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TRABALHO / RESOLUÇÃO:
Jacques (2008), busca demonstrar alguns contributos trazidos pela Psicologia Social
para as organizações e para o trabalho. O artigo inicia-se com um enquadramento
histórico, devido a importância que a história tem tido para poder compreender o
presente e elucidar o futuro. Foi durante o fim do século XIX que a Psicologia se tornou
uma ciência independente. Buscando se consolidar passou a renegar as filosofias e as
epistemologias e passando a usar métodos investigativos das ciências físicas e naturais.
É imprescindível ressaltar a importância do laboratório experimental de Leipzig para a
consolidação da “nova ciência”, permitindo assim antecipar, monitorar e manobrar a
conduta humana, e desta forma ser requisitada para interferir nos locais de trabalho.
(Silveira et al., 2008)
Foi no início do século XX que os psicólogos começaram a serem chamados para atuar
nas indústrias, pois Frederick Taylor acreditava muito na sinergia de máquina e homem.
Assim, os psicólogos poderiam contribuir para a divisão das funções no trabalho, na
produção (hierarquia e cronometragem) e também na competência e no desagrado
humano em determinadas funções. Deste modo, surge o primeiro laboratório de
Psicologia Industrial nos Estados Unidos em 1902. Nesta fase, a conceção da
administração científica é contestada e até modificada. Jacques (2008) chega a citar: “A
partir da ênfase concedida por modelo de gestão de pessoal aos aspetos psicológicos
individuais sobre o desempenho no trabalho, uma aproximação com a produção teórica
em Psicologia Social se delineia e se consolida” (Silveira et al., 2008, p. 78). De 1924 a
1933 durante o experimento de Hawthorne a Psicologia Social conseguiu analisar e
prever as condutas, as ações, os impulsos e os estímulos ecoados em trabalhos
individuais e em grupos. Tal ciência foi muito requisitada devido ao aumento da
demanda e foi assim denominada a Psicologia Industrial. O padrão da Psicologia Social
hegemónica facilita o trabalho do psicólogo de trabalho industrial, na medida em que
quanto mais o indivíduo está adaptado a sua função melhor qualidade terá o seu
trabalho. Essa adaptação está relacionada com o perfil individual, com formações e
treinamento e também com as relações sociais. Tendo em conta a disposição eficaz dos
seres humanos no trabalho, surge o termo organização, derivando assim a Psicologia
Organizacional.(Silveira et al., 2008)
Na busca pela ciência exata e absoluta, a Psicologia Organizacional foi vista com
depreciação por alguns pensadores. Entretanto, a Psicologia Social apesar de
desprezar e depreciar, contribuiu para psicologia organizacional desencadeando o
alargamento das áreas de estudos, como a psicologia clínica e a administração. Por
meio da Psicologia Institucional as psicologias sociais e clínicas trabalhavam em
colaboração, entretanto, esta não obteve muito sucesso no campo das organizações.
Jacques (2008) conclui que num ambiente empresarial é possível coexistirem as três
vertentes: Psicologia Institucional, Psicologia do trabalho e Psicologia Organizacional.
(Silveira et al., 2008)
Peiró (1996 in Neto, 2004) defende que os estudos das organizações não servem
apenas para aplicar conhecimento como também para obter informação e perceção nas
variadas vertentes da investigação psicossocial. (Peiró, 1996 in Neto, 2004)
É importante entender que A Escola das Relações Humanas nos Estados Unidos nos
anos 30, do século XIX foi primordial para a perceção do ambiente organizacional,
principalmente a formação de grupos informais. Entretanto, mais tarde enfatizou-se a
investigação nos acontecimentos grupais, a construção de grupos e suas lideranças, e
a distinção de líder de tarefa e líder social. Uma organização pode ser entendida como
uma composição de pessoas individuais ou grupos- trabalhando para a realização de
um objetivo em comum-, com diferentes funções e sob uma hierarquia respeitada. Desta
forma, permite que haja uma coesão equilibrada entre máquinas, pessoas e espaço.
(Neto, 2004)
Jacques (2008) defende a ideia de que é prejudicial e errado procurar uma unidade na
atuação nas relações laborais, uma vez que são várias psicologias sociais que podem
favorecer na atuação da mesma. Cita que: “Falar em contribuições da Psicologia Social
é simplificar a questão pois as diferentes Psicologias Sociais contribuíram e contribuem
no campo da Psicologia do Trabalho e das Organizações” (Silveira et al., 2008, p. 82)
Nota-se que a Psicologia Social, pode sim contribuir de diversificadas formas para o
trabalho e organizações, em suas variadas vertentes, de forma aplicada. Cada trabalho,
cada empresa, cada organização é formada por seres humanos. Todo indivíduo é
composto por peculiaridades como: traços de personalidade, traumas, crenças,
culturas, entre outras. Assim, agem e reagem de acordo com essas peculiaridades
influenciando o seu trabalho e o ambiente do mesmo. Tal situação é preciso ser
equilibrada e arestada de acordo com a necessidade, podendo vir até a necessidade de
mudar a organização, ou seja, reorganizar.
Enfim, Neto (2004) afirma “As atribuições de significado perante a realidade envolvente,
as percepções, as crenças, as incertezas, as ansiedades dos trabalhadores não ficam
“em casa”, antes co-existem e influenciam a vida organizacional e a própria
organização” (Neto, 2004, pp. 153,154).
Referências Bibliográficas
Silveira, A. F., Bulgacov, Y. L. M., Gewehr, C., & Bonin, L. F. R. (Eds.). (2008).