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RESUMO PROCESSOS GRUPAIS

Pichon-Rivière (1983) define grupo como um conjunto de pessoas com necessidades


semelhantes reunidas para realizar uma tarefa específica, marcando uma contribuição latino-
americana importante para o estudo dos grupos. Sua teoria destaca a transição do "eu" para o
"nós", representando uma mudança de afiliação para pertencimento. Ele também adverte sobre
estereótipos, especialmente em relação aos doentes mentais, destacando que curá-los implica
transformá-los em agentes de mudança social.

Pichon-Rivière destaca dois eixos ao analisar o que ocorre em um grupo: o vertical e o


horizontal. O eixo vertical refere-se à história pessoal consciente e inconsciente de cada
indivíduo, enquanto o eixo horizontal diz respeito à compartilhamento de necessidades e
objetivos comuns no grupo, resultando na criação de uma nova história coletiva.

A teoria do Grupo Operativo propõe que um grupo, composto por seus membros, um
coordenador e um observador, não visa terapia, mas sim desenvolver uma tarefa, como um
grupo de ensino-aprendizagem. A aprendizagem nesse contexto é um processo contínuo e
oscilante. A operação desse grupo ocorre através da interação e comunicação, fomentando o
pensamento reflexivo sobre o próprio processo e sendo democrático em relação à tarefa,
originando suas próprias ações e pensamentos. As técnicas dos Grupos Operativos têm como
objetivo promover a aprendizagem através da leitura crítica da realidade e da transformação de
respostas em novas perguntas, buscando mudança. A tarefa do grupo é superar situações
fixas e estereotipadas, favorecendo o debate e o diálogo numa lógica dialética. Grupos com
finalidade operativa ou terapêutica necessitam de coordenação para manter a integração.

O ECRO (Esquema Conceitual Referencial-Operativo) é um conjunto de experiências,


conhecimentos e afetos com os quais um indivíduo pensa e atua, adquirindo unidade através
do trabalho grupal. No grupo, um novo esquema referencial é formado a partir das unidades de
esquemas individuais. O ECRO grupal é composto por um esquema conceitual, referencial e
operativo, promovendo a aprendizagem como um processo contínuo e oscilante. A elaboração
de um "esquema referencial comum" é prioritária no grupo como condição para estabelecer a
comunicação.

As tarefas grupais passam por três fases distintas: pré-tarefa, tarefa e projeto ou trabalho. Na
pré-tarefa, ocorrem defesas ou resistências à mudança que podem paralisar o grupo. A tarefa
envolve a integração do pensar, sentir e agir, com a elaboração das ansiedades e a busca por
um esquema referencial comum. O projeto ou trabalho surge quando os membros alcançam
uma pertença e propõem objetivos mais amplos, construindo estratégias para alcançá-los.
Durante esse processo, os indivíduos se transformam em participantes de um grupo com
objetivos mútuos, expressando suas opiniões, defendendo seus pontos de vista e contribuindo
para o objetivo coletivo. Mesmo com um objetivo comum, cada participante é único, e o grupo
se desenvolve através da colaboração e da expansão do coletivo.

O foco na tarefa envolve lidar tanto com os objetivos conscientes do grupo (tarefa externa)
quanto com os processos vividos pelo grupo, conscientes e inconscientes (tarefa interna). Essa
abordagem integra a racionalidade e lógica da tarefa com a intensa carga emocional dos
participantes, refletindo a dinâmica psíquica do grupo.

O coordenador do grupo cria condições para comunicação e diálogo, ajudando o grupo a


superar obstáculos na realização da tarefa e transformando-o em um espaço de aprendizagem.
O observador, por sua vez, mantém-se em silêncio e possui uma visão global do processo,
registrando as comunicações e gestos dos participantes e do coordenador para auxiliar na
elaboração da crônica do grupo. Ele não participa ativamente do grupo, mas suas anotações
são úteis ao coordenador. Alguns pontos que o observador deve atentar incluem o medo
dominante, a extensão da pré-tarefa, a comunicação verbal e não verbal, o clima grupal, a
presença de subgrupos, o projeto do grupo, os temas abordados e omitidos, os líderes e
papéis, além das observações gerais e o encerramento do grupo.

Os papéis e liderança em um grupo incluem o bode expiatório, que carrega as dificuldades e


culpa do grupo; o sabotador e o bobo, que se opõem à tarefa; o líder, que pode ter diferentes
estilos (autocrático, democrático, laissez-faire, demagógico); e o porta-voz, que expressa a
ansiedade grupal de diversas maneiras, não apenas verbalmente, mas também por meio de
condutas.

O papel do coordenador em grupos operativos envolve sinalizar as dificuldades que impedem o


grupo de enfrentar a tarefa, utilizando um ECRO (Esquema Conceitual Referencial-Operativo)
sustentado em estratégia, tática, técnica e logística. O coordenador não responde às questões
do grupo, mas ajuda-os a respondê-las, facilitando a reflexão sobre o que paralisa as
atividades. Ele deve gostar e acreditar em grupos, sendo verdadeiro, coerente e ético,
respeitando o espaço dos membros e mantendo o sigilo das informações compartilhadas.

Alguns atributos importantes para o coordenador incluem respeito, olhar sem preconceitos,
tolerância às falhas e limitações dos membros, paciência como uma atitude ativa, continência
para acolher as necessidades e angústias, capacidade negativa para conter suas próprias
angústias, função de ego auxiliar para estar disponível para os membros, função do pensar
para refletir sobre as experiências emocionais e discriminação para diferenciar fantasia da
realidade, interno do externo. A comunicação adequada é essencial, não se restringindo
apenas ao verbal.

A comunicação vai além do verbal. O coordenador deve conhecer seus traços caracterológicos
e sua personalidade, servindo como modelo de identificação para o grupo. A empatia é
essencial para estabelecer uma sintonia emocional com os participantes. A síntese e
integração vão além do resumo, buscando uma participação ativa e a homeostase do grupo. É
importante liberar o trabalho do grupo de caráter ideológico, permitindo que o coordenador
elabore teoricamente os fenômenos ocorridos e os devolva ao grupo para ampliar sua
compreensão, sem se tornar um modelo a ser imitado.

O coordenador não deve assumir o papel de detentor da verdade ou decisório pelo grupo. Ele
precisa estar atento às dimensões consciente e inconsciente do grupo, buscando suas
interrelações de forma ativa, mas não intrusiva. Seu papel é de acolhimento e incentivo ao
grupo para que ele se constitua e busque sua identidade. É importante liberar os trabalhos do
grupo de seu caráter ideológico, permitindo que o coordenador elabore teoricamente os
fenômenos ocorridos e os devolva ao grupo para ampliar sua compreensão, sem se tornar um
modelo a ser seguido.

‘ESPIRAL DIALÉTICA’ : abrange todo o processo grupal, como um movimento constante entre
processos internos ao grupo, quais sejam: afiliação/pertença, comunicação, cooperação,
aprendizagem e pertinência. A espiral dialética representa o caminho que vai tornar explícito o
que é implícito.

Os vínculos em um grupo são estruturas psíquicas complexas que se manifestam em duas


dimensões: os vínculos entre cada membro e o grupo como um todo, e os vínculos
interpessoais entre os participantes. A compreensão desse conceito é representada pelo
esquema de um cone invertido proposto por Pichon, onde o movimento de espiral torna
explícito o que é implícito. Na parte superior do cone estão os conteúdos visíveis e
observáveis, enquanto na parte inferior estão os conteúdos ocultos e pertencentes ao
inconsciente, incluindo as fantasias latentes grupais.
As contribuições da Psicologia ao Grupo Operativo destacam o foco na unidade de interação
do grupo, privilegiando-o como uma estrutura operativa. Nesse contexto, o Grupo Operativo é
visto como uma ferramenta que proporciona aos membros meios para compreenderem suas
relações com os outros.

Piaget enfatiza que o principal objetivo da educação é desenvolver indivíduos capazes de criar
coisas novas, não apenas repetir o que foi feito por gerações anteriores. Ele destaca que o
conhecimento é construído através da interação do sujeito com o ambiente, utilizando
estruturas cognitivas internas. A aquisição de conhecimento depende das estruturas cognitivas
do sujeito e da interação com os objetos.

Piaget : O crescimento intelectual é visto como um processo de adaptação ao mundo, que


ocorre por meio de três modos: assimilação, onde o indivíduo incorpora novas informações em
seus conhecimentos existentes; acomodação, onde ele ajusta seus esquemas mentais para
incorporar esses novos elementos; e adaptação, que é o equilíbrio entre os dois processos.
Quando novas informações não se encaixam nos esquemas existentes, ocorre um
desequilíbrio, levando o indivíduo a buscar restaurar o equilíbrio dominando o novo desafio,
impulsionando assim a aprendizagem.

o conhecimento não é inato ao sujeito (como defendido pelo apriorismo) nem é adquirido
apenas através da observação do ambiente (como defendido pelo empirismo). Ele propõe que
o conhecimento é desenvolvido através de quatro estágios:

Estágio Sensório-motor (até cerca de dois anos de idade): as crianças aprendem sobre o
mundo através dos sentidos e da manipulação de objetos, atingindo um equilíbrio biológico e
cognitivo que permite a formação de uma estrutura linguística.

Estágio Pré-operatório (aproximadamente dos 2 aos 7-8 anos): marcado pela constituição
incipiente de uma estrutura operatória, com ênfase na imaginação, memória, compreensão do
passado e do futuro, pensamento egocêntrico e dificuldade em ver o ponto de vista do outro.

Estágio Operatório Concreto (até os 11-12 anos): caracterizado pela conscientização sobre os
outros e eventos externos, início do pensamento lógico.

Estágio Operatório Formal: a partir dos 11-12 anos, a capacidade de usar a lógica para resolver
problemas, planejar o futuro e pensar de forma abstrata.

Estudou a formação de grupos no que chama de OPERAÇÃO E COOPERAÇÃO dos alunos.


ou seja, COOPERAÇÃO <-> FORMAÇÃO INTELECTUAL.

. Foco: as condições intelectuais que tornam uma criança capaz de cooperar e o efeito da
cooperação na formação de sua mente.

OPERA-AÇÃO <-> ACÃO NO TRABALHO

CO-OPERAÇÃO <-> TRABALHAR COM COOPERAÇÃO

A capacidade operatória do pensamento envolve a reversibilidade e reciprocidade. A


reversibilidade permite reconhecer a equivalência das relações adversas, facilitando a
compreensão das contribuições de cada membro do grupo como equivalentes. A reciprocidade
permite a colaboração e ajuda mútua, compreendendo os pontos de vista dos outros e
adaptando a participação. A interação em grupo promove o desenvolvimento do pensamento
operatório, tornando a criança capaz de participar de atividades coletivas. Aebli argumenta que
somente o pensamento operatório possibilita a cooperação, enquanto o pensamento
egocêntrico limita a compreensão de pontos de vista diferentes, impedindo a colaboração.
A vida humana é essencialmente grupal, marcada pela convivência constante com outros
indivíduos, o que requer a existência de regras para facilitar a interação. Os comportamentos
podem ser inadequados quando o emissor se referencia a um grupo diferente do contexto
atual. Cada indivíduo é um grupo em si mesmo, e cada grupo pode ter sua própria
individualidade. O ser humano é naturalmente gregário, participando de diferentes grupos
desde o nascimento. Um conjunto de pessoas forma um grupo, e a interação entre grupos
forma uma comunidade, que por sua vez constitui uma sociedade. Não há restrições
específicas para a formação de grupos, mas é aconselhável que haja homogeneidade, por
exemplo, em termos de faixa etária. É fundamental conhecer o objetivo do grupo, que pode ser
eliminar queixas ou sintomas, para orientar suas atividades.

As condições básicas de um grupo incluem a reunião regular de pessoas com objetivos


comuns, que formam uma unidade com dinâmica própria e identidade grupal. O grupo possui
um enquadramento, normas e regras, funcionando como uma totalidade com características
individuais de seus membros. Existem forças opostas de coesão e desintegração, interesses
individuais e grupais, dinâmicas conscientes e inconscientes, formação de papéis e hierarquias,
além da presença de fantasias, ansiedades e mecanismos defensivos. O grupo forma um
campo dinâmico onde ocorrem interações complexas, caracterizando o campo grupal.

Kurt Lewin, conforme citado por Bergamini (1982), argumenta que a dinâmica do grupo é
determinada pelas interações dentro de um espaço psicossocial. O comportamento dos
indivíduos é influenciado por essa dinâmica grupal, independentemente de suas vontades
individuais.

Os quatro pressupostos elaborados são:

A interação do indivíduo no grupo depende de uma clara definição de sua participação no


espaço vital do grupo.

O indivíduo utiliza o grupo para satisfazer suas próprias necessidades.

Todos os membros de um grupo são afetados por ele e não escapam à sua influência total.

O grupo é considerado um dos elementos do espaço vital do indivíduo, com a existência de


objetivos comuns, interdependência para alcançá-los, divisão de papéis ou tarefas e um
sentimento de pertencimento e vínculo emocional.

Grupos são conjuntos de indivíduos que compartilham objetivos comuns e trabalham juntos
para alcançá-los. Existem diferentes tipos de grupos, incluindo grupos operativos, como os de
ensino-aprendizagem, institucionais, comunitários, de autoajuda e terapêuticos, que variam em
sua finalidade e contexto de aplicação. Os grupos terapêuticos podem ser de autoajuda,
terapêuticos ou psicoterápicos, e são utilizados em diversos contextos para promover o bem-
estar e o desenvolvimento pessoal dos participantes.

Kurt Lewin, um psicólogo alemão, é conhecido como o criador da expressão "dinâmica de


grupo". Ele fundamentou sua teoria na abordagem da Gestalt, que postula que o todo é mais
do que a soma das partes. Segundo essa perspectiva, elementos podem ser suprimidos ou
adicionados à percepção com base em leis de formação da figura, conhecidas como Gestalt.
Da mesma forma, no contexto dos grupos, essa teoria sugere que o grupo é mais do que a
simples soma de seus participantes.

Em um grupo de cinco membros com cinco observadores disponíveis, designar um observador


para cada membro resultaria em cinco microbiografias paralelas, o que não permitiria um
registro satisfatório das dinâmicas do grupo. Em vez disso, foi adotada a abordagem de
designar um observador para registrar a organização do grupo em subgrupos, outro para as
interações sociais, e assim por diante. Essa abordagem permite observar as propriedades do
grupo como um todo, em vez de focar apenas nos indivíduos isoladamente.

A visão sociológica compreende o campo social como uma Gestalt complexa, onde a dinâmica
dos laços do grupo não pode ser compreendida apenas pela análise dos subgrupos. Assim
como o indivíduo em seu ambiente forma o campo psicológico, os grupos e seu entorno
constituem o campo social.

No campo grupal, observadores registram a organização do grupo em subgrupos e as


interações sociais, em vez de focar nas propriedades individuais. Este campo é uma potência
de interações coletivas, com estruturas formadas por fenômenos psíquicos intra e
intersubjetivos, influenciados por forças coesivas e disruptivas. Mecanismos primitivos e
identificações estão presentes.

Aspectos como comunicação, desempenho de papéis, vínculos, ressonância e continência são


fundamentais na interação grupal.

O campo grupal pode ser entendido em dois planos distintos: o da intencionalidade consciente
e o da interferência de fatores inconscientes. No primeiro plano, denominado por Bion como
Grupo de Trabalho, as interações são guiadas pela consciência dos participantes. Já no
segundo plano, chamado de Supostos Básicos, os fatores inconscientes, como desejos
reprimidos e ansiedades, exercem influência, podendo predominar sentimentos de
Dependência, Luta e Fuga ou Acasalamento.

Neste campo grupal, diversos fenômenos ocorrem, tais como resistência e contraresistência,
transferência e contratransferência, atuações e processos identificadores. Grupos com
propósitos operativos ou terapêuticos necessitam de coordenação para manter a integração.

Ambos, Schutz e Lewin enfatizam a importância das relações interpessoais no contexto do


trabalho e como influenciam o desempenho individual e grupal. Reconhecem a necessidade de
satisfazer certas necessidades interpessoais para integração e produtividade do grupo,
destacando a importância da comunicação aberta. No entanto, suas abordagens diferem:
Lewin foca na dinâmica de grupo e no ambiente social, enquanto Schutz destaca as
necessidades interpessoais individuais. Enquanto Lewin enfatiza mudança de comportamento
e resolução de conflitos, Schutz foca em inclusão, controle e afeição. Schutz desenvolveu a
teoria das "necessidades interpessoais", enquanto Lewin contribuiu para a teoria de campo na
psicologia social.

Schutz identifica três necessidades fundamentais dos membros de um grupo: inclusão, controle
e afeição. Ele destaca a importância dessas necessidades para a integração no grupo e para a
satisfação das relações interpessoais. A busca por aceitação, integração e valorização no
grupo é essencial para os membros. Schutz reconhece que quando essas necessidades não
são atendidas, podem surgir limitações no grupo, como conflitos e baixa eficácia.
Lewin enfatiza a dinâmica de grupo e a influência das interações entre os membros no
comportamento individual e coletivo. Destaca a necessidade de comunicação aberta para
promover a integração e resolver bloqueios na comunicação, além de abordar a resolução de
conflitos de forma construtiva para promover a coesão e eficácia do trabalho em equipe. Sua
abordagem humanizada reconhece a importância das relações autênticas no grupo e
compreende as dinâmicas sociais e psicológicas dos membros para criar um ambiente
saudável. Lewin também identifica as limitações do grupo quando há bloqueios na
comunicação, falta de integração real e progresso lento nas atividades, ressaltando a
importância de superar essas limitações com uma comunicação aberta e resolução de
conflitos.

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