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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

UNIDADE ORGANICA DE CHIMOIO

Apontamentos (2)

Curso: Contabilidade e Auditoria


Turma: 3º Ano (única)

Cadeira: PSICOSSOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES

Tema II: Denominadores comuns na definição de conceito de organização:


(Grupos primários ou restritos)

1.1 Introdução ao tema

Este capítulo vai tratar de conceitos de grupo, dando uma distinção entre um grupo em relação à
uma coleção de indivíduos apoiando-se nas quatro características de um grupo nomeadamente:
partilha de um conjunto de valores, acumulação de recúrsos e competências, estabelecimento de
nórmas que definem os papeis e um conjunto de objectivos definidos. Quanto aos diferentes
tipos de grupo, este tema vai abordar os grupos primários e secundários, e as suas características.
Tendo em conta que os grupos são formados por indivíduos, eles nascem e desenvolvem, daí que
os grupos passam por estágios de desenvolvimento que são focalizados neste tema.

1.2 Objectivos de estudo

No fim do tema o estudante deve saber o seguinte:


 O conceito de grupos, e a distinção entre grupo e coleção de indivíduos;
 Conhecer os diferentes tipos de grupos e a importância dos grupos para as pessoas;
 A dinâmica de grupos, os seus estágios de desenvolvimento e as interações estabelecidas
pelos membros no grupo que é considerado processo grupal;

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2.0 Conceito de grupos
O termo Grupo é de origem alemã e significava cacho, molho, pilha, saco… palavras que
sugerem um conjunto de coisas ou de pessoas, nada mais do que isso (Adair, 1988). Neste
sentido, por exemplo, os passageiros de um avião seriam considerados um grupo. Contudo, até a
pesquisa mais superficial depressa revela que um grupo é algo muito mais complexo do que um
simples agrupamento de pessoas. Como refere Lewin (1951/1988), um grupo não se define pela
simples proximidade ou soma dos seus membros, mas como um conjunto de pessoas
interdependentes. É neste sentido que o grupo constitui um organismo e não um agregado ou
uma colecção de indivíduos.

Distinção entre grupo e colecção de indivíduos


Ainda relacionado com a distinção entre grupo e um simples agrupamento de pessoas, Hare
(1976, 1994, 2003) identifica quatro características de um grupo que o distinguem de uma
colecção de indivíduos (que podem ter características semelhantes e/ou que podem partilhar um
determinado espaço físico):
a) partilham um conjunto de valores que os ajudam a manter um modelo geral de
actividade;
b) adquirem ou desenvolvem, acumulando recursos e competências para serem utilizadas
na sua actividade;
c) aceitam um conjunto de normas que definem os papéis (diferenciadores) que serão
desempenhados na realização da actividade e que têm um nível suficiente de moral que
permite fornecer coesão e, finalmente,
d) têm um objectivo, ou conjunto de objectivos específicos, que desejam alcançar,
possuindo o necessário controlo (liderança) para a coordenação dos recursos e dos papéis
necessários ao alcance do objectivo ou objectivos.
A definição proposta por Cartwright e Zander (1968, p. 46), por exemplo, “Um grupo é uma
colecção de indivíduos que têm relações uns com os outros que os tornam interdependentes
em algum grau significativo “ enfatiza, sem dúvida, tal como referem Levine e Moreland
(2006), a propriedade da interdependência entre os membros constituintes e, de alguma forma, a
partilha do destino ou sorte comuns. Kurt Lewin (1948, p. 100), coloca também a ênfase (ou a

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diferença) na interdependência. Nos seus estudos, percebeu que apesar das diferenças (de
tamanho, estrutura e actividades), todos os grupos se baseavam na interdependência dos seus
membros, não estando, assim, a essência dos grupos nas semelhanças ou nas diferenças entre os
seus membros. Esta interdependência transforma o grupo num todo dinâmico, o que significa
que uma mudança numa qualquer das suas sub-partes, modifica o estado de todas as outras.

Em geral os autores definem grupo como sendo uma unidade que se dá quando os indivíduos
interagem entre si e compartilham algumas normas e objetivo. Muitos são os aspectos indicados
como relevantes para diferenciar um grupo de outras situações em que verificamos a presença de
várias pessoas em uma mesma atividade. Martín-Baró (1989), ao abordar a temática, faz menção
ao trabalho de Lane (1984), reafirmando alguns aspectos apontados na concepção de grupo
apresentada pela autora, quando considera os aspectos pessoais, as características grupais, a
vivência subjetiva e realidade objetiva e o caráter histórico do grupo. Neste sentido, tanto Lane
(1984) quanto Martín-Baró falam em processo grupal e não em grupo ou dinâmica de grupo.

Ao falar em processo os autores remetem ao fato do próprio grupo ser uma experiência histórica,
que se constrói num determinado espaço e tempo, fruto das relações que vão ocorrendo no
cotidiano, e ao mesmo tempo, que traz para a experiência presente vários aspectos gerais da
sociedade, expressas nas contradições que emergem no grupo:
 grupo tem sempre uma dimensão de realidade referida a seus membros e uma dimensão
mais estrutural, referida à sociedade em que se produz. Ambas dimensões, a pessoal e a
estrutural, estão intrinsecamente ligadas entre

2.1 Os diferentes tipos de grupos


Você já tentou caracterizar o seu grupo da escola, do bate-bola no fim de semana ou da balada na
sexta-feira? No nosso dia-a-dia fazemos parte de vários grupos, do grupo da família; dos amigos
íntimos, dos colegas da escola e do trabalho, da igreja e de tantos outros grupos que fazem parte
da nossa vida. Mas como diferenciar um grupo do outro? Quais os critérios para classificar um
grupo e outro? Os estudiosos sobre comportamento em grupo definiram os grupos em categorias
distintas, as quais são as seguintes: grupos primários e secundários; grupos formais e informais;

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grupos homogêneos e heterogêneos, grupos interativos ou nominais; grupos permanentes e
temporários.

2.1.1 Grupos primários e secundários


Lembra do grupo da família e dos amigos mais íntimos, citados anteriormente? São classificados
como grupos primários, pois estes são voltados para os relacionamentos interpessoais diretos,
enquanto os grupos secundários são voltados principalmente para atividades ou metas definidas.
Como exemplo dos grupos secundários, podemos pensar nos colegas da escola, com os quais nos
reunimos para realizar atividades escolares. Embora os grupos primários sejam diferentes dos
secundários, os primeiros podem surgir do segundo. Um exemplo disso é um grupo de escola, ou
seja, o grupo do Cefet, do Curso Técnico em Comércio é um grupo secundário, tendo em vista
ter metas e estar voltado para realização de atividades. Desse grupo com objetivos definidos
pode surgir uma relação mais próxima entre alguns colegas de sala de aula, os quais se reúnem
todas as vezes em que é solicitada alguma atividade em grupo. Ou seja, esse grupo surgiu com o
objetivo de concluir um curso, mas pode naturalmente criar laços de amizade os quais irão além
desse curso. Os colegas de sala podem se transformar em grandes amigos e assim continuar por
toda a vida. Na verdade, é muito provável que isso tenha acontecido com você ainda na sua
infância, quando você era uma criança ou já adolescente. Na escola, iniciamos com um grupo
secundário e espontaneamente vamos formando grupos menores, de acordo com a afinidade e
identificação e, quando menos esperamos, esses simples colegas de sala de aula passam a ser
grandes amigos.

2.1.2 O que caracteriza o grupo primário?


Nos grupos primários o produto das relações sociais (o ‘fazer’ social) é a satisfação das
necessidades básicas da pessoa e a formação de sua identidade. Deste modo, o que caracteriza o
grupo primário são:
a) os vínculos interpessoais (identidade),
b) as características pessoais (poder) e
c) a satisfação de necessidades pessoais (atividade grupal).
Muitas vezes confunde-se pequeno grupo como sinônimo de grupo primário. Na verdade nem
todo grupo pequeno é um grupo primário. Basta darmos uma pequena olhada na maioria dos

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grupos formados na sociedade atual para verificarmos que de fato a maior parte deles não se
caracteriza como primário, pois centra-se fundamentalmente em aspectos pontuais e parciais da
vida de seus participantes.

Um grupo primário geralmente é o grupo que nos propiciará os primeiros contatos, tal como o
grupo social “família”. Mas não é apenas essa a característica de um grupo social primário. Tal
grupo caracteriza-se também por relações estreitas, afetivas, educadoras e duradouras. De acordo
com Cooley um membro de um grupo primário geralmente mantém uma relação altruísta, muitas
vezes realizando sacrifícios para o bem estar dos demais membros do seu grupo ou de todos os
seus membros. O exemplo de família é sempre mencionado como grupo primário por ter (quase
sempre) todas essas características. O grupo primário tem função educadora no sentido de
preparar o indivídua para relacionar-se com outros grupos.

Conforme nos aponta o autor, Psicologia & Sociedade; 15 (1): 201-217; jan./jun.2003 207
Quatro fatores podem influir na formação espontânea de um grupo primário:
a) a atração entre seus membros;
b) alguma semelhança entre eles;
c) a ansiedade;
d) a complementaridade de suas características pessoais [...] A própria atividade dos
grupos primários vai gerando vínculos afetivos e de complementaridade funcional entre
os membros, tornando-os mais interdependentes, até o ponto de modelar as necessidades
e ainda a identidade pessoal de cada um. (MARTÍN-BARÓ, 1989:305-6)

2.2 Grupos formais e informais


Você, como aluno de uma determinada escola ou funcionário de uma empresa pertence a que
tipo de grupo? Formal ou informal? Você escolheu as pessoas com as quais estuda na mesma
sala de aula? Se você trabalha, pode dizer com quem gostaria de trabalhar? Sabemos que existem
alguns grupos com os quais nos sentimos muito bem, transmitem-nos paz, segurança e até nos
identificamos com as pessoas que o formam. Já em outros grupos ocorrem conflitos e às vezes
não temos identificação com ele, nem gostamos das pessoas que compõem o grupo.

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Então, como definir esses grupos? Os grupos formais são aqueles que têm metas
estabelecidas, voltadas para objetivos, e que são explicitamente formados como parte da
organização, tais como grupos de trabalho, departamentos, equipes de projeto. E os grupos
informais são aqueles que surgem com o passar do tempo, através da interação dos
membros da organização. Embora esses grupos não tenham quaisquer metas formalmente
definidas, eles têm metas implícitas, que são freqüentemente recreativas e interpessoais
(BOWDITCH; BUONO, 2002, p. 96).

2.2.1 Por que as pessoas formam grupos e por que se importam tanto com eles?
Considere as comemorações que se seguem às vitórias de certas equipas em campeonatos
provinciais ou nacionais de futebol. Os adeptos de equipa vencedora ficam exautos e as vendas
decamisetes e bonés aos que declaram apoio à equipa crescem vertiginosamente. Já os fãs da
equipa perdedora se sentem desanimados e até envergonhados. Tambem podemos ver o exemplo
da vergonha que sentem os trabalhadores quando a empresa em que trabalham é alvo de re-
portagens negativas na mídia, ou da raiva que você sente e da posição defensiva que adota
quando criticam sua profissão. Nossa tendência de nos sentirmos pessoalmente orgulhosos ou
ofendidos pelas realizações de um grupo é objecto da teoria da identidade social

Teoria da identidade social


É a Teoria que propõe que as pessoas apresentam reações emocionais ao fracasso ou sucesso de
seu grupo, porque sua auto estima fica ligada ao desempenho dele.

3.0 Modelo de cinco estágios de desenvolvimento do grupo


É o modelo que descreve as etapas pelas quais os grupos passam: formação, tormenta,
normatização, desempenho e interrupção.

1) Formação

É caracterizado por uma grande dose de incerteza sobre os propósitos do grupo, sua
estrutura e liderança. Os membros estão ‘reconhecendo o terreno’ para descobrir quais
comportamentos são aceitáveis no grupo. Esse estágio estará concluído quando os
membros começarem a pensar em si mesmos como parte do grupo.

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2) O estágio da tormenta.

É aquele dos conflitos dentro do grupo. Os membros aceitama existência do grupo, mas
resistem aos limites impostos à individualidade. Além disso, existe um conflito sobre
quem controlará o grupo. Quando esse estágio estiver concluído, haverá uma hierarquia
de liderança relativamente clara.

3) Normalização

O terceiro estágio é aquele em que se desenvolvem os relacionamentos mais próximos e o


grupo passa a demonstrar coesão. Existe agora forte sentido de identidade coletiva e de
camaradagem.

4) Desempenho

Este estágio se completa quando a estrutura do grupo se solidifica e assimila um conjunto


de expectativas comuns que definem qual deve ser o comportamento correcto de seus
membros.

5) Interrupção

Estágio final do desenvolvimento para os grupos temporários, caracterizado por uma


preocupação maior com a conclusão das atividades do que com o desempenho para
realizar a tarefa. Portanto, o alto desempenho já não é mais prioridade máxima. Todas as
atenções voltam-se para a conclusão das atividades. Alguns membros do grupo se
mostram optimistas, confiantes em suas realizações, ao passo que outros se mostram
abati-dos, sentindo a perda da camaradagem e da amizade que nasceu no convívio com o
grupo.

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3.1 Grupos secundários

Grupos que possuem grandes dimensões e são mais organizados, os quais envolvem
relacionamentos de menor contacto, mais formais e institucionais, porém que possuem os
mesmos interesses e objetivos, por exemplo, os grupos formados nas igrejas, nos partidos
políticos, dentre outros. Os grupos secundários são mais complexos, como as igrejas e o estado,
em que predominam os contactos secundários, neste caso, realizam-se de forma pessoal e directa
– mas sem intimidade – ou de maneira indireta como cartas, telegramas, telefonemas, e-mails,
etc. São voltados principalmente para atividades ou metas definidas. Como exemplo dos grupos
secundários, podemos pensar nos colegas da escola, com os quais nos reunimos para realizar
atividades escolares.

Grupo secundário, caracteriza-se pela relação impessoal de trocas de interesses. As relações se


dão mais por racionalidade do que por emoções, baseando-se na reciprocidade. Nos grupos
sociais secundários, as relações são geralmente temporárias e muitas vezes anônimas. Exemplo:
os colegas de trabalho e colegas de sala de aula.

4.0 Processo grupal


Para analisar o processo grupal, temos que considerar os seguintes aspectos:
1) O significado da existência e da ação grupal só pode ser encontrado dentro de uma perspectiva
histórica que considere a sua inserção na sociedade, com suas determinações econômicas,
institucionais e ideológicas;
2) O próprio grupo só poderá ser conhecido enquanto um processo histórico e, neste sentido,
talvez fosse mais correcto falarmos em processo grupal, em vez de grupo (Lane, 1984, p. 81).

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Pensando ainda sobre processo grupal e partindo de Lane e Pichón-Rivière, vamos considerar
processo grupal como as maneiras ou estratégias pelas quais o grupo vai produzindo,
criticamente, o seu próprio modo de ser grupo, o processo de se organizar para desenvolver
o seu fazer, realizar suas tarefas, sejam as que lhe foram propostas ou as que ele se propõe por
vontade própria, em razão de suas atividades cotidianas. Vale lembrar que "grupo é gerúndio",
ou seja, ele não está pronto, ele está sempre se fazendo, sempre em processo de produção de si
mesmo e de seus modos de ser grupo.

Chamamos de processos grupais as interações estabelecidas pelos membros do grupo. Nesta


lição, vamos abordar os principais processos grupais, nomeadamente: Identidade, efectividade,
papel social, coesão, cooperação, conflito, poder, e formalização de normas.

4.1 Identidade grupal

Se não podemos dizer que o comportamento de um grupo é equivalente à soma dos


comportamentos dos indivíduos que o compõem, isso também vale para a identidade grupal. Ela
é diferente da "soma" das identidades dos membros, é uma produção coletiva, que tem muito
mais a ver com a trajetória do grupo em torno de suas atividades, objetivos, história coletiva do
que com uma "nomeação" que tenha sido proposta para o grupo. A identidade grupal vai sendo
construída paralelamente ao desenvolvimento de um sentido e de um sentimento de "pertença"
(Vieira-Silva, 2000)

De acordo com Martín-Baró (1989), para que haja uma identidade grupal, não significa que
todos os membros tenham o mesmo traço comum. "O que a identidade grupal requer é que
exista uma totalidade, uma unidade de conjunto, e que essa totalidade tenha uma peculiaridade
que permita diferenciá-la de outras totalidades". Para o autor, três aspectos configuram
basicamente a identidade de um grupo:

1) Sua formalização organizativa;


2) Suas relações com outros grupos; e
3) A consciência de seus membros acerca da sua condição de ser grupo.

4.2 Efectividade

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A unidade afectiva de um grupo não é uma unidade de fusão que suprime as experiências
individuais, mas é uma unidade de relação com os outros, sentida coletivamente. Os vínculos que
são estabelecidos entre os participantes de um determinado grupo são fundamentais para o
desenvolvimento de processo de afetividade. Em algumas situações, encontramos o humor como
a estratégia adotada para lidar com a afectividade/implicações afetivos emocionais.

4.3 Papel social

O papel social é um importante aspecto do processo grupal. Refere-se ao modelo de


comportamento definido pelo grupo, ou seja, os modos de conduta conferidos numa determinada
posição no interior do grupo. É um aspecto social sem o qual o grupo não funciona. Então,
vamos para um exemplo prático: supondo que você não tenha filhos, quando pensamos no grupo
família, você desempenha o papel de filho. Agora no grupo formado para Turma do 3 o ano de
contabilidade, qual papel você desempenha?

Neste momento, mesmo sem compartilhar o espaço físico de uma sala de aula com os demais
alunos do Instituto Superior Mutassa, você é membro desse grupo, ou seja, mesmo que o curso
seja a distância, podemos dizer que você pertence ao grupo de estudante do 3o ano de
contabilidade. E o que gera nossa inserção nos grupos? Podemos apontar que tal inserção ou
adesão aos grupos pode se dar por meio de atração pelo grupo em si ou por seus integrantes.
Outra forma pode ser por meio de interesses específicos. Seja por uma ou por outra, a inserção
no grupo ocorre para suprir determinadas necessidades humanas.

4.4 Coesão

No caso em que os membros de um grupo partilham os mesmos objetivos e vivem a


colectividade, há um processo de coesão. Quanto maior for a coesão do grupo: – maiores as
possibilidades de conduzir a totalidade de seus membros à satisfação, – maiores as chances de
todos sofrerem as mesmas influências, – mais fluido será o processo de comunicação, – maior a
produtividade.

A coesão grupal não gera apenas vantagens. As distorções de realidade de um grupo pouco
crítico podem ser desastrosas ao seu desenvolvimento. Entretanto, como sabemos, os grupos, e

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até mesmo os indivíduos, não são iguais; eles têm interesses que podem gerar cooperação ou
conflito.

4.5 Cooperação

Quando o jogo de interesses dos membros de um grupo apresenta vantagens para a ação conjunta
de dois ou mais membros podem sugerir COALIZÕES. Estas coalizões giram em torno de
objetivos comuns, fazendo instaurar a cooperação. Esta estratégia mina, em tese, diferenças de
poder estabelecidas inicialmente entre os membros do grupo, o que sugere ser uma situação
bastante positiva para os objetivos individuais e coletivos.

A cooperação pode ser definida como cooperar na ação, implicando cooperar em comunidade.
Para que ocorra, pressupõe a existência de valores comuns, a conservação destes valores e a
reciprocidade na interação entre os membros do grupo.

4.6 Conflito

O conflito pode ser nocivo às relações, mas pode também ser um potencial dinamizador da vida
coletiva. Ele pode ser gerado pela busca de diferentes pessoas ou grupos de pessoas por uma
mesma coisa e ao mesmo tempo. Este conflito tem relação directa com a necessidade de se
apoderar de algo que pode ir desde alimentos até prestígio e poder.

Diferente da busca por apoderar-se de algo, há o conflito gerado pela imposição de idéias,
opiniões e pontos de vista. Estes motivos que levam aos conflitos podem gerar concorrências,
disputas pouco sadias ao desenvolvimento do grupo, o que pode, efetivamente, revelar falta de
comunicação, intolerância, atritos e até mesmo violência e calúnias. Portanto, o conflito é uma
característica inerente ao homem, devido à sua própria natureza social.

4.7 Poder

O poder é, literalmente, o direito de deliberar, agir, mandar e também, dependendo do contexto,


a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, o império ou a posse do domínio, da influência
ou da força. Isso sugere, aparentemente, que o poder é exercido por indivíduos em posição

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privilegiada no grupo, com legitimidade para tal. Sugere também obediência daqueles que estão
sob subordinação de quem detém o poder.

Até o momento, temos falado de diversidade de interesses, de flexibilidade e de crescimento do


grupo. Isso acaba por ir em contramão da definição de poder exposta anteriormente. Na verdade,
a palavra poder possui diferentes significados, sendo que, se pensada a partir dos processos
grupais, podemos melhor entendê-la a partir de sua correlação direta com reconhecimento e
autoridade. O reconhecimento é uma necessidade humana, pois só existimos quando alguém sabe
de nossa existência, quando alguém aprecia nossas ações, ou seja, o reconhecimento só se dá
mediante nossa relação com o outro. Essa existência deve ser reconhecida e também
particularmente apreciada, valorizada, legitimada, afirmando-nos como seres de valor. E é por
meio do poder que se pode alcançar tal reconhecimento.

4.8 Formalização de nórmas

Todos os grupos, independentemente do tamanho e da natureza do grupo social, necessitam


compartilhar nórmas com vista ao seu funcionamento. Estas nórmas referem-se aos padrões e/ou
expectativas de comportamentos assumidos pelos membros do grupo. Servem como parâmetro
para os julgamentos das condições de existência do próprio grupo. Assim sendo, a formação de
normas deve servir de permanente condição de evolução do grupo, necessitando ser assumidas
por todos, revistas e alteradas na medida em que se fizerem necessárias à adequação dos
sentimentos e comportamentos.

As nórmas grupais são um excelente substituto para o uso do poder, pois este último quase
sempre provoca tensão nos integrantes do grupo. Para que as nórmas sejam mais facilmente
aceitas, parte-se do princípio de que o grupo deve apresentar relativo grau de coesão, e não se faz
necessária a demonstração de poder do líder. Já quando ocorre o contrário, a multiplicidade de
interesses, típica de grupos pouco coesos, o estabelecimento de nórmas é dificultado e isto exige
à constante ação do líder para influenciar os liderados.

Bibliografia
ALEXANDRE, M. Breves Considerações sobre processos grupais. Comum. Rio de Janeiro, v.7,
nº 19, ago./dez. 2002, p. 209-219.
LÉVY, A. Organizações e Instituições. In: ____. Ciências Clínicas e organizações sociais. Belo
Horizonte: Autêntica, 2001, p. 129-136.
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Questões para 1o trabalho em grupos
1. Discuta a teoria adequada na gestão de uma organização produtora de dispositivos de
telefonia móvel, tendo em conta o mundo globalizado, baseando-se nas diversas teoria
aprendidas sobre organizações.

2. Discuta o papel da burocracia na gestão das organizações de caracter social e empresarial.

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