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O dever de respeitar e promover a

liberdade e privacidade do utente:


criança, adolescente, jovem, idoso,
marginal ou carenciado


Liberdade e privacidade do doente…

Criança, adolescente, jovem, idoso,


doente mental, marginal, que direitos na
escolha do serviço, tratamento, etc.?


A dignidade da pessoa…

O respeito pela pessoa, pela sua dignidade


intrínseca, constitui um fundamento essencial
para a prestação de cuidados de saúde.


QUANDO PODEMOS DEIXAR A
PESSOA DECIDIR?


A dignidade da pessoa…
O respeito pela vontade do Outro, implica que a
pessoa se encontre:
u  Em condições adequadas de consciência;
u  Com capacidade plena de decidir sobre a sua vida;
u Havendo alterações da consciência, não havendo
vontade atual, seja possível conhecer a vontade da
pessoa anteriormente manifestada.

ü 


As crianças podem dar
consentimento sem a intervenção
dos pais?


A opção do utente…
Respeito pela vontade da minha filha
“A minha filha Mariana tinha apenas 6 anos quando foi
diagnosticada com leucemia. Nos seis anos seguintes, ela
foi submetida a tratamentos muito agressivos. Valente,
enfrentou a doença de forma muito madura. Nos últimos
dias de vida, pediu para ser sedada porque ‘estava
cansada e queria dormir’. Que tipo de mãe eu seria se não
respeitasse a vontade de minha filha?”


A opção do utente…

No caso das crianças, o regime jurídico


português estabelece um princípio que
respeita a possibilidade do menor participar
nas decisões de saúde.


A opção do utente…

É estabelecido que a criança participe na


construção da decisão sobre as intervenções a
ela dirigidas, na medida da sua capacidade.


A opção do utente…

A menoridade não surge assim como um


limite à participação do próprio em matéria
de consentimento em saúde.


A opção do utente…

Idades compreendidas entre os 16-18 anos

Assim que a criança atingir os 16 anos de


idade, poderá dar consentimento para ser
submetida a exame, tratamento ou cuidados
tal como um adulto. Neste caso, os técnicos
de saúde ou os assistentes sociais já não
terão de pedir o consentimento aos pais.

A opção do utente…

Menores de 16 anos

De acordo com a regras, as crianças com menos


de 16 anos também poderão dar consentimento
sem a intervenção dos pais, desde que sejam
consideradas com capacidade para
compreenderem totalmente os processos em
causa, isto é, sejam consideradas competentes.


A opção do utente…

Então quem dá consentimento – os pais ou os filhos?

Não existe qualquer regra inflexível. Tudo dependerá da


gravidade ou da dificuldade do tratamento proposto. A
criança pode ser suficientemente adulta para consentir, por
exemplo, a vacinação contra a meningite. No entanto,
poderá ser demais esperar que compreenda tudo o que é
necessário para consentir uma intervenção cirúrgica ao
coração.


A opção do utente…
Então quem dá consentimento – os pais ou os filhos?

Mesmo que a criança tenha competências para dar

consentimento sozinha, os técnicos de saúde incentivá-

la-ão a envolverem os pais na tomada de decisão. No

entanto, se as crianças se recusarem a partilhar as

informações com os pais, geralmente, os profissionais

de saúde e os assistentes sociais respeitarão o seu

desejo.


Os doentes mentais
podem dar
consentimento sem a
intervenção dos
familiares?


A opção do utente…
“Diante da persistência da recusa do paciente ao tratamento
oferecido, da piora de seu quadro clínico-infecioso e do
comprometimento da competência do doente para tomar
decisões sobre a condução de seu tratamento em decorrência
do grave quadro depressivo que apresentava, o caso foi levado
para discussão junto à Comissão de Ética Médica do hospital
que, juntamente com a equipa que acompanhava o paciente,
optou por, após concordância da família do paciente, realizar o
tratamento clínico e psiquiátrico contrariando a decisão do
paciente”.


A opção do utente…
u  Estes doentes não devem ser vistos como totalmente
afetados em sua capacidade decisiva.

u  O simples fato da existência do diagnóstico de uma


doença mental não implica que ocorra incapacidade do
indivíduo para todas as decisões a serem tomadas com
respeito à sua saúde ou vida.


A opção do utente…

u  No campo da ética raramente se julga uma


pessoa incompetente com respeito a todas as
esferas da sua vida.

u  Mesmo os indivíduos considerados incapazes


para certas decisões ou campos de atuação,
são competentes para decidir em outras
situações.

A opção do utente…

O “Sr. João”, enquanto doente mental, continua a ser uma

pessoa adulta e autónoma, que possui direitos básicos que

não perdem vigência pelo facto de incorrer na doença. Neste

sentido, independentemente do carácter compulsivo do

internamento ou do tratamento, aquela pessoa tem direitos

enquanto utente e o profissional de saúde tem deveres que

resultam da obrigação de respeitar, salvaguardar e garantir o

exercício desses direitos.


A opção do utente…

Por isso, o Sr. João pode continuar a


escolher se vai vestir o pijama azul ou o
verde, se quer ou não receber a família e
aquela tia com quem se zangou, se quer
tomar o café com leite. Pode e tem o
direito de decidir muitas coisas.


A opção do utente…

Se o Sr. João precisar de ser cuidado ele


tem os seus direitos - há, todavia, outros
aspetos que é preciso ter em conta. Em
situações de particular vulnerabilidade, às
vezes é muito difícil fazer ouvir a sua voz.


Os marginais/carenciados
têm autonomia nas suas
decisões médicas?


A opção do utente…

“Deixar de garantir ao paciente o


exercício do direito de decidir livremente
sobre sua pessoa ou seu bem-estar,
bem como exercer a autoridade de
médico para limitá-lo”.


A opção do utente…
Os grupos socioeconomicamente vulneráveis, os mais
desprovidos de recursos, têm menos alternativas de
escolha em suas vidas, o que afeta o desenvolvimento da
sua autonomia mas não significa que devam ser vistos
como pessoas que não podem decidir autonomamente,
que os médicos devam decidir por eles.


Quando a família
recusa o
tratamento?


A opção do utente…
Lutar até o fim - Médico
"Muitas vezes acho que vale, sim, utilizar procedimentos
experimentais diante do fracasso de tratamentos
convencionais. Procuro sempre trabalhar com o seguinte
raciocínio: se há 10% de possibilidade de o paciente ter
uma sobrevida de pelo menos seis meses, eu prefiro
correr o risco do tratamento."


A opção do utente…

A família poderá não aceitar que o seu familiar

seja submetido a determinado tratamento, como

por exemplo, uma intervenção cirúrgica, uma

transfusão sanguínea, a contraceção no caso das

raparigas,…


A opção do utente…

Mas se o familiar (idoso, criança) tiver as

competências necessárias, compreender o

tratamento e o solicitar, a lei permite que os

profissionais de saúde recorram ao tratamento que

considerem adequado.


A opção do utente…

Se o utente ou a família, depois de devidamente

inform a dos, rec usa rem os exa m es ou

tratamentos indicados, o profissional de saúde

pode recusar-se a assisti-la, nos termos da lei.


A opção do utente…

Devem respeitar-se escrupulosamente as

opções religiosas, filosóficas ou ideológicas

e os interesses legítimos do utente.


A opção do utente…

Todo o utente tem o direito a receber ou a

recusar conforto moral e espiritual e

nomeadamente o auxílio de um membro

qualificado da sua própria religião.


Os deveres para
com a família do
utente


PAPEL DO TAS COM A família

u  Transmitir-lhes confiança para que possam falar das


suas dúvidas e receios;
u Dar-lhes apoio e ser sensíveis ao seu estado de
ansiedade;
u  Levar a família a envolver-se no tratamento;
u  Auxiliar a família a dar continuidade aos cuidados,
educando-os, para garantir a qualidade destes
cuidados após a alta hospitalar.

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