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Mateus Silva Saraiva

Psicólogo.
CRP: 04/45764
História.
 Revolução Industrial.

 Com o desenvolvimento industrial e a acentuação da


divisão entre concepção e execução do trabalho, a
aplicação direta destes princípios trouxe graves prejuízos à
saúde física e mental dos trabalhadores, em consequência
de prolongadas jornadas de trabalho, ritmo acelerado da
produção, fadiga física, e sobretudo, automação, não
participação no processo produtivo e parcelamento das
tarefas.
História.
 Para Marx (1996:31), "a produção é também
imediatamente consumo. Consumo duplo, subjetivo e
objetivo. O indivíduo, que ao produzir desenvolve suas
faculdades, também as gasta, as consome, no ato da
produção, exatamente como a reprodução natural é um
consumo de forças vitais".

 Fordismo, Taylorismo e Toyotismo.


História.
 Saúde Mental.

 Segundo a Organização Mundial da Saúde, saúde mental é mais do


que ausência de doença mental. Trata-se de um estado completo de
saúde, em termos de bem-estar físico, mental e social e a Psicologia
tem um papel importante com ações de prevenção e intervenção.

 O capital, por meio do trabalho, organiza e estrutura o mundo. Só


que hoje ele não tem mais nomes, expressa-se por Fundos. As
empresas são gerenciadas por executivos, não mais por seus donos.
Podem mudar de cidade, de nome, de país, de ramo de atividade,
deixando seus trabalhadores em pleno mar de incertezas e retirando-
lhes a identificação com sua prática diária e com a empresa para a
qual trabalham.
Dados Estatísticos.
 Uma estimativa da Organização Mundial da Saúde de 2001,
constatou que os transtornos mentais menores (ou Comuns:
ansiedade, depressão, neuroses) acometem cerca de 30% dos
trabalhadores ocupados; os transtornos mentais graves (psicoses,
manias, esquizofrenias), cerca de 5 a 10% (SOUZA, 2013;
SANTOS; SIQUEIRA, 2010). No Brasil, dados de 2012 do
Ministério da Previdência Social dão conta de que os transtornos
mentais e comportamentais ocupam o terceiro lugar em concessão de
aposentadoria por invalidez, por incapacidade definitiva para o
trabalho e também de concessões de auxílio-doença acidentários
(SOUZA, 2013). Segundo o Anuário Estatístico da Previdência
Social de 2011, mais de 211 mil pessoas foram afastadas em razão de
transtornos mentais, gerando um gasto de R$213 milhões em
pagamentos de benefícios.
Dados Estatísticos.
Psicodinâmica do trabalho.
 A psicodinâmica do trabalho é uma abordagem científica,
desenvolvida na França na década de 1980 pelo
psicanalista Christophe Dejours, que investiga os
mecanismos de defesa dos trabalhadores frente às
situações causadoras de sofrimento decorrentes da
organização do trabalho. Para a psicodinâmica, torna-se
inaceitável a separação entre trabalhador e ser humano, ou
seja, o indivíduo dentro do trabalho e o individuo fora do
trabalho. Por tanto as questões da vida pessoal podem
interferir no trabalho, bem como as questões do trabalho
podem interferir na vida pessoal, para tanto é correto
afirmar que o ser humano é um todo indivisível.
Psicodinâmica do trabalho.
 Dejours (1998) afirma que as relações de trabalho, dentro
das organizações, frequentemente, despojam o trabalhador
de sua subjetividade, excluindo o sujeito e fazendo do
homem uma vítima do seu trabalho.

 Para Dejours o trabalho nunca é


neutro em relação à saúde e
favorece, seja a doença, seja a
saúde.
Psicodinâmica do trabalho.
 Segundo Mendes, o contexto cultural da empresa pode
promover vivências de prazer ou desprazer. De acordo com a
abordagem da psicodinâmica, a saúde vai se configurar, quando
houver possibilidades de o trabalhador ter percepções de como
enfrentar as restrições, pressões e adversidades.

 O sofrimento está presente no ambiente de trabalho, mas o


trabalho não é, per se, uma entidade responsável pelo sofrer
humano. Trata-se de um sistema complexo de interações que
envolvem questões pessoais, as tarefas, as responsabilidades, as
relações interpessoais horizontais e verticais, as recompensas e
as expectativas, os riscos à saúde física e os sentimentos de
cada trabalhador em relação a todo esse contexto.
Psicodinâmica do trabalho.
 Organização do contexto do trabalho:
 Organização do trabalho.
 Condições de trabalho.
 Relações de trabalho.

 Mobilização subjetiva do trabalhador:


 Características individuais, vivências de prazer e sofrimento.
 Estratégias defensivas e espaço de discussão coletiva.
 Inteligência prática.
 Cooperação.
Psicodinâmica do trabalho.
 O Teatro do Trabalho.

 Dejours (1987) refere que, enquanto para o homem a


doença significa a paralisação do trabalho, para a mulher
existe um agravante, pois para a mulher a doença não
pode autorizar a paralisação do trabalho, pois o serviço
doméstico e o cuidado dos filhos não cessa. De certa
forma, o espaço doméstico ou da casa passa a ser o espaço
da doença e da improdutividade, enquanto o trabalho
representa um local onde a saúde e a possibilidade de ser
produtivo se realizam.
Psicodinâmica do trabalho.
 O trabalho como formador da identidade.

 Dejours diz que o sujeito pode transferir esse reconhecimento do


trabalho para o registro da construção de sua identidade. E o trabalho
se inscreve assim na dinâmica da autorrealização. A identidade
constitui a armadura da saúde mental. Não há crise psicopatológica
que não tenha em seu núcleo uma crise de identidade. E isto confere
à relação com o trabalho sua dimensão propriamente dramática. Ao
não contar com os benefícios do reconhecimento de seu trabalho nem
poder aceder ao sentido da relação que vive com esse trabalho, o
sujeito se confronta com seu sofrimento e só a ele. Sofrimento
absurdo que só produz sofrimento, dentro de um círculo vicioso, e
que será desestruturante, capaz de desestabilizar a identidade e a
personalidade e causar doenças mentais. Por isso, não há
neutralidade no trabalho em relação à saúde mental.
Psicodinâmica do trabalho.
 A profissão constitui fonte de satisfação, se for livremente
escolhida, isto é, por meio de sublimação, tornar possível o uso
de inclinações existentes, de impulsos instintivos (pulsionais)
persistentes ou constitucionalmente reformados. No entanto,
como caminho para a felicidade, o trabalho não é altamente
prezado pelos homens. Não se esforçam em relação a ele como
o fazem em relação a outras possibilidades de satisfação. A
grande maioria das pessoas só trabalha sob pressão da
necessidade, e esta aversão humana ao trabalho suscita
problemas sociais extremamente difíceis. (Freud, 1974).
Causas principais do adoecimento
mental do trabalhador.
 Com a reorganização do trabalho, em consequência das
últimas reformas estruturais, criaram-se condições
extremamente dolorosas em relação aos valores do
trabalho bem feito, o sentido da responsabilidade e a ética
profissional. A obrigação de fazer mal o trabalho, de ter
que dá-lo por terminado ou mentir, é uma fonte
importantíssima e extremamente frequente de sofrimentos
no trabalho: está presente na indústria, nos serviços, na
administração.
Causas principais do adoecimento
mental do trabalhador.
 Alta demanda de trabalho, jornadas longas com poucas pausas
para descanso e/ou refeições de curta duração, em lugares
desconfortáveis; turnos noturnos, alternados ou iniciado muito
cedo pela manhã; ritmos intensos ou monótonos; dedicação
excessiva ao trabalho; pressão de chefes por metas;
 Ameaça de perda do emprego, desemprego e subemprego;
 Incorporações tecnológicas, mudanças em processos internos;
 Trabalho não reconhecido, desprovido de significado ou que se
constitua em fonte de ameaça à integridade física e/ou psíquica;
 Má relações interpessoais com os chefes e entre os próprios
colegas ou ambientes muito competitivos;
Causas principais do adoecimento
mental do trabalhador.
 Situações como um fracasso, um acidente de trabalho,
vivências de situações traumáticas no ambiente de trabalho ou
uma mudança de posição na hierarquia (ascensão ou queda);
 Ambientes que impossibilitam a comunicação espontânea, a
manifestação de insatisfações e sugestões em relação ao
trabalho;
 Metais pesados e solventes que podem ter ação tóxica sobre o
sistema nervoso, determinando distúrbios mentais e alterações
no comportamento;
 Assédio Moral (humilhação, perseguição, agressões...)
 Profissões que envolvem alto investimento afetivo e pessoal,
em que o trabalho tem como objeto problemas humanos de alta
complexidade e determinação fora do alcance do trabalhador.
Sintomas do adoecimento do
trabalhador e da organização.
 Disseminação das práticas agressivas nas relações entre os
pares, gerando indiferença ao sofrimento do outro;
 Naturalização dos desmandos administrativos;
 Pouca disposição psíquica para enfrentar pressões;
 Fragmentação dos laços afetivos;
 Aumento do individualismo e instauração do pacto do silêncio
coletivo;
 Sensação de inutilidade, acompanhada de progressiva
deterioração identitária;
 Falta de prazer; demissão forçada; e sensação de esvaziamento.
 Presença e disseminação de estratégias coletivas de defesa.
Transtornos Mentais e Comportamentais
Relacionados ao Trabalho.
 Síndrome de Esgotamento Profissional, estafa, síndrome
de Burn-Out.
 Transtornos de Humor, depressão que vai da leve até as
graves e incapacitantes; ansiedade;
 Transtornos de Ajustamento ou Reações ao estresse;
 Neurose Profissional, síndrome do Pânico; Estresse Pós-
Traumático;
 Uso de Substâncias Psicoativas tais como: álcool, levando
ao Alcoolismo Crônico, cocaína, crack e outras, levando à
dependência química às drogas ilícitas.
O trabalho como fonte de prazer.
 A psicodinâmica do reconhecimento: Há seguramente
folgados e desonestos, mas, em sua grande maioria,
quem trabalha se esforça para fazer as coisas o melhor
possível e coloca nisso muita energia, paixão e
compromisso pessoal. O justo é que esta contribuição
seja reconhecida. Quando não é, quando passa
inadvertido em meio à indiferença geral ou os outros o
negam, o resultado é um sofrimento muito perigoso
para a saúde mental.
O trabalho como fonte de prazer.
 A clínica psicológica no trabalho: Dutra (2004) afirma
a necessidade de uma nova concepção de clínica
psicológica em que "é preciso evitar abstrair o ser
humano do contexto em que ele vive" (p.383). A clínica
contextualizada é o espaço em que o sofrimento do
trabalhador pode ser visto e ouvido e, assim, adquire
uma dimensão passível de gerar intervenções nas
condições da organização de forma a torná-las mais
favoráveis à saúde do trabalhador.
O trabalho como fonte de prazer.
 A conscientização empresarial em relação ao compromisso
social com a saúde do trabalhador.
 Incentivo da cooperação e trabalho em equipe.
 Incentivo a autonomia e autogestão.
 Possibilidade de apropriação do processo produtivo.
 Possibilidade de socialização.
 Trabalho prescrito = trabalho real.
 Relações mais horizontais.
 O importante papel dos gestores e chefias.
 O trabalho é um direito de todos e nunca deve ser fonte de
adoecimento.
Bibliografia.
 Dejours, C. (1992). A loucura do trabalho: Estudo de psicopatologia do trabalho.
(A. I. Paraguay e L. L. Ferreira, trad.; 5ª ed.). São Paulo: Cortez-Oboré.
 Dejours, C. (1996). Uma nova visão do sofrimento humano nas organizações.
In: J. F. Chanlat (Org.) & O. L. S. Tôrres (Ed.), O indivíduo na organização:
Dimensões esquecidas. (pp. 149-173; 3ª ed.). São Paulo: Atlas.
 Dejours, C.;Abdoucheli, E. & Jayet, C. (1994). Psicodinâmica do trabalho:
Contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e
trabalho. (6a ed.). São Paulo: Atlas.
 Dutra E. (2004). Considerações sobre as significações da Psicologia clínica na
contemporaneidade. Estudos de Psicologia, 9 (2), 381-387.
 FREUD, S. O mal-estar na civilização. Rio de Janeiro: Imago, 1987a (Obras
Completas, v.21).
 Mendes, A.M. (2004). Cultura organizacional e prazer-sofrimento no trabalho:
Uma abordagem psicodinâmica. In: A. Tamayo (Org.), Cultura e saúde nas
organizações (pp. 59-76). Porto Alegre: Artmed.
 MARX, K. Para a crítica da economia política do capital. São Paulo: Nova
Cultural, 1996.

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