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da população brasileira
Apresentação
Olá, aluna(o)!
E qual o ponto de partida para tomar uma decisão? O que deve ser considerado ao tomar uma
decisão na gestão em saúde? Você conhece a situação de saúde da população brasileira ou
de sua cidade e estado para tomar uma decisão adequada que responda às suas necessidades
de saúde?
Neste e-book você acompanhará a discussão sobre a tomada de decisão como elemento
estruturante do processo de gestão em saúde. O material abordará ainda que a tomada de
decisão deverá se basear nas necessidades da população de determinado território e na
análise de suas condições de vida. Vamos conferir?
Bons estudos!
OBJETIVO
Ao final deste material você irá compreender as necessidades de saúde como ponto de
partida para tomada de decisão, considerando evidências científicas.
Situação Demográfica;
Situação Nutricional;
Situação Epidemiológica.
Conforme a teoria da determinação social da doença, sabe-se que existem diferenças no estado
de saúde entre grupos populacionais, influenciadas por características sociais e modos de vida
(riqueza, ocupação, gênero, etnia, trabalho etc.).
IMPORTANTE
Deve-se entender desigualdade social como situações que implicam algum grau de injustiça.
Ademais, os mesmos processos que estruturam a organização da sociedade são também os
que geram desigualdades sociais e produzem perfis epidemiológicos de saúde e doença4.
Leitura complementar
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Leia o artigo “Promoção da saúde na Atenção Primária à Saúde: sistematização de desafios e
estratégias intersetoriais”, que analisa desafios e estratégias para a implementação da
intersetorialidade. Acesse a publicação aqui.
IMPORTANTE
O entendimento de “condição de saúde” incorpora certos estados fisiológicos, como a
gravidez e os acompanhamentos dos ciclos de vida, como o acompanhamento das crianças,
dos adolescentes e das pessoas idosas, que não são doenças, mas são de responsabilidade
dos sistemas de atenção à saúde. Portanto, não se deve confundir condições de saúde com
doenças.
A situação de saúde brasileira é caracterizada por uma tripla carga de doenças, uma complexa
situação epidemiológica que convive com2:
A carga de doenças crônicas no Brasil é considerada uma epidemia. A complexidade no seu
enfrentamento se localiza no fato de que além de muito prevalentes, são determinadas por
múltiplos fatores de ordem biológica e socioculturais2.
No gráfico a seguir, a linha inferior horizontal indica os anos, e a linha que está na vertical
indica a proporção de mortes por tipo de causa2. Veja nos botões a evolução dos óbitos ao
longo dos anos.
A proporção de mortes por doenças infecciosas caiu de 46% para 5% de 1930 até o ano 2000.
De 1930 até os anos 2000 as mortes por doenças cardiovasculares quase que triplicaram,
saindo de 12% para 30%.
Paralela à situação das doenças crônicas, ocorre no Brasil uma transição demográfica
acelerada, caracterizada pelo rápido envelhecimento populacional, resultado da redução da
taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida7. O reflexo disso é o incremento da
carga de doenças crônicas, que são mais frequentes na população mais velha2.
A expectativa de vida ao nascer aumentou de 68,4 anos em 1990 para 75,2 anos em 20168.
Veja no gráfico a seguir a pirâmide etária do Brasil nos anos 2005 e 20302. A linha vertical
indica as faixas etárias de modo crescente de baixo para cima. Clique e compare as
pirâmides:
2005
2030
2005
No ano de 2005 o topo da pirâmide era estreito e a base larga, indicando uma população jovem e
poucos idosos com mais de 60 anos.
2030
No ano de 2030 se prevê a reconfiguração da pirâmide, de modo que seu topo ficará alargado,
em formato típico de populações envelhecidas.
No sistema organizado em RAS os pontos de atenção estão permanentemente comunicados, e a coordenação dessa comunicação é
feita pela APS.
Vantagens da organização do sistema de saúde em RAS6:
Menos internações;
O SUS ainda precisa superar o modelo de atenção fragmentado. Essa discussão está acontecendo, as mudanças estão em curso, mas
ainda há muito o que fazer.
O sistema precisa deixar de atuar na lógica de serviços isolados e verticalmente hierarquizados,
e passar a intervir por meio de uma rede horizontalizada e integrada de serviços que se
comuniquem continuamente coordenados pela APS.
A Atenção Primária, com seu papel de principal porta de entrada do sistema e sua característica
de oferta de cuidado ao longo da vida, com ênfase em ações de promoção da saúde e prevenção
de doenças, é o locus privilegiado na RAS para o cuidado às doenças crônicas.
Na perspectiva de RAS não há um serviço de saúde mais importante do que o outro. Cada um
cumpre papel específico com o objetivo de oferecer atenção integral à população. O que os
diferencia substancialmente é a densidade tecnológica dos recursos e das estratégias que
utilizam.
O sistema precisa deixar de atuar na lógica de serviços isolados e verticalmente hierarquizados, e passar a intervir por meio de uma
rede horizontalizada e integrada de serviços que se comuniquem continuamente coordenados pela APS.
Veja a seguir a comparação da lógica entre um sistema hierarquizado e outro organizado em redes. Os círculos representam os
pontos de atenção (serviços e recursos de saúde):
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Sistema Fragmentado e Hierarquizado
No sistema hierarquizado os pontos de atenção não se comunicam, sendo incapazes de oferecer cuidados integrados e contínuos,
que são exatamente o tipo de cuidado requerido nas condições crônicas. Estas não têm cura e exigem cuidado contínuo ao longo da
vida.
A seguir, temos um gráfico que apresenta as dez principais causas de morte no país em 2017, e
demonstra a variação percentual dessas causas entre 2007 e 20172: Clique na imagem abaixo
para ampliar.
Entre 2007 e 2017, tiveram um incremento significativo as mortes por Alzheimer (55,5%),
diabetes (37,8%), cirrose (24,6%) e doença renal crônica (44,1%)8.
Dentre as causas de adoecimento e morte, destacam-se a hipertensão arterial e a diabetes
como importantes problemas de saúde pública no Brasil por terem ao mesmo tempo as
seguintes características6,9:
Algumas outras causas de óbito também apresentam elevados registros e relevância no país.
Confira na sequência a seguir:
Em 2016, a doença isquêmica do coração foi a maior responsável por anos de vida perdidos,
seguida por violência interpessoal; a prevalência de obesidade foi de 17%; e os principais
fatores que contribuíram para anos de vida ajustados por incapacidade foram abuso de álcool e
drogas, hipertensão arterial e hipertensão arterial associada ao sobrepeso 8.
Os anos de vida perdidos por morte prematura causada por violência interpessoal subiu de
12,1%, em 1990, para 64% em 2016, sendo mais prevalente em homens. Para mulheres a
principal causa de anos perdidos por morte prematura foi a cardiopatia isquêmica 8.
A seguir podemos ver um gráfico com os principais riscos que contribuem para os anos de vida perdidos combinados com as
incapacidades2. Confira no botão os fatores de risco de destaque:
Para saber mais
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Você sabe o que significa ano de vida ajustado por incapacidade? E anos de vida perdidos
por morte prematura?
Ano de vida ajustado por incapacidade: é uma métrica que nos permite estimar o número total
de anos perdidos devido a causas específicas e fatores de risco. É uma medida universal que
permite aos pesquisadores e formuladores de políticas comparar diferentes populações e
condições de saúde ao longo do tempo. Anos de vida perdidos por morte prematura: é o
percentual de anos perdidos por morte prematura. Por exemplo, se eu tenho uma expectativa
de vida aos quarenta anos de viver mais trinta anos e morro aos quarenta anos, perdi trinta
anos.
A alimentação inadequada é o fator de risco que mais contribui para mortalidade e o segundo
fator que mais contribuiu para os anos de vida perdidos no Brasil, tendo impacto maior do que
tabaco e álcool. A alimentação inadequada lidera o ranking dos fatores de risco relacionados à
carga global de doenças no mundo10.
No Brasil, vivemos uma “emergência” epidêmica de sobrepeso (IMC entre 25 kg/m² e 30,0 kg/m²)
e, particularmente, da obesidade como evento de maior visibilidade epidemiológica relacionado
com a morbimortalidade11.
1
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Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada em 2013, 36,1% da população
brasileira adulta (18 anos ou mais) está com excesso de peso e 20,8%, obesa, ou seja, 56,9 %
com um IMC igual ou maior do que 25 kg/m². Os dados mostraram ainda que um em cada cinco
brasileiros de 18 anos ou mais em 2013 estavam obesos, sendo que o percentual é mais alto
entre as mulheres (24,4% contra 16,8% dos homens )12.
Evidências também comprovam a inatividade física como fator de risco para Doenças
Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Os dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco
e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) de 2019 apontaram que
44,8% da população com 18 anos ou mais de idade das capitais brasileiras não atende ao
mínimo de atividade física recomendado pela Organização Mundial de Saúde, sendo que as
mulheres (52,2%) e os idosos (69,1%) apresentam as maiores prevalências13.
Para saber mais
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Para saber mais sobre a organização, promoção e vigilância alimentar e nutricional, acesse
a Política Nacional de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
Sobre as condições de vida da população brasileira, veja a seguir alguns indicadores. Verifique
nos botões os detalhes do gráfico abaixo:
O gráfico trata da pobreza monetária. O valor de US$ 1,90 diários per capita em Paridade de
Poder de Compra (PPC) é atualmente o limite para a definição da pobreza global. PPC é uma
unidade de medida criada para comparar diferentes países, com diferentes moedas.
Em 2018 o Maranhão foi a unidade federativa com maior número de pessoas com renda abaixo
da linha de pobreza. Santa Catarina, por sua vez, apresentou o menor número de pessoas nessa
condição.
A pobreza monetária não afeta os grupos populacionais de maneira similar. Por exemplo, em
2018, 42,3% das crianças entre 0 e 14 anos estavam abaixo da linha considerada, enquanto para
idosos (60 anos ou mais), esse percentual era de 7,5%. Para pessoas de cor ou raça preta ou
parda, o percentual era de 32,9%; ante 15,4% de pessoas de cor ou raça branca 14
A desigualdade de rendimentos também é observada no nível regional, como vemos no gráfico a
seguir. O Maranhão é o estado em que os trabalhadores têm o menor rendimento médio (R$
1.249,00) e o Distrito Federal teve o maior rendimento (R$ 3.749,00
1,1% da população vive em domicílio com paredes construídas com matérias não duráveis,
como taipa-revestida.
5,6% da população vive em domicílios com mais de três moradores por cômodo utilizado como
dormitório.
4,8% da população gasta 30% ou mais dos rendimentos familiares com aluguel
12,8% vive em domicílios com pelo menos uma das inadequações pesquisadas.
Leitura complementar
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Clique aqui e acesse na íntegra o artigo “Burden of disease in Brazil,
1990–2016: a systematic subnational analysis for the Global Burden of
Disease Study 2016”, que trata da carga de doença no Brasil nos anos
1990 e 2016.
Clique aqui e acesse o documento “Síntese de indicadores sociais:
Uma análise das condições de vida da população brasileira”.
Por fim, destaca-se que a taxa de mortalidade infantil tem sido valorizada como um indicador
das condições de vida da população, pois reflete o nível de bem-estar. Navegue nas páginas
abaixo para entender melhor este indicador:
Houve importante redução da mortalidade infantil no Brasil entre 1990 (47,1/1000 NV) e 2012
(14,6/1000 NV). Essa redução é em parte explicada pela expansão da atenção à saúde,
especialmente da ampliação da cobertura e do acesso à APS. Houve redução intra e inter-
regiões, principalmente no nordeste15. Acesse o gráfico aqui.
Espaços de escuta, gestão compartilhada e participação social devem dar conta de capturar a
dimensão subjetiva que compõe a experiência de saúde-doença.
Reduzir as desigualdades sociais em saúde é uma árdua tarefa, mas deve-se considerar que:
“Reconhecer as desigualdades sociais em saúde, buscar compreender os processos que a
produzem e identificar os diferentes aspectos que estabelecem a mediação entre processos
macrossociais e o perfil epidemiológico dos diferentes grupos sociais é uma condição
indispensável para que seja possível buscar formas de enfrentamento”4.
REFLETINDO
Observados alguns dados sobre a realidade atual das condições de vida e saúde da população
brasileira: é possível que um planejamento em saúde seja efetivo sem considerar essa
realidade? Seria efetivo planejar ações e serviços de modo homogêneo em todos os
municípios, estados e no país inteiro?
Considerações finais