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Garantia e Direitos

da Pessoa Idosa

2 Efetivação do
fortalecimento de
vínculos voltados à
valorização e respeito da
Pessoa idosa

1
Conteudista:

Sheila Fabiana de Quadros (Conteudista, 2021);

Diretoria de Desenvolvimento Profissional.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


SAIS - Área 2-A -70610-900 - Brasília, DF

2
Sumário
Unidade 1. O Desenvolvimento de Políticas Públicas de Atenção e Proteção ao Idoso
no Brasil............................................................................................................................................4
1.1 Preconizações e dispositivos legais de atenção à pessoa idosa em cenário nacional..................4

1.2 Políticas voltadas à participação e integração da pessoa idosa na sociedade...............................9

1.3 Processos de socialização e fortalecimento de vínculos sociais da pessoa idosa.........................12

Unidade 2. Direitos da pessoa idosa e suas formas de efetivação......................................15


2.1. Mecanismo de efetivação dos direitos da pessoa idosa........................................................................15
2.2 A busca da longevidade com qualidade......................................................................................................19

Unidade 3. Educação: instrumento de promoção e defesa dos idosos na busca de


valorização e respeito....................................................................................................................21
3.1. Espaços de educação e possibilidades de inserção social da pessoa idosa em sua
representatividades...................................................................................................................................................21

Referências.......................................................................................................................................23

3
Efetivação do fortalecimento de
MÓDULO

2 vínculos voltados à valorização e


respeito da Pessoa idosa
Unidade 1. O Desenvolvimento de Políticas Públicas de
Atenção e Proteção ao Idoso no Brasil
Ao final desta Unidade, você será capaz de evidenciar os instrumentos de valorização, atenção e fortalecimento
dos direitos da pessoa idosa.

1.1 Preconizações e dispositivos legais de atenção à pessoa idosa em ce-


nário nacional

O envelhecimento populacional brasileiro é um assunto que, a partir de 2020, passou a representar uma
urgente preocupação de saúde quanto à parcela idosa da sociedade e ao contágio por meio da Covid-19.
Esse recorte temporal, contudo, não é privilegiado, quando falamos das vulnerabilidades da pessoa idosa
no Brasil. Somando cerca de quase um bilhão de pessoas no mundo e 30 milhões no país, as características
do envelhecimento vêm mudando. Cresce seu percentual, tanto etário, quanto de número de idosos, porém
mantendo as vulnerabilidades históricas, como “deterioração da saúde, diminuição dos sentidos, déficits
cognitivos, declínio psicológico, episódios recorrentes de quedas e fragilidade”, conforme apontam os
autores Barbosa, Oliveira e Fernandes, no artigo Vulnerabilidade da pessoa idosa: análise conceitual.

Envelhecer implica em riscos, devido às várias mudanças biológicas e sociais. O envelhecimento é um processo
multidimensional e multideterminado que se difere pelos contextos relacionados aos aspectos individuais
e coletivos do idoso. As vulnerabilidades se estabelecem pelos antecedentes e atributos individuais que
recaem em consequências nessa etapa da vida. Segundo os autores já citados, a vulnerabilidade acentuada
ou não está focada nas combinações entre o passado e o presente, entre o físico e o psicológico, aspectos
que definem a qualidade de vida e a percepção de saúde. Assim, os autores apresentam abaixo.

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Antecedentes, atributos e consequentes do conceito de vulnerabilidade da pessoa idosa.
Fonte: Vulnerabilidade da pessoa idosa: Frente às possibilidades apresentadas, você consegue imaginar outras formas de efetivação do
fortalecimento de vínculos da pessoa idosa? análise conceitual. Rev Bras Enferm. N. 72 2019. p. 337-44.

Muitos perfis são acrescidos de condições econômicas que trazem problemas complexos e multifacetados.
Segundo os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua)
anual, de 2018, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os idosos correspondem a
17,44% dos 5% dos brasileiros mais ricos e 1,67% dos 5% mais pobres. Eles são 15,54% da classe AB,
13,07% da classe C, 4,71% na classe D, e 1,4% dos idosos são da classe E. Quanto à fonte de renda, os
idosos recebem 59,64% das aposentadorias da Previdência Social, 40,78% dos Benefícios de Prestação
Continuada (BPC) e apenas 0,89% do Bolsa Família. Em relação à escolaridade, os idosos são 30% dos
analfabetos e têm 3,3 anos de estudo completos a menos que a média. Sobre a posse de bens e ativos,
os idosos são 13,17% dos que possuem casa própria em terreno próprio, são 22,47% dos brasileiros sem
acesso à internet e 12% dos que têm TV, correspondendo a 10,22% dos que têm canais pagos.

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Dados do dieese
Fonte: Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) - abril de 2020

Conforme o gráfico acima, dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos


(DIEESE) de abril de 2020 mostram que parte da população idosa brasileira colabora com o sustento dos lares onde
vivem com outras pessoas, tendo 24,9% dos domicílios no Brasil com pessoas de 60 ou mais anos contribuindo
com mais de 50% da renda domiciliar, com aposentadorias, pensões, rendimento do trabalho. Isso tem um sentido
importante no discurso de que a pessoa idosa não faz parte da cadeia produtiva, pois os números demonstram que
24,9% dos domicílios teriam mais de 50% da renda afetada pela ausência dos familiares mais velhos.

Essa condição tem aspectos qualitativos a serem avaliados. Autores como Barbosa, Oliveira e Fernandes em
artigo publicado na área de saúde, intitulado “Vulnerabilidade da pessoa idosa: análise conceitual”, apontam
que o perfil socioeconômico exerce influência na busca por tais atividades laborais. As pessoas idosas mais
velhas e com menor escolaridade, demonstraram menor busca pelos serviços de cuidados com a saúde.

Ao longo da vida, as necessidades vão se tornando cada vez mais urgentes. O corpo não tem a mesma
vitalidade, e as capacidades de desempenhar muitas atividades físicas e intelectuais se tornam frágeis. Nesse
sentido, a proteção de direitos como a saúde, por exemplo, necessita de políticas públicas específicas que
garantam a qualidade de vida, assegurando a proteção integral de preservação física e moral.

A dignidade humana é, nesse sentido, o alicerce da Política Nacional do Idoso (PNI) que, em texto oficial,
normatizada pela Portaria GM/MS nº 2.528/06, de 19 de outubro, criou condições para promover a autonomia,
integração e participação efetiva da pessoa idosa na sociedade, o que envolve a qualidade da saúde. A PNI
aponta para a promoção do envelhecimento saudável, a manutenção de doenças, a recuperação da saúde,
sob a responsabilidade do Sistema Único de Saúde - SUS.

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Atenção integral à saúde da pessoa idosa
Fonte: Diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS: Proposta de modelo
de atenção integral à saúde da pessoa idosa - Ministério da Saúde

As diretrizes para o cuidado das pessoas idosas no SUS é um documento que objetiva fomentar as
discussões sobre o cuidado das pessoas idosas, contribuindo na organização dos cuidados ofertados
pelos estados e municípios brasileiros.

A Política Nacional de Saúde do Idoso reafirma os desafios impostos pelo processo de envelhecimento
mediante a compreensão de como vem acontecendo o envelhecimento populacional brasileiro. A
elaboração de estratégias que visem melhorias nas condições de vida e promovam saúde àqueles
que estão iniciando o processo de envelhecimento e aos que ainda irão passar por este processo
estabelecem cuidados direcionados aos idosos numa abordagem interdisciplinar e multidimensional,
considerando a interação entre os fatores físicos, psicológicos e sociais que influenciam na saúde dos
idosos, bem como o ambiente onde estes se insere.

Em relação a essas e outras questões, alguns documentos são essenciais para reflexão. O primeiro,
em 1994, o qual surge num momento histórico de falência do financiamento da Previdência Social
e com a mobilização dos idosos para a construção de uma articulação política que os atendesse. A
Lei no 8.842/1994, regulamentada pelo Decreto nº 1.948/1996, traz o envelhecimento sob uma
visão transversal. Entre os seus princípios, estão a família, a sociedade e o Estado como responsáveis
pela defesa da dignidade da pessoa idosa; o combate contra a discriminação da pessoa idosa; e o
protagonismo da pessoa idosa na sociedade. Nesse Decreto , são estabelecidas as funções de cada
órgão implicado na política social do idoso na visão de competências gerenciais. Contudo, esvazia as
diretrizes de participação previstas na PNI, incluindo algumas questões rasas.

Faleiros, no capítulo A política nacional do idoso em questão: passos e impasses na efetivação da


cidadania, do livro Política nacional do idoso: velhas e novas questões, aponta que, em 1997, o Estatuto
do Idoso começa a ser discutido pela sociedade civil e pelo Legislativo, contudo foi sancionado somente
em 2003. O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003, representou posicionamentos de uma sociedade
com vistas à garantia de direitos da pessoa idosa. Essa mobilização se pautou em dimensões como:
direito à vida; à liberdade; ao respeito; à dignidade; à alimentação; à saúde; e à convivência familiar e
comunitária. Outro movimento importante, foi em 2004, com a reorganização do Conselho Nacional
de Defesa da Pessoa Idosa (CNDI) criado pela PNI, como canal de representação nacional da pessoa
idosa. Esse avanço foi propulsor para a criação das Conferências Nacionais da Pessoa Idosa.

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Direitos da pessoa idosa

Fonte: Senado Federa

SAIBA MAIS
Você sabia que 15 de junho é o Dia mundial de conscientização da violência contra a pessoa
idosa e 1º de outubro é o Dia Nacional e Internacional do Idoso?

O dia 15 de junho foi uma data instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela
Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa (INPES), em 2006, com intuito
de sensibilizar a sociedade para o combate das diversas formas de violência cometida contra
a pessoa idosa.

Já o dia 1º de outubro foi definido, internacionalmente, por meio de Resolução da Organização


das Nações Unidas (ONU) nº 45/106, em dezembro de 1990; e, nacionalmente, pela Lei nº
11.433/06, de 28 de dezembro de 2006. Ambas, tiveram o objetivo de evidenciar as conquistas
históricas das pessoas idosas, despertando a consciência para as questões do envelhecimento,
além da importância das mudanças de atitudes em relação a essa parcialidade, muitas vezes,
vulnerável da sociedade.

E aí? Depois da leitura dos apontamentos, é possível perceber a importância dos dispositivos legais
que estruturam as políticas de atenção à pessoa idosa em cenário nacional? Faça suas anotações para
que, ao final do módulo, possa recuperar conhecimentos para desenvolver as atividades e a avaliação.

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1.2 Políticas voltadas à participação e integração da pessoa idosa na so-
ciedade

O aumento da população idosa no Brasil reflete uma urgência na preocupação das áreas de arquitetura e
ergonomia quanto ao espaço das cidades. As características do envelhecimento apresentam necessidades
frente a espaços mais acessíveis, mais confortáveis e adequados. Como já vimos, as situações de
vulnerabilidade remetem a situações complexas, que acarretam limitações e uso de equipamentos.

As modificações espaciais e ergonômicas são indispensáveis, tanto no espaço doméstico como na


arquitetura de ruas e ambientes coletivos. Planejar é inevitável para se pensar na inclusão da pessoa idosa.
Considerando os dados nacionais, muitos idosos são produtivos, fazem parte do mercado de trabalho, sendo
o alicerce de muitas famílias. Outros, por sua vez, têm sua interação pelas atividades físicas/esportivas e de
lazer. Ambos, precisam de espaços de calçadas mais amplas e bem niveladas, indicações e placas visíveis,
dentre outros aspectos que demandam uma mobilidade segura.

Envelhecer na cidade
Fonte: Sesc – São Paulo – Artigo: Envelhecer na Cidade

O autor Hunt, citado no artigo Acessibilidade espacial do idoso no espaço livre urbano, dos autores Bins
e Dorneles, aponta que as necessidades espaciais acerca da preocupação com o envelhecer podem ser
organizadas em três categorias: as necessidades físicas, as necessidades informativas e as necessidades
sociais. As físicas referem-se aos espaços físicos externos e internos, seus obstáculos e acessibilidade, sua
manutenção e segurança, dentre elas as rampas, desníveis, encostos, assentos, que demandam de menor
esforço e da não ajuda de outrem. Já as necessidades informativas tratam da informação do ambiente
com espaços padronizados, legíveis, com cores e texturas contrastantes e que estimulem os sentidos. As
necessidades sociais se estabelecem pelo controle da privacidade e interação da pessoa idosa. Espaços
como sacadas, jardins, que facilitem a independência e autonomia.

As categorias são interdependentes e, juntas, formam um cenário de qualidade e longevidade às pessoas


que envelhecem. É nesse sentido que o autor Fosi, numa publicação intitulada “Envelhecer na Cidade”, na
Revista Caderno SESC de Cidadania, aponta que “um comportamento saudável e a participação social
podem favorecer a melhora da auto-estima entre os idosos. Desagrada aos idosos ter a sua imagem
associada a uma pessoa solitária, dependente e frágil física e emocionalmente.”

Tal condição se estabelece pela possibilidade que o idoso tem de se relacionar sem a dependência. É
possível retomar atividades as quais foram abandonadas pelas condições físicas, não suas, mas da cidade.
Tornar a mobilidade acessível evidencia a preocupação com essa autonomia e possibilita uma qualidade de
vida à pessoa idosa.

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Em 2008, a Organização Mundial da Saúde (OMS), passou a certificar municípios que planejam suas estruturas
e serviços para acessibilidade de idosos, promovendo a inclusão social dessa parcela da sociedade. Esse
reconhecimento teve sua origem, no Brasil, no 18º Congresso Mundial de Gerontologia, no Rio de Janeiro, em
2005. Três anos depois, foi lançado internacionalmente o manual Cidade Amiga do Idoso, o qual detalhou como
os municípios devem fazer para conseguir tal reconhecimento. Incluiu, conforme imagem abaixo, adequações
no transporte, moradia, espaços abertos e prédios, apoio comunitário e serviços de saúde, comunicação e
informação, participação cívica e emprego, participação social, respeito e inclusão social.

Cidade amiga do idoso


Fonte: Organização Mundial da Saúde, Guia Global: Cidade amiga do idoso, 2009

O objetivo do movimento é estimular o envelhecimento ativo, otimizando oportunidades para saúde,


participação e segurança, a fim de aumentar a qualidade de vida no envelhecimento, levando em conta
as diferentes necessidades e capacidades do idoso. O envelhecimento ativo define os pilares saúde,
participação e segurança com vistas à inclusão do idoso no movimento da cidade, das atividades nos seus
bairros, da vida política, reestabelecendo ou mantendo os vínculos afetivos.

Para a certificação são elencadas ações como silêncio na madrugada, acessibilidade nas calçadas,
comportamento de respeito e criação de áreas verdes para descanso. Segundo o autor Côrte, no artigo Cidade
Amiga do Idoso, Cidades para todas as idades ou Estratégia Brasil Amigo da Pessoa Idosa?, já receberam a
certificação internacional as cidades brasileiras de Porto Alegre, Esteio e Veranópolis, no Rio Grande do Sul;
Pato Branco, no Paraná; Balneário Camboriú, em Santa Catarina; e Jaguariúna e São Paulo em São Paulo.

Em São Paulo, a iniciativa começou em 2009, com o projeto Bairro Amigo do Idoso, na Vila Clementino,
através de parcerias com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Secretaria de Estado de
Desenvolvimento Social, o Conselho Municipal do Idoso e outras instituições. Em 2012, o estado criou o
selo Amigo do Idoso para municípios que desenvolviam ações adequadas e favoráveis à pessoa idosa,
orientando sua prática por meio da cartilha do Selo Amigo do Idoso, incluindo além dos três pilares das
diretrizes da OMS, (considerados pela organização internacional como essenciais ao envelhecimento ativo),
um quarto pilar, o da educação.

Nesse pilar, há o incentivo de ações como capacitação de profissionais de saúde para o conhecimento
geriátrico e gerontológico; implementação de políticas e ações para diminuição do índice de analfabetismo
local em idosos; desenvolvimento de ação continuada para requalificação profissional da pessoa idosa,
entre outras possibilidades.

A proposta corrobora com a vida saudável indicada pelo Caderno de Atenção Básica para o envelhecimento
e saúde da pessoa idosa, de 2006, que prevê a alimentação saudável, a prática corporal e a atividade física
e trabalho em grupo com pessoas idosas.

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Qualidade de vida dos idosos
Fonte: Site Anjos Cuidadores de Vidas

Para tanto, vamos nos ater ao último aspecto, tópico carente na vida de muitas pessoas idosas, os vínculos
afetivos. Esses estão ligados a questões como insuficiência familiar, sexualidade e depressão, e são assuntos
que precisam ser discutidos pelas equipes multidisciplinares de atendimento, como também pelos grupos
de idosos. Os vínculos afetivos sociais são essenciais no combate e redução dos danos relacionados a
doenças psicológicas.

O envelhecimento pode trazer situações como isolamento, dificuldades nas relações pessoais, problemas
de comunicação e conflitos com a família ou com outras pessoas, aspectos gerados muitas vezes pelas
dificuldades econômicas e outros fatores de estresse da vida diária e que levam a tristeza e depressão.
Retomar os vínculos sociais pode auxiliar em tratamentos e evitar essas doenças. Sendo assim, esse será
nosso próximo ponto de debate.

SAIBA MAIS
A partir das questões relativas à participação e integração comunitária da pessoa idosa em
diferentes espaços, como você reconhece as condições da pessoa idosa no seu município?
Para fortalecer seus estudos, como forma complementar, leia o Guia Global: Cidade Amiga do
Idoso, conforme o link abaixo.

Link: Guia Global: Cidade Amiga do Idoso

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1.3 Processos de socialização e fortalecimento de vínculos sociais da pes-
soa idosa

O envelhecimento envolve, como já vimos, aspectos biológicos, sociais, psíquicos, dentre outros. Para a
inclusão social da pessoa idosa são muito importantes as questões de lazer, educação, esporte e convivência
em grupo. Quanto a esse suporte social, Araújo e outros autores no artigo Vínculos familiares e sociais nas
relações dos idosos, afirmam que existem duas formas de aproximação: as redes formais e informais. As
formais acontecem no convívio de tratamentos, internamentos, nas redes de atendimentos em hospitais,
ambulatórios médicos, casas geriátricas, casa de repouso, asilos, além dos profissionais da área da saúde.
As redes de apoio informal acontecem pelo convívio com familiares, amigos e vizinhos que oferecem
diferentes relações com a pessoa idosa.dentre outros aspectos que demandam uma mobilidade segura.

Envelhecer
Fonte: Pastoral da Pessoa Idosa – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

A família representa a primeira rede de apoio para a pessoa idosa, e o contexto familiar representa o
local que assegura o pertencimento. Contudo, como o próprio Caderno de Atenção Básica (2006) indica,
a família é complexa e nem sempre suas relações são harmônicas. Os sistemas familiares disfuncionais
podem comprometer os vínculos afetivos e desestabilizar as relações com seus membros. Em situações
mais críticas, podem gerar hostilidade e agressividade, levando a crises e afastamentos, especialmente
entre seus membros em situação de vulnerabilidade, os idosos.

Tais crises, muitas vezes, se desencadeiam pela convivência intergeracional. Os vínculos atrelados às
relações familiares são nutridos por afetos que, no decorrer da vida da pessoa idosa, foram formados no
grupo. Esse mesmo processo acontece em outros núcleos, como as amizades. Tarallo no artigo As relações
intergeracionais e o cuidado do idoso aponta que o desgaste entre as gerações relacionado à pessoa idosa,
são desencadeados por muitas situações “como a falta de espaço, de equipamento e a necessidade da
família de se adaptar às situações pessoais e sociais do idoso”.

O cuidado familiar com a pessoa idosa exige uma construção sensível das relações. É preciso estar aberto
para estreitar as relações e fortalecer os vínculos, fundamentando a coexistência no respeito e afeto. Quando
amadurecido, “o contato intergeracional é envolto em atenção, preocupação, afeto e partilha, tornando-se
marcante no crescimento dos netos e no amadurecimento dos avós.”

Os laços entre as gerações podem representar um suporte afetivo que minimiza o preconceito etário e
permite à pessoa idosa a percepção da continuidade pela mutualidade na aprendizagem numa relação
direta de suporte afetivo e apoio cognitivo. Assim, a sensação de pertencimento pode assegurar questões
como autonomia, independência, bem-estar e saúde, aspectos essenciais para qualidade de vida.

As demandas que surgem com o envelhecimento propõem para as instituições sociais, educacionais,
assistência e família, a responsabilidade do trabalho com a qualidade nas relações. Contudo, como a pessoa
idosa percebe essa questão? Como compreender que há uma vida inteira pela frente e que ela não depende
do tempo, mas da qualidade a ser vivida?

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A postura da pessoa idosa se faz por algumas variáveis importantes a serem citadas. Dentre elas, Araújo
e outros autores citam a disponibilidade do tempo e o que o idoso faz com esse tempo. A organização
das atividades diárias pode contribuir para uma vida em que as relações serão mais agradáveis: visitar os
amigos, conversar, construir projetos de vida e realizar descobertas têm efeitos positivos na vida da pessoa
idosa e daqueles que convivem com ela.

DESTAQUE
Frente às possibilidades apresentadas, você consegue imaginar outras formas de
efetivação do fortalecimento de vínculos da pessoa idosa? Elenque propostas nas
suas anotações para que possa subsidiar suas atividades ao final do módulo.

CRAS, Família e comunidade


Fonte: Prefeitura de São Francisco do Conde/BA

Outra variável trata da liberdade: Uma vida adulta traz responsabilidades e com elas, a liberdade. Na velhice,
a possibilidade de perder a liberdade acontece pelas condições econômicas e de vulnerabilidade, além da
falta de acessibilidade. As condições de coabitação, seja pelas necessidades econômicas ou de cuidados,
levam muitas famílias a privar o idoso de sua liberdade. Manter a autonomia e a independência, mesmo que
parcial, é essencial. A manutenção da capacidade cognitiva e seu poder de decisão dependem da liberdade
da pessoa idosa.

Segundo Tavares e outros autores, o artigo “Envelhecimento saudável na perspectiva de idosos: uma
revisão Integrativa”, cita que “a independência para os idosos envolve o cuidado de si e de outras pessoas,
atividades que apreciam e gerenciamento do lar.” Essas variáveis fortalecem dimensões psicológicas vitais
como a felicidade e o bem-estar. A primeira de caráter individual, mas que se fortalece em ambientes
saudáveis e de relações respeitosas, o segundo como componente vinculado às práticas físicas e das
relações sociais. Para esses, é importante lembrar que a adoção de hábitos e comportamentos saudáveis
perpassam uma vida mais feliz.

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SAIBA MAIS
Para compreender melhor o significado que os vínculos sociais têm para a pessoa idosa,
assista o documentário Longevidades, de Direção de Gisele Rodrigues e trilha sonora de Yuri
Popoff, produzido e exibido pelo Núcleo de Longos Formatos da TV Câmara, em 2009. Trata-
se de um forte instigador para compreensão das políticas de Saúde, Previdência e Assistência
Social da pessoa idosa, ao apresentar relatos de brasileiros que vivem diferentes realidades
sociais, ressignificando o cenário do envelhecimento no Brasil. Dentre os convidados estão
pesquisadores do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) e direção do Centro de
Medicina do Idoso da Universidade de Brasília.

Vídeo 1 - Longevidades

Fonte: Canal no YouTube da TV Câmara

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Unidade 2. Direitos da pessoa idosa e suas formas de
efetivação
Ao final desta unidade, você será capaz de demonstrar os instrumentos de efetivação e intervenção social em
defesa dos direitos da pessoa idosafortalecimento dos direitos da pessoa idosa.

2.1. Mecanismo de efetivação dos direitos da pessoa idosa

Estatuto do idoso e suas implicações quanto aos direitos firmados legalmente


Fonte: Blog do GESUAS

“A cidadania expressa e responde a um conjunto de interesses, desejos e aspirações de uma população ou


de partes dela, atribuindo determinados direitos aos indivíduos considerados cidadãos.” (Evelina Dagnino)

É importante citarmos as questões relacionadas aos direitos fundamentais da pessoa idosa como importante
componente na compreensão da realidade a ser vivida.

O Estatuto do Idoso estabelece uma série de direitos fundamentais a essa parcela populacional. Como
início, podemos citar o direito à vida, que presume que viver é muito mais que simplesmente existir. Viver
numa perspectiva da longevidade implica compreender-se como cidadão ativo, conhecedor de seus direitos
e das mais variadas formas de intervenção social. No artigo 9º observamos que é obrigação do Estado
garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante efetivação de políticas sociais públicas que
permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade.

Assim, a pessoa idosa precisa ir além de conhecer os seus direitos fundamentais, mas saber como usufruí-
los nas mais variadas formas e necessidades.

Relacionadas às questões de Liberdade, Respeito e Dignidade, o Artigo 10 prima pelo contexto de que é
obrigação do Estado e da sociedade, assegurar à pessoa idosa a liberdade, o respeito e a dignidade, como
pessoa humana e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais, garantidos na Constituição e nas
leis. Dessa maneira, retomamos historicamente os direitos civis da pessoa idosa,os quais ressaltam a
importância em perceber o idoso como sujeito de direitos, que pode exercer seu poder decisório e ativo
diante das mais diversas formas de participação social.

15
DESTAQUE
Passamos longa data vivendo situações em que a pessoa idosa era convidada a viver
de acordo com o que a sociedade como um todo decidia por ela, deixando de lado a
autonomia necessária e participativa das decisões de sua vida enquanto sujeito social
e dos grupos sociais com os quais convive.

Mesmo com todas as dificuldades que o país atravessa, cada pessoa idosa, a partir de seu contexto real,
deve ter o direito de escolher as formas de vida diante do quadro social a que pertence.

DESTAQUE
VOCÊ SABIA?

Mesmo em relação à alimentação adequada para a pessoa idosa, é importante que


todos, sem distinção, conheçam seus direitos quanto à alimentação saudável e
adequada à fase da vida que atravessa. Assim, o Artigo 14 do Estatuto do Idoso
prevê que se a pessoa idosa ou seus familiares não possuírem condições econômicas
de prover o seu sustento, impõe-se ao Poder Público esse provimento, no âmbito da
Assistência Social.

Nesse sentido, é oportuno destacar que não estamos tratando apenas de alimentação adequada quando
se trata de questões de saúde, mas sim, de que a pessoa idosa tem o direito de alimentação adequada no
sentido de nutrição, e quando isso não for possível, o Poder público deverá prover a atenção necessária por
meio do âmbito da Assistência social.

DESTAQUE
Uma das questões de bastante polêmica em relação aos direitos preconizados à pessoa
idosa diz respeito aos aspectos da cultura, do esporte e do lazer, pois ao contrário do
que se compreendia, a pessoa idosa não deve submeter-se ao lazer alienado, como se
algumas atividades isoladas fossem o suficiente para mantê-los “ocupados”. Faz parte
do processo de envelhecimento ativo o conhecimento de que as atividades de lazer
e cultura precisam suprir as reais necessidades dos sujeitos que dela se apropriam, e
não meramente ser tratadas em caráter de entretenimento.

O Estatuto do idoso em seu artigo 20 preconiza que o idoso tem direito à educação, cultura, esporte, lazer,
diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade. Essa questão
invalida a ideia de que a pessoa idosa não possui seus direitos garantidos nessa esfera, e incita a reflexão
e tomada de decisões quanto ao estabelecimento de políticas públicas que culminem na promoção deles
aos bens culturais.

Ainda, de igual importância, polemizam-se as questões de inserção e/ou manutenção da pessoa idosa em
atividades laborativas, razão pela qual devemos compreender que há legalidade quanto ao trabalho da
pessoa idosa, resguardadas as questões de segurança e condições para sua realização.

Assim, quanto à profissionalização e trabalho, o artigo 26 dispõe que o idoso tem direito ao exercício de
atividade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas.

16
DESTAQUE
Em outras palavras, a pessoa idosa tem o direito de estar inserido num espaço de
atuação profissional, desde que seja de sua vontade e ter condições de exercer a
profissão, resguardados todos os cuidados para que se desenvolvam tais atividades
sem exploração e com o consentimento deles, desde que para tal se somem todas as
condições necessárias.

Dois artigos do Estatuto do idoso merecem destaque em relação às demandas de Previdência e Assistência
social, os quais condizem a direitos previamente estabelecidos e que interagem entre si.

Artigo 29 – Os benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral da Previdência Social observarão,


na sua concessão, critérios de cálculo que preservem o valor real dos salários sobre os quais incidiram
contribuição, nos termos da legislação vigente.

Artigo 33 – A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme os princípios
e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema
Único de Saúde e demais normas pertinentes.

Diante do cenário nacional de luta em prol da viabilização dos direitos e garantia de benefícios para a pessoa
idosa, constatamos que a prática deve primar, essencialmente, pelas condições de acesso a bens e serviços
de cada local, no entanto, todos os espaços precisam estar atentos às questões legais que envolvem as
Políticas do SUAS e SUS, articuladas à Política nacional do Idoso mediante os dispositivos legais.

Artigo 15 – É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de
Saúde – SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das
ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção
especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos.

Nas questões de direito em saúde, a pessoa idosa possui prioridades, tanto em relação às questões de
tratamento e cuidado, quanto no eixo de prevenção, onde programas de atenção atentam a todas as
formas de prevenir doenças e demais enfrentamentos que possam surgir na vida cotidiana daqueles que
envelhecem.

Onde o idoso deve morar?


Fonte: AMBEP

O Artigo 37 do Estatuto do Idoso preconiza que o idoso tem direito à moradia digna, no seio da família natural
ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição
pública ou privada.

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De acordo com a perspectiva legal, a pessoa idosa possui autonomia para decidir suas questões de moradia,
desde que possua condições de viver de forma saudável no ambiente que assim desejar. A interferência
da família ou de terceiros deve ocorrer quando a pessoa idosa apresentar algum comprometimento e/ou
dificuldade de viver sozinha. Mesmo quando da violação de direitos, desde que a pessoa idosa possua
condições de se expressar e verbalizar sua vontade, ela precisa ser respeitada, a não ser que se trate de
questões de ordem grave, onde a pessoa idosa seja submetida a risco ou violência social.

Por fim, merece destaque a questão do transporte público, o qual se encontra amparado por lei, conforme
artigo 39, Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos
públicos urbanos e semiurbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente
aos serviços regulares.

Direitos essenciais da pessoa idosa


Fonte: Pinterest

SAIBA MAIS
Para saber mais: Consulte a página indicada e fique sabendo um pouco mais sobre a
longevidade com o texto “Longevidade: bônus ou ônus?” das autoras Maria Cecília de Souza Minayo
e Joselia Oliveira Araujo Firmo

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2.2 A busca da longevidade com qualidade
Depois das leituras realizadas, você sabe reconhecer seus direitos enquanto um sujeito que envelhece?

A sociedade passa, inevitavelmente, por diversas transformações, e essas emergem ligadas a fatores
sociais, econômicos, culturais, políticos e educacionais, articulando-se numa forma de convivência social a
partir das demandas e enfrentamentos da própria vida cotidiana.

Uma das maiores mudanças na última década é o processo de envelhecimento da população, e uma
sociedade que passa a ter mais pessoas idosas devido à perspectiva da longevidade, com novas estruturas
de vida, incluindo nas áreas social, de saúde, bem como de educação ao longo da vida. De alguma forma,
esses fatores intervêm diretamente no processo de envelhecimento populacional, e trazem à tona o debate
sobre o envelhecimento saudável.

Dessa maneira, desde a tenra idade, pensamos ou somos convidados a refletir sobre como será o processo
individual de crescimento, de amadurecimento e de formação individual. Assim, era muito comum, enquanto
crianças, recebermos dos adultos a pergunta do que gostaríamos de ser quando “crescer”, e rapidamente
fazíamos, na condição de criança pensante, sonhadora e com um futuro esperando, uma projeção de tudo
aquilo que gostaríamos de ser. Dos sonhos mais simples aos complexos, tínhamos a vontade de expressar
todos os nossos sentimentos e perspectivas de vida futura.

É comum ao longo de nossa trajetória de vida deixarmos de sonhar, de projetar e de pensar nos novos
momentos de nossa existência, por razões diversas. No entanto, devemos refletir em algum momento: “o
que eu quero ser quando envelhecer?”

A preocupação com o processo de envelhecimento da população nacional é tema que vem avançando na
esfera pública, bem como no estabelecimento de políticas públicas que integram a atenção à pessoa idosa.
Tais ações são resultado de um construto histórico pelo qual os sujeitos sociais vão se apoderando de seus
direitos e de suas potencialidades diante do meio do qual integram.

Pensando nessa perspectiva, observamos que o cenário social que se apresenta nos remonta à ideia
de longevidade como premissa de viver muito, porém, não se restringe a apenas essa significação, pois
sabemos que a pessoa idosa precisa viver “bem”, e isso destaca a ideia de viver com qualidade de vida,
usufruindo de tudo o que for possível para uma vida longa e saudável.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88) assume essa perspectiva em seu artigo
230 quando apresenta a seguinte disposição:

A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua
participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.

Assim, quando falamos do primeiro direito essencial da pessoa idosa, que é o direito à vida, devemos
observar que articulado a esse direito essencial estão os outros fatores integrados, pois na perspectiva da
longevidade, a qualidade de vida é fator determinante na expectativa de uma vida ativa.

O processo de envelhecimento saudável exige que cada um dos componentes de uma vida ativa sejam
respeitados, tal como ocorre quando da preconização dos direitos essenciais da pessoa idosa, legitimados
pelo Estatuto do Idoso, exercidos pelo estabelecimento de políticas públicas.

Vamos assistir a um vídeo que nos faz refletir sobre os direitos da pessoa idosa, ligados à longevidade?

Vídeo 2: Direitos da pessoa idosa

Fonte: Coordenação de Produção Multimídia do Departamento de Políticas e Tecnologias Educacionais (DPTE/SEED-PR) em


parceria com a Coordenação de Política da Pessoa Idosa da Secretaria da Família e Desenvolvimento Social (SEDS), do estado do
Paraná. 2018

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SAIBA MAIS
O vídeo traz importante reflexão sobre as premissas dos direitos da pessoa idosa na
sociedade, valendo-se da perspectiva da longevidade como um construto humano, típico de
uma sociedade que envelhece. Valorizando os direitos da pessoa idosa e dos mecanismos de
intervenção social, é importante pensarmos sobre a Rede de atenção à pessoa idosa.

Todas as ações que envolvem o atendimento à pessoa idosa em cenário nacional, passam pela disposição
de elementos que vão, desde as prerrogativas legais em relação às práticas de atenção à pessoa idosa até
os espaços em que os mesmos são oportunizados a frequentar a partir do planejamento de cada unidade
institucional sendo essa municipal, estadual ou federal.

É importante citar que todos os espaços que se dedicam a atender a pessoa idosa, passam impreterivelmente
pela estrutura designada pelas políticas de atenção que priorizam o estabelecimento de critérios para melhor
atender suas demandas. Cada local possui suas particularidades e essas precisam ser valorizadas quanto às
formas de intervenção social primando pelo bem-estar da pessoa idosa em diferentes espaços de convivência.

Dentre os espaços que estruturam as ações em torno da pessoa idosa, ressalvados os critérios e dispositivos
legais de sua implementação, destacamos os que se inserem na retomada dos direitos legais da pessoa idosa,
firmadas no Estatuto e que foram citadas na unidade anterior.

Para a organização de espaços e ações em prol da pessoa idosa, cada município, por exemplo, dispõe de
condições e necessidades específicas diante do quadro real e estrutural de sua singularidade. No entanto,
algumas questões precisam ser observadas e priorizadas diante da organização in loco.

É importante citar que a pessoa idosa constitui componente do processo de envelhecimento que é inerente a
qualquer sujeito que vive. Assim, toda pessoa idosa precisa estar articulada às várias formas de
participação social, evitando que se propague a ideia de que o envelhecimento se articule com a passividade,
abrindo espaço para a vida ativa.

Idosos em ativa idade


Link: USP.com.br

DESTAQUE
Viver de maneira ativa e intervindo junto ao meio social requer mais que estar simplesmente
imerso em vários espaços, mas sim, se fazer presente participando ativamente da sociedade
em que vive. Em outras palavras, toda pessoa idosa deve participar de espaços colegiados
em que sejam discutidas e deliberadas ações em torno de seus interesses, comprovando
que todo sujeito é social, e portanto, partícipe da construção da história coletiva!

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Unidade 3. Educação: instrumento de promoção e defesa
dos idosos na busca de valorização e respeito
Ao final desta unidade, você reconhecerá a educação como um caminho de representatividade e valorização
da pessoa idosa.

3.1. Espaços de educação e possibilidades de inserção social da pessoa


idosa em sua representatividades

A pessoa idosa alcançou visivelmente direitos que paulatinamente foram assegurados em lei, e dentre esses
encontramos a educação na perspectiva da longevidade, a qual denominamos de educação permanente.

Pensar uma educação ao longo da vida vai além de se apropriar de conceitos e da educação formal em si, mas
é um processo de contínua aprendizagem, que pode ocorrer em vários lugares e em diferentes espaços.

A educação da pessoa idosa nem sempre ocorre vinculada à educação formal em si, mas soma variadas
formas de conviver e aprender de diferentes maneiras e em diversos contextos.

Cada contexto possui suas características próprias, bem como as suas necessidades. Cada município, por
exemplo, atende às suas demandas a partir das condições que possui e do estabelecimento de políticas
públicas locais que fiscalizam, acompanham e delimitam as ações em torno do atendimento da pessoa idosa.

Serviço de convivência e fortalecimento de vínculos para pessoas idosas


Fonte: SCFV para Idosos - Blog do GESUAS

De acordo com o Serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, que se articula às políticas de atenção
do SUAS-Sistema Único de Assistência Social, os espaços criados pelos gestores municipais, por exemplo,
implicam no formato de desenvolver estratégias de ação que identifiquem a pessoa idosa em seu contexto real.

Um dos exemplos que foi implementado em âmbito municipal de diversos lugares nacionais foi a criação dos
Centros municipais do Idoso, que se constituem em espaços de convivência para pessoas idosas e articulam
ações que os promovam em sua totalidade, atendendo questões de várias abordagens, tais como cultura,
educação, tecnologia, arte e lazer.

Cada unidade possui autonomia pedagógica para gerir as formas de planejamento e intervenção junto ao
espaço local, a depender das formas e condições de funcionamento das mesmas.

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É importante destacar que tais Centros devem contar com o apoio de equipes multidisciplinares que
atendam as perspectivas das pessoas idosas que os frequentam, alinhando as ações com uma perspectiva
de empoderamento real de seus frequentadores. Em outras palavras, a educação permanente de idosos
propõe desafios que vão desde as formas de organização das atividades, até o preparo das pessoas idosas
para a vida em sociedade de uma maneira ativa, participativa e cidadã.

É importante salientar que a palavra “empoderamento” é descrita em dicionários da língua portuguesa


como Aurélio e Houaiss. De acordo com eles, o termo conceitua o ato ou efeito de promover conscientização
e tomada de poder de influência de uma pessoa ou grupo social, geralmente para realizar mudanças de
ordem social, política, econômica e cultural no contexto que lhe afeta. A ideia é dar a alguém ou a um grupo
o poder de decisão em vez de tutelá-lo.

Dessa maneira, os integrantes desses espaços aproveitarão as atividades de formação ali realizadas no
sentido de se promover enquanto sujeitos, exercendo sua cidadania.

Nesse aspecto, a educação permanente se traduz num processo de formação ao longo da vida, em virtude
do ser humano nunca deixar de aprender algo novo em qualquer momento.

Outro espaço que se traduz em educação permanente se encontra nas UATIs - Universidade Aberta para
a Terceira Idade, as quais se constituem como um espaço de crescimento individual e do próprio grupo.

Tais grupos possuem como objetivo não somente a reunião de pessoas idosas em torno de atividades de
ordem pedagógica, mas sim, a estrutura de um trabalho que os empodere na efetivação de seus direitos,
elevando-os a sujeitos sociais em constante processo de crescimento intelectual contínuo.

Geralmente, tais grupos se constituem diante de atividades que ocorrem em espaços acadêmicos, em
específico as universidades, as quais inicialmente propõem atividades coordenadas por professores de
áreas diversificadas e que instigam a promoção dos sujeitos. É comum seu funcionamento ocorrer por meio
de oficinas pedagógicas, sob uma perspectiva da educação permanente e promotora da longevidade como
premissa do trabalho pedagógico a ser desenvolvido.

UATI-UNIVERSIDADE ABERTA PARA A TERCEIRA IDADE


Fonte: Universidade Aberta à Terceira Idade: UNATI

É importante reconhecer os espaços das UATIs como sendo um indicativo de participação e inserção social,
bem como de socialização!

SAIBA MAIS
Depois de realizadas as leituras sobre a temática, convido-os a realizarem a leitura da crônica
intitulada “Ser um idoso ou ser um velho”.

Fonte: Portal do envelhecimento

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Referências
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