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Relações Interpessoais e Dinâmicas De Grupo

Comunicação Intra-Grupo
Discentes: António Tabarra 30012298, Raquel Neto 30012302 & Tchissola Ferreira
30012513;
Turma: Diurno
Comunicação Intra grupo
Introdução
A comunicação Intra grupo é um tipo de comunicação interpessoal que ocorre entre membros
dentro do grupo, sendo estes de trabalho ou base, cada um com as suas caraterísticas
específicas.
Dentro deste grande campo de estudo existem vários tipos de comunicação que irão ser
descritos ao longo do trabalho, nomeadamente a verbal, a não-verbal, a visual, digital e
analógica.
Neste trabalho seguimos fundamentos aprendidos em aula como os pensamentos de Wilfred
Bion, de Robert F.Bales, Gustave Le Bon, Kurt Lewin, e Silvino José Fritzen.
Em termos de temas, o trabalho passará pelos conceitos de Bales e Bion sobre a interação em
grupo, seguida da explicação da Janela de Johari para estabelecermos ideias de uma
comunicação ideal, seguida pelos pensamentos de Kurt Lewin sobre a liderança, e o Feedback.
Finalmente mostramos as consequências, positivas e negativas da comunicação Intra grupo,
aprendidas em aula, e através da nossa pesquisa. Finalmente, uma conclusão com reflexões
com o exemplo do nosso próprio grupo de trabalho.

Bases, Processos de grupo e a Janela de Johari


Seguindo a linha de pensamento de Wilfred Bion, consideramos os grupos como algo com
duas faces, o grupo de Trabalho, estabelecendo um foco no racional, em que o foco principal é
a realização de metas, por isso a comunicação também se poe em função do mesmo, através
de atividades como a tempestade de ideias, e um foco na produtividade, e na outra face,
temos o grupo Base, que representa o emocional, em que as dinâmicas do grupo são mais
centradas nas relações interpessoais e na satisfação das necessidades emocionais dos
membros. A comunicação e interação está na base de todos estes processos e dinâmicas de
grupo, se seguirmos as fases do grupo de Tuckman, vemos que ao longo das fases, quando os
membros do grupo se vão conhecendo, a comunicação aumenta, tanto em termos de
comunicação produtiva, como em termos de comunicação emocional, porque as relações
interpessoais se fortalecem ao longo do tempo.
Estes tipos de interação, segundo Bales, chamam-se Instrumental (cognitiva),, que são
comportamentos direcionados para a realização de tarefas ou na coordenação das atividades
do grupo, e a comunicação expressiva (emocional), estão focados nas relações interpessoais,
algo ligado a elogios, apoio emocional e a empatia. Estes dois tipos de comunicação são
ambos necessários para existir um grupo funcional e seguem também algumas regras,
seguindo a mesma linha de pensamento, tipos de comunicação facilitadores, ou não
facilitadores. Se for comunicada uma confiança no grupo, a empatia e respeito, a congruência e
aceitação, o grupo vai sentir liberdade de partilhar-se a si mesmo, de não se manter fechado, e
isso aumentará a produtividade do grupo e a maneira que os membros se sentem
individualmente também, o que aumenta por si o entusiasmo no trabalho e o foco.
Comunicação que contenha julgamentos e críticas diretas, falta de respeito, manipulação de
grupo, a falta de autenticidade, ou até algo tao simples como uma comunicação ineficaz afeta
duma forma muito negativa o funcionamento do grupo, e o bem-estar dos membros.
Com estas linhas de pensamento entende-se rapidamente que a comunicação dita quase
inteiramente o funcionamento do grupo.
A Janela de Johari é um esquema, criado por Joseph Luft e Harrington Ingham que explica os
processos conscientes e inconscientes dentro do grupo, que explicam duma forma altamente
percetível, o objetivo deste tema. Esta janela é formada por quatro partes, a Arena, a Mancha
Cega, a Fachada e o Desconhecido. A arena inclui a maior parte dos comportamentos
facilitadores, a troca livre de informações, a aceitação da opinião dos outros e a importância
dada ao feedback. A Mancha Cega representa os comportamentos que um membro não ve,
mas o grupo à sua volta consegue ver. A Fachada é o que o membro sabe de si mas que
esconde dos outros, como uma máscara que usamos para nos proteger, e a existência forte
desta máscara encoraja um tipo de comunicação não facilitador, a manipulação e a mentira.
Finalmente temos o desconhecido, que são partes do membro ou realidades que nem nós nem
os membros conhecem, o que leva ao grupo estar um pouco perdido, e dar pouco de si mesmo
por sentir que está constantemente “às escuras”, o que limita a partilha e a comunicação em
geral.
Como base teórica final para descrever a importância da comunicação intra grupo, temos a
Escola de Palo Alto, que defende a impossibilidade de não comunicar, defende a mesma
dualidade entre conteúdo(racional) e relação (emocional), e que todas elas, ao terem um efeito
pessoal em cada membro do grupo, tem depois todas consequências na mentalidade do grupo,
que é individual, e diferente de cada membro, mas um produto da junção de todos.
Tipos de liderança e a sua influência sobre a comunicação e funcionamento do grupo
A liderança influência o comportamento dos indivíduos e orientá-los para um bom desempenho
consoante as suas necessidades e as das empresas nas quais atuam.
Os líderes motivam, integram os indivíduos em grupos, controlam as situações, exercendo um
papel fundamental no desempenho e empenho de cada indivíduo, pois é a chave para o su-
cesso por ser considerada como fator decisivo na motivação dos colaboradores.

A liderança é importante, pois influencia a segurança profissional e confiança emocional dos


liderados, promove também o espírito crítico em vantagem da criatividade e do desenvolvi-
mento interior da equipa. Têm autoridade e responsabilidades aos liderados, no sentido de tor-
narem as suas ações autónomas. Sendo assim os efeitos positivos ou negativos, de uma lide-
rança depende dos líderes, como dos liderados.

Estilos de liderança

De acordo à teoria de Kurt Lewin, existem três estilos de liderança, denominadas como, lide-
rança autocrática, liderança democrática e liderança liberal (Laisser Fair).
O líder autocrático é um líder dominante, que fixa as diretrizes e determina os métodos para a
realização das tarefas sem recorrer aos membros do grupo, este autoritarismo provoca tensão,
mau ambiente e frustração dentro do grupo, sendo que os liderados acabam por sentir que a
sua iniciativa e criatividade não são valorizadas. Assim, consequentemente existe a falta de
identificação com o grupo e falta de produtividade.
O líder democrático participa no trabalho como todos os liderados, promove o progresso de
partilha e trabalho de equipa, incentivando a participação de todos os liderados no processo do
grupo, sendo assim, a criatividade e a opinião de cada membro são respeitadas e consideradas
nas tomadas de decisão.
Transmite a organização com o cuidado de não criar um ambiente de desorientação e desorga-
nização, este estilo de liderança promove o bom relacionamento e a amizade entre todos os
membros do grupo, consequentemente criando um clima em que todos se identificam e se sen-
tem estimulados para aumentar a produtividade.
Por último temos o líder liberal, um estilo sem regras, os membros do grupo têm liberdade para
tomar decisões, distribuir tarefas, quase sem consultar o líder. A decisão sobre o que fazer,
como fazer e quando fazer é individual, a participação do líder é muito reduzida.
Os liderados sentem que a organização não tem rumo, naturalmente existe desorganização, a
confusão e o desrespeito do líder.

Tipos de comunicação, o feedback e os tipos de escuta


Os Tipos de Comunicação
A comunicação verbal é a que contém o uso de palavras para transmitir uma mensagem algo
falado, escrito ou até apresentado, exemplos concretos incluem pequenas conversas entre dois
membros (acasalamento, pairing), reuniões através de novas ferramentas, como o Zoom,
apresentação oral do nosso grupo em relação à turma, entre outras.
A comunicação não verbal é uma troca de informação que não inclui as palavras, seja ela
através de gestos entendidos pelo outro, seja através de contacto visual ou linguagem corporal,
todos os grupos precisam de usar este tipo de comunicação para completar o entendimento do
que está a ser transmitido, porque muitas vezes, as palavras só em si não são suficientes, e
são consideradas uma forma incompleta de comunicação.
A comunicação visual inclui tudo o que é partilhado através de fontes visuais como fotografias e
vídeos, algo que pode ajudar também a complementar a comunicação no grupo e fazê-la mais
fácil de entender e mais eficaz a transmitir a sua mensagem.
Também temos a distinção entre a comunicação digital e analógica, que inclui as anteriores
passadas, mas pertence ao pensamento da escola de Palo Alto.
A analógica inclui tudo o não verbal, como a postura, os gestos a expressão facial, ou até a
cadencia das palavras. E a digital inclui tudo o que é transmitido através de palavras ou
símbolos.
Tipos de escuta
Sendo que a comunicação é sempre feita de dois ou mais participantes, haverá sempre a
dinâmica de quem transmite, e de quem recebe, e ambas tem de ser feitas duma maneira
produtiva para conseguir bons resultados para o grupo.
Temos a escuta passiva que inclui contacto visual, pequenas frases de incentivo e o silencio, e
a escuta ativa, que procura interpretar o que é ouvido, devolve em feedback a essência da
mensagem e explica ao outro que percebe a mensagem transmitida.
Existem 3 caraterísticas a seguir para uma escuta eficaz, a aceitação incondicional, aceitar o
outro como o outro sem juízos de valor “É uma consideração, uma aceitação, sem juízos de
valor, facilitadora da autonomização do outro, permitindo-lhe criar e dirigir a sua experiência na
resolução ou não-resolução dos seus conflitos.” - Hipólito, 2010
A empatia, que significa perceber os quadros de referência internos do outro, e finalmente a
congruência, que significa ser honesto, limitar o uso do quadrante da “fachada” na janela de
Johari, e fazer com que a comunicação se inclua no quadrante da “arena”.
O feedback é também essencial para um bom funcionamento de grupo, é uma ferramenta
essencial para a aprendizagem pessoal, e num pequeno grupo deve estar presente desde o
início e ser abundante e também eficaz, para que todos sejam compreendidos e compreendam
as tarefas, e uns aos outros como pessoas.
Terminando este tópico, temos as mensagens EU e as mensagens TU, que são dois tipos de
comunicação, uma delas que incentiva mudança no outro, e que mantém boas relações, e
outra que tem resultados destrutivos, e desmotivantes.
A mensagem EU tem um foco na expressão pessoal, é direta e assertiva, foca-se em
sentimentos ou necessidades do falante, e não atribui culpa direta, foca-se mais na
responsabilidade pessoal. A Mensagem TU enfatiza o comportamento ou ações do outro, pode
ser percebida como acusatória, leva à resistência na resposta, e aumenta a possibilidade de
conflito se não for abordada com muita sensibilidade.

5-Conflitos em grupo
Gestão de conflitos

Os conflitos num grupo são um conjunto de ideias, sentimentos, atitudes ou interesses contrá-
rios que podem chocar-se, pois são inevitáveis, eles surgem a partir do momento em que o
equilíbrio do grupo é afetada pelo aparecimento de discordâncias entre os membros.
Nisso passam por um conjunto de quatro fases de desenvolvimento, onde as primeiras duas
são sobre o subsistema socioafetivo e as restantes o subsistema técnico e as tarefas a desem-
penhar.
O primeiro estado denomina-se por estruturação, é neste que existe maior dependência em re-
lação ao líder e maior preocupação em ser aceite pelo grupo, por consequência existe pouca
orientação para a tarefa a desempenhar. O segundo estado, conhecido por reenquadramento,
neste estado sobressai-se as diferenças entre as ideias e valores de cada elemento do grupo,
aumentando assim a probabilidade de ocorrer tensões e desacordos interpessoais. Já no ter-
ceiro estado, reestruturação, graças à união do grupo, a cooperação e comunicação aumenta.
E o último estado, designado por realização, desenvolve o aumento do envolvimento dos mem-
bros do grupo na realização das tarefas, estando dependente de outras variáveis como o com-
promisso, a cooperação e/ou a confiança.

Níveis de conflitos Positivos/Negativos


É impossível evitar a presença dos conflitos num grupo, pois raramente, todos irão pensar e
agir de forma igual ou semelhante.
Os conflitos podem ser divididos consoante o seu nível de ocorrência, surgindo-se ao nível in-
trapessoal, interpessoal, Intra grupal, Intra organizacional, intergrupal e Interorganizacional.
O conflito intrapessoal, sucede-se dentro do indivíduo, podendo estabelecer no conflito de
ideias, pensamentos, emoções e valores. O conflito interpessoal, ocorre entre indivíduos não
constituintes de um grupo. Já o Intra organizacional, como o nome indica surge dentro de uma
organização, abrangendo a maioria das suas partes. O intergrupal ocorre entre diferentes gru-
pos, o Intra organizacional em diferentes organizações, e por último o conflito Intra grupal que
surge dentro de um pequeno grupo, como por exemplo, um grupo de trabalho, um grupo de
alunos ou um grupo de investigação.

O conflito Intra grupal pode ser distinguido como positivo ou negativo, este processo dinâmico
pode ser afetado por diferentes tipos de variáveis.
O conflito é positivo quando traz vantagens a todos os elementos do grupo onde surge, e nega-
tivo quando existe a interdependência de tarefas, a gestão grupal e as emoções de cada ele-
mento do grupo no momento do conflito, esses acontecimentos negativos levam a perda do
grupo como um todo ou a alguns dos seus elementos, passam a existir dificuldades de comuni-
cação e ainda reduz a eficácia grupal.
Contudo, isso leva à redução da harmonia grupal, da produtividade e da comunicação entre o
grupo.

Tipos de Conflito

Existem dois tipos de conflito: o conflito de tarefa e o conflito socioafetivo, sendo que na ver-
dade existe o terceiro conflito, o conflito de processo, mas que não é muito referido.
Podem surgir de forma separada, em conjunto ou como consequência um do outro, trazendo
diferentes tipos de efeitos para o grupo.

Conflito de tarefa

Relacionado com a tarefa ou objetivos para o trabalho de grupo, o conflito de tarefa ocorre
quando os membros de um grupo têm diferentes visões, opiniões ou interpretações pelas tare-
fas a desempenhar e dos objetivos a atingir.

Conflito socioafetivo

Relacionado com as ligações afetivas criadas entre os diferentes membros do grupo, passa
pela cobrança da existência de uma incompatibilidade interpessoal, que reúne fatores como as
diferenças de personalidade, de estilos de preferências ou ainda de estilos interpessoais.

Estes dois tipos de conflito apresentados, são diferentes quanto ao seu caráter positivo ou ne-
gativo. O conflito de tarefa é benéfico para sujeitos e grupos, enquanto o conflito socioafetivo é
apontado como mais negativo para os sujeitos.O conflito de processo, associa-se à noção da
existência de controvérsias em torno do procedimento na realização da tarefa. Liga-se então
este conflito às decisões de quem faz a tarefa e de como é feita.
Conclusão
Concluindo, pensamos que a comunicação intra-grupo é algo de extrema importância para a
funcionalidade geral da sociedade, e para a produtividade em todos os nossos grupos do dia-a-
dia. Através deste trabalho aprendemos sobre as várias facetas e regras para uma
comunicação ideal baseada em fontes científicas aprendidas em aula.
O nosso grupo em termos de organização teve uma liderança democrática, em que todos
tiveram espaço para falar, e não teve um líder fixo, tendo quase um líder que se assumia como
tal quando era necessário, para ajudar o trabalho porque o tema em que estávamos era o seu
forte.A comunicação foi produtiva, sendo que o único desafio foi encontrar tempo em que todos
estávamos disponíveis.
7- Fontes Bibliográficas
-Bales, R. F. (1950). Interac(on process analysis; a method for the study of small groups.)
-Pereira, O.G. (1999) Fundamentos de Comportamento Organizacional. Lisboa,Portugal:
Fundação Calouste Gulbekian.
Dias, F.N. (2004) Relações Grupais e Desenvolvimento Humano. Lisboa,
Portugal, Insituto Piaget
-Johns, G., & Sacks, A. 9ªed. (2014). Organizational behaviour:
Understanding and managing life at work. Toronto, Ontario: Pearson
- Luft, J.; Ingham, H. (1955). "The Johari window, a graphic model of interpersonal awareness".
Proceedings of the Western Training Laboratory in Group Development. Los Angeles
- Fachada, M.O. (2018) Psicologia das Relações Interpessoais
-Bon, Gustave Le (1895)Psychologie des Foules, Réédition : Paris, Presses universitaires de
France, Collection Quadrige,1988

-Oliveira dos Santos, R. (2018). A Importância da Comunicação do Processo de Liderança

-Borges, L. C. (2004). Aquisição da linguagem: Considerações da perspetiva da interação social.


(paragrafo 5)

- Pais,Sara Raquel Santiago. (2013). Gestão de Conflitos, Confiança e Satisfação em Grupos de


Trabalho. [Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Psicologia do Trabalho e das Or-
ganizações, Universidade da Beira Interior].

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