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Este capítulo vai tratar de conceitos de grupo, dando uma distinção entre um grupo em relação à
uma coleção de indivíduos apoiando-se nas quatro características de um grupo nomeadamente:
partilha de um conjunto de valores, acumulação de recúrsos e competências, estabelecimento de
nórmas que definem os papeis e um conjunto de objectivos definidos. Quanto aos diferentes
tipos de grupo, este tema vai abordar os grupos primários e secundários, e as suas características.
Tendo em conta que os grupos são formados por indivíduos, eles nascem e desenvolvem, daí que
os grupos passam por estágios de desenvolvimento que são focalizados neste tema.
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2.0 Conceito de grupos
O termo Grupo é de origem alemã e significava cacho, molho, pilha, saco… palavras que
sugerem um conjunto de coisas ou de pessoas, nada mais do que isso (Adair, 1988). Neste
sentido, por exemplo, os passageiros de um avião seriam considerados um grupo. Contudo, até a
pesquisa mais superficial depressa revela que um grupo é algo muito mais complexo do que um
simples agrupamento de pessoas. Como refere Lewin (1951/1988), um grupo não se define pela
simples proximidade ou soma dos seus membros, mas como um conjunto de pessoas
interdependentes. É neste sentido que o grupo constitui um organismo e não um agregado ou
uma colecção de indivíduos.
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diferença) na interdependência. Nos seus estudos, percebeu que apesar das diferenças (de
tamanho, estrutura e actividades), todos os grupos se baseavam na interdependência dos seus
membros, não estando, assim, a essência dos grupos nas semelhanças ou nas diferenças entre os
seus membros. Esta interdependência transforma o grupo num todo dinâmico, o que significa
que uma mudança numa qualquer das suas sub-partes, modifica o estado de todas as outras.
Em geral os autores definem grupo como sendo uma unidade que se dá quando os indivíduos
interagem entre si e compartilham algumas normas e objetivo. Muitos são os aspectos indicados
como relevantes para diferenciar um grupo de outras situações em que verificamos a presença de
várias pessoas em uma mesma atividade. Martín-Baró (1989), ao abordar a temática, faz menção
ao trabalho de Lane (1984), reafirmando alguns aspectos apontados na concepção de grupo
apresentada pela autora, quando considera os aspectos pessoais, as características grupais, a
vivência subjetiva e realidade objetiva e o caráter histórico do grupo. Neste sentido, tanto Lane
(1984) quanto Martín-Baró falam em processo grupal e não em grupo ou dinâmica de grupo.
Ao falar em processo os autores remetem ao fato do próprio grupo ser uma experiência histórica,
que se constrói num determinado espaço e tempo, fruto das relações que vão ocorrendo no
cotidiano, e ao mesmo tempo, que traz para a experiência presente vários aspectos gerais da
sociedade, expressas nas contradições que emergem no grupo:
grupo tem sempre uma dimensão de realidade referida a seus membros e uma dimensão
mais estrutural, referida à sociedade em que se produz. Ambas dimensões, a pessoal e a
estrutural, estão intrinsecamente ligadas entre
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grupos homogêneos e heterogêneos, grupos interativos ou nominais; grupos permanentes e
temporários.
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grupos formados na sociedade atual para verificarmos que de fato a maior parte deles não se
caracteriza como primário, pois centra-se fundamentalmente em aspectos pontuais e parciais da
vida de seus participantes.
Um grupo primário geralmente é o grupo que nos propiciará os primeiros contatos, tal como o
grupo social “família”. Mas não é apenas essa a característica de um grupo social primário. Tal
grupo caracteriza-se também por relações estreitas, afetivas, educadoras e duradouras. De acordo
com Cooley um membro de um grupo primário geralmente mantém uma relação altruísta, muitas
vezes realizando sacrifícios para o bem estar dos demais membros do seu grupo ou de todos os
seus membros. O exemplo de família é sempre mencionado como grupo primário por ter (quase
sempre) todas essas características. O grupo primário tem função educadora no sentido de
preparar o indivídua para relacionar-se com outros grupos.
Conforme nos aponta o autor, Psicologia & Sociedade; 15 (1): 201-217; jan./jun.2003 207
Quatro fatores podem influir na formação espontânea de um grupo primário:
a) a atração entre seus membros;
b) alguma semelhança entre eles;
c) a ansiedade;
d) a complementaridade de suas características pessoais [...] A própria atividade dos
grupos primários vai gerando vínculos afetivos e de complementaridade funcional entre
os membros, tornando-os mais interdependentes, até o ponto de modelar as necessidades
e ainda a identidade pessoal de cada um. (MARTÍN-BARÓ, 1989:305-6)
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Então, como definir esses grupos? Os grupos formais são aqueles que têm metas
estabelecidas, voltadas para objetivos, e que são explicitamente formados como parte da
organização, tais como grupos de trabalho, departamentos, equipes de projeto. E os grupos
informais são aqueles que surgem com o passar do tempo, através da interação dos
membros da organização. Embora esses grupos não tenham quaisquer metas formalmente
definidas, eles têm metas implícitas, que são freqüentemente recreativas e interpessoais
(BOWDITCH; BUONO, 2002, p. 96).
2.2.1 Por que as pessoas formam grupos e por que se importam tanto com eles?
Considere as comemorações que se seguem às vitórias de certas equipas em campeonatos
provinciais ou nacionais de futebol. Os adeptos de equipa vencedora ficam exautos e as vendas
decamisetes e bonés aos que declaram apoio à equipa crescem vertiginosamente. Já os fãs da
equipa perdedora se sentem desanimados e até envergonhados. Tambem podemos ver o exemplo
da vergonha que sentem os trabalhadores quando a empresa em que trabalham é alvo de re-
portagens negativas na mídia, ou da raiva que você sente e da posição defensiva que adota
quando criticam sua profissão. Nossa tendência de nos sentirmos pessoalmente orgulhosos ou
ofendidos pelas realizações de um grupo é objecto da teoria da identidade social
1) Formação
É caracterizado por uma grande dose de incerteza sobre os propósitos do grupo, sua
estrutura e liderança. Os membros estão ‘reconhecendo o terreno’ para descobrir quais
comportamentos são aceitáveis no grupo. Esse estágio estará concluído quando os
membros começarem a pensar em si mesmos como parte do grupo.
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2) O estágio da tormenta.
É aquele dos conflitos dentro do grupo. Os membros aceitama existência do grupo, mas
resistem aos limites impostos à individualidade. Além disso, existe um conflito sobre
quem controlará o grupo. Quando esse estágio estiver concluído, haverá uma hierarquia
de liderança relativamente clara.
3) Normalização
4) Desempenho
5) Interrupção
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3.1 Grupos secundários
Grupos que possuem grandes dimensões e são mais organizados, os quais envolvem
relacionamentos de menor contacto, mais formais e institucionais, porém que possuem os
mesmos interesses e objetivos, por exemplo, os grupos formados nas igrejas, nos partidos
políticos, dentre outros. Os grupos secundários são mais complexos, como as igrejas e o estado,
em que predominam os contactos secundários, neste caso, realizam-se de forma pessoal e directa
– mas sem intimidade – ou de maneira indireta como cartas, telegramas, telefonemas, e-mails,
etc. São voltados principalmente para atividades ou metas definidas. Como exemplo dos grupos
secundários, podemos pensar nos colegas da escola, com os quais nos reunimos para realizar
atividades escolares.
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Pensando ainda sobre processo grupal e partindo de Lane e Pichón-Rivière, vamos considerar
processo grupal como as maneiras ou estratégias pelas quais o grupo vai produzindo,
criticamente, o seu próprio modo de ser grupo, o processo de se organizar para desenvolver
o seu fazer, realizar suas tarefas, sejam as que lhe foram propostas ou as que ele se propõe por
vontade própria, em razão de suas atividades cotidianas. Vale lembrar que "grupo é gerúndio",
ou seja, ele não está pronto, ele está sempre se fazendo, sempre em processo de produção de si
mesmo e de seus modos de ser grupo.
De acordo com Martín-Baró (1989), para que haja uma identidade grupal, não significa que
todos os membros tenham o mesmo traço comum. "O que a identidade grupal requer é que
exista uma totalidade, uma unidade de conjunto, e que essa totalidade tenha uma peculiaridade
que permita diferenciá-la de outras totalidades". Para o autor, três aspectos configuram
basicamente a identidade de um grupo:
4.2 Efectividade
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A unidade afectiva de um grupo não é uma unidade de fusão que suprime as experiências
individuais, mas é uma unidade de relação com os outros, sentida coletivamente. Os vínculos que
são estabelecidos entre os participantes de um determinado grupo são fundamentais para o
desenvolvimento de processo de afetividade. Em algumas situações, encontramos o humor como
a estratégia adotada para lidar com a afectividade/implicações afetivos emocionais.
Neste momento, mesmo sem compartilhar o espaço físico de uma sala de aula com os demais
alunos do Instituto Superior Mutassa, você é membro desse grupo, ou seja, mesmo que o curso
seja a distância, podemos dizer que você pertence ao grupo de estudante do 3o ano de
contabilidade. E o que gera nossa inserção nos grupos? Podemos apontar que tal inserção ou
adesão aos grupos pode se dar por meio de atração pelo grupo em si ou por seus integrantes.
Outra forma pode ser por meio de interesses específicos. Seja por uma ou por outra, a inserção
no grupo ocorre para suprir determinadas necessidades humanas.
4.4 Coesão
A coesão grupal não gera apenas vantagens. As distorções de realidade de um grupo pouco
crítico podem ser desastrosas ao seu desenvolvimento. Entretanto, como sabemos, os grupos, e
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até mesmo os indivíduos, não são iguais; eles têm interesses que podem gerar cooperação ou
conflito.
4.5 Cooperação
Quando o jogo de interesses dos membros de um grupo apresenta vantagens para a ação conjunta
de dois ou mais membros podem sugerir COALIZÕES. Estas coalizões giram em torno de
objetivos comuns, fazendo instaurar a cooperação. Esta estratégia mina, em tese, diferenças de
poder estabelecidas inicialmente entre os membros do grupo, o que sugere ser uma situação
bastante positiva para os objetivos individuais e coletivos.
A cooperação pode ser definida como cooperar na ação, implicando cooperar em comunidade.
Para que ocorra, pressupõe a existência de valores comuns, a conservação destes valores e a
reciprocidade na interação entre os membros do grupo.
4.6 Conflito
O conflito pode ser nocivo às relações, mas pode também ser um potencial dinamizador da vida
coletiva. Ele pode ser gerado pela busca de diferentes pessoas ou grupos de pessoas por uma
mesma coisa e ao mesmo tempo. Este conflito tem relação directa com a necessidade de se
apoderar de algo que pode ir desde alimentos até prestígio e poder.
Diferente da busca por apoderar-se de algo, há o conflito gerado pela imposição de idéias,
opiniões e pontos de vista. Estes motivos que levam aos conflitos podem gerar concorrências,
disputas pouco sadias ao desenvolvimento do grupo, o que pode, efetivamente, revelar falta de
comunicação, intolerância, atritos e até mesmo violência e calúnias. Portanto, o conflito é uma
característica inerente ao homem, devido à sua própria natureza social.
4.7 Poder
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privilegiada no grupo, com legitimidade para tal. Sugere também obediência daqueles que estão
sob subordinação de quem detém o poder.
As nórmas grupais são um excelente substituto para o uso do poder, pois este último quase
sempre provoca tensão nos integrantes do grupo. Para que as nórmas sejam mais facilmente
aceitas, parte-se do princípio de que o grupo deve apresentar relativo grau de coesão, e não se faz
necessária a demonstração de poder do líder. Já quando ocorre o contrário, a multiplicidade de
interesses, típica de grupos pouco coesos, o estabelecimento de nórmas é dificultado e isto exige
à constante ação do líder para influenciar os liderados.
Bibliografia
ALEXANDRE, M. Breves Considerações sobre processos grupais. Comum. Rio de Janeiro, v.7,
nº 19, ago./dez. 2002, p. 209-219.
LÉVY, A. Organizações e Instituições. In: ____. Ciências Clínicas e organizações sociais. Belo
Horizonte: Autêntica, 2001, p. 129-136.
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Questões para 1o trabalho em grupos
1. Discuta a teoria adequada na gestão de uma organização produtora de dispositivos de
telefonia móvel, tendo em conta o mundo globalizado, baseando-se nas diversas teoria
aprendidas sobre organizações.
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