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Psicologia Social Aplicada

TRABALHO / RESOLUÇÃO:

O presente trabalho visa identificar os principais conceitos desenvolvidos no artigo


“Contribuições da Psicologia Social para o trabalho e as organizações”, de Maria da
Graça Corrêa Jacques (2008) e destacar os principais contributos para a compreensão
da questão das organizações. Os conceitos destacados serão articulados com o
capítulo 4- Psicologia Social Aplicada às Organizações, do livro Noções de
Psicopatologia, coordenado por Félix Neto (2004).

Jacques (2008), busca demonstrar alguns contributos trazidos pela Psicologia Social
para as organizações e para o trabalho. O artigo inicia-se com um enquadramento
histórico, devido a importância que a história tem tido para poder compreender o
presente e elucidar o futuro. Foi durante o fim do século XIX que a Psicologia se tornou
uma ciência independente. Buscando se consolidar passou a renegar as filosofias e as
epistemologias e passando a usar métodos investigativos das ciências físicas e naturais.
É imprescindível ressaltar a importância do laboratório experimental de Leipzig para a
consolidação da “nova ciência”, permitindo assim antecipar, monitorar e manobrar a
conduta humana, e desta forma ser requisitada para interferir nos locais de trabalho.
(Silveira et al., 2008)

Foi no início do século XX que os psicólogos começaram a serem chamados para atuar
nas indústrias, pois Frederick Taylor acreditava muito na sinergia de máquina e homem.
Assim, os psicólogos poderiam contribuir para a divisão das funções no trabalho, na
produção (hierarquia e cronometragem) e também na competência e no desagrado
humano em determinadas funções. Deste modo, surge o primeiro laboratório de
Psicologia Industrial nos Estados Unidos em 1902. Nesta fase, a conceção da
administração científica é contestada e até modificada. Jacques (2008) chega a citar: “A
partir da ênfase concedida por modelo de gestão de pessoal aos aspetos psicológicos
individuais sobre o desempenho no trabalho, uma aproximação com a produção teórica
em Psicologia Social se delineia e se consolida” (Silveira et al., 2008, p. 78). De 1924 a
1933 durante o experimento de Hawthorne a Psicologia Social conseguiu analisar e
prever as condutas, as ações, os impulsos e os estímulos ecoados em trabalhos
individuais e em grupos. Tal ciência foi muito requisitada devido ao aumento da
demanda e foi assim denominada a Psicologia Industrial. O padrão da Psicologia Social
hegemónica facilita o trabalho do psicólogo de trabalho industrial, na medida em que
quanto mais o indivíduo está adaptado a sua função melhor qualidade terá o seu
trabalho. Essa adaptação está relacionada com o perfil individual, com formações e
treinamento e também com as relações sociais. Tendo em conta a disposição eficaz dos
seres humanos no trabalho, surge o termo organização, derivando assim a Psicologia
Organizacional.(Silveira et al., 2008)

Na busca pela ciência exata e absoluta, a Psicologia Organizacional foi vista com
depreciação por alguns pensadores. Entretanto, a Psicologia Social apesar de
desprezar e depreciar, contribuiu para psicologia organizacional desencadeando o
alargamento das áreas de estudos, como a psicologia clínica e a administração. Por
meio da Psicologia Institucional as psicologias sociais e clínicas trabalhavam em
colaboração, entretanto, esta não obteve muito sucesso no campo das organizações.
Jacques (2008) conclui que num ambiente empresarial é possível coexistirem as três
vertentes: Psicologia Institucional, Psicologia do trabalho e Psicologia Organizacional.
(Silveira et al., 2008)

Peiró (1996 in Neto, 2004) defende que os estudos das organizações não servem
apenas para aplicar conhecimento como também para obter informação e perceção nas
variadas vertentes da investigação psicossocial. (Peiró, 1996 in Neto, 2004)

É importante entender que A Escola das Relações Humanas nos Estados Unidos nos
anos 30, do século XIX foi primordial para a perceção do ambiente organizacional,
principalmente a formação de grupos informais. Entretanto, mais tarde enfatizou-se a
investigação nos acontecimentos grupais, a construção de grupos e suas lideranças, e
a distinção de líder de tarefa e líder social. Uma organização pode ser entendida como
uma composição de pessoas individuais ou grupos- trabalhando para a realização de
um objetivo em comum-, com diferentes funções e sob uma hierarquia respeitada. Desta
forma, permite que haja uma coesão equilibrada entre máquinas, pessoas e espaço.
(Neto, 2004)

Sabe-se qua a comunicação é importante em qualquer ambiente. De acordo com


Chiavenato (1989), comunicar consiste em não apenas passar uma informação, mas
acima de tudo se fazer entender.(Chiavenato, 1989)

Se a comunicação não for eficaz e respeitosa pode gerar conflitos intraindividuais e


interindividuais. Estudos têm revelado que os indivíduos em situações de conflito
exercem um dos cinco comportamentos: competição, compromisso, acomodação,
evitamento ou colaboração. Tal situação traz resultados negativos quer seja para a
organização ou para o indivíduo, entretanto, é possível parar e refletir sobre a situação
e tomar decisões que vão positivar a concretização dos objetivos ou até mesmo
minorizar problemas e consequências futuras. (Neto, 2004)

Dentro do comportamento organizacional a liderança é um dos pontos mais estudados,


uma vez que o líder exerce influencia direta aos seus subordinados. Entretanto, cada
indivíduo possui suas características próprias. Os processos cognitivos podem
influenciar a dinâmica das organizações, pois tratam-se de interações sociais. A forma
como cada indivíduo percebe o próximo está intimamente ligado a forma como ele
percebe a si próprio. Tais perceções podem ser baseadas em estereótipos, efeito de
halo, atribuições causais, atribuições situacionais e atribuições disposicionais. (Neto,
2004)

Jacques (2008) defende a ideia de que é prejudicial e errado procurar uma unidade na
atuação nas relações laborais, uma vez que são várias psicologias sociais que podem
favorecer na atuação da mesma. Cita que: “Falar em contribuições da Psicologia Social
é simplificar a questão pois as diferentes Psicologias Sociais contribuíram e contribuem
no campo da Psicologia do Trabalho e das Organizações” (Silveira et al., 2008, p. 82)

Neto (2004) vem confirmar tal pensamento na frase “A compreensão do funcionamento


organizacional não pode ser alheia ao fator humano… o contexto organizacional está
sujeito aos processos cognitivos que guiam a perceção social (e os enviesamentos
decorrentes)” (Neto, 2004, p. 153).

Nota-se que a Psicologia Social, pode sim contribuir de diversificadas formas para o
trabalho e organizações, em suas variadas vertentes, de forma aplicada. Cada trabalho,
cada empresa, cada organização é formada por seres humanos. Todo indivíduo é
composto por peculiaridades como: traços de personalidade, traumas, crenças,
culturas, entre outras. Assim, agem e reagem de acordo com essas peculiaridades
influenciando o seu trabalho e o ambiente do mesmo. Tal situação é preciso ser
equilibrada e arestada de acordo com a necessidade, podendo vir até a necessidade de
mudar a organização, ou seja, reorganizar.

Enfim, Neto (2004) afirma “As atribuições de significado perante a realidade envolvente,
as percepções, as crenças, as incertezas, as ansiedades dos trabalhadores não ficam
“em casa”, antes co-existem e influenciam a vida organizacional e a própria
organização” (Neto, 2004, pp. 153,154).
Referências Bibliográficas

Chiavenato, I. (1989). Iniciação a Administração Geral (1a edição).

Neto, F. (2004). Psicologia Social Aplicada. Universidade Aberta.

Silveira, A. F., Bulgacov, Y. L. M., Gewehr, C., & Bonin, L. F. R. (Eds.). (2008).

Cidadania e participação social. Centro Edelstein de Pesquisas Sociais.

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