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Escola Secundária João de Deus

Curso de Ciências Socioeconómicas - Disciplina de Sociologia

“Os Grupos Sociais”


Índice
1. Introdução............................................................................................................................3
2. Desenvolvimento.................................................................................................................4
2.1. Como se formam Grupos Sociais..................................................................................4
2.2. Grupos Sociais..............................................................................................................4
2.3. Classificações dos Grupos Sociais.................................................................................5
3. Questões..............................................................................................................................6
3.1. Como é que o grupo em que estamos/queremos estar inseridos nos define?............6
3.2. Como é que o indivíduo altera o grupo e o grupo altera o indivíduo?.........................6
4. Conclusões...........................................................................................................................7
1. Introdução

A disciplina de Sociologia tem como objeto de estudo a realidade social, o qual engloba o
conjunto de interações que os seres humanos estabelecem entre si e com o meio que os
rodeia. No entanto, é infinita a panóplia de perspetivas sociológicas segundo a qual se pode
estudar um dado acontecimento.

O Homem coexiste e interage. Ao apanhar o autocarro, ao fazer parte de uma equipa de


futebol, ao frequentar um café ou ao ir à escola, o ser humano estabelece múltiplos contactos,
com o meio e entre si. Este fenómeno inevitável das sociedades cria, tanto proposital como
acidentalmente, agrupamentos. Estes são de vários tipos e advêm de diferentes tipos de
interações, as quais pretendo explorar mais à frente neste trabalho.

Os agrupamentos estruturados criam grupos sociais, que são indispensáveis a um indivíduo


saudável e equilibrado, dado que o ser humano necessita de se relacionar e interagir com
outros parecidos ou diferentes de si, de maneira a conseguir perceber-se e evoluir.

Estes grupos permitem perceber uma sociedade e são importantes tanto para as pessoas que
fazem parte dos mesmos como para aqueles que não fazem (e querem, ou não, fazer parte).

Escolhi este tema numa tentativa de perceber como os grupos que frequentamos ou estamos
inseridos sem nos dar conta, nos definem, ou não; e como é que nós, enquanto ser único, nos
movimentamos dentro do grupo e o alteramos.
2. Desenvolvimento
2.1. Como se formam Grupos Sociais

Da vida em sociedade, enquanto seres que se relacionam, resultam interações sociais ( relação
recíproca entre, pelo menos, dois indivíduos resultante da comunicação) que tanto podem ser
informais, se forem não duradouras, não estruturadas e sem finalidade, costumam ocorrer em
eventos pontuais, transportes públicos, supermercados, etc.; como formais, se forem
duradouras, tiverem finalidade, estrutura e papéis sociais bem definidos como relações
familiares, de amizade e/ou companheirismo.

As rotinas do quotidiano fazem com que nos cruzemos com um mesmo conjunto de pessoas
diariamente e que pratiquemos um determinado conjunto de ações, também com essa
regularidade, o que cria padrões de interação – formas de relacionamento tipificadas que são a
base de estruturação em que se ergue uma sociedade, visto que a vida se organiza em torno
da construção social da realidade, ou seja, os participantes de uma sociedade ao interagir e ao
tomar decisões com base uns nos outros podem alterar a realidade social.

Estas relações básicas do quotidiano dão origem a formas de agrupamento distintas: as


interações informais originam agrupamentos não estruturados que são definidos como
pessoas que se encontram no mesmo local ao mesmo tempo, apenas por acaso e que por isso,
não partilham entre si qualquer tipo de sentimento de pertença. (exemplos: cinema,
passageiros de um avião, frequentadores de um mesmo ginásio).

Por outro lado, as interações formais geram agrupamentos estruturados ou grupos que
consistem num determinado tipo de pessoas, que apesar do tempo e do espaço, compartilham
características semelhantes e o sentimento de pertença. (exemplo: clubes, partidos políticos,
etc.).

2.2. Grupos Sociais

Os grupos sociais são definidos como um conjunto de indivíduos que têm algo em comum, que
para os mesmos é significante, como por exemplo objetivos ou interesses semelhantes, e que
por isso estabelecem entre si relações duradouras, contínuas e diretas. Estas mesmas relações
conduzem a que se construa uma estrutura e identidade próprias onde se partilha interesses,
valores e códigos de conduta, de maneira que, os seus membros desenvolvam um sentimento
de pertença, algo essencial para definir um grupo social, pois difere-os de simples conjuntos de
indivíduos que se encontram, ao acaso, por exemplo, num espetáculo.
2.3. Classificações dos Grupos Sociais
Na sociedade atual é possível encontrar uma grande diversidade de grupos, quer em tipo, quer
em dimensão. Assim sendo, para tornar mais fácil os estudos dos mesmos existem várias
categorias segundo as quais podemos classificar um certo grupo.

Para começar, pode classificar-se os grupos face ao envolvimento do indivíduo nos mesmos. Se
um indivíduo pertence de facto ao grupo e está nele inserido, considera-se um grupo de
pertença. Neste caso, podem ocorrer dois fenómenos distintos: fenómeno de identificação,
onde a pessoa se identifica com os restantes elementos de grupo; ou o fenómeno de rejeição,
onde a pessoa rejeita os elementos que pertencem a grupos diferentes do seu. Por outro lado,
um indivíduo pode aspirar pertencer a outro grupo, sendo influenciado a seguir as normas e
tendências desse grupo, tanto por querer apenas pertencer ao mesmo, ou por considerar que
esse é superior aos restantes e por isso o exemplo a seguir, funcionando como um grupo
padrão. A estes grupos dá-se o nome de grupos de referência, ou seja, um grupo a que a
pessoa deseja pertencer, tanto consciente como inconscientemente.

É importante realçar que o grupo de pertença pode ser, simultaneamente, o grupo de


referência. Recorrendo a um exemplo prático para uma mais fácil perceção: o indivíduo X
pertence ao grupo dos melhores alunos na escola, mas deseja ser como os melhores desse
grupo.

É possível classificar os grupos quanto ao tipo de relacionamento. Assim temos os grupos


primários, que são restritos, com laços fortes e íntimos entre os membros, que estabelecem
entre eles relacionamentos espontâneos, naturais e informais. Os valores deste grupo são
claros e básicos e o objetivo do grupo, para além da existência do grupo, é o afeto, ou seja, os
grupos primários são o local onde um indivíduo procura suporte emocional, social e financeiro.
Exemplos claros deste tipo de grupos são a família e os amigos.

Por outro lado, os grupos secundários, são, na sua maioria, maiores no que trata do número de
membros, estes mantêm relações impessoais, frias e formais, visto que têm uma função
utilitarista, o que quer dizer que o objetivo do grupo, ao contrário do primeiro, não é o grupo
em si, mas sim a obtenção de um objetivo ou de eficácia através do grupo. Um claro e
esclarecedor exemplo deste grupo são as empresas. (Note-se que os grupos secundários
podem eventualmente evoluir para grupos primários, se, por exemplo, alguns trabalhadores
de uma empresa formarem um grupo de amigos com quem praticam atividades para lá do
expediente ou de experiências relacionadas com a empresa, com um certo tipo de
regularidade).

Por fim, é também possível classificar um grupo tendo em conta o tipo de função social que
desempenham, como por exemplo: a família tem função de socialização, a escola tem a função
de socialização e qualificação, as empresas a função de produção, um partido político a função
ideológica e a igreja a função espiritual, etc.
3. Questões
3.1. Como é que o grupo em que estamos/queremos estar inseridos nos
define?
Ao estudar o que são grupos sociais, somos capazes de perceber que uma das características
dos mesmos é seguirem determinadas doutrinas e valores, e aqueles que pertencem ou
desejam pertencer a estes grupos devem, de facto, tornar as doutrinas do grupo suas.

Assim, um indivíduo que deseje pertencer a um determinado grupo ou distanciar-se de outro,


adota determinados comportamentos que o associem a um ou desassociem de outro.

De maneira a explicar mais claramente, através da comunicação social, os grupos de referência


tornam-se bastante mais próximos ao indivíduo, dado que este é capaz de aceder a símbolos
ou normas associadas a este grupo, perceber que se identifica com as mesmas, o que faz com
que o mesmo adote atitudes e opiniões deste grupo.

Então é através dos grupos sociais a que nos vamos associando ou mantemos como referência
e da socialização que obtemos através dos mesmos, que vamos moldando a nossa
personalidade de modo a “caber” nos diferentes grupos que gostamos ou gostaríamos de
pertencer.

3.2. Como é que o indivíduo altera o grupo e o grupo altera o indivíduo?


Ao refletir sobre como é que um ente afeta todo um grupo e o altera, podemos chegar à
conclusão que o papel de um líder ocupa este lugar.

Nem todos os grupos sociais têm um líder estabelecido, mas mesmo aqueles que aparentam
não ter, acabam por ter um líder subentendido (os pais numa família por exemplo).

Um líder é apenas um membro do grupo que impacta os restantes de maneira mais


significativa, construindo uma espécie de cadeia de importância dentro do grupo, dependendo
do tipo de líder que é.

Então uma das maneiras de um individuo afetar um grupo é sendo líder do mesmo.

No entanto, os grupos também afetam o individuo, como já vimos anteriormente nas normas
existentes no grupo. No entanto um grupo também cria aquilo a que informalmente
chamamos de “efeito manada”, ou seja, o individuo modifica o seu comportamento e altera a
sua maneira de tomar decisões pelo facto de estar com o grupo.

A experiência de Milgram, realizada em 1963, pelo psicólogo norte-americano Stanley


Milgram, mostra a obediência à autoridade. É, no entanto, uma variação da experiência de
1974 que prova este “efeito manada”. A experiência consistia em:

1) Um voluntário (voluntário 1) que se disponibilizava a participar na experiência, sem saber


que seria avaliado na sua capacidade de obedecer a ordens. Era colocada a seu comando uma
falsa máquina de choque; era-lhe dito que iria ter o papel de professor numa experiência de
aprendizagem.

2) Outro voluntário (voluntário 2), propositadamente com idade mais avançada e aparência
simpática era ligado à máquina de choque, numa sala separada, onde o voluntário 1 o podia
ver, mas este não via o voluntário 1.
3) Ao voluntário 1 era dito que teria de acionar a máquina de choque todas as vezes que o
voluntário 2 errasse uma das questões que lhe seriam feitas, e por cada resposta errada, a
intensidade do choque aumentava. A máquina começava nos 15 volts (onde dizia choque
ligeiro) e terminava nos 450 (onde dizia perigo de morte).

4) O voluntário 2 era instruído a simular sofrimento quando recebia os choques falsos e ao


longo da experiência deixava por vezes de responder, simulando a sua morte.

Mesmo ao ver o sofrimento dos voluntários 2, a maioria dos voluntários 1 seguiam as ordens
que lhes tinham sido dadas no início da experiência, mesmo que isso significasse que
eventualmente chegariam aos 450 volts, o que provocaria a morte da pessoa que viam à
frente.

Os resultados da experiência concluíram que 65% dos voluntários cumpriram as ordens até ao
fim. No entanto, ao analisar a variação desta mesma experiência, onde os voluntários 1 tinham
ao seu lado um ator contratado que estaria a fazer o mesmo papel que eles, a presença deste
segundo sujeito influenciava o final da experiência. Quando este segundo sujeito dizia que não
à aplicação dos choques, apenas 10% dos voluntários chegavam ao fim; no entanto, se este
segundo sujeito obedecesse às regras do jogo, 92% dos voluntários aplicavam os 450 volts.

Assim, é possível concluir que estar em grupo e inserido num, altera o nosso julgamento e os
nossos valores, fazendo-nos tomar decisões diferentes daquelas que tomaríamos sozinhos.

4. Conclusões
Através da pesquisa para este trabalho, consegui perceber que os grupos sociais são um
conjunto de pessoas ligadas por relações duradouras, valores e papéis sociais definidos. São
estes grupos que em conjunto vão determinando a sociedade em que se inserem.

Estes grupos são também o que molda o ser humano, a saída de uns e entrada em outros, no
decorrer da nossa vida define partes da nossa personalidade e maneira de interagir e
comportar em sociedade.

É de extrema importância realçar que os grupos nem sempre têm as melhores intenções e
grupos com valores racistas, homofóbicos, machistas, etc. também existem e transformam
quem neles está inserido.

Para terminar, penso que ao refletir sobre este tema, nos apercebemos de onde vieram certos
traços da nossa personalidade e como é que nós próprios nos alteramos, tendo em conta
quem queremos ser ou com quem nos queremos relacionar.

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