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DELEGAÇÃO DE CHIMOIO
Cadeira: Psicopatologia
TEMA
NOME
1º ANO, 2º SEMESTRE
DELEGAÇÃO DE CHIMOIO
Cadeira: Psicopatologia
TEMA
Transtorno Degressivo
DOCENTE:
Watson Chanaka
1º ANO
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Estrutura e processo de Grupo
A definição do termo “Processos grupais” envolve o grupo como fruto das relações entre as
pessoas, construindo uma experiência histórica dentro de um espaço e tempo, formando
identidade social e contradições nesta formação (MARTÍNBARÓ, 1989). É preciso, portanto,
compreender as peculiaridades dos grupos, as identidades pessoais que os constituem, com as
contradições entre interesses pessoais e colectivos, competição e cooperação, necessidades e
disponibilidades de recursos materiais. Ressalta-se que não são contradições entre um ou outro
aspecto, mas a relação dialéctica que se coloca nos movimentos e constituições dos grupos.
Moscovici (2004) refere que existem componentes que podem ser analisados para que se
compreendam as dimensões subjectivas dos grupos. São eles: objectivos, motivação,
comunicação, processo decisório, liderança, relacionamento e inovação. Os objectivos referem-
se aos resultados que o grupo pretende atingir colectivamente, às metas individuais de seus
componentes e à sintonia entre ambos aspectos.
Ao analisar motivação, a energia que o grupo investe nas actividades deve ser considerada, assim
como comprometimento, interesse e entusiasmo frente aos desafios.
A comunicação é um dos aspectos mais delicados nos grupos, considerando-se que é aí que a
subjectividade tem maior influência. A liberdade e espontaneidade de expressão, os códigos
utilizados, a clareza e o exercício do feedback são itens relevantes.
A dependência consiste na eleição de um componente do grupo como líder ideal (este pode ou
não ser o líder formal). Este líder idealizado é visto como poderoso e onipotente pelo grupo. A
pessoa “eleita” habitualmente tem um perfil autocrático, porém acolhedor, procura proteger o
grupo e atender às suas expectativas. O grupo, por sua vez, responde com docilidade e motivação
às demandas do líder, embora de maneira reativa. A suposição básica aqui é de que “existe um
ser no grupo que está ali para providenciar que nenhum acontecimento desagradável decorra das
irresponsabilidades do indivíduo” (BION, 1975, 66). Contudo, esta relação de dependência não
se mantém, pois, em alguma situação, o líder não atenderá aos anseios de todos e, não
correspondendo à fantasia do grupo, será depreciado. A relação se torna um ciclo de idealização
e depreciação, até que a tensão fique significativa o suficiente para que o grupo se movimente
para a luta-fuga.
A estrutura dos grupos modela o comportamento dos seus membros e torna possível uma
explicação e até uma previsão acerca do mesmo. Por isso, conhecê-la é fundamental para
explicar o comportamento (ROBBINS, 1999). Os factores estruturais de um grupo são os papéis
de cada membro, as normas, o status do grupo, o tamanho e o grau de coesão.
Segundo o autor, cada membro do grupo desempenha um papel ou uma determinada posição, em
uma unidade social composta de um conjunto de padrões comportamentais associados a este
papel. No entanto, todos desempenham diferentes papéis na sociedade em função de
participarem de diversas unidades sociais como o trabalho, a família, amigos, entre outros, que
influenciam no quotidiano das pessoas.
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O estudo do comportamento objectivo compreender qual o papel que a pessoa desempenha em
determinado momento, pois grupos diferentes impõem exigências de papéis diferentes aos
indivíduos.
Segundo Spector (2002), o conceito de papel subentende que nem todas as pessoas em um grupo
têm a mesma função ou propósito, seus encargos e responsabilidades são diferentes. Os papéis
de cada indivíduo dentro de uma empresa podem ser criados por ela, ou surgirem a partir da
interacção entre as pessoas e não pelas regras formais e especificações das organizações.
Cada participante de um grupo tem um papel que em linhas gerais é o comportamento que se
espera dele como integrante desse grupo. Espera-se de um supervisor de uma determinada área
que dê assistência aos membros da sua equipe e controle seus processos e garanta os resultados
e, da mesma forma se espera que todos os membros de um determinado grupo desempenhem o
seu papel. Mas, o papel esperado é apenas um tipo de papel. Há também o papel percebido pelos
outros e o papel realizado.
Terá sido a confluência de três grandes factos que criou a conjuntura favorável à emergência da
Psicologia dos Grupos. Primeiro, o interesse de alguns pensadores em abordarem o fenómeno
grupal, no domínio da especulação (porque sem apoio empírico), principalmente teóricos vindos
de duas perspectivas: da perspectiva sociológica e da perspectiva psicossocial.
Os trabalhos de Elton Mayo [marco incontornável no estudo dos grupos], embora tivessem como
objectivo inicial estudar a relação entre as condições de trabalho e a incidência de fadiga entre os
trabalhadores, revelaram, inesperadamente, efeitos ao nível interpessoal, nomeadamente na
relação entre trabalhadores e entre trabalhadores e gestores, levando, assim, Mayo e
colaboradores, a colocar ênfase na organização social dos grupos de trabalho, nas relações
sociais entre supervisor e subordinados, nas normas informais que regulam o comportamento dos
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membros do grupo de trabalho, assim como nas atitudes e motivos que existem no contexto do
grupo (Cartwright & Zander, 1968).
Vimos que embora a origem do estudo dos grupos remonte ao final do século XIX, foi através da
Psicologia Social Norte Americana, nos primeiros anos do século XX, que este se tornou num
campo de investigação distinto (Arrow, McGrath & Berdahl, 2000, p. 11), mais concretamente
na década de 30, que, tal como referem alguns autores (e.g. Cartwright & Zander, 1968; Levine
& Moreland, 2006), marcam o início do estudo sistemático dos pequenos grupos, que, sem
dúvida, tem sido de enorme importância para psicólogos sociais e organizacionais (Sanna &
Parks, 1997, p. 261). Todavia, e não estando os grupos exclusivamente associados a uma das
ciências sociais, vimos, também, que sociólogos (essencialmente), antropólogos, economistas e
cientistas políticos, aplicaram muita energia no seu estudo, mostrando que o interesse por grupos
era (e continua a ser) partilhado, o que, de acordo com Cartwright e Zander (1968) faz com que
qualquer conhecimento geral sobre a dinâmica dos grupos tivesse [e tenha] largo significado
dentro das ciências sociais. Foi (este) o primeiro período de evolução do pensamento da
Psicologia dos Grupos, a que González e Barrull (1999) intitulam de período fundacional, uma
vez que durante o mesmo (décadas de 30 e 40) se formaram os seus pilares teóricos,
essencialmente com as contribuições de duas grandes figuras, Moreno e Lewin.
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3.Conclusão
Todavia, depois deste período altamente produtivo12, a Psicologia dos Grupos entra numa crise
teórica (o terceiro período do seu desenvolvimento), que durou até ao início dos anos 80, em
consequência de uma crise maior, a da Psicologia social13 (González & Barrull, 1999). Tal
como refere Steiner “ By the 1960’s, the group did, indeed, seem to be rather dead, or at least, in
very deep hibernation” (1974, p. 101).
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Referencia Bibliográfica
Arrow, H., McGrath, J., & Berdahl, J. (2000). Small Groups as Complex Systems. California:
Sage Publications, Inc.
Arrow, H., Poole, M.S., Henry, K.B., Wheelan, S., & Moreland, R. (2004). Time, Change and
Development: The temporal perspective on groups. Small Group Research, 1, 73-106.
Elliott, R., Fischer, C.T., & Rennie, D.L. (1999). Evolving guidelines for publication of
qualitative research studies in psychology and related fields. British Journal of Clinical
Psychology, 38, 215-229.