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Temas em Psicologia

ISSN: 1413-389X
comissaoeditorial@sbponline.org.br
Sociedade Brasileira de Psicologia
Brasil

Rissi, Vanessa; Kieling Monteiro, Janine; Weber Cecconello, William; de Moraes, Eliz
Graciela
Intervenções Psicológicas diante do Assédio Moral no Trabalho
Temas em Psicologia, vol. 24, núm. 1, 2016, pp. 339-352
Sociedade Brasileira de Psicologia
Ribeirão Preto, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=513754276018

Como citar este artigo


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ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2016, Vol. 24, nº 1, 339-352
DOI: 10.9788/TP2016.1-23

Intervenções Psicológicas diante do Assédio Moral


no Trabalho

Vanessa Rissi1
Coordenação do Departamento de Pós-Graduação Lato Sensu da Escola de Psicologia
da Faculdade Meridional – IMED, Passo Fundo, RS, Brasil
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Universidade
do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS, Brasil
Janine Kieling Monteiro
Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Universidade
do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, RS, Brasil
William Weber Cecconello
Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
Eliz Graciela de Moraes
Faculdade Meridional – IMED, Passo Fundo, RS, Brasil

Resumo
O assédio moral é um fenômeno mundial, complexo e multicausal. Refere-se a comportamentos vio-
lentos que visam humilhar, rechaçar e demolir psiquicamente o indivíduo ou grupo assediado, no con-
texto do trabalho. Devido ao seu potencial para causar sofrimento psíquico e adoecimento no trabalho,
pode exigir intervenções psicológicas. Nesta perspectiva, o artigo objetiva identificar se os Psicólogos,
quando inseridos nas organizações de trabalho, têm enfrentado o assédio moral, e como têm realizado
as intervenções psicológicas. Para isto, também buscou-se compreender qual é o entendimento que
estes profissionais possuem acerca do assédio moral nas relações de trabalho. Realizou-se um estudo
de abordagem qualitativa e delineamento exploratório. Foram entrevistados sete Psicólogos, recrutados
por conveniência. Os dados foram processados por análise de conteúdo. Os resultados apontaram que
os Psicólogos utilizam intervenções psicológicas preventivas, mas pontuais e isoladas, bem como inter-
venções reativas, caracterizadas por demissão, manutenção de distanciamento físico entre os envolvidos
no caso de assédio e acompanhamento do comportamento do agressor, após conversa inicial. Também
se constatou que os Psicólogos compreendem adequadamente o assédio moral enquanto fenômeno que
humilha e é perpetuado por gestores, caracterizando abuso de poder hierárquico.
Palavras-chave: Assédio moral, intervenções psicológicas, prevenção, trabalho.

Psychological Interventions against Workplace Mobbing


Abstract
The mobbing is a complex global phenomenon that have many causes. It refers to violent behaviors that
aim to humiliate, reject and cause psychological harms a harassed individual or group, in work context.

1
Endereço para correspondência: Faculdade Meridional – IMED, Departamento de Pós-Graduação Lato Sensu
em Psicologia, Rua Senador Pinheiro, 304, Cruzeiro, Passo Fundo, RS, Brasil 99070-220. Fone/Fax: (54)
3045-6100. E-mail: vanessa.rissi@imed.edu.br, janinekm@unisinos.br, willcecconello@yahoo.com.br e
moraeseliz@yahoo.com.br
340 Rissi, V., Monteiro, J. K., Cecconello, W. W., Moraes, E. G.

Due the potential to cause psychological damage and illness at work, may demands psychological inter-
ventions. In this way, the present paper aims to identify if psychologist, when working in the company,
confront, and what their psychological interventions are. For this purpose, we intended to comprehend
what u these professionals understand about mobbing in labor relations. We conducted a qualitative
study with an exploratory design approach. Seven psychologists were interviewed, recruited by conve-
nience. Data were processed by content analysis. The results showed that psychologists use preventive,
but specific and isolated, psychological interventions, as well as reactive interventions, characterized
by resignation, maintaining physical distance between those involved in the case of harassment and
monitoring the behavior of the offender, after initial conversation. It was also observed that: psycholo-
gists adequately understand bullying as a phenomenon that humiliates and is perpetuated by managers,
featuring abuse of hierarchical power.
Keywords: Mobbing, psychological interventions, prevention, work.

Intervención Psicológica ante el Acoso Moral en el Trabajo

Resumen
El acoso es un fenómeno global, compleja y multifactorial. Se refiere a un comportamiento violento
destinado a humillar, rechazar y psíquicamente demoler el individuo o grupo acosado, en el contexto del
trabajo. Debido a su potencial para causar trastornos psicológicos y enfermedades en el trabajo, puede
requiere de intervenciones psicológicas. En esta perspectiva, el trabajo tiene como objetivo determinar
si los psicólogos, cuando si inserem en las organizaciones de trabajo se han enfrentado el acoso moral y
cómo se han realizado las intervenciones psicológicas. Por esto, también tratamos de entender lo que es
el entendimiento de que estos profesionales poseen acerca de la intimidación en las relaciones laborales.
Se realizó un estudio cualitativo y enfoque de diseño exploratorio. Fueron entrevistados siete psicólogos
contratados por conveniencia. Los datos se procesaron por análisis de contenido. Los resultados mos-
traron que los psicólogos utilizan intervenciones preventivas, pero específicas y aisladas, así como las
intervenciones reactivas, que se caracteriza por la demisión, el mantenimiento de la distancia física entre
las personas involucradas en el caso del acoso y la vigilancia de la conducta del delincuente, después de
la conversación inicial también mostró que: psicólogos entienden adecuadamente el acoso moral como
un fenómeno que humilla y se perpetúa por los administradores, con el abuso de poder jerárquico.
Palabras clave: Acoso moral, las intervenciones psicológicas, prevención, trabajo.

O assédio moral é reconhecido como um cológica no trabalho, em grande parte, ainda é


problema sério e complexo, advindo de fatores subestimada pelas organizações (Guimarães &
sociais, econômicos, organizacionais e culturais. Vasconcellos, 2012), embora os registros apon-
Pesquisas realizadas em quase todos os con- tem para a presença desta prática no Brasil, des-
tinentes dão conta de que este é um fenômeno de o período da colonização (Teixeira, Munck,
mundial que tem preocupado estudiosos de di- & Reis, 2011).
versas áreas e organismos multinacionais de O assédio moral refere-se a um comporta-
proteção ao trabalhador, no âmbito dos direitos mento abusivo, intencional e frequente que ocor-
humanos (Heloani & Barreto, 2010). Contem- re no ambiente de trabalho e visa constranger,
plado na agenda de pesquisas internacionais, há humilhar e desqualificar um indivíduo ou grupo,
mais de 25 anos, é objeto de estudos, no Brasil, degradando as suas condições de trabalho e ame-
a um tempo inferior (Soboll, 2008a), tendo sido açando a sua integridade pessoal e profissional
publicado por Freitas, em 2001, o primeiro ar- (Freitas, Heloani, & Barreto, 2008; Leymann,
tigo sobre o tema. Essa forma de violência psi- 1996).
Intervenções Psicológicas diante do Assédio Moral no Trabalho. 341

Estão implícitos na definição do assédio lacionamento interpessoal no trabalho (Vega &


moral, quatro critérios específicos que devem ser Comer, 2005); desempenho grupal prejudicado
levados em conta quando o objetivo é reconhe- e aumento do comportamento agressivo nos tra-
cer determinada ocorrência. Freitas et al. (2008), balhadores (Ramsay, Troth, & Branch, 2010);
Rezende (2008) e Soboll (2008b) mencionam problemas nas funções cognitivas, como aten-
tais critérios em suas publicações: ção e concentração, até possibilidade de desen-
1. Habitualidade e repetitividade: as condutas volvimento de transtornos psicológicos como
hostis devem ocorrer repetidas vezes duran- depressão (International Labor Organization
te a jornada de trabalho, por um determinado [ILO], 2000; OMS, 2004) e aumento de custos
período. Ações isoladas não se configuram médicos e tendência a aposentadoria precoce
como assédio moral. Não é consensual um (Hoel, Sparks, & Cooper, 2001). Da mesma
período de tempo exato, sendo essencial, no forma, no Brasil, Freitas (2007) relacionou in-
entanto, identificar a prática continuada e contáveis danos provocados pelo assédio mo-
insistente. ral, que vão desde processos psicopatológicos
2. Pessoalidade: as ações hostis não são di- desencadeados nas vítimas, em nível individu-
rigidas a um grupo de pessoas, mas a uma al, até problemáticas organizacionais e sociais
pessoa em específico. É possível que mais como queda de produtividade e aumento de des-
de uma pessoa de um mesmo grupo possa pesas com benefícios da previdência social, res-
ser alvo das agressões mutuamente, mas o pectivamente. Não obstante, casos de suicídio
processo é direcionado e pessoal. podem estar entre as possíveis decorrências do
3. Limite geográfico: deve ocorrer no lugar assédio moral (Freitas, 2011).
das práticas cotidianas, entre as pessoas que Boa parte de pesquisadores concorda com
pertençam à mesma organização de trabalho a divisão do assédio em quatro tipos principais:
e a ela se vinculem através de uma relação descendente (ou vertical), horizontal, ascenden-
contratual ou que sejam dependentes, dire- te e mista. Seguindo as definições propostas por
ta ou indiretamente da empresa (terceiriza- Hirigoyen (2005a) a ação descendente é o as-
dos). sédio vindo de um superior hierárquico, sendo,
4. Intencionalidade de prejudicar: o assédio muito provavelmente, o tipo mais comum. Por
visa prejudicar para diminuir os espaços de horizontal o trabalhador se vê assediado por um
ação e forçar um desligamento da empresa colega com o mesmo nível hierárquico na orga-
ou de um projeto. O alvo é definido através nização. Esse tipo é muito comum quando dois
de armadilhas sutis ou explícitas. funcionários disputam um mesmo cargo ou uma
De acordo com a Organización Mundial promoção. Menos habitual, o ascendente ocorre
de la Salud (OMS, 2004), o assédio moral tem quando uma pessoa de nível hierárquico supe-
potencial para causar ou contribuir para o apa- rior se vê agredida por um ou vários subordina-
recimento de muitos transtornos psicopatológi- dos. Esta situação é desencadeada, geralmente,
cos, psicossomáticos e comportamentais. Nesta quando um novo funcionário, em nível superior,
perspectiva, estudos internacionais têm indica- é admitido em uma organização. Possivelmente,
do as consequências do assédio moral em nível o cargo era desejado pelos demais, que passam
individual, organizacional e social: prejuízos na a não concordar com o modo de gestão do novo
qualidade de vida do sujeito assediado (Niedl, contratado. Será misto, quando a vítima for atin-
1996); suicídio, desenvolvimento de Transtor- gida a partir de assediadores diversos, como co-
no de Estresse Pós Traumático ou Depressivo legas e superior hierárquico. Qualquer que seja a
(Hansen et al., 2006); problemas nas relações direção do assédio (descendente, mista, horizon-
familiares (Duffy & Sperry, 2007); diminuição tal ou ascendente), o processo é ardiloso e blo-
da satisfação do sujeito assediado com o traba- queia psiquicamente a perda da capacidade de
lho (Hoel & Cooper, 2000); problemas de re- defesa da vítima, o que imprime consequências
342 Rissi, V., Monteiro, J. K., Cecconello, W. W., Moraes, E. G.

em sua autoestima. A perda do autoconceito e a balhadores (Glina & Rocha, 2010). Dentre estes
predominância do sentimento de inutilidade mi- profissionais, destacam-se os Psicólogos. As in-
nimizam sua dignidade e autorrespeito (Heloani tervenções psicológicas podem estar relaciona-
& Barreto, 2010). das à prevenção, promoção e tratamento, (Capi-
O assédio moral pode envolver duas gran- tão, Scortegagna, & Baptista, 2005) em diversos
des perspectivas: a do assédio pessoal, relacio- contextos e, podem dirigir-se ao assédio moral,
nado às questões de relações interpessoais; e a já que o fenômeno tem potencial para causar do-
do assédio organizacional, associado a deman- ença e sofrimento psíquico.
das do contexto, processo e da gestão do traba- Intervenções têm sido realizadas no con-
lho (Soboll, 2008b). Por isso, destaca-se a im- texto do trabalho e divulgadas em publicações,
portância de se levantar informações de ambas a fim de prevenir, promover, e/ou combater o
as perspectivas (das relações de trabalho e da assédio moral. Por outro lado, têm se mostrado
organização do trabalho à qual os trabalhadores escassos os estudos que avaliam a eficácia destes
estão submetidos). modelos interventivos (Glina & Soboll, 2012).
Tanto trabalhadores como empregadores Segundo a European Agency for Safety and He-
reconhecem que as agressões psicológicas têm alth at Work (2009a) o assédio moral pode ser
sido uma forma grave de violência vinculada às considerado um risco psicossocial, e, como tal,
novas configurações de relações de trabalho que deve ter a intervenção alinhada aos princípios de
incidem tanto entre colegas quanto naqueles que avaliação e gerenciamento de riscos no contexto
ocupam posições hierarquicamente superiores de trabalho.
no contexto organizacional. Relações essas que Intervenções que buscam a melhoria do cli-
dominam o trabalhador em nome da competiti- ma psicológico no trabalho são recomendadas
vidade e do individualismo crescentes na orga- e necessárias (Einarsen, Hoel, Zapf, & Cooper,
nização, a qual muitas vezes não incentiva laços 2003). Podem ser classificadas em três níveis:
de cooperação entre os trabalhadores, impossi- para indivíduos envolvidos diretamente (asse-
bilitando que haja, nas relações de trabalho, a diados e assediadores), para grupo, equipe e co-
valorização ou o reconhecimento do trabalho re- legas de trabalho, o chamado nível de interface
alizado pelo outro. Com frequência, as situações indivíduo x organização e para a organização.
de violência se naturalizam e são banalizadas A prevenção do assédio moral pode-se dar
no cotidiano organizacional, pois são reflexos de diversas formas. Educar os trabalhadores e
de uma lógica que não acredita em injustiças, líderes, incutindo normas de adequado compor-
mas sim em fenômenos causados por questões tamento social na organização e buscar estabe-
econômicas, sistêmicas e até pela causalidade lecer limites, pode ser um caminho. O modelo
do destino (Dejours, 2001), mas que, de certo de prevenção de assédio moral deve englobar
modo, são “bem” utilizadas pelas organizações questões relacionadas à informação do fenô-
no intuito de se eximirem de responsabilidade meno para os trabalhadores, criação de grupos
(Monteiro & Machado, 2010). Isto explica a de discussão, capacitação dos profissionais dos
posição de grande parte das organizações nesse setores de recursos humanos, entre outros (Hiri-
processo no que tange às situações de violência, goyen, 2005b).
visto que muitos locais de trabalho não possuem A European Agency for Safety and Health at
ainda alguma forma de registro para denunciar a Work (2009b) recomenda algumas práticas que
violência psicológica ou o assédio moral no con- podem auxiliar na prevenção do assédio moral:
texto laboral. (a) dar liberdade, por parte dos trabalhadores,
O sofrimento e o adoecimento psíquicos re- para escolher o modo de realizar o seu trabalho;
lacionados ao trabalho representam, atualmente, (b) difundir amplamente os objetivos organiza-
um enorme desafio com o qual se defrontam os cionais; (c) o desenvolvimento de lideranças; (d)
profissionais dedicados à saúde mental dos tra- clareza na descrição de funções e tarefas; (e) o
Intervenções Psicológicas diante do Assédio Moral no Trabalho. 343

desenvolvimento de políticas organizacionais Método


que favoreçam relações sócio profissionais po-
sitivas; (f) o desenvolvimento de programas e Participantes
políticas que esclareçam e combatam esse tipo Os participantes foram recrutados por
de problema dentro da organização. conveniência e teve como critério de inclusão:
Para as vítimas do assédio moral no traba- Psicólogos que trabalham há pelo menos um
lho pode-se intervir, por exemplo, por meio de ano em empresas. Fizeram parte do estudo sete
aconselhamento, grupo de apoio, estratégias de Psicólogos do sexo feminino, com idade média
reabilitação e acompanhamento no retorno ao de 31 anos; com graduação em Psicologia
trabalho e através de ouvidoria (Glina & Soboll, concluída há sete anos, em média, e trabalhando
2012). Tehrani (2003) sugere utilizar conselhei- na empresa atual há seis anos, em média, sendo
ros profissionalmente treinados. Dentre as técni- que 66,66% possuíam curso de pós-graduação
cas citadas pelo autor, destacam-se: a inquirição em nível de especialização na área de Psicologia
(debriefing), a terapia narrativa, a terapia cogni- Organizacional e/ou Gestão de Pessoas. A Tabela
tivo-comportamental, outros tipos de psicotera- 1 apresenta a caracterização dos participantes da
pia e os grupos de autoajuda. pesquisa.
Para esta pesquisa, partiu-se da certeza de
que o Psicólogo é um profissional que, dentre vá- Procedimentos de Coleta de Dados
rias atribuições, tem o compromisso de enfrentar
o assédio moral, quando inserido profissional- A coleta de dados ocorreu através de
mente em organizações de trabalho. Esta cons- entrevista semi-estruturada, a partir de roteiro
tatação encontra subsídios no Código de Ética orientador. A entrevista foi dividida em três
Profissional do Psicólogo (Conselho Federal de principais seções: entendimento dos Psicólogos
Psicologia [CFP], 2005), quando refere, em seus sobre o que é assédio moral no trabalho;
princípios fundamentais I e II que, o psicólogo percepção da ocorrência do assédio moral
baseará o seu trabalho no respeito e na promo- no trabalho e intervenções utilizadas pelos
ção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da Psicólogos frente ao assédio moral no trabalho.
integridade do ser humano, apoiado nos valores Os profissionais foram entrevistados no seu local
que embasam a Declaração Universal dos Direi- de trabalho, após prévio agendamento. O período
tos Humanos, e que trabalhará visando promo- de coleta deu-se entre setembro e novembro de
ver a saúde e a qualidade de vida das pessoas e 2013. As entrevistas duraram, em média, 60
das coletividades e contribuirá para a eliminação minutos, foram gravadas e transcritas na íntegra.
de quaisquer formas de negligência, discrimina-
ção, exploração, violência, crueldade e opres- Procedimentos de Análise dos Dados
são. No mesmo sentido, ainda leva-se em conta Os dados obtidos nas entrevistas foram
o Manual de Atribuições do Psicólogo no Brasil processados por análise de conteúdo, seguindo
(CFP, 1992), ao mencionar que o profissional da os critérios propostos por Bardin (1979): pré-
psicologia deverá pautar seu trabalho no respeito análise dos documentos por meio de leitura
à dignidade e integridade do ser humano. flutuante; exploração do material através de
Nesta perspectiva, o artigo objetiva, em classificação ou categorização; interpretação dos
linhas gerais, identificar se os Psicólogos, quando dados obtidos.
inseridos nas organizações, têm enfrentado
o assédio moral, e como têm realizado as Considerações Éticas
intervenções psicológicas. Para isto, também A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
buscou-se compreender qual é o entendimento ética em Pesquisa da instituição de ensino de
que estes profissionais possuem acerca do origem, sob número 11424812.8.0000.5319
assédio moral nas relações de trabalho. e os participantes assinaram o TCLE – Termo
344 Rissi, V., Monteiro, J. K., Cecconello, W. W., Moraes, E. G.

Tabela 1
Perfil dos Entrevistados

Número de
Idade Tempo que atua Tempo que Ramo de atuação Formação em nível
Sujeito funcionários
(anos) na empresa está formado da empresa de pós-graduação
na empresa

Instituição de Pós-graduação Lato


A 35 11 anos e meio 14 anos 2180
Ensino Superior Sensu
Pós-graduação Lato
B 35 10 anos 10 anos Transportadora 1500
Sensu
1 ano e Comércio de Pós-graduação Stricto
C 24 2 anos 65
3 meses informática Sensu – em andamento
D 24 3 anos 2 anos Varejo 1200 a 1300 Graduação
Transporte Pós-graduação Lato
coletivo Sensu
E 30 3 anos 9 anos 300
e transporte Pós-graduação Stricto
de cargo Sensu – em andamento
Serviços Pós-graduação Lato
F 44 3 anos 20 anos 50
de Beleza Sensu
Pós-graduação Lato
G 40 7 anos 10 anos Distribuidora 1000
Sensu

de Consentimento Livre e Esclarecido, a fim de situações constrangedoras’’. Mais do que isso,


cumprir com os preceitos éticos necessários a es- os participantes da pesquisa associaram o as-
tudos científicos envolvendo seres humanos. sédio à um comportamento nocivo de líderes,
sobressaindo-se, logo, o assédio do tipo vertical,
Resultados e Discussão em detrimentos de outras direções possíveis.
Glina e Soboll (2012) conferem ao assédio
Chegou-se, a partir da análise dos dados, moral o status de um comportamento negativo
a três categorias temáticas, que respondem aos e, ao mesmo tempo, tipificado como violência
objetivos da pesquisa: (a) assédio moral: humi- psicológica extrema que gera constrangimento
lhação e abuso de hierarquia; (b) percepção de ao vitimado (Soboll, 2010). Hirigoyen (2005b),
ocorrência do assédio moral no trabalho e (c) pesquisadora responsável pela publicidade do
intervenções psicológicas preventivas e reativas. fenômeno assédio moral em nível mundial, o de-
nomina como toda e qualquer conduta abusiva
Assédio Moral: Humilhação e Abuso manifestando-se, sobretudo por comportamen-
de Hierarquia tos, palavras, atos, gestos, escritos que possam
O assédio moral foi compreendido pelos trazer dano à personalidade, à dignidade ou à in-
Psicólogos, em acordo com o que preconiza a tegridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr
literatura nacional e internacional sobre o tema, em perigo seu emprego ou degradar o ambiente
correspondendo a um padrão de relacionamento de trabalho.
inadequado, marcado por humilhações, agres- Ao relatar sobre a compreensão da definição
sões e ofensas. Conforme relato do Sujeito A: do assédio moral, os profissionais da Psicologia
‘‘É uma situação em que um sujeito está sendo evidenciaram-no como um fenômeno que ocor-
fragilizado, sentindo-se humilhado, sentindo-se re, mais frequentemente, por parte dos superio-
exposto, sendo que isso pode trazer prejuízos res hierárquicos em relação a trabalhadores su-
psíquicos para ele em virtude de exposições a bordinados a eles, configurando-se como abuso
Intervenções Psicológicas diante do Assédio Moral no Trabalho. 345

de poder diretivo; conforme referem o Sujeito G ra (2008), ao demonstrarem que a OT, em deter-
‘‘É uma situação provocada pelos gestores em minadas circunstâncias, é causa de insegurança
seus subordinados’’ e Sujeito C ‘‘Assédio mo- por parte dos chefes e subordinados que, mais
ral é tudo aquilo que ultrapassa o respeito pe- pressionados pelo cumprimento de metas e sem
los funcionários, tudo o que as pessoas acabam o devido suporte organizacional, podem iniciar
usando, por exemplo, o próprio cargo de chefia um processo de assédio moral.
para conseguir coisas’’. Os Psicólogos participantes do estudo, em
De fato, o assédio moral no trabalho encon- suas falas sobre a compreensão do assédio mo-
tra-se fortemente relacionado com elementos do ral, não demonstram, contudo, estabelecer uma
ambiente e da organização do trabalho (OT), relação entre o comportamento violento e des-
como o estilo de liderança, por exemplo (Ein- respeitoso dos líderes assediadores e a própria
arsen, 2000). A competitividade que permeia o organização do trabalho, que, conforme pos-
ambiente organizacional é capaz de intensificar to anteriormente, pode incentivar ou facilitar a
o assédio. Esta condição favorece o tratamento ocorrência do assédio. Nessa situação, o mesmo
nocivo dos superiores hierárquicos em relação é caracterizado como assédio organizacional
aos seus subordinados, pois eles usufruem o po- (Soboll, 2008a).
der que detêm para rechaçar ou humilhar. Não Ainda que tenhamos identificado que os
raramente, esses agressores são vistos como ges- Psicólogos possuem noção sobre o significado
tores eficientes pelos seus superiores, pelo per- do conceito de assédio moral, nenhum deles fez
fil agressivo e assertivo que possuem (Heloani, referência a critérios identificadores, como a fre-
2003). quência e a duração dos eventos assediadores.
Competitividade exacerbada, bem como es- Muito embora, saiba-se que não há consenso
tilos de liderança nocivos e enaltecidos, e que, quanto a qual frequência e permanência consi-
foram citados como parte das relações de traba- derar (Glina & Soboll, 2012), reconhece-se a
lho, pelos Psicólogos, na pesquisa, são conside- importância destes dois fatores, a fim de que se
rados traços característicos de um tipo de orga- possa identificar o assédio moral e diferenciá-lo
nização do trabalho que favorece a ocorrência de de outras formas de violência ocupacional (Ei-
episódios violentos no trabalho, tais como o as- narsen & Skogstad, 1996).
sédio moral. Neste aspecto, cabe destacar que a
variável organização do trabalho é fator impres- Percepção da Ocorrência do Assédio
cindível para que possa compreender o percurso Moral no Trabalho
de ações de cunho violento que geram sofrimen- Diante do questionamento em relação à
to nas pessoas. Conceitualmente, a organização ocorrência de assédio moral na empresa em que
do trabalho, (Dejours, 1988; Mendes, 2007) en- atuam, os profissionais negaram, em sua maio-
volve características biopsicossociais do traba- ria, a existência de eventos que pudessem vir a
lho, como a divisão do trabalho, relações afeti- caracterizar o fenômeno; conforme relatos do
vas e sócio profissionais, condições de trabalho, Sujeito D: ‘‘Gostaria de dizer que não e acre-
possibilidade de iniciativa e autonomia, grau dito que não ocorre, nós nunca tivemos nenhum
de ambiguidade sobre os resultados da tarefa, problema em relação ao assédio moral”. Ainda,
bem como nível de cooperação e comunicação. o Sujeito F ‘‘Olha, eu acredito que não, embora
Conforme estiver caracterizada, a própria OT eu fale de um lado, do lado da Psicologia, do
pode, inclusive, influenciar no estabelecimento lado da gestão, mas me parece que não’’. Nes-
de relações de trabalho marcadas por competi- te sentido, pode-se perceber que é possível sim,
ção e individualismo em detrimento de relações que muitas empresas consigam manter relações
sócio profissionais positivas e, consequentemen- de trabalho saudáveis, através de uma OT que
te, nestes meandros, favorecer o assédio moral. contribua para isso e, evidentemente, para a não
Ilustram esta compreensão, Martiningo e Siquei- ocorrência de assédio e outras formas de violên-
346 Rissi, V., Monteiro, J. K., Cecconello, W. W., Moraes, E. G.

cia. Muitas organizações têm decidido enfrentar na área do trabalho. A Psicodinâmica do Tra-
a problemática do assédio moral através de di- balho possibilita algumas reflexões na tentativa
versas intervenções, tais como o estabelecimento de compreender as razões pelas quais, tão facil-
de políticas de tolerância zero ao assédio (Salin, mente, culpabiliza-se o trabalhador, quando, por
2008), criação de códigos de ética e mecanismos vezes, ele é uma vítima de situações tais quais
de denúncia de casos ao setor de recursos huma- o assédio moral. Ao não considerar o trabalho
nos (Heloani, 2005). real, e as exigências que esse trabalho deman-
Contudo, muitas falas do grupo de profis- da ao trabalhador (valorizando essencialmente o
sionais entrevistados, seguiram-se de justificati- trabalho prescrito), Barros (2010) alerta que cai-
vas que relevaram um mecanismo de negação, -se na armadilha de dizer que o trabalhador é que
a fim de defenderem a imagem da empresa e, não tem o saber fazer, que não foi preparado, que
muito provavelmente, a própria atuação enquan- não teve uma boa formação, que não se preparou
to Psicólogos, como referido nos depoimentos adequadamente para lidar com as diversificadas
do Sujeito F: ‘‘Pode ocorrer de algum gestor demandas, etc. As análises têm sido, portanto,
exagerar com algum funcionário, mas em con- centralizadas no indivíduo, desprezando a rique-
trapartida o que a gente percebe também que za presente naquilo que o ser humano faz e nas
tem o outro lado, tem alguns funcionários que situações que enfrenta cotidianamente na teia da
procuram isso, eles provocam para que ocorra cultura de uma organização. Muitas vezes, o po-
alguma situação assim’’ e Sujeito D: der de agir do trabalhador é que tem sido ampu-
O assédio moral não ocorre aqui. Tudo de- tado pela organização do trabalho, estando sua
pende da pessoa. Esses dias eu ouvi uma atividade impedida e, sem prestarmos atenção ao
pessoa relatando que a sua gestora a man- trabalho real, nossa tendência é novamente cul-
dou entrar para o programa Medida Certa pabilizar o trabalhador (Barros, 2010).
para emagrecer, que emagrecendo produzi- Isoladamente, o assédio moral foi conside-
ria mais. Então, tudo depende da estrutura rado realidade numa das empresas, conforme re-
psíquica da pessoa para receber isso. Não ferido pelo sujeito B:
que seja assédio moral. Teve uma situação em que um diretor anti-
Nos casos citados, o trabalhador foi coloca- go estava chamando a telefonista de bruxa,
do enquanto responsável pela situação vexatória disse que iria comprar uma vassoura para
a que foi submetido. Infelizmente, na prática, presenteá-la. Então, ela estava sentindo-se
não são menos frequentes as situações em que a humilhada e eu tive que intervir. Ele tinha
vítima de assédio moral é responsabilizada (Hi- trinta anos de empresa e ela um ano. Ela
rigoyen, 2005b), muitas vezes, sob a alegação estava com dificuldade ainda de entrar no
de problemas relacionados à sua personalidade ritmo dele, acelerado.
e fragilidade emocional, como também é citado No caso ilustrado, tem-se a impressão de que
em estudos como o de Vartia (1996). Entretan- o assédio teve o propósito, por meio do xinga-
to, já é sabido que a personalidade do assediado mento, de gerenciar a produtividade do trabalha-
pode ser considerada menos relevante frente ao dor, que não se enquadrou no ritmo de trabalho
assédio moral (Leymann, 1992), estando os fato- imposto pela empresa (Andrade & Tito, 2012).
res organizacionais e psicossociais à frente das Neste contexto, tem-se a ocorrência do subtipo
discussões sobre as causas do fenômeno, como de assédio moral organizacional, que já foi de-
já discutido neste artigo. monstrado por pesquisadores brasileiros (Araú-
Quanto a questão da culpabilização e res- jo, 2006; Soboll, 2006, 2008b) e corresponde às
ponsabilização do trabalhador por eventuais práticas abusivas utilizadas como instrumentos
dificuldades oriundas nas relações de trabalho, de gestão, controle e disciplina e não exclusiva-
deve-se ressaltar que ainda se trata de prática mente para prejudicar o trabalhador, como é o
frequente por gestores e Psicólogos atuantes caso do assédio moral típico.
Intervenções Psicológicas diante do Assédio Moral no Trabalho. 347

Intervenções Psicológicas Preventivas nas organizações, diante do assédio, deve ser


e Reativas através de reeducação de valores, implicando
As intervenções, quando preventivas, em em uma mudança cultural e incentivando à prá-
relação a situações de assédio moral e violên- tica do diálogo constante e permanente entre as
cia nas organizações, podem ser primárias, se- pessoas. As políticas relacionadas ao bem-estar
cundárias ou terciárias. Primariamente, significa do pessoal, à mediação de conflitos, ao desen-
estabelecer políticas de avaliação e redução de volvimento, ao zelo pelo clima organizacional,
riscos ou políticas antiassédio. Num segundo podem não apenas reparar erros atuais, mas
nível, envolveria programas de capacitação, in- também auxiliar na construção de um ambiente
quérito dos trabalhadores e resolução de situação mais saudável, de forma que se possa falar em
de conflitos. A prevenção terciária, por sua vez, trabalho decente sem nenhuma ambiguidade ou
objetiva a redução de danos e tratamento dos dubiedade (Heloani & Barreto, 2010).
envolvidos no caso, quando o problema já está O código de ética foi mencionado como
instalado (Leka & Cox, 2008). uma ferramenta a fim de que se possa prevenir
As intervenções citadas pelos Psicólogos a ocorrência, conforme indicado por Sujeito B
entrevistados envolveram ações preventivas e ‘‘Temos o código de ética, que fala de respeito,
reativas, conforme sintetizam as Tabelas 2 e 3. de igualdade social, da forma como é cobrado o
Por reativas, entendemos, nesta pesquisa, àque- resultado dos nossos colaboradores, de práticas
las iniciativas empreitadas pelos profissionais que não são permitidas’’.
depois da ocorrência do assédio moral ou diante Entretanto, em nenhum dos casos é feita re-
da hipótese de ocorrência. ferência clara ao assédio moral nos artigos que
compõem o referido código. Esta é uma reco-
Tabela 2 mendação importante em se tratando de código
Intervenções Preventivas Realizadas pelos Psicó- de ética, na medida em que as normas e orien-
logos tações de comportamento devem ser definidas
Ações preventivas explicitamente, a fim de que fiquem claras as si-
tuações que não serão toleradas pela organização
Treinamento de habilidades em liderança
(Martiningo & Siqueira, 2008). Ainda assim, é
Código de ética cabível de reflexão o fato de que se a empresa
Treinamento jurídico sobre assédio moral possui código de ética, isto não deve servir como
justificativa que ela exime-se de responsabilida-
de se as condutas ocorrerem.
Os Psicólogos revelaram que existem ações
Alguns pesquisadores já vão além, e contri-
preventivas, porém, não são focadas exclusiva-
buem para as discussões quanto à eficácia destas
mente na questão do assédio moral, conforme
apontado pelo Sujeito D: ‘‘Temos capacitação, ações preventivas. Eles afirmam que, em qual-
desenvolvimento, mas nada focado especifica- quer delas, alguns elementos devem estar pre-
mente em assédio moral”. sentes, como a garantia de clima social positivo
Entretanto, evidenciou-se que existe preo- que favoreça a diversidade e a administração das
cupação no sentido de capacitar os líderes para frustações e conflitos, estilos de liderança e prá-
que estabeleçam relações de respeito com seus ticas de gestão igualitários e construção de uma
subordinados, através de comunicação assertiva organização do trabalho pautada por metas, re-
e práticas de feedback, conforme apontado pelo gras e responsabilidades claras e nítidas (Freitas
sujeito A: ‘‘O que a gente faz são ações de de- et al., 2008).
senvolvimento dos gestores, e aí, a gente aborda Nas empresas, não se mostraram habituais,
várias coisas, do que falar com os subordinados, as atividades, políticas ou procedimentos com
como falar, de como se deve demitir’’. ênfase na prevenção do assédio moral, realiza-
Este tipo de ação encontra respaldo em Ter- das pelos Psicólogos. Porém, do ponto de vista
rin (2007), ao afirmar que o trabalho a ser feito jurídico, e, geralmente realizadas por advoga-
348 Rissi, V., Monteiro, J. K., Cecconello, W. W., Moraes, E. G.

dos, algumas ações específicas ocorrem como CFP (2005), segundo o qual, cabe ao psicólogo,
relatam os sujeitos D ‘‘Em qualquer ação tra- fundamentalmente, promover a saúde e a quali-
balhista a empresa está sendo exposta. É impor- dade de vida das pessoas e da coletividade, con-
tante mostrar as questões legais e de impacto tribuindo para a eliminação de quaisquer formas
para a empresa via orientação e conversa com de negligência, discriminação, exploração, vio-
os advogados’’ e G: lência, crueldade e opressão. Assim, entende-se
A palestra dada pelo nosso advogado envol- que um dos compromissos profissionais dessa
ve estas questões de leis, como o Ministério categoria é não abster-se na busca de respostas
Público do Trabalho encara esta questão. A e renunciar ao silêncio cúmplice e ao conformis-
gente visa muito mais na questão da orien- mo conveniente que permite o sofrimento das
tação para que futuramente a gente não vá pessoas nas organizações de trabalho (Caniato &
parar na justiça. Esta é uma ferramenta de Lima, 2008).
prevenção que temos.
O assédio moral, certamente, pode envolver Tabela 3
Intervenções Reativas Realizadas pelos Psicólogos
ações trabalhistas, na medida em que é passível
de dano moral. Se ocorrer no contexto de uma Ações reativas
organização, independente do nível hierárquico
Demissão
do agressor, a empresa, enquanto pessoa jurí-
dica deverá ser responsabilizada. Esclarece-se Distanciamento da vítima e do agressor
que o dano moral, no ordenamento jurídico, é a Orientações e acompanhamento do agressor
consequência do assédio moral e significa, mais
precisamente, os prejuízos que alguém vem a so-
frer diante dos fatos. Por sua vez, o dano moral A demissão do assediador foi citada como
pode exigir reparação por meio de indenizações opção diante de uma possível ocorrência
pagas, mediante provas. (Carvalho & Tonial, de assédio moral nas empresas, ilustrado
2012). Ficam evidentes nas falas dos Psicólogos, no relato do Sujeito B: ‘‘Se ocorresse irí-
a preocupação com esta questão em detrimento amos optar, com certeza, pela demissão. A
dos prováveis prejuízos psíquicos e emocionais empresa, por ser uma empresa familiar, que
dos sujeitos vitimados, conforme apontado pelo tem uma conduta de bastante respeito e éti-
sujeito G: ca, não teria outra opção que não fosse o
Teve um supervisor que falava demais na desligamento’’.
hora da cobrança das metas. Teve, inclu- Na mesma lógica, figura como possibilidade
sive, uma reclamação da equipe. Não era de intervenção, diante da ocorrência do fenôme-
nada gravíssimo, assim, mas a gente ficou no, o afastamento do agressor e da vítima, referi-
preocupada, a gente não pode estar disse- do pelo Sujeito E: ‘‘Solicitamos para que o ges-
minando esta prática. Porque daqui a pou- tor evite o relacionamento direto com a vítima
co a gente vai ter problemas lá na frente e que ela também evite este contato próximo’’.
com a justiça. Em ambos os casos, a conduta é paliativa,
Tais achados vão de encontro a Argimon, apenas. O conflito se mantém latente e poderá
Boaz, Da Rosa, Daldon e Wendt (2007) ao refe- vir à tona novamente, a qualquer momento. Nes-
rirem que percebe-se, com frequência cada vez ta perspectiva de distanciamento entre os envol-
maior, Psicólogos abdicando de um olhar hu- vidos, cabe a reflexão de Brodsky (1976) que
manizado, vindo a se submeter às exigências da alerta para o fato de que o assédio se mantém
empresa em que atuam e à sua gestão; e estes, presente naquelas organizações cuja autorização
mesmo conscientes de que sua atuação não con- implícita existe para assediar. Esta informação
diz com os objetivos de sua profissão, acabam advém da ausência de sanções em relação àque-
por aderir à visão da organização. les que não cumprem normas ou violam políticas
Neste sentido, pesam ainda os preceitos do de combate ao assédio moral. Entrevistas reali-
Código de Ética Profissional do Psicólogo, do zadas com vítimas revelaram que o fenômeno
Intervenções Psicológicas diante do Assédio Moral no Trabalho. 349

parece prevalecer em empresas nas quais a cul- utilizar conselheiros profissionalmente treina-
tura organizacional permite ou até valoriza esse dos. Dentre as técnicas citadas pelo pesquisador,
tipo de comportamento (Einarsen, Skogstad, destacam-se: a inquirição (debriefing), a terapia
Raknes, & Matthieses, 1994). narrativa, a terapia cognitivo-comportamental, a
Outra forma de intervenção citada nas entre- psicoterapia e os grupos de autoajuda.
vistas foi, diante da eminência do assédio moral, Mais importante do que agir depois da ocor-
conversar com o agressor e solicitar mudança de rência dos casos violentos, porém, é agir preven-
comportamento, ilustrado no relato do Sujeito F: tivamente, como aponta Heloani (2011), basean-
Chamamos para uma conversa no setor do-se no argumento de que as empresas nunca
de RH. É o momento em que se pode abrir estão isentas de responsabilidade. A prevenção
espaço para a conversa sobre o que está e combate evitaria, inclusive, que tais práticas
acontecendo e orientar este trabalhador. tornem-se institucionalizadas e, assim, aceitas e
É explicado que não podemos tolerar naturalizadas.
aquele comportamento e combinamos um
prazo para a mudança daquelas atitudes Considerações Finais
aconteça.
Crawshaw (2008) afirma que existem méto- As intervenções frente ao assédio moral
dos de coaching específicos para reabilitação de são realizadas pelos Psicólogos, pontualmente,
líderes assediadores que envolvem o uso da em- e não como um processo planejado que objeti-
patia. Nestes casos, compreende-se que o assé- ve enfrentá-lo enfaticamente. Em se tratando de
dio é uma resposta mal adaptativa do líder frente prevenção, especificamente, não ocorrem ações
à percepção de alguma ameaça. Contudo, tem-se voltadas para o assédio. Porém, os profissionais
dado menos atenção a este tipo de intervenção, estudados entendem que realizam ações voltadas
mostram as pesquisas. à prevenção, quando, por exemplo, capacitam
No que diz respeito às intervenções para as gestores em cargos de liderança para a prática
vítimas de assédio moral, os resultados da pes- de feedback.
quisa são incipientes, na medida em que foram Diante da possibilidade ou ocorrência do as-
negadas ocorrências de assédio moral. A litera- sédio, também são apresentadas alternativas de
tura internacional e nacional (Glina & Soboll, intervenção: demissão, distanciamento dos en-
2012; Sheehan, 1999), entretanto, demonstram volvidos e orientação ao agressor. De qualquer
que os casos de assédio moral vêm crescendo modo, já se sabe, conforme apontam Glina e So-
de forma significativa na lógica das mudanças e boll (2012) que intervenções isoladas e esporá-
pressões correntes do mundo do trabalho. Nes- dicas não se mostram efetivas, visto que a abor-
te sentido, não pode-se deixar de relacionar as dagem deve levar em consideração as variáveis
possíveis formas de acolhimento às vítimas de psicossociais, de clima e cultura da organização.
assédio. Os Psicólogos compreendem o assédio mo-
Segundo a European Agency for Safety and ral enquanto ato violento caracterizado por hu-
Health at Work (2002), as intervenções que fo- milhações e constrangimentos causados à víti-
cam vítimas de assédio moral no trabalho, são ma. Reconhecem, também, que, na maioria das
denominadas de nível individual e visam melho- vezes, parte da direção vertical, ou seja, daqueles
rar as possibilidades do indivíduo para lidar com que se encontram em posição hierárquica supe-
o estresse. Neste patamar, pode-se trazer como rior às vítimas.
exemplos de intervenções para as vítimas do as- Cabem questionamentos acerca do papel do
sédio moral no trabalho: aconselhamento, grupo psicólogo diante do assédio moral. Uma vez que
de apoio, estratégias de reabilitação e retorno qualquer situação de violência, discriminação ou
ao trabalho, ouvidoria (Glina & Soboll, 2012). negligência devem ser veementemente combati-
Existem ainda, outras formas de atuação, como dos por este profissional, segundo consta do Có-
demonstrado por Tehrani (2003), que sugere digo de Ética Profissional dos Psicólogos (CFP,
350 Rissi, V., Monteiro, J. K., Cecconello, W. W., Moraes, E. G.

2005). Diante da eminência do fenômeno, não se Brodsky, C. M. (1976). The harassed worker.
pode, sob qualquer justificativa, deixar de agir Toronto, Canada: Lexington Books.
claramente e objetivamente, através de ações que Caniato, A. M. P., & Lima, E. da C. (2008). Assédio
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estudo, sobretudo que os dados aqui apresen- PAR CIENTÍFICA: Ciências Jurídicas e Empre-
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tados não são representativos da categoria, a
pesquisa aponta, também, para a necessidade Conselho Federal de Psicologia. (1992). Sobre a pro-
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