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Grupos Operativos

PICHON-RIVIÈRE

DINÂMICA DE GRUPO
PROF.ª GRAZIELA R. BOHRER
PICHON-RIVIÈRE (1907-1977)

 Nasceu em Genebra (Suíça) e aos 3 anos mudou-se com sua


família para a Argentina.

 Aos 18 anos estudou medicina em Buenos Aires, especializando-


se em psiquiatria. Começou a trabalhar com grupos a medida que
observava a influência do grupo familiar em seus pacientes.

 Fundamentou sua prática principalmente pela psicanálise e pela


psicologia social.

 Em 1940 fundou a Escola Psicanalítica Argentina.

 Em 1953 fundou o Instituto Argentino de Estudos Sociais e a


Escola de Psiquiatria Dinâmica.
PICHON-RIVIÈRE (1907-1977)

 Em 1956 organizou a “Experiência de Rosário”, junto a outros


cinco psicanalistas. A partir daí conceituou o trabalho de grupos
operativos e o modelo que desenvolveu na escola.

 Para ele o trabalho com grupos deve instrumentar o terapeuta


para uma prática de transformação de si, dos outros e do
contexto onde as pessoas estão inseridas.

 O sujeito para Pichon é social e, para satisfazer suas


necessidades, precisa estar em contato com o outro, vincular-se e
interagir com o mundo externo.
Objetiva promover processo de
GRUPOS
GRUPOS CENTRADOS NA
aprendizagem para os sujeitos envolvidos.
Encontrar formas novas de elaborar o
OPERATIVOS TAREFA conhecimento e solucionar problemas.
APRENDIZAGEM = MUDANÇA

 Os grupos operativos definem-se


como conjunto restrito de pessoas,
ligadas entre si por constantes de
tempo e espaço e articuladas por
mútua representação interna, que
se propõem, de forma explícita ou
implícita, a efetuar uma tarefa. TAREFA é a
trajetória que o
 Essa tarefa pode ser tanto a grupo percorre
para atingir seus
obtenção de uma cura: grupo
objetivos.
chamado terapêutico; como
aquisição de novos conhecimentos:
grupo de aprendizagem.
GRUPOS OPERATIVOS

Grupo terapêutico: a tarefa


é resolver a ansiedade básica Grupo de aprendizagem:
do grupo, que adquire consiste na resolução das
características particulares ansiedades ligadas à
em cada membro. É a cura aprendizagem.
da doença do grupo.

- Cada membro sente e demonstra a ansiedade de uma forma diferente, mas a realização da tarefa rumo ao bem estar é
de todos.

- Todo o Grupo Terapêutico proporciona aprendizagem, assim como todo o Grupo de Aprendizagem busca a resolução
de conflitos interpessoais.
 A técnica operatória nasce, para instrumentar a
ação grupal e caracteriza-se por estar
centralizada na tarefa, privilegiando a tarefa
grupal, em busca de conquistar seus objetivos.
TÉCNICA
OPERATÓRIA  O objetivo central da tarefa do Grupo Operativo
é superar e resolver situações estereotipadas,
transformando-as em situações flexíveis.
Passar da inércia e da resistência à mudança para
o movimento e disposição de mudar.
OBJETIVOS DA TAREFA NOS GRUPOS OPERATIVOS

Para que isso ocorra é preciso que


Superar e resolver situações Passar da inércia e da se desconstrua o ESQUEMA
CONCEITUAL REFERENCIAL
estereotipadas, resistência à mudança, para o
OPERATIVO INDIVIDUAL e que
transformando-as em movimento e à disposição às se construa o ESQUEMA
situações flexíveis; mudanças; CONCEITUALREFERENCIAL
OPERATIVO GRUPAL.
 ECRO INDIVIDUAL: é constituído a partir do
conjunto de experiências, conhecimentos e afetos
que o indivíduo possui e que interfere nos seus
pensamentos e ações, afetando o trabalho em
grupo.
ESQUEMA
CONCEITUAL  Para que o grupo adquira unidade precisa construir
REFERENCIAL um ECRO GRUPAL a fim de se tornar operativo e
gerador de mudança.
OPERATIVO
 Todo o conhecimento do grupo enriquece o ECRO
Grupal, que se autoalimenta, se mantém flexível e
não estereotipado.
 AFILIAÇÃO: É o grau de identificação com os processos grupais.
No primeiro contato com o grupo as pessoas tendem a guardar
VETORES DE determinada distância, procurando não se incluir totalmente
nele. Isso é próprio de todos os grupos.
COMUNICAÇÃO  PERTENÇA: Momento em que o indivíduo se sente incluído e
mais integrado ao grupo.
 COOPERAÇÃO: Consiste na contribuição para a tarefa grupal.
Nesse momento estabelece-se no grupo a base de papéis
diferenciados. É pela cooperação que se manifesta o caráter
interdisciplinar do Grupo Operativo e o interjogo entre
verticalidade e horizontalidade no aqui e agora do grupo.
Os vetores são utilizados para
mobilizar as estruturas  PERTINÊNCIA: Consiste em o grupo focalizar sua atenção na
tarefa prescrita e no seu esclarecimento. Aqui avalia-se a
estereotipadas e auxiliar o grupo a qualidade da pertinência, ou seja, o quanto o grupo está
construir seu ECRO GRUPAL. São envolvido com a tarefa ou estagnado, envolvido com outras
eles: atividades.
 COMUNICAÇÃO: Diz respeito a comunicação verbal e não
verbal que ocorre entre os membros do grupo. Envolve não
VETORES DE somente o conteúdo da mensagem, mas também como e o que
dessa mensagem. Quando esses elementos entram em
COMUNICAÇÃO contradição configura-se um mal entendido no grupo.

 APRENDIZAGEM: A somatória de informações dos integrantes


do grupo resulta em aprendizagem. Ela ocorre quando os
integrantes produzem juntos uma mudança em termos de
resolução de ansiedade, adaptação ativa à realidade,
Os vetores são utilizados para criatividade, planejamento de projetos etc.
mobilizar as estruturas
estereotipadas e auxiliar o grupo a  TELÊ: É a disposição positiva ou negativa para trabalhar com
construir seu ECRO GRUPAL. São um membro do grupo. Configura o clima grupal, que pode ser
eles: positivo ou negativo, entre os membros ou destes para com o
coordenador.
O que é manifestado
claramente pelos
 É por meio dos vetores que o grupo consegue sair da
membros do grupo. tarefa explícita e caminhar para o implícito à procura
de compreender melhor seus medos básicos. Essa
mudança se dá por meio de uma espiral dialética:
Medo da
1) Um componente traz o emergente grupal; perda e
medo do
VETORES DE ataque.
COMUNICAÇÃO 2) O entendimento desse emergente, produz mudança
no ECRO grupal;

3) Surge um novo emergente...

4) Até o grupo compreender seu estado latente (aquilo


que estava oculto, que não estava sendo manifesto).
/ Explícito

/ Implícito

CONE INVERTIDO DE PICHON-RIVIÈRE


 O grupo vive uma relação de “Interjogo de
papéis”.

INTERJOGO DE  Os papéis podem ser formais (coordenador,


PAPÉIS observador, integrante).

 Os papéis podem ser informais (bode expiatório,


porta-voz, líder, sabotador).
 A técnica de Grupo Operativo propõe a presença
e intervenção de um Coordenador que indaga,
problematiza, articula as falas, direcionando o
grupo para a tarefa comum. O grupo é um espaço
de escuta onde o coordenador instiga os
INTERJOGO DE
integrantes a pensarem falarem de si e
PAPÉIS elaborarem suas questões.

 E de um Observador que registra o que ocorre,


resgata a história, analisa junto ao coordenador
os movimentos do grupo.
MOMENTOS TEMPORAIS DOS
A Pré-tarefa é uma fase habitual no
GRUPOS desenvolvimento do grupo, mas se o grupo
- PRÉ-TAREFA - permanecer tempo demais nela, sua
produtividade será nula.

 Grupo defensivo, mobilizado pela


resistência à mudança e destinado a
postergar a elaboração das ansiedades
que funcionam como obstáculo à
execução da tarefa e à evolução do
grupo.
O grupo se organiza para manter a estereotipia,
 Medos básicos da fase: medo da perda pois ficam ansiosos diante da possibilidade de
e medo do ataque. mudança. Aqui o grupo conspira contra si mesmo,
pois tem medo do desamparo, da insegurança e da
 Mecanismos de defesa: impostura e incerteza.
indisciplina surgem no grupo com o
objetivo de pôr o sujeito a salvo do
sofrimento e da culpa. Ao mesmo tempo
que exime o grupo do compromisso com
a mudança.
MOMENTOS TEMPORAIS DOS GRUPOS
- TAREFA -
A Tarefa não é apenas fazer, executar
algo. Tarefa é a percepção do grupo de
que enquanto fazem algo se sentem  Refere-se ao objetivo que o grupo se propõe a
também transformados. Tarefa alcançar, à sua meta, aquilo pelo qual o grupo se
significa momento de encontro e encontra constituído.
processo construtivo.
 É o para quê do trabalho grupal. É a tarefa que o
orienta todas as ações, a tomada de decisões, a
escolha da metodologia de trabalho, a definição da
temática, das técnicas e da divisão do trabalho.

 Tarefa explicita: o objeto de trabalho é o tema sobre


o qual se pretende alcançar uma aprendizagem.

 Tarefa implícita: o objeto de trabalho é o próprio


grupo.
MOMENTOS TEMPORAIS DOS
GRUPOS
- PROJETO -
 Surge quando se alcança um sentimento de pertencimento
entre os membros do grupo.

 O grupo começa a ter objetivos que vão além do aqui e agora,


que transcendem a tarefa imediata e o próprio grupo.

 Nesta fase o grupo está adaptado ao trabalho em equipe e


conhece suas possibilidades e limitações.

 O grupo busca uma maneira de projetar essa experiência que


passou de uma forma socialmente útil. Algumas vezes na
própria instituição, outras, em função de outros grupos
similares ao seu.

 É uma fase necessária para a sobrevivência do grupo, pois


representa uma forma de canalizar o sentimento de perda que
aumenta à medida que o final do trabalho se aproxima.
REFERÊNCIAS

Bastos, A. B. B. I. (2010). A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri


Wallon. Psicólogo Informação. Recuperado de
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoinfo/v14n14/v14n14a10.pdf

Fabris, F. (2014). A noção de tarefa, pré-tarefa, e trabalho na teoria de E. Pichon-Rivière.


Cad. Psicol. Soc. Trab. Recuperado de
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cpst/v17nspe/a12v17nspe.pdf

Fiscman, J. B. (1997). Como agem os grupos operativos. In Zimerman, D. E.; Osório, L. C.


(Colab.) Como trabalhamos com grupos. Artes Médicas.

Gattai, M. C. P. (2014). Dinâmica de grupo: da teoria à prática. Senac.

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