Texto: Notas sobre o percurso teórico da psicodinâmica do trabalho
Questão 1 – Escreva sobre as origens da abordagem Psicodinâmica do trabalho.
A Psicodinâmica do trabalho originou-se quando Christophe Dejour propôs uma
teoria crítica para estudar o trabalho, ao voltar seus estudos para a Psicologia do Trabalho, em meados dos anos 80. Então veio fazendo interface com a filosofia, ergonomia, sociologia, entre outras disciplinas. A psicanálise também é de extrema importância para se entender a Psicodinâmica do Trabalho, o termo Psicodinâmica foi designado por Freud. Apesar de ter sido desenvolvida com pressupostos teóricos próprios, se manteve aberta para questionamentos teóricos e metodológicos, tendo em vista que se desenvolveu junto com as mudanças no âmbito do trabalho, que não param de acontecer.
Questão 2 - Qual a preocupação da abordagem psicodinâmica do trabalho?
A Psicodinâmica do trabalho se preocupa em entender, compreender o que move o
sujeito ao prazer no trabalho, psíquica e socialmente. O que contribui para a sensação de prazer no trabalho e como diminuir o sofrimento patológico.
Questão 3 – Qual é a visão do trabalho para a psicodinâmica do trabalho?
No ponto de vista da Psicodinâmica o trabalho não é a atividade ou o concreto do trabalho, mas a ação - o trabalhar. Buscamos entender o trabalho com uma dimensão mais ampla, que possui uma distância entre o trabalho prescrito (de maneira declarada ou velada) e o real (imprevisível, mutável, instável). O trabalhar busca preencher a distância entre o prescrito e o real, sendo essa uma experiência subjetiva do sujeito. No real trabalho, o sujeito age e vivência também dimensões culturais e socias, além das mecânicas quando esse sujeito se mobiliza, pressupõe-se um sofrimento, que pode ser criativo no sentido de impulsionar a resolução para as dificuldades no trabalho ou patogênico, que paralisa diante do medo, angústia e insegurança. Questão 4 – Qual é o objeto de estudo da Psicodinâmica do trabalho? O papel do trabalho na relação saúde adoecimento, como o sofrimento se expressa e como o prazer é mobilizado a partir do momento em que o sujeito se encontra no mundo do trabalho. Os processos intersubjetivos que possibilitam a gestão social de como cada indivíduo interpreta seu trabalho. Estuda também as relações dinâmicas entre organização do trabalho e os processos de subjetivação observados nas vivências de prazer - sofrimento, patologias sociais e saúde - adoecimento. Questão 5 – Comente a visão da psicodinâmica do trabalho sobre sofrimento, defesas e patologias relacionadas à organização do trabalho. - O sofrimento é tido como uma reação, em que o trabalhador se manifesta resistência e insistência em viver em um ambiente precarizado, funcionando, que produz diferentes defesas individuais e coletivas. Não se move mais contra as intempéries e nem busca melhoria, mas se conforma e se acomoda, pela desesperança, ao meio em que está, e se torna displicente. - Defesas: à medida que os trabalhadores não se sentem reconhecidos, e a cada vez que quanto mais oferecem a empresa mais sobrecarga de trabalho recai sobre eles, se veem diante de um dilema de valores, entre o profissionalismo e a realização do trabalho bem feito. Temem por seus cargos, devido à necessidade financeira, hesitando protestarem, mas não se sentem empenhados a realizarem um bom trabalho, fazendo com que o sofrimento interno se torne cada vez maior, o que leva, em alguns casos, até ao suicídio. A psicodinâmica do trabalho, visa mobilizar os formadores de opinião e trabalhadores sobre a dominação do sistema neoliberalista, com o intuito de tirar os trabalhadores desse tipo de sofrimento. As patologias, determinadas e “a síndrome dos sobreviventes”, são: - Patologia da exclusão: com o surgimento do trabalho terceirizado, parcial, temporário, a precarização dos empregos é apresentada como uma fatalidade dos imperativos econômicos, se tornando uma prática normalizada das sociedades atuais. - Patologia da excelência: os empregadores querem que os trabalhadores sejam criativos, usufruir de sua subjetividade, que tenham solidariedade coletiva, mas na realidade do dia a dia acabam os submetendo-os aos seus ideais institucionais de produtividade e eficácia. Fazendo com que o trabalhador, para sobreviver utilize mecanismos defensivos que denotam um sofrimento grave.
Questão 6 – Cite alguns elementos que mobilizam o prazer do trabalhador em
relação ao trabalho. É com a mobilização subjetiva que se pode experimentar o prazer, como a inteligência prática, o espaço para discussão, a cooperação, o reconhecimento, solidariedade e a confiança.