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PSICOLOGIA

ORGANIZACIONAL E
DO TRABALHO
(nível 1)
Profª. Especialista Pryscilla Silva
CRP 14/08007-2
As organizações
• Chiavenato (2004), afirma que todas as organizações se defrontam com
problemas, e que por isso, devem estar em constante organização internamente,
para responder às expectativas e exigências do mundo do trabalho.

• Chiavenato (2004, p.286) explica que, “organizar a organização é um enorme e


constante desafio”. As organizações nascem, crescem, se desenvolvem, e se não
forem bem cuidadas podem findar, por isso as organizações devem se organizar e
reorganizar constantemente para serem bem sucedidas.
• A organização (do grego, organon = ferramenta) significa o arranjo e
disposição dos recursos organizacionais para alcançar objetivos
estratégicos.

• Esse arranjo se manifesta na divisão do trabalho em unidades


organizacionais, como divisões ou departamentos e cargos, a definição de
linhas formais de autoridade e a adoção de mecanismos para coordenar as
diversas tarefas organizacionais (CHIAVENATO, 2004).
• Chanlat (1996) traz que a organização é um local para onde são trazidos, e no
interior do qual são reproduzidos e produzidos, esquemas de conhecimento,
instrumentos de análise, de onde há conhecimentos sistematizados sobre o
ambiente, tecnologia, e sobre a própria organização e a psicologia dos
indivíduos.

• As organizações se propõem muitas vezes a atender apenas as necessidades do


cliente, deixando de prestar atenção no trabalhador que realiza este serviço.
Reforça-se que a qualidade dos serviços prestados não se faz somente com
tecnologias, mas sim com pessoas que estejam capacitadas, treinadas,
lideradas, motivadas e tenha plena consciência de suas responsabilidades
(CHIAVENATO, 2004).
• Levando em conta que muitas organizações crescem, e que apesar de
provocarem sofrimento e dor nas pessoas, crescem a ponto de ignorar este
fator tão importante que é saúde tanto física quanto mental desses sujeitos,
que são tomados como “coisas funcionais” (pessoas vistas apenas como
trabalhadores sem espaço para expor sentimentos), onde não há lugar nem
tempo para afeto e expor emoções, que devem ficar contidos, criando várias
situações de conflito (FRANÇA, 2008).

• De acordo com Morgan (1996), as organizações são planejadas e operadas


como se fossem máquinas.
• Este autor refere que, pela organização ser comparada a uma máquina, o
trabalhador deveria acompanhar o seu ritmo de funcionamento. Mas a
maioria das organizações são burocratizadas, devido à maneira mecanicista
de pensamento que delineou os mais fundamentais conceitos de que se
chama de organização.

• Quando se fala em organização pensa-se num conjunto de ralações


ordenadas entre partes claramente definidas que possuem alguma ordem
determinada.
• Chiavenato (2004) aborda a concepção de que o homem moderno vive dentro
da organização e precisa dela para viver, se alimentar, educar, informar,
divertir e cuidar da saúde.

• E a cultura da organização é histórica e antropológica (porque está gravada


em cada organização). É esta cultura que diferencia a maneira como cada
sujeito interage uns com os outros e também como se comportam, sentem,
pensam, agem e trabalham.
O trabalho
• Para alguns sujeitos, o trabalho é algo da ordem de uma escolha subjetiva,
permitindo a construção de sua identidade como pessoa, pois, podemos nos
organizar através do reconhecimento que obtivermos no trabalho que
realizamos.

• Para muitos, o trabalho é apenas uma forma de ganhar dinheiro para


sustentar o consumo. Para muitas outras pessoas, é a forma de colocar em
prática seus conhecimentos em determinada área, o que daria um sentido para
o trabalho que desenvolve.
• Na língua portuguesa a palavra trabalho, tem origem do latim, Tripalium que
era um instrumento feito de três paus aguçados, algumas vezes munidos de
pontas de ferro, o qual os agricultores usavam para bater trigo, e espigas de
milho como explica Albornoz (1994).

• Vasquez (1997) ressalta que o trabalho, é de certa forma uma atividade


humana, que é governada pela consciência e por fins idealmente postos
antes da execução propriamente dita da atividade. Sendo assim podemos
pensar que antes mesmo do trabalho ser executado, ele já é tido como tal,
porque precisa ser pensado, planejado, elaborado antes de ser propriamente
desenvolvido na prática.
• Na interpretação de Codo (1993), Marx Weber defende um posicionamento
um pouco diferente sobre o trabalho. Em “O Capital”, Marx afirma o trabalho
como sendo criador de valores-de-uso, como trabalho útil, e que o trabalho é
indispensável para a existência do homem, seja em quaisquer formas de
sociedade, pois é uma necessidade natural.
A Psicopatologia do Trabalho como abordagem

• Em um momento inicial, a Psicologia do Trabalho encontra espaço para tratar


das questões de saúde no contexto organizacional, por meio do eixo de
estudos sobre a saúde mental, estando inicialmente ligado à Psiquiatria.
• Os estudos nesse momento deram origem a uma nova forma de análise do
trabalho, que ficou conhecida como Psicopatologia do Trabalho.

• Nas palavras de Dejours, Abdoucheli e Jayet, a Psicopatologia do Trabalho


pode ser definida como: “a análise dinâmica dos processos psíquicos
mobilizados pela confrontação do sujeito com a realidade do trabalho”
(2009, p. 120).
• Segundo Billiard (1996), corroborada por Lima (1998), a expressão
“psicopatologia do trabalho” surgiu em 1952, como título de um artigo
escrito pelo psiquiatra Paul Sivadon.

• Em seguida, foram publicados dois artigos do também psiquiatra Louis Le


Guillant, a respeito da “psicologia do trabalho” e da “psicopatologia
social”, em 1952 e 1954, respectivamente.
• Contudo, desde 1927, o American Journal of Psychiatry publica matérias
sobre “Psiquiatria Ocupacional”, “Saúde Mental Ocupacional” e “Psiquiatria
Industrial” (Seligmann-Silva, 1994).

• Historicamente, pode-se identificar fatos relevantes que precederam ou


aconteceram concomitantemente ao surgimento desses primeiros estudos, na
França.

• Logo após a I Guerra Mundial assistiu-se a uma modernização das


indústrias francesas que visava basicamente à racionalização e ao aumento
da produtividade.
• Já no período entre guerras, a psiquiatria francesa sofreu transformações ao
incorporar os pressupostos freudianos à sua prática.

• Transformações político-sociais, científicas e tecnológicas ocorridas


posteriormente na França, conduziram a novas perspectivas no
desenvolvimento da Psicopatologia do Trabalho, principalmente após a II
Grande Guerra.
• Nessa época, tornou-se necessário o desenvolvimento de estudos e técnicas
para adaptar o maior número possível de novos trabalhadores em diferentes
tarefas, inclusive mulheres, idosos e doentes mentais.

• Muitos desses últimos, aliás, foram liberados dos hospitais psiquiátricos por
falta de condições de sobrevivência nesses estabelecimentos. Para surpresa
dos psiquiatras, no final da Guerra, esses doentes mentais considerados
“pacientes crônicos”, mostravam-se aptos a retornar à vida familiar e social,
assim como a realizar alguma tarefa produtiva.
• Assim, Sivadon e Veil deram origem ao que se chamou de “clínica do
sujeito” em situações relacionadas ao trabalho, com foco em questões
intrapsíquicas do sujeito.

• Enquanto que Le Guilant deu origem à “clínica social do trabalho” com foco
nas situações de trabalho, com todas as contradições, incompatibilidades e
conflitos, bem como nas reações que provoca no sujeito, que não é passivo
(SOUZA; ATHAYDE, 2006).
• Dentre os precursores desse campo de estudos podemos citar:
• A contribuição maior de Sivadon para o campo da saúde mental no trabalho foi a
sistematização de uma nova forma de abordar o doente mental: a ergoterapia.

• Através dessa abordagem, o trabalho passa a ser "reconhecido especialmente


pelo seu valor de integração social" (Veil, 1985, p. 14).

• Mas foi também Sivadon que empregou pela primeira vez o termo
"psicopatologia do trabalho". Ou seja, apesar de ter dedicado grande parte dos
seus esforços à compreensão do valor terapêutico do trabalho no tratamento de
doentes mentais, ele foi capaz de "reconhecer o trabalhador no doente mental“
ao constatar o potencial patogênico de certas formas de organização do trabalho.
• Dejours desenvolveu e publicou estudos que reforçam a percepção de que:
• A partir desses estudos, Dejours começou a deslocar o foco das doenças
mentais geradas pelo trabalho para o sofrimento e as defesas contra esse
sofrimento, dando origem ao que chamou de Psicodinâmica do Trabalho
(ATHAYDE, 2005).
Psicodinâmica do Trabalho (PDT)
• Christophe Dejours é o maior representante de um novo campo de pesquisa
que começa a se delinear a partir dos movimentos de Maio de 68 na França
(protestos estudantis em Paris): aquele que se interessa pela investigação das
consequências mentais do trabalho, mesmo quando não surgem doenças
mentais propriamente ditas.
• A Psicodinâmica do Trabalho é uma abordagem multidisciplinar que une
conhecimentos da Ergonomia, da Psicanálise e da Psicopatologia do
Trabalho. Foi criada por Christophe Dejours, médico e psicanalista francês,
na década de 1980.
• Ergonomia é o conjunto de disciplinas que estudam a organização do
ambiente de trabalho e as interações entre o homem e as máquinas ou
equipamentos, com o intuito de trazer conforto ao trabalhador, prevenir as
doenças ocupacionais e realizar uma boa interação entre o ambiente de
trabalho, as capacidades físicas e psicológicas do empregado e a eficiência do
sistema.

• A ergonomia se preocupa com as condições do ambiente de trabalho.


• A PDT preconiza que a relação do sujeito (trabalhador) com a atividade que
desenvolve e a organização do trabalho podem influenciar as experiências de
prazer/sofrimento e, consequentemente, de saúde/doença (DUARTE;
MENDES, 2015).

• Assim, distinguiu-se dos estudiosos anteriores, trazendo a possibilidade de


compreender como o trabalho pode gerar saúde e prazer.
• A organização do trabalho pode ser entendida em duas partes: divisão do
trabalho, que se refere à divisão de tarefas entre os operadores, repartição,
cadência, etc. (o modo prescrito do trabalho); divisão de homens, que se
refere à repartição de responsabilidades, hierarquia, comando, controle, etc.

• Dejours entende que a divisão do trabalho atua sobre o sentido e o interesse


pelo trabalho, enquanto que a divisão de homens demanda especialmente as
relações humanas e investimentos afetivos, elementos que, se de alguma
forma agridem o sujeito, podem provocar sofrimento e adoecimento, nesse
caso, psicossomático.
• Dejours explica a Psicossomática da seguinte forma:
• A partir dessa perspectiva, o sofrimento ocorre em função das tensões
geradas entre o trabalho prescrito (aquele ideal, como deve ser feito, definido
pela empresa) e o trabalho real (o que foi efetivamente realizado), ou o que é
possível fazer em função das dificuldades e obstáculos existentes.

• Para enfrentar essa situação, o sujeito pode desenvolver estratégias de defesa


individuais ou coletivas, buscando transformar sofrimento psíquico em
prazer. Isso pode ser traduzido, na prática, como satisfação, realização,
orgulho de ver um trabalho concluído e bem feito, apesar das dificuldades.
• Dessa dinâmica e aparente “luta”, entre prazer/sofrimento, saúde/doença,
vem o termo que denomina a abordagem “psicodinâmica”, sugerindo
movimento contínuo entre diferentes forças.

• Uma fonte de prazer é a transformação das situações causadoras de


sofrimento por meio da mobilização subjetiva, onde sujeito faz uso de sua
subjetividade, sua inteligência prática e do coletivo de trabalho buscando o
resgate do sentido do trabalho.
• Quando o sujeito (trabalhador) não consegue ter sucesso nas suas estratégias
de defesa, resta o sofrimento, que, se prolongado ou repetido, pode provocar
o adoecimento.

• Isso pode ocorrer por conta de diferentes fatores presentes no contexto de


trabalho e, segundo essa linha de pesquisa, tem origem nos modelos de
produção e gestão dos trabalhos atuais que trazem altas demandas de
investimento de energia, competências e saberes, sem a contrapartida de
participação, reconhecimento e autonomia dos trabalhadores na condução de
suas tarefas (que seriam formas de enfrentamento).
• Então, poderíamos pensar de forma simplista que todas as pessoas que
trabalham em um mesmo local, com as mesmas condições, teriam os mesmos
problemas (visão epidemiológica).

• Porém seria uma forma equivocada de análise, pois entre as fontes de


sofrimento no trabalho e o efetivo adoecimento está o sujeito, único, em sua
forma de perceber o contexto e reagir a ele, a partir de recursos próprios. A
esse mecanismo que faz cada sujeito ser único, Dejours chamou
“funcionamento psíquico”, termo adaptado da Psicanálise.
• Portanto, para Dejours, o objeto de estudo da Psicopatologia do Trabalho é,
acima de tudo, o sofrimento, mas isto não significa que tudo fique reduzido à
constatação desse sofrimento.

• Trata-se também de realizar uma análise que abrirá possibilidades de


transformação dessa realidade. Ele observa que muitas vezes não é possível
alcançar um equilíbrio entre as exigências da organização do trabalho e as
necessidades tanto fisiológicas quanto psicológicas do trabalhador.
• Deste conflito emerge um sofrimento que pode ser mais ou menos elaborado
e apresentar repercussões mais ou menos acentuadas sobre a saúde mental.

• Segundo Dejours, o grande enigma para a Psicopatologia do Trabalho não é a


doença mental e sim a normalidade, isto é, o que importa realmente é
compreender as estratégias defensivas (individuais e/ou coletivas) adotadas
pelos trabalhadores com a finalidade de evitar a doença e preservar ainda
que precariamente seu equilíbrio psíquico.
• A partir dessa constatação, ele propõe a mudança do nome da disciplina, de
Psicopatologia do Trabalho para "Psicodinâmica do Trabalho“, argumentando
que não foi possível estabelecer uma relação causal entre certos distúrbios
psíquicos e certas formas de organização do trabalho.

• Além disso, considera esta segunda denominação mais adequada na medida em


que amplia o campo da investigação, permitindo um olhar para o sofrimento, mas
também para o prazer no trabalho.

• Em suma, Dejours não admite que o trabalho seria causador de doenças mentais,
podendo no máximo desencadeá-las e, ainda assim, sob certas circunstâncias
bastante específicas.
• A psicodinâmica do trabalho analisa a dinâmica presente nos diversos
contextos de trabalho, atentando-se à atuação de diversas forças, como as
objetivas e as subjetivas, ou as psíquicas, sociais e econômicas, que estão
presentes no contexto do trabalho e podem contribuir para que ele se torne
um lugar de saúde ou de adoecimento (Mendes, 2007).
• Do ponto de vista epistemológico, a psicodinâmica do trabalho é uma
"teoria crítica do trabalho", que envolve dimensões da construção-
reconstrução das relações entre sujeitos-trabalhadores e realidade concreta
de trabalho. Articula a emancipação do sujeito do trabalho. Faz a crítica do
trabalho prescrito, desestabiliza o que está posto, traduz o trabalho a partir
dos processos de subjetivação e vice-versa. (Mendes, 2007, p. 32).
• Sua proposta, ou objetivo, é compreender quais estratégias o trabalhador
utiliza e recorre para se manter saudável diante das mais possíveis
organizações do trabalho, que podem ser frequentemente patologizantes,
sendo que essas estratégias são chamadas pelo autor de defesas e podem ser
tanto individuais quanto coletivas (Codo et al., 2004).

• Portanto a psicodinâmica enfatiza a normalidade e as estratégias que


permitem ao sujeito estar minimamente saudável, em detrimento da
patologia.
• A psicodinâmica trata da saúde mental como resultado da maneira como os
trabalhadores posicionam-se diante do sofrimento decorrente da opressão
prescrita pelo modo como o trabalho é organizado (DEJOUR, 1992).

• Ou seja, quando a relação do trabalhador com a organização do trabalho é


bloqueada pela dificuldade em se conciliar as diversas forças que agem
entre o desejo do trabalhador e o desejo da produção.
• As intervenções propostas pela psicodinâmica do trabalho possibilitam aos
sujeitos ampliarem suas interpretações sobre a organização do trabalho.

• É na discussão sobre o assunto que existe uma análise mais precisa das
condições de trabalho e uma melhor condição de propor ações adequadas
com vistas a modificar a organização do trabalho, melhorando a qualidade
de vida do trabalhador em seu ambiente laboral.
• Esse processo inicia-se por uma pesquisa/diagnóstico que busca analisar a
demanda dos trabalhadores.

• Na segunda etapa, se propõem uma intervenção, por meio de discussões


informais e o desenvolvimento do debate interno com objetivo de recompor a
demanda dos trabalhadores.

• E, por fim, os desdobramentos práticos e as implicações teóricas.


• A PDT busca compreender os aspectos psíquicos e subjetivos que são
mobilizados a partir das relações e da organização do trabalho.

• Busca estudar os aspectos menos visíveis que são vivenciados pelos


trabalhadores ao longo do processo produtivo, tais como: mecanismos de
cooperação, reconhecimento, sofrimento, mobilização da inteligência,
vontade e motivação e estratégias defensivas que se desenvolvem e se
estabelecem a partir das situações de trabalho.
• Compreende que o trabalho é um elemento central na construção da saúde e
identidade dos indivíduos e que sua influência transcende o tempo da jornada
de trabalho propriamente dita e se estende para toda a vida familiar e tempo
do não-trabalho.
• Para tanto, a Psicodinâmica do Trabalho utiliza um método específico que
liga a intervenção à pesquisa, e é pautado nos princípios da pesquisa-ação,
mas devido às suas características específicas é intitulada clínica do trabalho.

• A clínica do trabalho busca desenvolver o campo da saúde mental e


trabalho, partindo do trabalho de campo e se deslocando e retornando
constantemente a ele.
• Visa intervir em situações concretas de trabalho, compreender os processos
psíquicos envolvidos e formular avanços teóricos e metodológicos
reproduzíveis a outros contextos.

• Segundo Dejours:
"a Psicodinâmia do Trabalho é antes de tudo uma clínica. Ela se desdobra sobre um
trabalho de campo radicalmente diferente do lugar da cura. Afirmar que ela é uma
clínica, implica que a fonte de inspiração é o trabalho de campo, e que toda a teoria é
alinhavada a partir deste campo“.
• A Psicodinâmica do Trabalho "não busca transformar o trabalho, mas
modificar as relações subjetivas no trabalho. Ou, para dizer de uma outra
forma: o que uma enquete (que constitui-se das discussões grupais
propriamente ditas) modifica, não é o trabalho, mas o trabalhar. Modifica,
não o trabalho, mas o trabalhador (MOLINIER, 2001, p. 134).
• A escuta proposta pela Psicodinâmica do Trabalho é realizada de forma
coletiva e desenvolvida a partir de um processo de reflexão, realizado com o
conjunto de trabalhadores.

• Diferentemente da ergonomia, essa abordagem não busca formular


recomendações e modificações a serem implantadas nos postos de trabalho
estudados e sim favorecer processos de reflexão e de elaboração, que criem
uma mobilização entre os trabalhadores, de forma que estes possam
alavancar mudanças no trabalho ou em suas relações laborais.
• É somente a partir desse processo reflexivo sobre o próprio trabalho que o
indivíduo se torna capaz de se reapropriar da realidade de seu trabalho, e é
essa reapropriação que pode permitir aos trabalhadores a mobilização que vai
impulsionar as mudanças necessárias para tornar esse trabalho mais
saudável.

• Essa escuta se dá em grupos, entendidos como uma ampliação do espaço


público de discussão, o que possibilita a transformação de compreensões
individuais em reflexões coletivas (DEJOURS, 1995).
• Por fim, constata-se que a forma de intervenção que mais se ajusta a essa abordagem é a
pesquisa-ação, que pressupõe maior envolvimento do psicólogo, pois ele atua como
coagente no questionamento dos processos de organização do trabalho, indo além da
aplicação de procedimentos técnicos preestabelecidos. Assim, ele assume diferentes
posturas:
• Referências Bibliográficas
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http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/artigos08/nassif01.htm
ZANELLI, José C.; BORGES-ANDRADE, Jairo E.; BASTOS, Antônio Virgílio B. Psicologia, organizações e trabalho no
Brasil. [Digite o Local da Editora]: Grupo A, 2014. E-book. ISBN 9788582710852. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788582710852/. Acesso em: 28 fev. 2023.

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