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RIO DE JANEIRO
2022
1. INTRODUÇÃO
O sofrimento no trabalho decorre como uma das consequências da insistência do ser
humano em viver em um ambiente que lhe é adverso. A relação do homem com o trabalho
nunca foi fácil, a própria etimologia da palavra denota algo penoso e, até mesmo, indesejado
(“tripalium”, instrumento de tortura feito com três paus).
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e desgasta psiquicamente o trabalhador; (c) o sentimento de perda de identidade, quando o
trabalhador perde sua capacidade de fala e não pode manifestar seus desejos, que o leva a agir
contra seus princípios éticos e morais; (d) as doenças de ordem física por esforço repetitivo,
apontadas como causa de muitos problemas da saúde no trabalho; (e) a discriminação e o
sofrimento dos trabalhadores adoecidos, especialmente daqueles diagnosticados com LER ou
DORT; (f) a escassez de direitos civis aos homossexuais; (g) a presença de depressão e risco de
suicídio; e (h) os sentimentos constantes de insegurança, frustração, pressão psicológica,
ansiedade, medo e angústia.
2. DESENVOLVIMENTO
Com o período de desenvolvimento do capitalismo industrial, veio o crescimento da
produção, o êxodo rural e a concentração de novas populações urbanas. Uma época em que não
havia direitos trabalhistas, preocupação com a saúde, a classe operária lutava apenas para
sobreviver. Com o passar do tempo e a criação de leis trabalhistas, a luta começou a ser pela
saúde do corpo. O desenvolvimento desigual das forças produtivas, trouxe à tona amplas
discussões sobre o objetivo do trabalho e sobre a relação homem-tarefa, acentuando a dimensão
mental do trabalho, fazendo surgir um sofrimento até então desconhecido.
Para estudar acerca da provável influência sobre o bem-estar e saúde dos trabalhadores,
já no final da II Guerra Mundial, um grupo de pesquisadores constituiu a disciplina
Psicopatologia do Trabalho. Em continuidade aos estudos, Dejours publicou na França em
1987, “A Loucura do Trabalho” dando início a uma nova fase da discussão sobre os efeitos do
trabalho sobre o aparelho psíquico, passando a ser chamada de Psicodinâmica do Trabalho.
Em um primeiro momento, a nova abordagem contextualiza-se como uma teoria voltada
para a análise do prazer no trabalho, do sofrimento e defesas, das patologias e busca pela saúde
do trabalhador, bem como dos mobilizadores sociais do sujeito frente ao trabalho. No momento
seguinte, Dejours explicita a Psicodinâmica do Trabalho como teoria das relações entre
subjetividade e trabalho, e no terceiro momento a localiza como uma antropologia relativa à
centralidade do trabalho na vida dos seres humanos.
Em suma, podemos dizer que a Psicodinâmica do Trabalho analisa as relações entre
condutas, comportamentos, experiências de sofrimento e de prazer do trabalhador. Igualmente,
verifica como o trabalho se organiza, bem como as estratégias e os mecanismos defensivos
elaborados pelos próprios trabalhadores no cenário do trabalho para enfrentar situações de
sofrimento.
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A teoria acredita que o sofrimento vem atrelado a história de vida, vivências e
experiências do trabalhador, analisando o indivíduo como um todo, qualitativamente e de forma
única. A noção de sofrimento é central, ela implica, antes de tudo, um estado de luta do sujeito
contra forças que o estão empurrando em direção à doença mental. O que definirá se o
sofrimento terá como designação a criatividade ou o adoecimento é a forma de lidar com os
impasses psíquicos provocados pelo confronto entre o prescrito e o real no trabalho.
O trabalhador, por meio das estratégias defensivas, procura se manter saudável mesmo
estando em um ambiente patológico e, por isso, ele busca reorganizar seu ambiente de trabalho,
seja individualmente ou não. Assim sendo, a psicodinâmica destaca a normalidade e as
estratégias que o trabalhador institui com o objetivo de se manter saudável. Lembrando que
para Dejours, a psiquê se configura da mesma forma, dentro e fora do ambiente de trabalho, ou
seja, conflitos no ambiente de trabalho podem interferir nos momentos de descanso e lazer
pessoal. Fato comprovado por Marques et al. (2016), em seus estudos sobre os bancários, onde
os mesmos, consideraram sua atividade profissional responsável pelos constantes conflitos
familiares.
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principais efeitos do processo de precarização giram em torno de: mecanismos de intensificação
do trabalho, com consequente aumento do sofrimento dos sujeitos; enfraquecimento de ações e
movimentos coletivos contra a dominação e sofrimento no trabalho.
3. CONCLUSÃO
O trabalho em nossa sociedade tem um papel importante e, quando pensamos sobre essa
importância, conseguimos atribuir ao trabalho um lugar de subjetividade, o que nos dá espaço
para pensar nos efeitos sobre a saúde e também nos modos de adoecer dos trabalhadores.
A obra de Dejours é um divisor de águas no que tange a Psicopatologia do Trabalho,
ele consegue trazer as questões que podem ser tratadas em diversos aspectos quando falamos
de sofrimento no trabalho. Falar sobre esse sofrimento é falar da realidade de todos os
trabalhadores e da prática profissional do Psicólogo, tanto dos psicólogos em um espaço
organizacional, quanto aqueles psicólogos que atendem a essas demandas com seus pacientes.
Modificar a organização do trabalho não seria suficiente, o importante é chegar a raiz
destas questões. E essas questões estão no sistema, que vai abranger a parte econômica e a
forma de pensar contemporânea. Áreas como essas deveriam ser afetadas para dar lugar a novas
formas de pensar o mundo e assim pensar a forma de se trabalhar diferente.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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M. Panorama da Psicodinâmica do Trabalho no Brasil entre os Anos de 2005 e 2015. Gerais:
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GOMEZ, V. A.; CHATELARD, D. S.; ARAUJO, T. C. C. F. DE. Clínica do Trabalho:
Contribuições da Psicanálise para o Exercício Profissional. Psicologia: Ciência e Profissão, v.
41, n. spe2, 2021.
KOLHS, M. et al. Psicodinâmica do trabalho: labor, prazer e sofrimento. Revista Eletrônica
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MARQUES, G. DA S.; GIONGO, C. R. Trabalhadores bancários em sofrimento: Uma análise
da literatura nacional. Revista Psicologia, Organizações e Trabalho, v. 16, n. 3, p. 220–235,
2016.
MOURÃO, L. Sofrimento no Trabalho e a Atuação de Psicólogos em Diferentes Contextos
Laborais. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 41, n. spe2, 2021.
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