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Psicodinâmica do Trabalho

Flávia Oliveira

Tayane Nunes
Orientações da Dinâmica

O que te provoca sofrimento neste trabalho de estudar?


O que te provoca prazer neste trabalho de estudar?
Como você faz para lidar com esse sofrimento?
Vocês percebem que esse sofrimento acontece com outras pessoas
também?

Desenhos. Em grupos, o sofrimento e o prazer.


Psicodinâmica do Trabalho
• Abordagem científica, desenvolvida nos anos 90
na França por Christophe Dejours
• Inicialmente, referenciais teóricos da
psicopatologia do trabalho
• Objeto, princípios, conceitos e método
particulares
• Bases conceituais elaboradas a partir da análise
da dinâmica de determinados contextos de
trabalho
• Forças visíveis, invisíveis, objetivas, subjetivas,
psíquicas, sociais, políticas, econômicas que
podem deteriorar ou auxiliar na saúde do contexto
de trabalho

Introdução à Psicodinâmica do Trabalho


Objeto de estudo da
Processo de atribuição de sentido, construído com
base na relação do trabalhador com sua realidade
Psicodinâmica do Trabalho
de trabalho, expresso em modos de pensar, sentir e
agir individuais e coletivos.
• Estudo das relações dinâmicas entre organização do trabalho e
processos de subjetivação

• Processos de subjetivação se manifestam em:

• Vivências de prazer e sofrimento;

• Estratégias de mediação das contradições da organização


do trabalho;

• Patologias sociais;

• Saúde e adoecimento.

• Processos de subjetivação

• Dinâmica pressupõe investimento da inteligência prática, da


personalidade e da cooperação: elementos que, articulados no
confronto com o real, dão conta da loucura do trabalho

• A problemática da mobilização e do engajamento que a


organização exige do sujeito trabalhador é central

Introdução à Psicodinâmica do Trabalho


Importância do Coletivo Sofrimento
• O investimento da inteligência • Contraditório em si mesmo
prática, da personalidade e da • Patogênico ou criativo
cooperação só é bem sucedido se • A organização do trabalho explora
inserido em um coletivo as estratégias de mediação
• Investimentos individuais não são utilizadas contra o sofrimento
suficientes para mudar a realidade • Acesso e apreensão do sofrimento
de trabalho se dão pela análise da fala e pela
Modos de subjetivação escuta do sofrimento dos
trabalhadores
• Podem transformar-se em
ferramentas úteis a serem • Espaço público de discussão
explorados em nome de uma • Não é um mal em si mesmo: o
ideologia (produtivista, de problema é negar o próprio
excelência sofrimento e o sofrimento do outro
Introdução à Psicodinâmica do Trabalho Profª. Drª. Carla Antloga
Psicodinâmica do Trabalho
• Ciência aplicada: teoria, pesquisa e intervenção na
organização do trabalho
• Modo de fazer análise crítica e reconstrução da
organização do trabalho
• Organização do trabalho é inexoravelmente a
provocadora de sofrimento: características da pós-
modernidade, acumulação flexível do capital e suas
consequências
• Teoria crítica do trabalho
• Avaliação do trabalho prescrito e efeitos no confronto
com o real
• Dominação X Resistência

Introdução à Psicodinâmica do Trabalho Profª. Drª. Carla Antloga


Evolução histórica e conceitual
• Principais obras de Dejours
• Três fases articuladas:
1. A Loucura do Trabalho: psicopatologia do trabalho
associada aos inúmeros adoecimentos. Centrada na
origem do sofrimento no confronto sujeito
trabalhador/organização do trabalho e estratégias
defensivas.

2. Da psicopatologia à psicodinâmica do trabalho e O


fator humano: vivências de prazer e sofrimento como
dialéticas e inerentes a todo trabalho. Papel da
liberdade na transformação do sofrimento em prazer.
Definir ações sensíveis para modificar o destino do
sofrimento.

3. A banalização da injustiça social e Avaliação de


desempenho submetida à prova do real: Consolidação
dos estudos; foco na subjetivação das vivências,
sentido que assumem e estratégias de defesas
coletivas e de cooperação. Patologias Sociais.
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Fase 1: Sofrimento e Estratégias de Defesa
• Construídas pelo coletivo, regras do coletivo
• O sofrimento surge quando não é mais possível
para o sujeito a negociação com a realidade • Específicas de diferentes categorias profissionais
imposta pela organização do trabalho
• Proteção: modos de pensar, sentir e agir
• Sofrimento: papel fundamental na
compensatórios. Racionalização. Alienação.
articulação saúde/patologia
Pode esgotar-se com o tempo e a
• Saudável: enfrentamento e articulação. precarização ainda maior da OT, uma vez
que nenhuma mudança é empreendida:
• Patológico: falhas nos modos de
adoecimento
enfrentamento; desejo da produção vence
• Adaptação e Exploração: modos de pensar,
o desejo dos sujeitos trabalhadores
sentir e agir submissos ao desejo de
• Precarização e desestruturação do coletivo: produção. Desejo de excelência. Podem se
solidão, desamparo e captura pelo desejo esgotar mais rapidamente. Articulação entre
da produção e favorecimento da o desejo perverso da organização e o
exploração comportamento neurótico dos
trabalhadores: adoecimento.
Individualismo; Passividade.

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Fase 2: Do sofrimento ao prazer
Mobilização Subjetiva
• Impacto da flexibilização do capital no
mundo do trabalho, possibilidade de saúde • É central: investimento físico e sociopsíquico
e o que rege essa possibilidade • Processo de engajamento: uso da
• Saudável: solução de compromisso subjetividade, inteligência prática
articulados com o coletivo de trabalho
individual e coletiva entre o desejo do
trabalhador, o desejo da organização e o • Viabiliza a dinâmica de reconhecimento
real • Necessita de espaço de discussão sobre o
trabalho
• Sofrimento e defesas individuais e coletivas
não são adoecimentos em sim, mas sim • Permite ressignificação do sofrimento e
portas para a saúde reapropriação do trabalho
• Resgate do sentido do trabalho: depende
da subjetividade, do saber fazer e do
coletivo de trabalho

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Fase 3: Novas formas de organização do trabalho
e patologias sociais
• Novas formas de organização do trabalho • Exigências invisíveis, ameaças de
exercendo dominação muito mais sutil e desemprego, desestabilização do
sofisticada coletivo de trabalho
• Precarização dos empregos • Avaliação de desempenho individual,
• Sofrimento ético exigências coletivas

• Banalização do sofrimento e da injustiça


social
• Contradições dos objetivos e das regras e
dos controles

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Defesas e patologias sociais

Cinismo, dissimulação, hiperatividade, desesperança de ser reconhecido,


desprezo, danos aos subordinados, negação de riscos inerentes ao trabalho
e distorção da comunicação

Defesas usadas de forma Patologias sociais:


exacerbada levam à incapacidade ❖ Sobrecarga
de análise: banalização da
❖ Servidão voluntária
injustiça, de práticas antiéticas e do
❖ Violência
sofrimento alheio

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Prazer, inteligência prática e cooperação
• Prazer = identidade, realização, reconhecimento,
liberdade
• Trabalhador como sujeito da ação e criador de
estratégias: dominador do trabalho e não
dominado por ele
• Prazer é possível mesmo em contextos precarizados
• Mobilização da inteligência prática, do espaço
público de fala e da cooperação: ações
• Trabalho como lugar de investimento pulsional, de
sublimação e de ressonância simbólica
• Possibilidade de transformação da organização do
trabalho e dinâmica do reconhecimento

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Inteligência Prática
• Inicialmente denominada inteligência
astuciosa
• Tem raiz no corpo, na percepção e na intuição
• Fundamenta-se em ruptura de regras: é
transgressora
• Reconhecimento da hierarquia por meio do
julgamento de utilidade
• Reconhecimento dos pares pelo julgamento
de beleza
• Espaço público de fala não instituído

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Cooperação
• Construção conjunta e coordenada para
produção de ideia, serviço ou produto com
base na confiança e solidariedade
• Convergência das contribuições de cada
trabalhador
• Relações de interdependência
• Articulação de talentos, “sinergia
organizacional”
• Valorização e reconhecimento da marca
pessoal e do esforço individual em prol do
coletivo

Introdução à Psicodinâmica do Trabalho Profª. Drª. Carla Antloga


“Nossa intenção é contribuir para a consolidação da
psicodinâmica, para que no futuro sejam formados
psicodinamicistas, profissionais que integrem o pensar e o agir, a
fala e a escuta, mobilizem-se e construam um coletivo de trabalho
capaz de ganhar a luta pela transformação da organização do
trabalho. Para que assim, o desejo do trabalhador não se escravize
ao desejo da produção; o sofrimento, parte da condição humana,
seja reconhecido e ressignificado; e se evite a patologização
dos comportamentos, imperando o prazer e a saúde.
Nós, psicodinamicistas, acreditamos na construção e
transformação dos destinos que têm sido impostos aos
trabalhadores, ao longo dos anos.”
Ana Magnólia Mendes

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Introdução à Psicodinâmica do Trabalho Profª. Drª. Carla Antloga

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