâmico que deve caminhar em busca de mudanças, visando ao seu
próprio progresso e o dos que estão sob sua responsabilidade.

O perfil do professor pós-moderno recebe destaque principalmente aos


que elencam a importância a ele merecida e nos que investem em educação,
pois por meio da valorização e respeito a este profissional e ao seu saber nos
juntaremos ao nível dos países que investiram e colheram bons resultados na
qualidade da educação.

4 ÉTICA APLICADA À PEDAGOGIA – UMA BREVE REFLEXÃO


A ética é um tema que permeia a maioria das rodas de discussão entre
profissionais e na pedagogia não poderia ser diferente. Inúmeras são as situações
em que o pedagogo questiona-se sobre o que é certo ou errado, deixando-o em
dúvida sobre o que fazer, dizer ou como portar-se diante de uma situação que o
desafia em relação à moralidade do comportamento a ser adotado.

Em situações cotidianas como chamar a atenção do aluno, avaliar seu


desempenho em sala de aula, analisar seu comportamento indisciplinado, ou sua
insistência em colar na prova, devem ser pautadas numa postura ética respeitando
alunos e instituição, e, sobretudo, valorizando o professor.

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TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

FIGURA 24 – ÉTICA

FONTE: Disponível em:<http://filosofandoehistoriando.blogspot.com.


br/2010_02_01_archive.html>. Acesso em: 21 nov. 2012.

Júnior (2009) afirma que a conduta ética adequada evita a responsabilidade


por danos na relação educacional, danos em relação às pessoas envolvidas, bem
como dano à própria educação, que é o objetivo maior da atividade da docência.

Mas, afinal o que é a ética? Qual seu objeto de estudo? É possível ter um
comportamento ético? Essas questões são pertinentes de reflexão, pois referem-
se ao nosso atuar, não só em sala de aula, mas diante de várias situações. Assim,
Júnior (2009, p. 150) nos coloca que:

A ética não é a própria moral, mas a moral é o objeto de estudo da


ética em caráter científico. Dessa forma, o estudo da ética não tem a
intenção de estabelecer regras fechadas de como se comportar, ou seja,
estabelecer soluções para cada problema prático-moral, e sim criar
uma ciência com princípios gerais voltados para a reflexão de um
comportamento moral e, assim, saber agir e situações problemáticas.
A ética não se preocupa com qualquer comportamento humano, mas
com aqueles que envolvem problemas de moral, bem como a reflexão
sobre estes problemas e a construção de uma ciência, tendo como
objeto o comportamento moral.

A ética não apresenta soluções para qualquer tipo de comportamento, ou


seja, não há regras específicas para cada ação desenvolvida, pois esta tarefa é de
responsabilidade do indivíduo. A ética apresenta algumas regras que nos levam
a refletir sobre este ou aquele comportamento, e organizar princípios a fim de que
o indivíduo possa conduzir suas ações dentro dos padrões éticos.

Assim, Júnior (2009) destaca que:

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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS

A forma para cada campo de comportamento humano devem ser


analisados os problemas morais enfrentados, refletir cuidadosamente
sobre eles, fazer juízo de valor, encontrar soluções, e a teorização destas
reflexões se traduz no significado de ética, que depois, como ciência,
deve manter a investigação dos casos para poder se contextualizar e
se reformular na diversidade de situações de problemas morais dos
relacionamentos humanos.

Nas relações entre professor e aluno, professor e instituição, os problemas


considerados práticos morais sempre acontecerão, pois como cada caso é um
caso, e para que se determine uma conduta ética na busca de uma solução, a
compreensão da condição dos indivíduos envolvidos deve ser considerada.
Nossos comportamentos refletem nos campos sociais e como profissionais
atuamos em um sistema, sendo necessário respeitar a ordem do mesmo, para que
possamos ter sucesso neste campo.

Júnior (2009) nos leva a refletir sobre uma importante questão; o profissional
que trabalha somente pelo salário é imprudente não tem consciência que sua
atuação profissional faz parte de um sistema social, pois ele é um participante
ativo na construção do bem comum, sendo de extrema importância lembrar que o
trabalho dignifica o homem não somente pelo fator econômico, e sim pelo social,
ou seja, por ser instrumento de realização da construção de uma sociedade.

A atuação profissional baseada na ética reforça que o profissional importa-


se com os reflexos sociais da sua profissão, mesmo em tempos onde a cultura
imediatista capitalista, faz com que muitas vezes os profissionais se esqueçam
das implicações sociais da profissão.

A importância da ética do professor é defendida por Júnior (2009, p. 152)


quando ele coloca que:

O comportamento do professor em sala de aula deve ser pensado, pois


existe a necessidade de atender regras de comportamento em relação
aos alunos, à instituição em que trabalha, bem como aos colegas de
classe. Um comportamento antiético atinge não só a harmonia de
uma sala de aula, mas de todo o sistema de educação, pois os reflexos
de um microssistema (sala de aula) influenciam todo o objetivo de
construção social, ainda mais quando este microssistema é relacionado
à educação.

É preciso refletir que algumas virtudes são consideradas indispensáveis


para uma atuação profissional ética. Junior (2009) apud Antônio Lopes de Sá
(2001, p. 175), considera como virtudes básicas profissionais, imprescindíveis a
qualquer profissão:

• Exercício do zelo: o zelo é a responsabilidade do profissional com o objeto do


seu trabalho e como demonstra a qualidade de seu serviço. O zelo requer que
mesmo em situações extremas, em que aparentemente a solução é difícil, o
profissional prime pelo empenho e responsabilidade profissional.

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TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

• Honestidade: o profissional recebe a confiança dos que utilizam seus serviços,


por isso honestidade significa ter a responsabilidade perante o bem e a
satisfação de terceiros.
• Sigilo: a partir do momento em que o profissional tem conhecimento de um
fato, ou é confiado e ele algo importante, por meio de suas atividades, tem o
dever de manter sigilo.

FIGURA 25 – SIGILO

FONTE: Disponível em: <http://morgadodeontologia.blogspot.com.


br/2012/08/5-simuladas-16701674-sigilo-profissional.html>. Acesso em: 21
nov. 2012.

• Competência: significa estar habilitado para a prática de uma determinada


profissão, ou seja, conhecer as técnicas do exercício desta. Tal virtude é
importante para a credibilidade do profissional e evitar que erros sejam
cometidos, podendo causar danos aos envolvidos na atividade desempenhada.

Tais virtudes têm serventia a todas as profissões. Existem virtudes


específicas, em relação à tarefa do educador mediante a relação com os alunos, as
quais estão ligadas ao comportamento ético e adequadas ao modelo de educação
desta sociedade.

A educação também tem por objetivo promover a adequação dos indivíduos


ao convívio social e a manutenção do equilíbrio entre suas várias dimensões, pois
a educação é parte integrante da mesma, tendo por missão reproduzir o modelo
vigente nesta, em seus aspectos econômicos, sociais e políticos, principalmente na
representação da verdade, formando assim indivíduos que perpetuem e atuem
frente a este modelo.

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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS

5 O PROFESSOR NA PÓS-MODERNIDADE
Antes de iniciarmos este assunto, vamos resgatar a história da pós-
modernidade, para que possamos entender seus reflexos na atuação do professor.
Gonçalves (2008) nos coloca que:

O que se chama de pós-modernidade ou pós-modernismo é um


movimento sociocultural que ganhou impulso a partir da segunda
metade do século XX. Este movimento caracteriza-se por uma severa
crítica aos padrões éticos e estéticos que vigoraram no século passado e
é típico das sociedades pós-industriais baseado na informação. Passou
a incorporar uma visão de mundo relacionada ao fim dos conflitos
mundiais e à superação da “guerra-fria”.

O pós-modernismo é caracterizado pelo paradigma sociocultural, com


base nas transformações e avanços da sociedade. Alguns eventos caracterizaram
este movimento como: a ida ao espaço, avanços da saúde e genética, bem como
o aumento do consumo nas sociedades capitalistas. As maiores mudanças do
movimento pós-modernista foram expressas nas artes, conforme demonstra o
quadro a seguir:

QUADRO 2 – MODERNISMO E PÓS-MODERNISMO NAS ARTES

Modernismo e Pós-Modernismo

Modernismo Pós-Modernismo
Cultura elevada Cotidiano banalizado
Arte Antiarte
Estetização Desestetização
Interpretação Apresentação
Obra/originalidade Processo/ pastiche
Forma/abstração Conteúdo/figuração
Hermetismo Fácil compreensão
Conhecimento superior Jogo com a arte
Oposição ao público Participação do público
Crítica cultural Comentário cômico, social
Afirmação da arte Desvalorização obra/autor
FONTE: Santos (1986, p. 41-42)

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TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

Em relação à organização dos conhecimentos, Gonçalves (2008) nos


demonstra que com o pensamento pós-moderno, as formas de conhecer e
de pensar o conhecimento não podem mais seguir uma lógica mecanicista e
determinista, sendo que as repercussões da globalização sobre as maneiras de
pensar e sentir, viver e agir no mundo afetam as concepções filosóficas sobre a
realidade.

Diante das transformações mencionadas acima, a educação também


passou por significativas mudanças e a atuação do professor necessitou ser
repensada. Antunes (2009, p. 17) faz uma breve exposição sobre a atuação do
professor que não acompanhou essas mudanças:

Nessa visão de ensino aplaudia-se o silêncio, e a imobilidade do aluno


e a sapiência do mestre, além de se pensar o conhecimento como
informações pré-organizadas e concluídas que se passavam de uma
pessoa para a outra, portanto, de fora para dentro, do mestre para
o estudante. Ensinar significa difundir o conhecimento, impondo
normas e convenções para que os alunos assimilassem. Estes levavam
a escola à boca – porque da mesma não podia se separar – mas a toda
aprendizagem dependia do ouvido, reforçado pela mão na tarefa de
copiar.

Acadêmico(a)! Esta citação do autor lhe trouxe lembranças de sua época


escolar? Acreditamos que para muitos de vocês, ela fez todo o sentido, pois os
remeteram às lembranças daqueles professores que faziam uso de métodos
rígidos de ensino, em que o diálogo com os alunos era quase inexistente. Se por
acaso, você não conheceu este estilo de professor, pergunte a qualquer adulto que
tenha mais de quarenta anos e a confirmação virá.

FIGURA 26 – O PROFESSOR ANTIGAMENTE

FONTE: Disponível em: <http://evanildopj.blogspot.com.br/>. Acesso em: 21 nov. 2012.

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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS

De acordo com as literaturas consultadas, este estilo de conduzir o ensino


perpetuou por muito tempo e adentrou o século XX. Esta concepção ditava que era
o professor que detinha conhecimento e não aquele que conduzia a aprendizagem
de seus alunos. Nesta versão, a responsabilidade pelo aprender era do aluno que
repetia o ano quantas vezes fossem necessárias, caso não aprendesse.

Com o tempo, a educação necessitou passar por transformações, nos


quais trouxeram outras maneiras de conduzir o aluno ao aprendizado, assim,
foram pensadas e aos poucos, formas de articulação das disciplinas por meio
de novas abordagens como: a interdisciplinaridade, a multidisciplinaridade e a
transdisciplinaridade, das quais faremos um breve resgate.

FIGURA 27 – INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSDISCIPLINARIDADE

FONTE: Disponível em: <http://andreasmariano.blogspot.com.br/2012/10/va10temas-


transversais.html>. Acesso em: 21 dez. 2012.

Bastos (2006) nos coloca que a partir do momento em que o professor


conduz seus trabalhos disciplinarmente, ele faz uso de situações-padrão que
correspondem a modelos preestabelecidos e assim são identificados aspectos da
situação estudada que permitem enquadrá-la num padrão, ao qual são aplicados
os saberes conhecidos previamente. Para tanto, é preciso conhecer os conceitos
que estruturam a disciplina, as relações entre esses conceitos (leis e teorias) e
a maneira particular de utilizar essas teorias para chegar a compreender as
situações estudadas.

Já a abordagem multidisciplinar, ainda de acordo com o autor


anteriormente citado, corresponde ao agrupamento de diversas disciplinas
objetivando o estudo de um tema em comum, sem identificar uma situação

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TÓPICO 3 | A IDENTIDADE PROFISSIONAL DO PEDAGOGO

específica. Neste caso, a visão de mundo que está por trás dessa prática pedagógica
é a mesma que apoia a prática disciplinar, ou seja, compreender o todo pela
justaposição de suas partes. Desta maneira, um tema relevante é cuidadosamente
estudado por todas as disciplinas, dentro de suas perspectivas específicas, sem
que ocorra uma articulação explícita entre elas. A articulação é deixada para ser
feita posteriormente, pelos alunos. O trabalho é conduzido sem que sejam criados
modelos mais complexos de situações específicas ligadas ao tema.

A abordagem interdisciplinar, conforme Bastos apud Fourez (2001),


objetiva a construção de representações em situações específicas, utilizando os
conhecimentos das diversas disciplinas. Esta abordagem apoia-se numa visão de
mundo que considera que as partes da realidade interagem entre si, não sendo
possível compreender um sistema complexo com base na compreensão de suas
partes isoladas.

Ainda nesta linha de pensamento, Bastos apud Fourez (2001) nos apresenta
que:
[...] uma abordagem transdisciplinar ocorre quando utilizamos
noções, métodos, competências e abordagens próprios de uma
disciplina dentro da estrutura de uma outra e num contexto novo.
Nesse caso, essas abordagens ou esses conceitos são chamados de
transversais e podem ser considerados segundo duas perspectivas:
numa visão platônica, esses conceitos e essas abordagens existem
independentemente de contextos, devendo ser ensinados de forma
geral ou abstrata; numa visão construtivista, ocorre a transferência de
uma disciplina para outra, através da modelização de um núcleo, que
será transposto, e de uma adaptação posterior ao plano do contexto.

Estas reflexões nos fazem perceber que a interdisciplinaridade, a


multidisciplinaridade e a transdisciplinaridade necessitam ser pensadas
constantemente na atuação do professor pós-moderno. É necessário saber mais
do que as diferenças entre elas, para o desenvolvimento dos trabalhos, pois sua
aplicação vai além do somente diferenciar destes conceitos. Atualmente busca-se
uma prática baseada na interdisciplinaridade, ou seja, objetiva-se compatibilizar
além de métodos e técnicas, um conhecimento integrado e ativo.

As constantes mudanças nos vários segmentos dentro do cenário político,


econômico e social da coletividade capitalista e globalizada da qual fazemos parte,
nos mostra o quanto vivemos em uma sociedade fragmentada, em que em muitos
momentos deixa-nos desconcertados, no que condiz ao modo como devemos agir e
articular as diversas informações que se fazem presentes, modificadas e atualizadas
a todo instante, o que em várias situações vêm a causar bloqueios referentes à
elaboração de um pensamento crítico diante de tais mudanças.

O papel do professor como agente ativo/crítico no processo educacional


e formador da sociedade, faz sua parte em relação a estas constantes mudanças,
pois por mais sofisticadas que as tecnologias se apresentem ao nosso dispor, nada
poderá substituir a presença desta pessoa que, além de fornecer o testemunho de
sua vivência e saber, é também responsável por abrir os caminhos rumo à verdade.

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UNIDADE 1 | A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO EM AMBIENTES NÃO ESCOLARES: TRABALHANDO OS CONCEITOS

FIGURA 28 – MENSAGEM

FONTE: Disponível em: <http://ew-willianlira.blogspot.com.br/2012/10/o-professor-e-


eduacacao-para-um-brasil.html>. Acesso em: 21 nov. 2012.

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