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O PROCESSO

GRUPAL
Prof. Ana Beatriz Albuquerque A. Martins
Especialista em Psicologia Hospitalar –
CFP
Mestre em Saúde da Família – UFC
Psicóloga - CRP 11/09484
 Pense em todos os grupos que você esteve
até aqui?

 Direta ou indiretamente envolvido...


Compreendendo o conceito de
grupo
 Nossas vivências grupais, no nosso cotidiano,
nos deixam marcas mais ou menos profundas
dependendo da forma como se dá a nossa
inserção e as relações que aí se desenvolvem.
Compreendendo o conceito de
grupo
 Historicamente, sabe-se que o vocábulo
groppo ou “grupo” surgiu no século XVII.
Referia-se ao ato de retratar, artisticamente,
um conjunto de pessoas.

 Somente no século XVIII que o termo passou


a significar “reunião de pessoas”. O termo
pode estar ligado tanto a ideia de “laço,
coesão” quanto a de “círculo”.
DEFINIÇÕES SOBRE GRUPO

 Lewin (1973, p. 54) afirma que “a essência de um


grupo não reside na similitude ou dissimilitude
de seus membros, senão em sua
interdependência. Um grupo pode ser
caracterizado como um ‘todo dinâmico’: isto
significa que uma mudança no
estado de uma das partes modifica o estado de
qualquer outra parte. O grau de interdependência
das partes ou membros do grupo varia, em todos
os casos, entre uma massa sem coesão alguma e
uma unidade composta”
DEFINIÇÕES SOBRE GRUPO
 Olmsted é um outro autor que trata o tema,
define um grupo como “uma pluralidade de
indivíduos que estão em contato uns com os
outros, que se consideram mutuamente e que
estão conscientes de que têm algo
significativamente importante em comum”
DEFINIÇÕES SOBRE GRUPO
 Pichon-Riviére (2009) trouxe uma grande
contribuição quando credita ao "vínculo", o
ponto necessário para se compreender um
grupo. Sem o vínculo, tratar-se-ia então,
apenas de um agrupamento de pessoas em
um determinado espaço e tempo.
DEFINIÇÕES SOBRE GRUPO
 Pontos em comum:

 O contato entre as pessoas;


 Busca de um objetivo comum;
 Interdependência entre seus membros, a

coesão ou espírito de grupo que varia em um


contínuo que vai da dispersão até unidade;
O TRABALHO COM GRUPOS

 O grupo também pode ser visto como um


lugar onde as pessoas mostram suas
diferenças. Onde as relações de poder
estão presentes e perpassam as decisões
cotidianas, onde o conflito é inerente ao
processo de relações que se estabelece.
Onde há uma convivência do diferente, do
plural.
O TRABALHO COM GRUPOS
 A partir do questionamento da
psiquiatria e dos grupos em
hospitais psiquiátricos, cria a
técnica dos grupos operativos.

 Pichon afirma que cada um de


nós possui um Ecro individual.
Ele é
constituído pelos nossos valores,
nossas crenças, nossos medos e
nossas
fantasias.
O TRABALHO COM GRUPOS

 Quando nos encontramos para trabalhar


com outras pessoas trazemos o nosso
Ecro e com ele dialogamos com os
outros, ou melhor, com os Ecros dos
outros.

 Como nem sempre explicitamos os


nossos Ecros o nosso diálogo pode ser
dificultado.

 Quando se está trabalhando em grupos,


a realização da tarefa estabelecida pode
ser dificultada pelas diferenças de Ecros
que estão em jogo
.
O TRABALHO COM GRUPOS
 O grupo é uma constante construção;

 Tradição no estudo e na intervenção com


pequenos grupos, que está ligada ao trabalho
junto a escolas e a fábricas, que privilegia o
treinamento em busca da produtividade;

 Não podemos pensar em um “treinamento” de


grupo, no sentido de aplicação de uma série
de exercícios que possam ajudar as pessoas a
atingir um “ideal de grupo”
O TRABALHO COM GRUPOS
 FOULKES
 1948, inaugurou a prática da psicoterapia de

grupo;
 “grupo se comporta como uma rede, tal qual

como o cérebro, onde cada paciente, como


cada neurônio, é visto como um ponto nodal”.
O TRABALHO COM GRUPOS
 FOULKES
 Psiquiatra britânico
 O grupo, em si, como o principal veículo e

instrumento terapêutico;

 Foulkes descreveu o processo de ressonância,


o qual consiste no fato de que um
determinado fato significativo trazido por um
paciente ressoa nos demais também de forma
significativa;
O TRABALHO COM GRUPOS
 BION
 1940- EUA- Distúrbios emocionais se

constituíam visivelmente como a causa mais


importante da inativação dos militares;
O TRABALHO COM GRUPOS
 BION

 Reunião com 15 pacientes, e promovia uma


discussão grupal, com o objetivo de readaptá-
los à vida militar, ou então para julgar se eles
eram capazes de voltar ativamente a essa vida.
O TRABALHO COM GRUPOS
 BION
 Grupo sem lider- Proposição de uma tarefa coletiva
aos candidatos
 A aplicação dessa técnica possibilitou quatro
vantagens que foram reconhecidas por todos:
economizou-se um tempo que era habitualmente
despendido na seleção; permitiu uma avaliação
compartilhada coletivamente com outros técnicos
selecionadores; propiciou a observação de como os
candidatos interagiam entre si;
MODALIDADE GRUPAIS
MODALIDADE GRUPAIS

 Por faixa etária;


 Por linhas teóricas;
 Por perfil de paciente em questão;
 Por contexto grupal;
 Quanto ao setting que for instituído;
 Quanto às finalidades;
MODALIDADE GRUPAIS

 Classificação que aqui será́ adotada baseia-se


no critério das finalidades a que se propõe o
grupo;

 Operativos e terapêuticos.
MODALIDADE GRUPAIS
Grupos operativos
 Objetivo de esclarecer temas, situações,
tarefas e vicissitudes em sua realização,
proporcionando assim algum aprendizado
que favoreça o progresso daquelas
pessoas, individualmente ou como
equipe.

 Em certa medida - sempre serão


terapêuticos também, apesar de não
terem essa finalidade precípua. Da mesma
forma, os grupos terapêuticos
proporcionam alto grau de aprendizagem.
Grupos operativos
 Transformações nos campos internos
humanos, na visão de mundo e na forma de
se relacionar com o mundo
Grupos operativos
 Enrique Pichon-Rivière – 1958

 Cada integrante tem um esquema de


referência, mas com o trabalho grupal
vai se configurando um ECRO
(Esquema Conceitual Referencial
Operativo) grupal comum;

 A tarefa prioritária no Grupo


Operativo é a elaboração de um
esquema referencial comum
Grupos operativos
 Se definem como grupos centrados na
tarefa (...) a tarefa é o essencial do
processo grupal.

 “Nossa preocupação é abordar através


do grupo, centrando-se na tarefa, os
problemas da tarefa, da
aprendizagem e problemas pessoais
relacionados com a tarefa e com a
aprendizagem (PICHON-RIVIÈRE,
2009, p. 272)
Grupos operativos

 A atividade do coordenador dos


grupos operativos deve ficar
centralizada na tarefa proposta,
sendo somente nas situações em
que os fatores inter-relacionais
venham a ameaçar a integração ou a
evolução exitosa do grupo
Grupos operativos
 Nos grupos com finalidades operativas em
princípio não faremos interpretações
individuais e evitaremos tocar nas
transferências (embora estejam sendo
percebidas por nós).

 O que poderemos interpretar, se necessário,


serão as questões relacionadas com a tarefa
proposta ou com a instituição onde ocorre o
grupo.
Grupos operativos
 Grupos Operativos Voltados ao Ensino-
Aprendizagem

 Visam fundamentalmente a aliar ao proposito


da informação o da formação, especialmente
no que se refere à aquisição de atitudes
internas.

 “Aprender a aprender”
Grupos operativos
 Exemplos Grupos Operativos Voltados ao Ensino-
Aprendizagem

 Grupos Balint

 Michael Balint
 Relação médico paciente

 Os participantes devem relatar casos clínicos sem recorrer a


nenhuma anotação, em associação livre de palavras

 Devem trazer ao grupo seus sentimentos, reações e reflexões


envolvendo esse atendimento, a contratransferência, como
se estivessem em um grupo de supervisão
Grupos operativos
 Grupos Operativos Voltados ao Ensino-Aprendizagem

1. Grupos de Reflexão

 Dellarossa (1979)

 1- sugere que cada um e todos do grupo façam uma renovada e


continuada análise sobre si próprios, assumindo as
responsabilidades que lhes são próprias.

 2- O fato de que a palavra “reflexão” indica a propriedade de um


espelho, ou seja: o fato de que também este tipo de grupo
comporta-se como uma “galeria de espelhos” onde cada um pode
refletir-se de forma especular, nos demais e vice-versa.

(FERNANDES, 2000)
Grupos operativos
 Grupos Operativos Voltados ao Ensino-
Aprendizagem

1. Grupos de Reflexão

 Facilitar através de expressão verbal, propiciar a


fala de todos, ser continente de queixas e
conflitos institucionais, poder contê-los,
entendê-los e esclarecer os conteúdos ali
deixados, procurando inseri-los na realidade
institucional.

(FERNANDES, 2000)
Grupos operativos
 Grupos Operativos Voltados ao Ensino-Aprendizagem

1. Grupos de Reflexão

 E ao coordenador, o que cabe a ele fazer? Penso que


sua tarefa é mesmo de auxiliar, fazer intervenções,
esclarecimentos e procurar salientar fatos que
estejam ocorrendo e possibilitar ao grupo aprofundar
o conhecimento de si mesmo enquanto membros do
grupo. É um papel que às vezes também é exercido
por algum membro quando este faz uma intervenção.

(FERNANDES, 2000)
Grupos operativos
 Exemplo aplicado de Grupo reflexivo com
equipes de saúde
 “A História da “Máquina Registradora”
 Um negociante acaba de acender as luzes de

uma loja de calçados, quando surge um


homem pedindo dinheiro. O proprietário abre
uma máquina registradora. O conteúdo da
máquina registradora é retirado e o homem
corre. Um membro da polícia é
imediatamente avisado.
1. Um homem apareceu assim que o proprietário acendeu as luzes de sua
loja de calçados ........... V F ?
2. O ladrão foi um homem......... V F ?
3. O homem não pediu dinheiro.......... V F ?
4. O homem que abriu a máquina registradora era o proprietário.................V F
?
5. O proprietário da loja de calçados retirou o conteúdo da máquina
registradora e fugiu ........V F ?
6. Alguém abriu uma máquina registradora......... V F ?
7. Depois que o homem que pediu o dinheiro apanhou o conteúdo da máquina
registradora, fugiu....... V F ?
8. Embora houvesse dinheiro na máquina registradora, a história não diz a
quantidade............ V F ?
9. O ladrão pediu dinheiro ao proprietário. .................. V F ?
10. A história registra uma série de acontecimentos que envolveu três pessoas:
o proprietário, um homem que pediu dinheiro e um membro da
polícia ............ V F ?
11. Os seguintes acontecimentos da história são verdadeiros: alguém pediu
dinheiro – uma máquina registradora foi aberta – seu dinheiro foi retirado ......
VF?
 Qual a mensagem desta dinâmica?
Grupos operativos
 2. Grupos Operativos Institucionais

 Grupo de trabalho em instituições: escolas, igrejas,


sindicatos, empresas, entre outros.

 Trabalho em recursos humanos;

 Organização interna de uma instituição

 Questões internas: relacionamento em equipe, assunção de


papéis, hierarquização, produtividade: cronograma, etc

 Realização de determinados objetivos


Grupos operativos
 Grupos Operativos Comunitários

 As escolas estão promovendo reuniões que


congregam pais, mestres e alunos;

 Serviços dirigidos por psicólogos


organizacionais
Grupos operativos
 Grupos Operativos Comunitários

 Objetivos sociais: reflexão, de atividades, de


organização de fins- emancipação cultural e
política de um grupo ou grupos territoriais.

 Por ex: no campo social: populações, grupos


de geração de renda, grupos realizados em
determina comunidade para um determinado
fim
Grupos operativos
 Grupos Comunitários

 Esses grupos comunitários são utilizados na


prestação tanto de cuidados primários de
saúde (prevenção), como secundários
(tratamento) e terciários (reabilitação);

 gestantes, adolescentes sadios, líderes


naturais da comunidade, pais,
(CREPOP,2010)
(CREPOP,2010)
(CREPOP,2010)
Grupos de apoio
  Melhoria da condição de saúde
  Exemplos mais comuns= grupos de auto-

ajuda
 Clínicos- grupo de pessoas que sofram de

uma mesma doença ou condição


 Cuidados primários de saúde, reabilitação,

suporte a problemas crônicos


 Tarefa= intervenção junto à condição de

saúde
Grupos Terapêuticos
 Autoajuda (Apoio);
 Psicoterápicos (Abordagens)
Grupos Terapêuticos
 Finalidade fundamental é o insight;

 Processo de tomada de consciência dos


conteúdo do inconsciente ou mudança
comportamental

 Nesse caso o trabalho é grupal

 Psicodrama; Cognitivo-comportamental;
Psicanalítica
Grupos de apoio
 Há um melhor entendimento e aceitação por parte dos integrantes do grupo
quando este for homogêneo;

 Possibilita que as pessoas doentes aceitem e assumam o seu problema, de


forma menos conflituosa e humilhante.

 Proporciona um maior envolvimento comunitário, interativo.

 Possibilita novos modelos de identificação.


Grupos de apoio
 Comporta-se como um importante teste de confronto com a realidade.

 Propicia um estímulo às capacidades positivas.

 Representa um reasseguramento aos integrantes de que eles não estão


sozinhos, não são seres bizarros, que são respeitados em suas limitações e
que as mesmas não exclusão em uma boa qualidade de vida.
Psicoterapia
 Psicanalítica
 Comportamental
 Gestalt
 Psicodrama
Psicoterapia
 Psicodrama

 Foco na espontaneidade do
indivíduo

 Representar um papel no cenário


psicodramático permite ao
indivíduo processos cognitivos
que lhe viabilizam a operação e
reestruturação dessas respostas
diante de situações de conflito
Psicoterapia
 Psicodrama

 Quando em grupo, a metodologia recomenda


cinco instrumentos, que são o protagonista,
a plateia ou caixa de ressonância, os egos-
auxiliares, o cenário e o coordenador.
Psicoterapia
 Psicodrama

 O cenário é o espaço criado conforme as


necessidades terapêuticas;
 O protagonista é o sujeito escolhido pelo grupo
para a ação dramática.
 Diretor é o terapeuta que coordena;

 O público ou plateia são os outros participantes da


sessão, funcionando como caixa de ressonância,
dividem suas emoções e percepções na última
etapa da sessão, chamada de compartilhamento.
Psicoterapia
 Psicodrama

 A recepção (role taking) é o aprendizado do


papel por observação e imitação, sem
variações do papel já pronto; a interpretação
(role playing) é o jogo com os papéis
apreendidos, mesclando imitação com
improvisação, onde há certa liberdade; e a
criação (role creating) é baseada na
criatividade com novas respostas, flexibilidade
emocional e comportamental

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