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Psicologia Social de

Pequenos Grupos
Pichon-Rivière e os Grupos Operativos
UM POUCO DA HISTÓRIA DE PICHON-RIVIÈRE

De origem Suíça, mas filho de pais franceses Alfonso Pichon e Josefina de La


Riviére, Enrique Pichon-Rivière definia a sua família como forte, unida e muito
lutadora. Eram seis irmãos muito unidos e Pichon era o caçula. Antes mesmo de
entrar na academia estudou psiquiatria como autodidata para entender o
mistério da tristeza. Inicia sua prática no Asilo de Torres onde utiliza o futebol
como terapia grupal dinâmica.
Pichon-Riviére faleceu em um sábado 16 de Julho de 1977.

Sendo um dos mais talentosos psicanalistas do hemisfério sul, Pichon-rivière


criou a teoria dos grupos operativos a partir dos aportes teóricos psicanalíticos
de Melanie Klein e de dinâmica de grupos de Kurt Lewin. Sua formulação de
grupos operativos foi considerada a maior contribuição latino americana para
uma teoria unificada do funcionamento grupal.
OS GRUPOS OPERATIVOS

Características

Segundo Pichon-Rivière, entende-se por grupo um conjunto de pessoas


movidas por necessidades semelhantes e se reúnem em torno de uma
tarefa específica, um objetivo mútuo, onde cada participante é diferente
e exercita sua fala, sua opinião, seu silêncio, defendendo seu ponto de
vista. E neste grupo o indivíduo constrói sua identidade introjetando o
outro dentro de si. Assim o sujeito constrói sua identidade na sua relação
com o outro, estando povoado de outros grupos internos de forma que
todos esses integrantes do nosso mundo interno estão presentes em
nossas ações. (FREIRE, 2000)
Os grupos operativos se caracterizam pela relação que seus
integrantes mantêm com a tarefa, que pode ser de cura ou aquisição de
conhecimentos por exemplo. As finalidades e propósitos dos grupos
operativos são as atividades centradas na solução de situações
estereotipadas, dificuldades de aprendizagem e comunicação, devido à
acumulação de ansiedade que desperta toda mudança. A ansiedade
diante da mudança pode ser depressiva (abandono do vínculo anterior)
ou paranoide (criada pelo novo vínculo e as inseguranças) (OSÒRIO,
2003).
COMO SE FORMA A ESTRUTURA DE UM GRUPO

Segundo Pichon a estrutura de um grupo se compõe pela


dinâmica dos 3D:

•Depositado - é algo que o grupo ou um indivíduo, não


pode assumir em seu conjunto e o coloca em alguém, que
aceita.
•Depositário - é aquele em que é projetado, descarregada a
debilidade familiar, ele assume o doente, o frágil, e assim os
demais se sentem fortes e sadios, pois o problema está nele.
•Depositante - são todos aqueles que colocam para fora que
depositam no depositário .
Picho-Rivière também criou a TEORIA DO VÍNCULO que vai mais além da
visão intrapsíquica da psicanálise situando o homem no contexto de suas
relações.
Elaborou o Esquema Conceitual Referencial Operativo (ECRO), um dos
eixos de sua teoria, onde o referencial é o conjunto de experiências,
conhecimentos e afetos prévios que os indivíduos pensam e agem em
grupos, mas que para se tornar operativo gerar as mudanças pretendidas,
precisa da aplicação de uma estratégia (a criação de uma situação de
laboratório social), de uma tática (a abordagem grupal) e de uma técnica
(focando na tarefa proposta), onde o papel do copensor (nome que Pichon
gostava de dar para o coordenador) é de criar, manter e fomentar a
comunicação entre os membros do grupo (OSÒRIO, 2003).
OS COMPONENTES DO GRUPO

Segundo Pichon são cinco os papéis que constituem um grupo:

Líder de mudança - é aquele que leva a tarefa adiante, enfrenta conflitos e busca
soluções, arrisca-se diante do novo. O líder de mudança na direção dos ideais do grupo
às vezes se descuida do princípio de realidade, de forma que para cada acelerada sua é
importante uma brecada do líder de resistência de forma que os dois são necessários
para o equilíbrio do grupo.
Líder de resistência - puxa o grupo para trás, freia avanços, ele sabota as tarefas,
levantando as melhores intenções de desenvolvê-las, mas poucas vezes cumpre.
Bode expiatório - assume as culpas do grupo, o livrando dos conteúdos que provocam
medo, ansiedade, etc.
Representantes do silêncio - assume as dificuldades dos demais para estabelecer a
comunicação, obrigando o resto do grupo a falar.
Porta voz - é aquele que denuncia a enfermidade grupal, é ele quem denuncia as
ansiedades do grupo, verbaliza os conflitos que estão latentes no grupo. Para identificar
se alguém está desenvolvendo o papel de porta voz deve-se observar como o conteúdo
expressado causa ressonâncias no grupo.
VETORES DE AVALIAÇÃO - CONE INVERTIDO

•Cooperação –é uma contribuição ainda silenciosa para a


tarefa grupal. É a possibilidade dos integrantes assumirem e
desempenharem papéis diferenciados, complementares. Cada
qual contribui com o que sabe e o que pode.
•Pertinência –é o centramento na tarefa. Em oposição a pré-
tarefa onde se trabalha o medo da mudança agora os medos
básicos que alicerçam as resistências estão superados

• Comunicação –é o elemento considerado vital para a


interação do grupo. Ela pode se dar pelas vias verbal, gestual,
atitudinal, afetivas e emocionais. Funciona para os grupos
operativos analogamente a teoria física de vasos
comunicantes –possibilita o nivelamento de conteúdo sem
perda de identidade do continente.
Algumas formas de comunicação:

–de um para todos –quando a recepção dos demais torna-se


passiva pode criar dependência de um “líder”
–de todos para um –observar se não ocorre a depositação de
um “bode expiatório”
–entre dois -que se isolam do grupo e podem criar sub-grupos.
–entre todos –quando o que é falado é escutado pelos demais
e a comunicação se torna fluída entre todos.
•Aprendizagem –se desenvolve a partir das informações
em saltos de qualidade que incluem tese, antítese e
síntese. Mudanças quantitativas que preparam
transformações qualitativas e estruturais. Implica
criatividade, elaboração de ansiedade, e uma adaptação
ativa à realidade.

•Tele –é o vetor que diz respeito ao clima que o grupo


desenvolve. A disposição pró ou contra para trabalhar a
tarefa grupal. São sentimentos de atração ou rejeição, e
portanto tele positiva ou negativa. Significa que toda
situação de encontro, é por sua vez, um reencontro com
figuras do mundo interno, da história dos integrantes, as
quais se reeditam na nova situação.
Vetores de avaliação

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