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Claudia Travassos
Mônica Silva Monteiro de Castro
TRAVASSOS, C., and CASTRO, M. S. M. Determinantes e Desigualdades Sociais no Acesso e na Utilização de Serviços de
Saúde. In: GIOVANELLA, L., ESCOREL, S., LOBATO, L. V. C., NORONHA, J. C., and CARVALHO, A. I., eds. Políticas e sistemas
de saúde no Brasil [online]. 2nd ed. rev. and enl. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2012, pp. 183-206. ISBN: 978-85-7541-
349-4. https://doi.org/10.7476/9788575413494.0009.
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Reconocimento 4.0.
183
6. Determinantes e Desigualdades
Sociais no Acesso e na Utilização
de Serviços de Saúde
Claudia Travassos
Mônica Silva Monteiro de Castro
Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia, afirma que a doença e a saúde devem ter
um lugar destacado nas discussões sobre equidade e justiça. As injustiças sociais originam-se
de estruturas sociais estratificadas, nas quais os indivíduos, em diferentes posições sociais, têm
oportunidades diferenciadas de realizar seus interesses materiais. Nas sociedades contempo-
râneas, noções básicas de igualdade estão inscritas nas leis fundamentais, e equidade tem sido
geralmente traduzida pelo princípio de igualdade. Desigualdades sociais nas condições de saúde e
no acesso e na utilização de serviços de saúde expressam oportunidades diferenciadas em função
da posição social do indivíduo e caracterizam situações de injustiça social, ou seja, iniquidades.
Para refletir
Qual a importância do SUS na melhoria das desigualdades sociais nas condições de saúde da
população brasileira?
Acesso
Não há concordância entre autores a respeito do emprego do termo ‘acesso’ ou ‘acessi-
bilidade’. Neste capítulo, empregamos o termo acesso como sinônimo de acessibilidade para
indicar o grau de facilidade ou dificuldade com que as pessoas obtêm cuidados de saúde.
Conceito de acesso
No fluxo de eventos que resultam na utilização de serviços de saúde curativos (Dia-
grama 1), a percepção de uma necessidade de saúde pelo indivíduo pode originar o desejo
de obter cuidado, que poderá implicar ou não a decisão de procurar serviços ambulatoriais
ou hospitalares para a obtenção de atendimento. A procura configura uma demanda por
serviços de saúde, cuja realização depende da existência de recursos para produzir os ser-
viços adequados ao atendimento das necessidades de saúde do indivíduo.
Necessidade de saúde
Conceito relacionado ao estado de saúde de indivíduos e grupos populacionais. Necessidade de
saúde percebida pelos indivíduos difere da necessidade de saúde diagnosticada por profissionais
da saúde. É um conceito relativo, pois varia entre os indivíduos, os grupos, a cultura e ao longo
do tempo. Trata-se de um conceito multidimensional e de difícil mensuração. Autoavaliação do
estado de saúde é um exemplo de uma medida global de necessidade de saúde percebida, geral-
mente empregada em inquéritos populacionais.
Domínio restrito
Domínio intermediário
Domínio amplo
Barreiras de acesso
Acesso é um conceito multidimensional, em que cada dimensão expressa um conjunto de
características da oferta que atua aumentando ou obstruindo a capacidade dos indivíduos
de utilizarem serviços de saúde. McIntyre e Mooney (2007) e Thiede e McIntyre (2008)
apresentam três dimensões de acesso: disponibilidade, capacidade de pagar e aceitabilidade.
Informação é um elemento essencial que atravessa as três dimensões e que possibilita que
as pessoas façam suas escolhas. Essas dimensões e suas inter-relações são abordadas neste
texto como barreiras de acesso.
A característica de acesso mais importante é a disponibilidade ou presença física de
serviços, equipamentos e recursos humanos, que representa condição absolutamente neces-
sária à utilização. Porém, a mera disponibilidade de recursos não garante o acesso. Barreiras
geográficas, financeiras, organizacionais, informacionais, culturais, entre outras, expressam
características da oferta que, de modo inter-relacionado, atuam facilitando ou obstruindo a
capacidade das pessoas de utilizarem serviços de saúde.
Barreiras geográficas
Barreiras geográficas refletem a resistência que o espaço impõe ao deslocamento dos
potenciais usuários dos serviços de saúde. A avaliação do padrão espacial de localização
dos serviços e dos usuários deve incorporar, além da noção de espaço físico, a noção do es-
paço de relações (Oliveira, Travassos & Carvalho, 2004). Da ótica do espaço físico, em geral,
quanto maior a distância, menor a utilização de serviços de saúde. As medidas de distância
que incorporam os custos de deslocamento em termos de tempo e de custos financeiros são
mais adequadas para avaliar a fricção do espaço. Entretanto, mesmo sem incorporar os meios
disponíveis para superar os obstáculos, a distância linear é a medida física de espaço mais
facilmente obtida. Um estudo (Oliveira et al., 2004) sobre barreiras de acesso à internação
hospitalar no SUS no Brasil mostrou que a distância não afeta o uso das pessoas de alta
renda, mas representa importante barreira de acesso para os mais pobres, isto é, a distância
do hospital não constitui barreira de acesso para as pessoas que podem assumir os custos
financeiros do deslocamento.
Barreiras financeiras
Barreiras financeiras representam importantes obstáculos à utilização de serviços de
saúde. Estudos empíricos sugerem a existência de uma relação negativa entre o aumento
nos preços dos serviços de saúde e a utilização de serviços. O efeito do tipo de financiamento
da utilização de serviço de saúde foi testado no clássico experimento (Health Insurance Ex-
periment) da Rand Corporation, realizado nos Estados Unidos em 1982. Esse experimento
demonstrou que a utilização de serviços diminui à medida que a participação financeira
direta dos pacientes na compra dos serviços aumenta. As pessoas mais pobres são mais sen-
síveis: utilizam menos serviços em resposta a barreiras financeiras do que as pessoas mais
ricas, em particular, no caso de consultas ambulatoriais.
As pesquisas realizadas após este estudo não questionam fundamentalmente os re-
sultados do experimento da Rand Corporation (Louchx, 2002) e indicam que barreiras
financeiras atuam aumentando as desigualdades sociais no acesso aos serviços de saúde e são
desfavoráveis aos mais pobres, que têm menor capacidade de pagar. Nas últimas décadas,
reformas dos sistemas de saúde em vários países tiveram como um dos principais objetivos
a redução dos gastos. Barreiras financeiras foram aumentadas para controlar a demanda
e os gastos com a utilização de serviços de saúde. A incorporação de medidas como copa-
gamento, no qual as pessoas pagam uma parcela do valor do cuidado recebido, tem efeito
negativo sobre a equidade no acesso. Em contrapartida, políticas de universalização do acesso
voltam-se para reduzir barreiras financeiras.
Barreiras organizacionais
Barreiras organizacionais expressam as características da organização dos serviços e
do tipo e da qualidade dos recursos humanos e tecnológicos disponíveis que facilitam ou
limitam a sua utilização. Conveniência do horário de funcionamento dos serviços, tempo
de espera para ser atendido, tipo de profissional disponível (especialidade, idade, gênero),
existência de medidas de acolhimento e de política de humanização e qualidade técnica do
cuidado são características organizacionais que podem impactar o acesso. Como apontado
anteriormente, há evidências de que programas bem estruturados de atenção primária
afetam positivamente o acesso, melhoram as condições de saúde das populações cobertas e
No capítulo 16, você
conseguem reduzir desigualdades sociais em saúde (Starfield & Shi, 2002). encontrará a definição
Estudos também indicam que programas de atenção primária podem reduzir taxas de atenção primária em
saúde, os principais atri-
de hospitalização. O uso do mesmo serviço ou médico (serviço de uso regular) mostra-se butos, a experiência eu-
associado a um padrão mais adequado de utilização de serviços de saúde; portanto, implica ropeia e o seu desenvol-
melhor acesso. A descentralização da gestão dos serviços de saúde do nível federal para os vimento no Brasil.
níveis estadual e municipal e o Programa de Saúde da Família (PSF) do SUS são exemplos
Barreiras de informação
Informações sobre o sistema de saúde, os serviços de saúde e as doenças e suas alterna-
tivas terapêuticas atuam como facilitadores da utilização de serviços. A difusão de informação
em saúde para as pessoas e para os pacientes é atualmente considerada como uma caracte-
rística importante dos sistemas e serviços de saúde. Informação em saúde impacta tanto na
percepção de saúde das pessoas como no seu acesso aos serviços de saúde. No entanto, cabe
ressaltar que o nível de informação das pessoas não resulta apenas de ações desenvolvidas
pelo setor saúde, mas também do capital cultural das famílias, do grau de escolaridade e do
acesso aos vários meios de informação atualmente disponíveis, como a Internet. Informação
em saúde deve ser adequada à cultura e ao nível educacional de cada grupo populacional.
Em geral, os grupos populacionais variam de acordo com o grau de informação que têm
dos serviços a eles disponíveis, o que resulta em desigualdades sociais no acesso. Starfield
(2002) define acesso como a forma como as pessoas percebem as características da oferta e,
portanto, como percebem as barreiras e as facilidades para a utilização dos serviços.
Sistema de saúde
Contexto externo
O modelo de Andersen e Newman foi sendo alterado ao longo dos anos. O modelo
baseia-se em uma estrutura hierarquizada, na qual o contexto se refere às políticas de
saúde e ao sistema de saúde e intervém direta e indiretamente na utilização de serviços
de saúde, através dos fatores individuais predisponentes e capacitantes e da necessidade de
saúde. Dessa forma, o padrão de utilização de serviços reflete não apenas fatores individuais
Você poderá conhecer
melhor a organização do predisponentes e o perfil de necessidade de saúde da população, mas também o ambiente
sistema de saúde, princi- externo e as características dos sistemas de saúde.
palmente nos capítulos
3 e 12; o financiamento, As políticas de saúde influenciam a organização do sistema de saúde, as formas de
no capítulo 13; a relação financiamento, a conformação da participação dos setores público e privado, a composição
entre os setores público e
privado, no capítulo 14; a tecnológica e a localização geográfica dos serviços nos diferentes níveis de complexidade.
composição tecnológica, Esses fatores, associados à cultura médica local, à natureza jurídica de cada prestador de serviço
no capítulo 7; e os aspec-
e ao seu modelo de gestão, interferem no tipo, na quantidade e na qualidade dos servi-
tos atinentes à formação
e gestão dos recursos ços disponibilizados para a população, bem como no tipo e na quantidade de recursos humanos
humanos, nos capítulos e tecnológicos disponíveis. A participação da população e dos usuários é influenciada pelas
9 e 29.
políticas de saúde e as influenciam.
A importância de cada fator explicativo do modelo comportamental de utilização de
serviços de saúde varia segundo o tipo de serviço de saúde a ser procurado. O uso de ser-
viços hospitalares, que se faz predominantemente por problemas de saúde mais graves, é
explicado principalmente por fatores predisponentes (por exemplo, fatores demográficos)
e pela necessidade, enquanto a utilização de serviços de saúde ambulatoriais, que se refere
muitas vezes a problemas de saúde menos graves ou menos agudos, pode sofrer influência
semelhante dos fatores predisponentes e capacitantes e da necessidade. O modelo explica-
tivo também deve ser adaptado ao tipo de cuidado em questão, por exemplo, preventivo
ou curativo (Andersen & Newman, 1973).
Nas revisões do modelo comportamental de utilização de serviços de saúde descrito
anteriormente, Andersen (1995) introduziu novas dimensões, as quais denominou dimen-
sões do acesso (Quadro 1):
• acesso efetivo – diz respeito a um domínio mais abrangente, que inclui o processo
de cuidado. Refere-se à utilização de serviços de saúde que melhoram as condições de
saúde ou a satisfação das pessoas com os serviços;
Os fatores explicativos do acesso efetivo e do acesso eficiente abrangem, além dos fatores
citados, os fatores relativos aos serviços e aos profissionais da saúde associados à qualidade
do cuidado em saúde. Destacam-se a qualidade técnica do cuidado prestado e as relações
interpessoais entre profissionais da saúde e pacientes.
Para refletir
Que sugestões você daria para diminuir as desigualdades sociais no acesso e na utilização de
serviços de saúde no Brasil?
Oferta
Para refletir
Como os responsáveis pelas políticas de saúde no Brasil deveriam lidar com o uso desnecessário
de serviços de saúde?
(Gráfico 1). Particularmente entre idosos, o maior volume de utilização concentra-se em pou-
cos pacientes que procuram intensivamente serviços de saúde. A gravidade do problema de
saúde também está positivamente associada ao uso de serviços. Pacientes idosos, no período
que antecede a sua morte, concentram parte expressiva dos gastos em saúde.
Gráfico 1 – Proporção de pessoas que referiram restrição de atividade rotineira por motivo
de saúde nas duas semanas anteriores à entrevista por sexo e idade. Brasil – 2008
25,0
20,0
15,0
Homens
%
Mulheres
10,0
5,0
0,0
4
10 9
15 14
20 19
25 24
30 29
35 34
40 39
45 44
50 49
55 54
60 59
65 64
70 69
75 74
80 79
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s
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a
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a
a
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a
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a
a
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0
5
Principais conceitos
Acesso (domínio restrito) – Grau de facilidade ou dificuldade com que as pessoas obtêm cuidados
de saúde.
Acesso (domínio amplo) – Utilização de serviço de saúde em tempo adequado para obtenção do
melhor resultado possível.
Utilização de serviços de saúde – Todo e qualquer contato direto com profissionais da saúde que
envolva a realização de procedimentos preventivos, diagnósticos, terapêuticos ou de reabilitação.
Cobertura de serviços de saúde – Proporção de uma determinada população que pode (tem di-
reito a) receber ou que recebeu um determinado serviço ou procedimento – Indicador de acesso.
encontrado na Inglaterra, país com um sistema nacional de saúde pautado pelo princípio
da universalidade do acesso.
Estudo recente (Van Doorslaer et al., 2006) sobre equidade horizontal no acesso aos
serviços de saúde associados à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) mostrou que, em cerca da metade dos países estudados, não há desigualdades sociais
na probabilidade de se consultar um médico no período de 12 meses. O estudo assumiu o
conceito de acesso no domínio restrito, e esse acesso foi medido pela probabilidade de se
consultar um médico.
O conceito de equidade horizontal adotado orienta-se pela igualdade nas chances de
se consultar um médico entre os grupos de renda. O estudo avaliou consultas com médicos
generalistas e médicos especialistas. Analisou também a probabilidade condicionada ao fato
de já se ter consultado um médico pelo menos uma vez no período estudado. Neste caso, os
autores pretendiam menos captar fatores que atuam no contato inicial, os quais se relacio-
nam às características das pessoas, do que os fatores que explicam a realização de consultas
subsequentes, os quais se relacionam mais às características dos médicos.
Na grande maioria dos países, a probabilidade ajustada por necessidade de se con-
sultar um médico generalista não variou segundo a renda das pessoas, mas em quase todos
os países a probabilidade de se consultar um médico especialista foi maior entre as pessoas
mais ricas. Em geral, a probabilidade de se consultar um médico generalista, condicionada
ao fato de já o ter consultado anteriormente, foi favorável às pessoas mais pobres, mas a
probabilidade condicional de se consultar um médico especialista foi desfavorável aos mais
pobres. Apesar de esse padrão existir entre países com sistemas de saúde muito distintos, a
desigualdade em favor dos mais ricos na probabilidade de se consultar um médico especia-
lista tendeu a ser maior nos países com importante participação do setor privado. Estados
Unidos e México, países sem cobertura universal, apresentaram as maiores desigualdades
em favor das pessoas mais ricas.
Situação brasileira
De forma geral, os estudos sobre desigualdades sociais no acesso e na utilização de
serviços de saúde no Brasil, realizados até o início de 2006, indicavam marcadas iniquidades.
Estudos mais recentes (Paim et al., 2011; Victora et al., 2011, Oliveira et al., 2011) mostram
que essas desigualdades diminuíram, apesar de o sistema de saúde no Brasil ainda perma-
necer muito iníquo. De acordo com os modelos apresentados neste capítulo, o fator mais
importante na utilização de serviços de saúde em geral é a necessidade; porém, as pessoas
que deles mais necessitam, que se concentram nos grupos sociais menos privilegiados, têm
menor probabilidade de utilizar serviços (Gráfico 2). Esse padrão caracteriza uma situação
de marcada iniquidade no uso de serviços de saúde.
25,0
20,0
Autoavaliação ruim ou
15,0 muito ruim
10,0
5,0
0,0
½
2
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alt
é
e
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sd
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sd
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ai
ai
ai
ai
m
M
M
M
Se
Caso 1
Um caso trágico, amplamente divulgado pela imprensa carioca, ilustra os graves problemas de
acesso aos serviços de saúde enfrentados por uma parcela expressiva da população brasileira.
Uma adolescente grávida de nove meses faleceu após percorrer vários hospitais à procura de
atendimento adequado.
A parturiente começou a sentir-se mal na madrugada de um domingo e dirigiu-se a um hospital
maternidade próximo de sua residência, na Baixada Fluminense. Por não haver anestesista na
unidade, a adolescente foi transferida para um hospital municipal, já apresentando fortes dores
e falta de ar. Segundo o relato de parentes, funcionários do hospital levaram-na para uma sala,
onde ela deveria permanecer aguardando o momento próximo ao parto. Após longa espera,
os parentes, preocupados, decidiram levá-la a outro hospital maternidade na cidade, no qual a
jovem não conseguiu ser atendida. De lá, foi levada a um hospital geral, onde foi admitida às 17
horas. Na madrugada de segunda-feira, a adolescente foi encaminhada para a sala de parto e os
médicos identificaram a necessidade de fazer uma cesariana de emergência. Constatou-se que o
bebê já estava morto. A mãe não resistiu à cirurgia e morreu em seguida.
Para refletir
O que precisaria ser mudado no sistema de saúde para evitar situações como a descrita no Caso 1?
do local de moradia depende também da renda das pessoas. Pinheiro e Travassos (1999)
mostraram que, nos bairros mais ricos da cidade do Rio de Janeiro, a renda das pessoas ido-
sas não influencia a sua capacidade de utilizar serviços de saúde, enquanto nos bairros mais
pobres a renda do indivíduo influencia positivamente sua capacidade de utilizar serviços.
Além disso, as pessoas mais pobres residentes nas áreas mais ricas usam relativamente mais
serviços do que os mais pobres residentes em áreas mais pobres.
Costa e Facchini (1997) encontraram, em Pelotas (Rio Grande do Sul), moradores
dos bairros utilizando mais o sistema público do que os moradores do centro da cidade,
e pessoas que residiam mais próximas do centro de saúde usando mais o sistema público.
Um achado interessante é o do estudo de Mendonza-Sassi, Béria e Barros (2003), no Rio
Grande do Sul, que evidenciou a interação entre educação e renda, de forma que cada ano
de escolaridade aumenta o uso dos mais pobres e reduz o dos mais ricos.
Porto e colaboradores (2002) aplicaram o modelo de demanda de Carr-Hill para
estimar, no âmbito de áreas geográficas, o volume de internações hospitalares de curta per-
manência a serem financiadas pelo SUS. A variável sobre internação foi construída a partir
de dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH-SUS). As variáveis proxy
(substitutas) de necessidades de saúde, estatisticamente significativas na estimativa do volume
de internações, foram: mortalidade infantil, percentual de analfabetos e média de pessoas
por domicílio. Todas apresentaram coeficientes negativos, isto é, o volume de internações
foi inverso ao volume de necessidades. Esses resultados revelam as imensas desigualdades
sociais na utilização de serviços hospitalares do SUS entre áreas. Variáveis de disponibilidade
de serviços também foram testadas: leitos do SUS por mil habitantes e leitos privados por mil
habitantes. Outro estudo mostrou que, no Brasil, a disponibilidade geográfica de leitos do
SUS aumenta a chance da população local de internação financiada pelo SUS, enquanto a
disponibilidade de leitos privados diminui esta chance (Castro, Carvalho & Travassos, 2005).
O padrão de desigualdades sociais no acesso e na utilização de serviços de saúde dos
idosos é semelhante ao descrito para a população em geral. Idosos de baixa renda apresen-
taram pior condição de saúde, pior estado funcional, procuraram menos serviços de saúde
e realizaram menos consultas médicas (Lima-Costa, Barreto & Giatti, 2003). A cobertura de
plano de saúde diminuiu com a idade. A proporção de idosos com três ou mais consultas
médicas anuais foi maior para as mulheres, porém aumentou com a idade para os homens.
Os idosos com maior renda procuraram mais o consultório particular como primeiro local
de atendimento.
Análise utilizando dados para o Brasil da Pesquisa Mundial de Saúde mostrou que as
pessoas com menos anos de educação usavam menos os serviços de saúde, apesar de terem
piores condições de saúde. Ao se estratificar pelo estado de saúde autoavaliado, as variáveis
educação e ter plano de saúde foram associadas ao uso entre as pessoas com bom estado
de saúde, mas não entre aquelas com estado de saúde ruim (Szwarcwald, Souza Júnior &
Damacena, 2010).
Usando diversas fontes de dados, Victora e colaboradores (2011) mostraram que o
acesso à maioria das intervenções voltadas para a saúde materno-infantil atingiu cobertura
praticamente universal, e que as desigualdades regionais e socioeconômicas no acesso a tais
intervenções diminuíram muito. Oliveira e colaboradores (2011) apresentaram redução nas
desigualdades sociais na cobertura de mamografia no país.
Gráfico 3 – Proporção de pessoas que realizaram consulta médica no ano anterior à entrevista
por classe de rendimento familiar mensal. Brasil – 1998, 2003 e 2008
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0 1998
%
2003
40,0 2008
30,0
20,0
10,0
0,0
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ai
M
M
M
M
M
Se
Análise empírica
Dados de base populacional são os mais adequados para o estudo das desigualdades
sociais no acesso e na utilização de serviços de saúde, enquanto registros de bancos de dados
administrativos informam mais sobre a qualidade do cuidado prestado.
Fontes de dados
Dados de base populacional são obtidos por inquéritos populacionais. No Brasil, os
primeiros inquéritos de saúde de abrangência nacional foram realizados na década de 1980.
Entre os inquéritos, destaca-se a Pnad, que incluiu suplementos sobre saúde nos anos de 1981,
1986, 1988, 1998, 2003 e 2008. Outro exemplo de inquérito realizado no país é a Pesquisa
Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), conduzida em 1986, 1991, 1996 e 2006, tendo
evitar a introdução de viés na comparação das taxas de utilização entre os grupos sociais.
Isso porque a distribuição de necessidades de saúde que influencia a utilização de serviços de
saúde não é aleatória entre os grupos sociais. Por razões semelhantes, as taxas de utilização
devem ser padronizadas por idade e sexo. Exemplos de variáveis de morbidade percebidas
ou referidas, obtidas em inquéritos populacionais, são: autoavaliação do estado de saúde,
restrição de atividades por motivo de saúde e presença de doença crônica. O Short Form
36, desenvolvido pela Rand Corporation, nos Estados Unidos, é um instrumento bastante
conhecido e válido, voltado para medir o estado de saúde. Neste questionário, são avaliadas
oito dimensões de saúde: 1) limitação de atividades físicas por motivo de saúde; 2) limitação
de atividades sociais por motivo de saúde; 3) limitação de atividades rotineiras por motivo
de saúde; 4) dor física; 5) saúde mental; 6) limitação de atividades rotineiras por problemas
emocionais; 7) vitalidade; 8) autoavaliação do estado de saúde (www.rand.org/health/sur-
veys_tools/ mos/ mos_core_36item.html).
Variáveis sociais
A renda, a educação, a ocupação, o gênero e a raça/etnia são identificados pela CSDH
da OMS como as características principais na definição da posição socioeconômica dos indiví-
duos. Nesta seção, serão apresentadas as variáveis sociais mais frequentemente utilizadas em
estudos brasileiros sobre desigualdades sociais no acesso e na utilização de serviços de saúde.
Renda, escolaridade, cor de pele ou raça e ocupação, nessa ordem, foram as variáveis
sociais mais empregadas, sendo que poucos estudos trabalharam com a categoria classe social.
A maioria dos artigos utilizou mais de uma medida de nível socioeconômico, o que permite
explorar as desigualdades sociais em várias dimensões e os possíveis efeitos cumulativos de
situações de desvantagem social. Vale ressaltar que o emprego da variável cor de pele ou
raça nos estudos sobre desigualdades sociais no acesso e na utilização de serviços de saúde
deve ser associado ao nível socioeconômico, para se evitar conclusões espúrias sobre estas
desigualdades (Travassos & Williams, 2004).
Quanto à operacionalização das variáveis sociais, a renda foi incorporada em faixas de
salário-mínimo ou distribuída em quintis ou decis. Mais frequentemente, foi utilizada a renda
da família per capita. Contudo, em alguns casos, a renda individual foi usada. A distribui-
ção de renda extremamente desigual no Brasil não recomenda o emprego de recortes
nacionais de renda em proporções iguais – quintis ou decis. Ao ser analisada por âmbitos
geográficos menores, a proporção de pessoas em cada categoria de renda vai variar enor-
memente. Por exemplo, nas unidades federativas mais ricas, o quintil nacional mais pobre
concentra menos do que 20% das pessoas e, inversamente, nas unidades federativas mais
pobres, muito mais do que 20% das pessoas.
A escolaridade foi, em geral, medida como anos completos de escolaridade, normal-
mente categorizada em grupos: para o indivíduo, para o chefe da família, para o pai ou para
a mãe. A cor ou raça, geralmente, foi categorizada em branca e não branca. No entanto, não
se recomenda agregação de categorias de raça/cor de pele em pesquisa de saúde pública,
a não ser que a agregação se justifique em função de os dados da pesquisa demonstrarem
homogeneidade de categorias em relação às outras variáveis sociais e demográficas empre-
gadas no estudo (Travassos & Williams, 2004).
Métodos de análise
Destacam-se, a seguir, alguns dos métodos estatísticos empregados para análise de desigualdades
sociais no acesso nos estudos brasileiros citados no capítulo:
• Métodos não multivariados: análise bivariada, análise estratificada, taxas padronizadas ou não,
prevalência, razão de prevalência, razão de chances (odds ratio), risco relativo, risco atribuível
na população, diferença de médias, qui-quadrado, ranqueamento, índice de efeito, índice de
dissimilaridade, índice de concentração, curva de concentração.
• Métodos multivariados: regressão logística, regressão logística multinomial, regressão de Poisson,
modelos hierárquicos, modelos econométricos diversos, modelos usando inferência bayesiana.
Uma boa referência introdutória sobre o uso de estatística nestes estudos pode ser encontrada
em Soares e Siqueira (1999).
Para refletir
Qual é o conjunto mínimo de dados necessários para proceder a uma avaliação de equidade no
acesso aos serviços de saúde no Brasil?
Considerações finais
A equidade no acesso e na utilização de serviços de saúde depende fundamentalmente
de sistemas de saúde organizados de modo a reduzir barreiras de acesso à população como
um todo. O princípio de universalidade do acesso está presente nos países com os sistemas
de saúde mais igualitários. No Brasil, as desigualdades sociais no acesso e na utilização de
serviços ainda são alarmantes e exigem respostas do Estado, do SUS e da sociedade, de
modo a garantir o princípio constitucional de universalidade.
A produção de pesquisa sobre as desigualdades sociais no acesso e na utilização de
serviços é elemento importante nesse processo. É preciso conhecer como as desigualdades
estão configuradas, identificar os fatores explicativos para orientar a formulação de polí-
ticas voltadas para a equidade e avaliar o seu impacto. As desigualdades sociais no acesso
e na utilização de serviços de saúde resultam de uma complexidade de fatores que assu-
mem importância específica nos diferentes contextos. A clareza dos conceitos e do modelo
explicativo, a qualidade dos dados e do desenho são requisitos que garantem validade às
pesquisas. Sua produção deve ser compartilhada e seus resultados devem ser disseminados
com os grupos e atores sociais, de modo a tornarem-se um instrumento para a redução das
injustiças existentes.
Leituras recomendadas
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Research, 9(fall): 208-220, 1974.
EVANS, R. G. & STODDART, G. L. Producing health, consuming health care. In: EVANS, R. G.;
BARER, M. L. & MARMOR, T. R. (Eds.) Why Are Some People Healthy and Others Not? The determinants
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