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GRUPOS, ORGANIZAÇÕES E

INSTITUIÇÕES
FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA SÓCIOINSTITUCIONAL
Profª Joyce Paula de Souza Pereira Ferreira
INTRODUÇÃO

 MAIO DE 68
 Libertação da palavra
 A verdade é revolucionária
 Emergências de abordagens psicológicas micropolíticas:
bioenergética, Gestalt
 O que essas teorias traziam de novidade? Pensar os
movimento de grupo.
 Decompor e reconstruir o conceito de instituição.
INTRODUÇÃO

 Um grupo que 1) se permite dirigir segundo diversas


maneiras de autoridade 2) se liberta da tarefa de
manter-se em conjunto 3) cada um toma a consciência
da sua presença e a dos outros 4) se aprende na prática
a estreita relação entre sua existência e a existência de
outro.
INTRODUÇÃO

 A experiência do grupo 1) descobrir as tensões naturais 2)


atenuar as tensões 3) tomar consciência da origem das
tensões 4) pensar suas conseqüências sociológicas
possíveis.
 Não pode ser um trabalho ingênuo que mais encobre do
que revela.
INTRODUÇÃO

 Lapassade propôs que a origem e o sentido do que se


passa nos grupos humanos deve ser buscada no que se
passa no nível visível dos grupos humanos, a partir de
suas experiências instituídas.
 Existe uma dimensão “oculta”, não analisada (que a
psicanalise chamaria de latente) que Lapassade nomeia de
dimensão institucional.
INTRODUÇÃO

 Análise institucional: ele nomeia como método que visa a


revelar, nos grupos, esse nível oculto de sua vida e de seu
funcionamento.
 Constatou que psicoterapias institucionais que não levem em
consideração essa dimensão institucional não tem efeitos
decisivos.
 “Para levá-la em consideração é preciso agir sobre a própria
instituição – é preciso tratar a instituição.”
 Um grupo ou uma organização social é sempre determinado
por instituições, ou seja, liga-se a textura institucional de
nossa sociedade.
 Grupos, organizações e instituições são interdependentes.
Lapassade determina que existem 3 níveis
do sistema social:
 Grupo: nesse nível do sistema social já existe a instituição:
horários, ritmos, normas de trabalho, sistemas de controle,
leis, estatutos, papéis. Grupos reais ou grupos artificiais.
Existem relações humanas e desumanas, relações de
produção, domínio, de exploração.
 É nesse mesmo nível de base que cabe situar a família, a
instituição da afetividade e da sexualidade, divisão do
trabalho. Poder do Estado, poder disciplinar.
 “O grupo familiar constitui o cimento mais firme da ordem
social estabelecida, o lugar em que se efetua, como mostra
Freud, a interiorização da repressão que continua na escola.
Eis a base do sistema.”
Lapassade determina que existem 3 níveis
do sistema social:
 Organização: nesse nível de organização se rege as novas
normas de mediação entre a base (grupos ou primeiro
nível) e o Estado. A fábrica, a universidade,
estabelecimento administrativo.
 Nesse nível as instituições já apresentam formas jurídicas,
nível da propriedade privada dos meios de produção, nível
da organização burocrática.
Lapassade determina que existem 3 níveis
do sistema social:
 Instituição: as instituições definem tudo o que já está
estabelecido, quer dizer, em outras palavras, o conjunto do
que está instituído.
 O terceiro nível é o nível do Estado, que faz a Lei, que
confere às instituições força de lei.
 “O que institui está do lado do Estado, no topo do
sistema.”
 Crise revolucionária: suspensão da repressão da cúpula
sobre a base. Para tornar livre a criatividade coletiva, para
libertar a palavra social é preciso inverter a “base” desse
sistema.
 Não confundir estabelecimento com instituição, por
exemplo, a escola.
 Se “Feita para reproduzir o sistema de dominação, ela
própria é uma instituição dominante”
 A instituição não é um nível, ou uma manifestação da
formação social, mas é um produto do encontro desses
níveis, ou dimensões. Esse produto de um encontro de
dimensões é super determinado pelo conjunto do sistema
através da mediação do Estado.
 Passagem da sociedade feudal para a sociedade burguesa
(Sociedade disciplinar a sociedade de controle)

 Revolução: destruição do aparelho de Estado burguês.


Uma revolução popular é sempre um processo que
começa a substituir o Estado por uma sociedade
polimorfa, por um novo sistema institucional que não seja
mais submetido ao domínio central.
 Descentralizar o poder: clubes, associações, assembléias,
exercícios de soberania coletiva.
 Novas formas de vida social, novas formas de regulação.
 Revolução oficial/ Revolução na revolução: esquerdistas
versus direitistas – distorção das instituições e distorção
das ideologias.
 A análise institucional propõe-se revelar esse duplo jogo
institucional, essa luta do que institui e do que é o objeto
da instituição, propõe-se remontar ao Estado a partir das
instituições dominantes presentes em nossa experiência,
aqui e agora.
 Propõe a análise das ideologias e das instituições que as
suportam. Essa análise não pode ser imediata.
 A análise institucional deve procurar explicar que o
engenho dessas estruturas e do funcionamento social não
se dá pela ignorância, mas por um mecanismo coletivo de
repressão.
 Podemos dizer ou pensar de modo verdadeiro?
 Há um termo no mundo corporativo chamado segurança
psicológica. Falar sobre isso.
 Para Lapassade, o que sustenta essa repressão da palavra social é
o Estado.
 “O Estado cumpre essa função de encobrimento ideológico [...]
o Estado controla a educação, a informação, a cultura. O Estado
mantém o que não é dito, suscitando em todo lugar, a
autocensura, as normas que proíbem a verdadeira comunicação.”
 “O que é mais reprimido é a Revolução.”
 O sociólogo não é neutro: Lapassade questiona a existência da
própria sociologia.
 Maio de 68: grandes temas: a palavra social libertada, a
decisão coletiva, a crítica permanente do poder oriundo
dos grupos, a busca pela verdadeira comunicação.
 Uma maioria não é necessariamente democrática.
 Uma minoria pode ser a expressão verdadeira de uma
maioria incerta.
 “O Estado não é nada desde que não encontre apoio nas
instituições dominantes.”
 “Só o medo as mantém.”
CAPÍTULO 01
As fases A, B e C
 Fase A
 A fase da sociedade industrial e capitalista no século XIX,
pág. 41
 Nesse momento são elaboradas as primeiras grandes
doutrinas sociológicas e políticas da nova sociedade. Nessas
organizações não se coloca o problema da burocracia.
 Fourier pág. 42
 Proudhon pág. 43
 Saint-Simon pág. 43
 August Comte pág. 44
 Marx pág. 45
CAPÍTULO 01
As fases A, B e C
 Fase B
 A partir do começo do nosso século XX, as grades
empresas industriais se burocratizam. O próprio ato do
trabalho torna-se burocratizado pelo taylorismo. A
alienação é levada a níveis extremos. A separação está em
toda parte.
 Nascimento da sociologia industrial/ psicossociologia na
indústria.
 B. Mottez pág. 47
 Alain Touraine pág. 49
 Moreno pág. 45 Sociometria
CAPÍTULO 01
As fases A, B e C
 Fase B
 Kurt Lewin pág. 52 Dinâmica de grupo, Campo social
 A tarefa do psicossociólogo será encontrar novamente a
relação entre o formal e o informal, entre a organização e
a motivação, será desburocratizar a organização, ou mais
exatamente, modernizar a burocracia.
 O psicossociólogo prático aparece como um dos agentes
da modernização da burocracia, aquele que facilita, com
seu trabalho, a passagem histórica da fase B para a fase C.
CAPÍTULO 01
As fases A, B e C
 Fase C
 A passagem histórica para a fase C tem bases tecnológicas e é levada em seu
movimento pela modernização das técnicas, pelo desenvolvimento da
automação e pelas transformações das industrias modernas e pelas formas
modernas de gestão.
 Sociedade neocapitalista. Vê-se a vontade de participação e de gestão da base
diminuir na medida em que diminui o constrangimento, o autoritarismo.
 Carl Rogers pág. 56 Pensamento não diretivo. Aprender para Rogers pág. 57
 O único conhecimento autêntico é conhecimento inacabado e conhecimento
do inacabado.
 O não acabado na pedagogia: “maneiras de estudar que provocam uma
mudança.” Mudança = desenvolver-se = crescer. Empatia, aceitação,
compreensão.
CAPÍTULO 02
Os grupos
 Pesquisa – formação – intervenção
 Um grupo é constituído por um conjunto de pessoas em
relação umas com as outras e que se uniram por diversas
razões: vida familiar, uma atividade cultural ou
profissional ou esportiva, a amizade ou religião.
 Grupos funcionam por processos que lhe são comuns, mas
que não se tem costume de observar espontaneamente.
CAPÍTULO 02
Os grupos
 Todo grupo distribui tarefas, escolhe responsáveis para
assumir funções; em resumo, todo grupo humano se
organiza, independente de qual seja sua finalidade.
 Quais são essas leis? Grupos possuem objetivo,
participação, direção.
 Kurt Lewin e a dinâmica de grupo fora dos laboratórios
experimentais. Pág. 66
 O psicossociólogo prático “conhece o grupo ao organizá-
lo”, e conhece a sociedade ao modifica-la.
CAPÍTULO 02
Os grupos
 A pesquisa
 A pesquisa em dinâmica de grupo refere-se
essencialmente à coesão nos grupos, às comunicações, aos
desvios, à mudança e à resistência à mudança, à
criatividade dos grupos, ao comando.
CAPÍTULO 02
Os grupos
1. A coesão
 A noção lewiniana de dinâmica de grupo supõe que se
possa definir um grupo como um sistema de forças.
 Forças de desenvolvimento e forças de coesão: as
primeiras são aquelas que "impulsionam" um grupo para
os fins que ele se atribui; as segundas são aquelas que
motivam os membros a permanecer no grupo. Pág 67. Fig
01, pág 68.
CAPÍTULO 02
Os grupos
2. As comunicações

 A noção de "comunicações" foi importada da cibernética


para a Psicologia dos grupos. O problema das
comunicações é o das trocas no interior do grupo. Podem-
se abordar os problemas de comunicação no grupo sob
vários aspectos. Pág 69.
CAPÍTULO 02
Os grupos
 3. O comportamento desviante
 Pode-se ainda observar nos grupos uma pressão no sentido da
uniformidade que implica, em particular, como consequência,
a rejeição daqueles que desviam, quer dizer, dos membros
que não adotam os valores, normas e finalidades do grupo.
Um membro que se desvia coloca um problema para o grupo:
ao mesmo tempo que se tende a rejeitá-lo, pode-se formular a
hipótese de que ele poderia trazer para o grupo elementos
novos de solução para os problemas que o grupo se coloca.
 Quanto mais motivação, mais chance a tendência em rejeitar
aquele que se desvia.
 Indivíduo modal versus indivíduo móvel. Pág 71
CAPÍTULO 02
Os grupos
 4. As resistências à mudança. A decisão do grupo

 5. A criatividade dos grupos

 Os problemas da inteligência, do conhecimento e da


invenção fora, até agora, muito mais estudados no nível
do indivíduo do que no nível dos grupos. Psicologia
Experimental.
 A formação
 Designemos essa tendência da formação de pedagogia
institucional.

 3 etapas. Pág 76
 A forma privilegiada de formação do tipo dinâmica de grupo é
o training group ou grupo de formação. Pág 77

 O grupo de formação obedece a uma regra que implica três


unidades: Pág 78
 A unidade do tempo
 A unidade de local
 A unidade de ação
 Monitor

 O monitor pode intervir mediante: Pág 79


 Reformulação
 Interpretação
A intervenção
 Para os psicossociólogos, intervenção significa ação numa organização
social, a pedido dessa organização, para facilitar certas mudanças.
 Para fazê-lo, eles realizam em primeiro lugar conversas individuais ou
de grupos, e, depois de uma primeira síntese que comunicam (feedback)
ao conjunto do pessoal administrativo ou mesmo dos trabalhadores da
organização “cliente”.

 A intervenção prossegue... Pág 86


 Como se desenvolve a intervenção: Pág 91
 Fase da tomada de consciência.
 Fase do diagnóstico
 Fase da ação.
 A intervenção supõe o uso de técnicas.
CAPÍTULO 03
As organizações e o problema da burocracia
 O termo organização tem, pelo menos, duas significações pág.
101
 Organização social: uma coletividade instituída com vistas a
objetivos definidos tais como, a produção, a distribuição de bens,
a formação de homens. Os três exemplos propostos designam
empresas no sentido mais amplo do termo; e, mais precisamente,
uma empresa industrial, uma empresa comercial, uma instituição
de educação.
 “A organização suscita um interesse teórico e prático a partir do
instante em que ela funciona mal.”
 A questão das organizações colocou-se sobretudo através da
questão da burocracia. [...] A burocracia é o corpo administrativo
do Estado.
CAPÍTULO 03
As organizações e o problema da burocracia

 Ao longo do capítulo, Lapassade vai apresentar como a


burocracia se estrutura por meio da divisão de classes e
pelo poder do Estado em diversos países e culturas.
 A burocratização do trabalho é efetiva quando a direção
desse trabalho penetra no coração do comportamento
produtivo. Pág 158.
CAPÍTULO 03
As organizações e o problema da burocracia
 O lazer tornou-se um produto de consumo de massa: A
burocratização dos lazeres as burocracias dos lazeres
(organização de férias, de turismo cultural...) constroem-se
e desenvolvem-se.

 Introduzir o máximo de lazer no mínimo de tempo. O


lazer burocratizado é um produto adaptado às condições
de vida do assalariado. Do piscinão de Ramos ao sonho da
Disney.

 Burocratização – Burocratismo – Burocracia: Os


traços essenciais da burocracia tradicional Pág. 174
CAPÍTULO 04
As instituições e a prática institucional

 Compreende-se por instituições:


 Grupos sociais oficiais: empresas, escolas, sindicatos;

 Sistemas de regras que determinam a vida desses grupos.

 As instituições são, segundo Fauconnet e Mauss, um


conjunto instituído de atos ou de ideias que os indivíduos
encontram à sua frente e que se impõem mais ou menos a
eles.
CAPÍTULO 04
As instituições e a prática institucional
 Entendemos por essa palavra tanto os costumes, os modos,
os preconceitos e as superstições, quanto as constituições
políticas ou as organizações jurídicas essenciais.
 A instituição é, em suma, na ordem social aquilo que a
função é na ordem biológica.
 Instituições como moldura.
 Termo muito comum na linguagem jurídica e na
antropologia.
 Instituições pedagógicas modernas: pág 198
 A atividade de ensino é transformadora; ela “transforma”
objetos de intervenção (as crianças). A atividade
burocrática nada transforma; ela controla a transformação.
 O espírito da pedagogia institucional/ O movimento da
pedagogia institucional
 Desenvolvido na França por meio da autogestão educativa
é uma contestação da dominação pedagógica.
 “Nada pode ser feito, dede que não se destrua a relação
hierárquica efetivamente em todo lugar onde possa ser
destruída, desde que não o substitua por uma nova
relação.”
 Busca difundir no interior da Escola real um novo modo
de funcionamento e de relações humanas não burocráticas.
[...] o grupo assume a sua própria direção e caminha para
a sua própria autogestão.
 Estamos preparados para essa tomada de consciência e
decisão?
 “Há um problema de progressão: uma classe que se
submete à autogestão não pode ser bruscamente entregue
a si mesma, sem precauções; é preciso começar por
lembrar à classe as exigências da instituição externa – que
se espera um dia modificar, mas que ainda não foi
modificada – quer dizer, os programas, os exames, a
hierarquia administrativa, as notas, etc.”
CAPÍTULO 05
Dialética dos grupos, das
organizações, das instituições
 Quando desembaraçada dos modelos mecanicistas, a dinâmica
de grupo leva, na realidade, a uma dialética dos grupos. O
emprego do termo dialética justifica-se, desde por ele que se
entenda uma lógica do inacabamento, da ação “sempre
recomeçada”. O grupo, a organização será uma totalização em
processo, que jamais é totalização realizada. A dialética dos
grupos exclui a ideia da maturidade dos grupos. [...] A dialética
será, portanto, para nós, o movimento sempre inacabado dos
grupos.
 Totalização versus serialização. Pág 228
 O grupo é ainda a passagem dialética da quantidade à qualidade.
CAPÍTULO 05
Dialética dos grupos, das
organizações, das instituições
 O erro comum de muitos sociólogos é tomar o grupo como
relação binária entre o indivíduo e a comunidade, quando se
trata sempre de relações ternárias. [...] são todos sócios em
pares de reciprocidade. Pág 232
 A morte do grupo, pág 234
 O espírito de equipe. Pág 238
 A instituição. Pág 249
 Instituições. Pág 287
 Grupo. Pág 285

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