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Psicologia e Trabalho

Unidade 1 – A entrada da psicologia no mundo do trabalho

Curso de Psicologia – Universidade Cruzeiro do Sul


Disciplina: Psicologia e Trabalho
Docente: Dímitre Moita
Bibliografia: LEÃO, L. H. C. Psicologia do Trabalho: aspectos históricos, abordagens e desafios atuais.
Estudos contemporâneos da subjetividade – ECOS. v. 2, n. 2, 2012.
Contando UMA história

• “A psicologia do trabalho pode ser designada como campo de compreensão e intervenção sobre o trabalho e as
organizações, visando analisar a interação das múltiplas dimensões que caracterizam pessoas, grupos e organizações, com
a finalidade de construir estratégias e procedimentos que promovam, preservem e reestabeleçam o bem‐estar” (p.
292);
• Multiplicidade, diversidade e heterogeneidade;
• Leão se afasta da narrativa histórica “como caminho retilíneo e evolutivo em gradual refinamento da área” (p. 292);
• Esta é UMA dentre várias narrativas possíveis.
Psicologia do Trabalho

• CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
• Multi e interdisciplinaridade.
• PARTICULARIDADE:
• “[...] pluralidade e multiplicidade de orientações teórico-metodológicas” (p. 293).
• APESAR DA DIVERSIDADE:
• “Essa área científica e profissional tem como objeto de estudo os fenômenos relativos aos processos organizacionais e do trabalho
enquanto fazer humano” (p. 293).
Surgimento da Ψ do trabalho

• Relação com acelerados processos de urbanização e industrialização (sobretudo nos Estados Unidos e na Europa);
• Intenção inicial: contribuir para minimizar problemas do ser humano no âmbito das fábricas;
• Hugo Münsterberg – Psicologia e eficiência industrial (1913):
• “[...] conseguir o melhor homem possível, o melhor trabalho possível, o melhor resultado possível” (p. 293);
• Recriar o cotidiano em laboratório;
• “Almejava selecionar, classificar e examinar habilidades pessoais em função das tarefas a serem desenvolvidas e também avaliar processos
mentais como atenção, memória, tomada de decisão e julgamento”.
Taylorismo

• Frederick Taylor: organização científica do trabalho;


• SEPARAÇÃO ENTRE CONCEPÇÃO E EXECUÇÃO;
• Lilian Gilbreth: estudos de tempos e movimentos (THERBLIG):
• Eliminação de movimentos inúteis e tempos mortos;
• Racionalização do trabalho.
Ψ do Trabalho no Brasil

• Psicologia emerge no Brasil a partir da década de 1920;


• “[...] contribuiu para a adaptação dos trabalhadores aos ditames da produção a fim de obter máxima produtividade” (p.
295);
• Industrialização: quem vai trabalhar na indústria em desenvolvimento?
• Ênfase psicométrica e psicotécnica -> normatizar e disciplinar os corpos dos trabalhadores.
Tarsila do
Amaral –
São Paulo
(1924)
Tarsila do
Amaral –
Operários
(1933)
Ψ no universo das organizações
• Diferença entre Psicologia Industrial (1920-1940) e Psicologia Organizacional:
• “Primeiro, os problemas tradicionais (recrutamento, testes, seleção, treino, análise de tarefas, incentivos,
condições de trabalho) passam a ser tratados como inter‐relacionados e ligados ao sistema social da
organização. Segundo, essa psicologia se interessa por uma nova série de problemas da organização
enquanto um sistema complexo. Tais problemas não são limitados ao comportamento individual, mas
abrangem o comportamento de grupos, subsistemas e à organização global como reação a estímulos
externos e internos” (p. 296).
Ψ no universo das organizações

• Influência da sociologia, da antropologia e da própria psicologia social;


• Novos conceitos;
• Visão multicausal;
• Sistemas complexos;
• “[...] as relações sociais e a organização informal dos trabalhadores são fatores-chave para a produtividade” (p. 297).
Ψ no universo das organizações

• Foco na eficiência, buscando conciliar as necessidades do indivíduo com as exigências da organização;


• “[...] para o indivíduo, a organização existe como ‘entidade psicológica à qual ele reage’ e as características organizacionais
exercem influência sobre seu comportamento” (p. 297);
• Transformações do mundo do trabalho na segunda metade do século XX;
• Há expressões dentro da Psicologia organizacional que fazem “[...] um resgate do ponto de vista do sujeito, e, em função
disto, a eficácia da organização não recebe a atenção exclusiva” (p. 298).
Ψ (social) do Trabalho

• Década de 1960;
• Eminentemente crítica – articula psicologia e marxismo;
• Modelo Operário Italiano (MOI): “A saúde não se vende, nem se delega: se defende” (p. 298):
• Mapa de riscos e instrução ao sósia.
• Perspectiva pós-moderna: Foucault, Deleuze e Guattari:
• Relações de poder no espaço de trabalho.
Ψ (social) do Trabalho

• Década de 1980 no Brasil e na América Latina:


• Modelo de desgaste mental
• Medicina social latino-americana (Laurell e Noriega)
• Saúde mental relacionada ao trabalho (Edith Seligmann-Silva)
“Alguns desses estudos também são marcados pelas perspectivas do materialismo dialético e polemizam com as ênfases
organizacionais tecendo críticas sobre suas bases ideológicas e éticas, bem como seu compromisso com a produção e o
capital em detrimento do trabalho” (p. 299).
Clínicas do trabalho

• Surgem na França, a partir da década de 1980;


• Influências comuns: ergonomia da atividade e psicopatologia do trabalho;
• Abordagens de pesquisa-intervenção;
• Enfocam a diversidade da ação e do ato de trabalhar;
• Rinha de abordagens!
Clínicas do trabalho
Clínica Propositor(es) Inspirações teóricas
Psicossociologia clínica Eugene Enriquez, Vicent de Gaulejac Psicanálise e Sociotécnica inglesa
Psicodinâmica do trabalho Christophe Dejours, Pascale Molinier Psicanálise e filosofia de Habermas
Clínica da atividade Yves Clot Psicologia de Vigotski, linguística de Bakhtin, filosofia de Espinosa
Ergologia Yves Schwartz Filosofia de Canguilhem

“[...] essas vertentes teórico/metodológicas têm em comum a compreensão do trabalho como


atividade do sujeito, complexa e intersubjetiva, que mobiliza dinâmicas coletivas de criação de
normas e formas particulares de agir, irredutíveis às prescrições” (p. 301).
Clínicas do trabalho

Mobilização do sujeito
Trabalho prescrito Ação de quem trabalha
Trabalho real
(tarefa) Emprego da subjetividade (atividade realizada)
Renormatizações
Desafios no contexto brasileiro

• Pesquisas e intervenções interdisciplinares e multiprofissionais;


• Abordar o tema do sofrimento;
• Atenção ao setor primário da economia, a agricultura;
• Exclusão do mercado de trabalho;
• Relações de serviço e trabalho não-material;
• Psicologia originada da realidade e das necessidades do país.

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