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AULA:

Cenário Epidemiológico do Brasil

CAPÍTULO:
Estudos e Avaliação de indicadores de saúde:
sistemas nacionais de informação para doenças
transmissíveis e não transmissíveis

ASSUNTO:
Monitoramento e avaliação de intervenções
para controle ou eliminação ou erradicação de
doenças transmissíveis (tuberculose,
hanseníase, sífilis congênita e HIV/AIDS e
hepatites)
PROFESSORA THAÍS FIGUEIREDO
A resposta social aos problemas de saúde

Em sentido amplo, a tarefa da saúde pública parte da


constatação de uma realidade e aponta na direção de
obter uma mudança na saúde da população

A epidemiologia contribui com um enfoque


sistemático no qual observar, quantificar, comparar
e propor são seus princípios básicos como
processo institucional e como atitude profissional.
Saúde populacional

A saúde populacional é um processo determinado individual, histórica e


socialmente.

O reconhecimento de que os determinantes da saúde existem e atuam em distintos


níveis de organização, do nível micro-celular até o nível macro-ambiental, trouxe
consigo a expansão do conceito de saúde e, com isso, fez repensar o que deve ser a
prática racional da saúde pública.
Saúde populacional

À necessidade de incorporar essa visão ampla de saúde na resposta


social aos problemas de saúde soma-se, também, a urgência de
adaptar melhor essa resposta, em função das mudanças
demográficas e epidemiológicas das populações, bem como
das demandas impostas pelas transformações estruturais
geradas pela globalização.

Entre essas, a modernização do Estado, a consolidação da função


gestora em saúde, a descentralização técnica, administrativa e
financeira e a mudança tecnológica
Saúde populacional

O conceito amplo da saúde não somente enfatiza a


característica multidimensional da saúde, mas também a
existência de saúde positiva e, com isso, prioriza a promoção
da saúde
Saúde populacional

A Carta de Ottawa para a Promoção da Saúde (1986) declara que, para


alcançar um estado de bem-estar físico, mental e social, ou seja de
qualidade de vida, o indivíduo e a população devem ter a capacidade de
identificar e realizar aspirações, satisfazer necessidades e mudar ou
adaptar-se ao ambiente.

A saúde, portanto, é vista como um recurso para a vida cotidiana e


não como o objetivo de viver. Assim, a saúde oferece um significado
para o bem-estar e, com isso, para o desenvolvimento humano
Metas em saúde

As metas em saúde, sob essa perspectiva, podem ser resumidas em:

• Garantir equidade em saúde (saúde para todos).


• Somar vida aos anos (melhorar a qualidade da vida).
• Somar anos à vida (reduzir a mortalidade).
• Somar saúde à vida (reduzir a morbidade).
Saúde populacional
Saúde populacional

Formulação de políticas públicas saudáveis. Garantir que as políticas setoriais contribuam com o desenvolvimento de condições favoráveis para
promover a saúde. Desde a escolha de alimentos saudáveis, evitar o uso de álcool e o tabagismo, até o favorecimento da distribuição equitativa
do ingresso econômico, promover a equidade de gênero e aceitar a diversidade.

Criação de redes de apoio social, físico, econômico, cultural e espiritual.

Estabelecer as condições que produzam um impacto positivo sobre a saúde, nesses tempos de rápidas mudanças e adaptações sociais,
tecnológicas e laboratoriais. Por exemplo, segurança urbana, higiene ocupacional, acesso à água potável, recreação, além de redes de apoio
social e de autoajuda.

Fortalecimento de ações comunitárias. Promover a participação da indústria, os meios de comunicação e os grupos comunitários no
estabelecimento de prioridades e tomada de decisões que afetam a saúde coletiva. Como exemplo dessas ações, estão aquelas do
movimento de municípios e escolas saudáveis e a vigilância em saúde pública.

Desenvolvimento de habilidades pessoais. Capacitar as pessoas com conhecimentos e habilidades para enfrentar os desafios da vida e
estabelecer objetivos de contribuição com a sociedade, por exemplo, a educação do adulto, educação para a saúde, manejo de alimentos,
processos para tornar a água potável.

Reorientação dos serviços de saúde. Redefinição de sistemas e serviços de saúde que considerem a pessoa de forma integral, e não somente
como sujeito de risco; por exemplo, estabelecer redes de colaboração entre os fornecedores e os usuários dos serviços de saúde na criação de
sistemas de atenção primária em domicílio, hospitalização em casa e serviços de atenção a saúde da criança.
Saúde populacional

Ao aceitar que a saúde é um fenômeno multidimensional,


devemos reconhecertambém que épossível alcançar umgraude
desenvolvimentoou desempenho alto em algumas dimensões da saúde
e, simultaneamente, baixo, em outras. Portanto, desenvolver um
índice-resumo único para catalogar o estado de saúde de um indivíduo
ou uma população é difícil e possivelmente inapropriado, embora se
tente com frequência (Spassof, 1999).
Medidas de Prevenção

À luz dos princípios da epidemiologia revisados nos módulos anteriores, é


importante distinguir os enfoques estratégicos básicos para a prevenção e o
controle de doenças: o enfoque de nível individual e o enfoque de nível
populacional.

Essa distinção fundamental em saúde pública, originalmente proposta por


Rose (1981), ganha importância sob o modelo de determinantes da saúde, no qual,
como vimos, a doença na população é um produto de uma complexa interação
de fatores proximais e distais ao indivíduo, em interdependência com seu
contexto biológico, físico, social, econômico, ambiental e histórico.
Saúde populacional

No enfoque individual, a intervenção de controle está voltada a esse grupo de alto risco e seu
sucesso total envolve o truncamento da distribuição de risco em seu extremo.

A frequência de exposição e o risco de adoecer do resto da população, que é a grande maioria,


não se modificam.

Por outro lado, no enfoque populacional, a intervenção de controle está voltada a toda a
população e seu sucesso total envolve o deslocamento para a esquerda da distribuição em
conjunto.

A frequência de exposição e o risco de adoecer do resto da população diminuem


coletivamente.
Enfoques estratégicos de prevenção e controle

Gráfico 6.1 Enfoques estratégicos de prevenção e controle

nível de exposição nível de exposição

Adaptado de Rose Ł, 1992.


Saúde populacional
Enfoques
Enfoquesestratégicos
estratégicosdedeprevenção
prevençãoe econtrole
controle

Ambas as estratégias de prevenção e controle têm vantagens e desvantagens e seus


enfoques são complementares.

Em geral, se o risco de adoecer ou apresentar um dano à saúde se concentrar em um


grupo específico e identificável da população, como costuma ocorrer numa situação de
epidemia, o enfoque individual é o mais apropriado.

Se, pelo contrário, o risco está amplamente distribuído entre toda a população, é
necessário aplicar um enfoque populacional.

De fato, a resposta sanitária desejável significa que os indivíduos em maior risco


possam se beneficiar de intervenções intensivas, no marco de aplicação de uma
estratégia populacional que beneficie a população em seu conjunto.
Saúde populacional
Enfoques
Enfoquesestratégicos
estratégicosdedeprevenção
prevençãoe econtrole
controle

O contraste entre o enfoque individual e o populacional permite destacar outro


fato fundamental: a compreensão histórica dos padrões de doença e das
iniciativas em saúde pública demonstra que as mudanças mais significativas na
carga de doença das populações são, frequentemente, o resultado de
transformações nos determinantes da distribuição dos fatores de risco
(Rockhill, 2000)
Enfoques estratégicos de prevenção e controle

O conhecimento epidemiológico sobre as doenças permite


classificá-las e obter uma medida de sua importância e
possibilidade de prevenção.

O conhecimento da história natural de uma doença nos permite


prevenir e, portanto, a possibilidade de intervir efetivamente
sobre ela.

Na mesma medida, a organização, estrutura e capacidade de


resposta atual e potencial do próprio sistema de serviços de
saúde estabelece a capacidade de controlar e obter impacto
favorável sobre a saúde da população.

Em sentido amplo e com fins práticos, a prevenção geralmente é


classificada em quatro categorias ou níveis, relacionadas com as
diferentes fases de desenvolvimento da doença
Saúde populacional
Enfoques estratégicos de prevenção e controle

Prevenção primordial: voltada a evitar o surgimento e a consolidação de padrões de vida sociais,


econômicos e culturais que contribuem para elevar o risco de adoecer;esse é o nível de prevenção mais
recentemente reconhecido e tem grande relevância no campo da saúde populacional; as medidas contra
os efeitosmundiais da poluição atmosférica, ou o estabelecimento de uma dieta nacional baixa em
gordura animal saturada são exemplos de prevenção primordial.;

Prevenção primária:voltada a limitar a incidência de doença mediante o controle de suas causas e


fatores de risco; envolve medidas de proteção da saúde, em geral através de esforços pessoais e
comunitários; a imunização, a pasteurização do leite,a cloração da água, o uso de preservativos ou a
modificação de fatores e comportamentos de risco são exemplos de prevenção primária. Os enfoques
estratégicos individual e populacional revisados fazem referência básica à prevenção primária.
Saúde populacional
Enfoques estratégicos de prevenção e controle

Prevenção secundária: voltada à cura das pessoas enfermas e à redução das consequências mais graves da
doença mediante a detecção prévia e tratamento precocedos casos; seu objetivo não é reduzir a
incidência da enfermidade, mas sim, reduzirsua gravidade e duração e, consequentemente, reduzir as
complicações e a letalidade da doença. Os programas de triagem ou rastreamento populacional, como
as campanhas massivas de exame de Papanicolau ou para detecção e tratamento precoce do câncer de
colo de útero, são exemplos de prevenção secundária.

Prevençãoterciária: voltada à redução do progresso e das complicações de uma doença já estabelecida


mediante a aplicação de medidas orientadas a reduzir sequelas e deficiências,minimizar o sofrimento e
facilitar a adaptação dos pacientes a seu ambiente; é um aspecto importante da terapêutica e da
medicina reabilitadora. A prevenção terciária envolve uma atenção médica de boa qualidade e é difícil de
separar do próprio tratamento da doença.
Saúde populacional
Enfoques
Enfoquesestratégicos
estratégicosdedeprevenção
prevençãoe econtrole
controle
Em consonância com o modelo multidimensional da saúde, a resposta social
aos problemas de saúde deveria ser também, em grande parte,
multidimensional.

As medidas a serem aplicadas, muitas delas respaldadas pelo próprio


conhecimento e pela experiência prática epidemiológica, não devem estar
voltadas unicamente para o indivíduo nem depender totalmente de
mudanças de conduta individual voluntárias.

Tais medidas estão, na realidade, amplamente determinadas pelas políticas


sociais, pelas estruturas macroeconômicas, a rede social e os padrões
culturais prevalecentes em cada comunidade.

Assim, a resposta social aos problemas de saúde deve incluir intervenções em


saúde integrais, e ser cultural e socialmente sensíveis.
Medidas de controle

• Os serviços de saúde no nível local têm que manter uma dupla ação.

• Por um lado, fornecer atenção às pessoas conforme suas necessidades individuais e, por
outro, desenvolver ações voltadas para a população em seu conjunto, conforme normas e
prioridades estabelecidas.

• Em sentido amplo, ambas as ações envolvem a aplicação de medidas de controle.

• Num primeiro caso, o controle da doença nas pessoas, através de serviços de saúde.

• No segundo caso, o controle da doença na população, através de ações estratégicas de


saúde.
Medidas de controle

Controle: éumconjunto de ações,programasou


operações contínuas voltadas
à reduçãoda incidênciae/ouprevalênciade um
danoàsaúde emníveistais que deixem de
constituirumproblemade saúde
pública.
Medidas de controle

Num cenário epidêmico, controle significa conseguir rapidamente uma curva descendente e,
eventualmente, esgotar a epidemia, ou seja, o retorno aos níveis esperados. Aqui, a dimensão
temporal do termo controle sempre envolve o curto prazo (o retorno aos níveis esperados o mais
rapidamente possível).

Num cenário não-epidêmico, a conotação prática do termo controle é dependente da dimensão


temporal:

• No curto prazo, controle denota equilíbrio da situação não-epidêmica, ou seja, manter o


número observado de casos igual ao número esperado (seja esse o nível endêmico ou a
ausência de casos).
• No longo prazo, controle envolve a redução do risco de adoecer na população (redução da
incidência) a níveis tais que não representem um problema de saúde pública (ou seja, a
clássica definição de controle).
Medidas de controle

• Controle da doença: Refere-se à aplicação de medidas populacionais voltadas a conseguir


uma situação de controle da doença, ou seja, à redução da incidência da doença a níveis nos
quais ela deixe de ser um problema de saúde pública. As medidas de controle estão voltadas
à redução primária da morbi-mortalidade. O nível de controle vai depender da doença
tratada, dos recursos empregados e das atitudes da população. Um exemplo é o
acompanhamento de pessoas sintomáticas respiratórias na comunidade, que é uma medida
efetiva para a detecção de casos de tuberculose, (particularmente, bacilíferos positivos) cujo
objetivo é a redução da prevalência de tuberculose pulmonar, e em menor medida, a
reduçãode sua incidência.
Medidas de controle

• Eliminação da doença: refere-se à aplicação de medidas populacionais direcionadas


a conseguir uma situação de eliminação da doença. Ou seja, aquela na qual não
existem casos de doença, embora persistam as causas que podem potencialmente
produzi-la. Por exemplo, em zonas urbanas infestadas pelo Aedes aegypti, mesmo na
ausência da circulação do vírus da febre amarela, ou da dengue, a simples presença
do vetor constitui um risco potencial para a eventual ocorrência de casos. O sarampo
representa um modelo de doença em fase de eliminação na região das Américas.
Medidas de controle

Erradicação da doença: refere-se à aplicação de medidas populacionais voltadas a


conseguir uma situação de erradicação da doença. Ou seja, aquela na qual não
somente foram eliminados os casos, mas também as causas da doença, em especial,
o agente. É importante destacar que a erradicação de uma doença adquire seu real
significado quando alcançada numa escala mundial. Por exemplo, embora a
poliomielite tenha sido “erradicada” das Américas, a eventual importação de casos
das zonas infectadas pode comprometer a erradicação. Até o momento, essa
situação de erradicação mundial só foi obtida com a varíola
Fatores condicionantes do alcance das medidas

Condicionantes da eficácia das medidas


Aeficácia das medidas disponíveis é determinada pela sua capacidade de prevenir ou curar
as doenças nos indivíduos. Para estabelecer a eficácia das medidas há de se comparar os
resultadosobtidos aosesperadosparacadaumadelas.

Condicionantes da efetividade das medidas


Afactibilidadeoperacionaldasmedidasde prevençãoou de controle está condicionada
pela possibilidadede seremusadas aumnível adequadode coberturae intensidadeque
permitaa redução ou interrupção da transmissão
Tipos de medidas de prevenção e controle

As medidas de controle de uma doença ou dano à saúde são organizadas ao redor dos quatro
níveis de prevenção básicos: primordial, primária, secundária e terciária. Por sua vez, as medidas
de controle podem estar voltadas ao indivíduo ou à população; podem perseguir um cenário de
controle, de eliminação ou de erradicação e podem ser, por sua natureza, gerais ou específicas.

Do ponto de vista operacional, e especialmente, para o controle de doenças transmissíveis, as


medidas adotadas também se diferenciam em função de seu cenário de aplicação; assim, podem
ser diferenciadas as medidas de controle de surto (resposta à situação de alerta epidemiológico)
e as medidas permanentes de controle de doenças.

Na prática, as medidas de controle de doenças transmissíveis são agrupadas conforme os elos


básicos da cadeia de transmissão: agente, reservatório, porta de saída, via de transmissão, porta
de entrada e hospedeiro suscetível.
Voltadas ao agente

As medidas de prevenção e controle podem estar voltadas


para a destruição do agente e/ou para evitar o contato
entre hospedeiro e agente.

Destruição do agente (desinfecção):

• o uso de quimioterápicos e de medidas tradicionais como a pasteurização do leite e outros produtos, a


cloração da água e a esterilização do equipamento cirúrgico são exemplos dessas medidas.

Evitar o contato hospedeiro-agente

• Isolar e limitar o movimento dos casos altamente contagiosos quando existe grande número de
suscetíveis na área ou isolar os mais suscetíveis (isolamento, quarentena, cordão sanitário).
• Buscar, identificar e tratar os doentes e portadores, através da detecção, diagnóstico, notificação,
tratamento e acompanhamento de casos até seu período de convalescença e total recuperação (alta
epidemiológica), seja através das atividades de vigilância ou por investigação de campo.
Voltadas ao Reservatório
Dependendo da natureza, as medidas de controle podem estar voltadas aos reservatórios humanos, animais ou ambientais.

Reservatórios humanos (casos clínicos e subclínicos e portadores, convalescentes,crônicos e


intermitentes):
• Isolamento e quarentena.
• Quimioterapia, como tratamento profilático para eliminar o agente de pacientes infectados.
• Imunização para evitar o estado de portador.

Reservatórios animais:
• Imunização de animais selvagens e animais domésticos contra a raiva.
• Controle sanitário e quimioterapia massiva de gado para consumo humano, inclusive eliminação dos animais
(teníase, encefalopatia espongiforme).
• Eliminação de carrapatos de certos animais domésticos.

Reservatórios ambientais:

• Desinfecção de áreas contaminadas com fezes de aves e morcegos.


• Eliminação de criadouros de mosquitos.
• Tratamento de torres de resfriamento e máquinas de ar condicionado que podem alojarLegionella
pneumophila.
Voltadas à porta de saída

O agente costuma sair do reservatório humano e animal por vias fisiológicas, tais como a respiratória e a digestiva.

O controle da via de saída respiratória é mais difícil e, por isso, historicamente, acabou gerando medidas de isolamento e
quarentena dos pacientes.

As medidas de controle entérico, ou seja, bloqueio da via de saída digestiva, compreendem principalmente ações de eliminação do
agente por meio da desinfecção, incluindo a aplicação contínua de medidas de higiene pessoal básicas.

A via percutânea pode ser bloqueada evitando punções de agulhas e picadas de mosquito e a via urogenital utilizando
preservativos; em algumas ocasiões, a saída do agente por via transplacentária, normalmente efetiva para conter infecções, pode
ser bloqueada mediante a aplicação de medidas terapêuticas, como a administração de anti-retrovirais em mulheres gestantes
infectadas pelo HIV.

Em outros casos, tenta-se evitar a contaminação de agulhas, a infecção do vetor e o contágio a outra pessoa, ou seja, a medida de
bloqueio da porta de saída está voltada ao reservatório da doença, normalmente o indivíduo doente ou infectado.
Voltadas à via de transmissão

O ambiente, como um dos elementos básicos da cadeia de


transmissão, exige estritas medidas de controle,
especialmente de tipo permanente, para evitar o
aparecimento de doenças transmissíveis.
Voltadas à porta entrada

Habitualmente, a porta de entrada é biologicamente similar à porta de saída do agente e as medidas


de controle também.

Evitar a punção com agulhas, as picadas de mosquitos, limpar e cobrir as feridas e usar
preservativos, são exemplos de medidas de controle voltadas ao bloqueio da porta de entrada.

Nesse caso, as medidas de bloqueio da porta de entrada estão voltadas ao hospedeiro suscetível,
diferentemente das de bloqueio da porta de saída, voltadas ao reservatório (o paciente), conforme
vimos.

As portas de entrada respiratória e digestiva são também as mais difíceis de controlar; de fato, a
aplicação de medidas massivas de eliminação ou destruição do agente por meio de desinfecção são
as únicas que protegem essas portas de entrada no hospedeiro suscetível; se aquelas falham, essas
também e, portanto, a doença se propaga com facilidade.

Isso explica em parte a alta prevalência de doenças de transmissão respiratória e digestiva, assim
como a importância de manter sistemas de abastecimento de água e saneamento com apropriado
controle de qualidade, entre outros aspectos relevantes
Voltadas ao hospedeiro suscetível

Pela sua natureza, essas medidas podem ser de dois tipos: inespecíficasou específicas

Inespecíficas.: Essas medidas têm o foco de influenciar o estilo de vida atravésda promoção da saúde individual, a influência da
sociedade, a família e o grupo social ao qual se pertenceou de referência,como elementos essenciaispara desenvolver
comportamentos saudáveisque evitem a doença na população. Dependem tanto de valores sociais como de intervenções sanitárias.
As mais comuns incluem mantermedidas higiênicas pessoais e coletivas, incluindo uma dieta balanceada, programar tempo de descanso
e exercício, tomar precauções universais para o cuidado de pessoas doentes, etc.Essas medidas gerais são aplicáveis a todo tipo de risco,
doença e dano, e sua importância parao controle de doenças transmissíveis é enorme. No contexto dos serviços de saúde, sejam
assistenciais,de saúde pública e epidemiologia, de laboratório ou apoio diagnóstico, é de especial importância considerar a aplicação
rotineira de medidas universaisde biossegurança,para a proteção dos funcionários de saúde, dos pacientes sob cuidado e da própria
população

Específicas: Essas medidas estão direcionadas a melhorar a habilidade do hospedeiro para resistir ao ataque de
agentes produtores da doença, seja diminuindo sua suscetibilidade, aumentando sua resistênciaou diminuindo seu
nível de exposiçãoao dano específico. Aaplicação de vacinas, o uso profiláticode produtos imunológicos ou
farmacológicos e a aplicação de medidas curativas e de reabilitação em geral são exemplos dessas medidas.
Algumas medidas de prevenção e controle

1. Aplicação de gamaglobulina e soros específicos. 18.Esterilização de agulhas e seringas.


2. Biossegurança universal. 19. Exame de doadoresde sangue.
3. Busca e tratamento de portadores. 20.Fumigação.
4. Cloração da água 21. Grupos de Ajuda Mútua (GAM).
5. Controle biológico de vetores. 22. Higiene pessoal.
6. Controle de armazenamento, manipulação e 23. Isolamento (doentes) e quarentena (expostos)
comercialização de alimentos. 24.Isolamento.
7. Controle de reservatórios extra-humanos. 25.Legislação sanitária.
8. Controle de roedores. 26.Melhoramento da moradia.
9. Controle de vetores. 27.Melhoramento do estado nutricional.
10.Controle sanitário de matadouros. 28.Modificações de conduta e de atitude.
11.Cordão epidemiológico ou sanitário. 29. Mudanças de hábitos pessoais.
12.Cozimento adequado dos alimentos. 30.Orientação genética e familiar.
13. Desinfecção concorrente. 31.Orientação no serviço.
14.Desinfestação. 32.Pasteurização de produtos lácteos e outros
15.Despoluição ambiental. alimentícios.
16.Eliminação sanitária de fezes humanas. 33.Promoção e uso de preservativos.
17.Eliminação sanitária do lixo. 34.Proteção dos fornecedores de água.
Algumas medidas de prevenção e controle

35.Pulverização de residências.
36.Quimioprofilaxia.
37. Recomendações sanitárias através de meios massivos de comunicação (comunicação de risco).
38. Regulações de segurança sanitária.
39. Tratamento de casos.
40. Tratamento farmacológico massivo.
41. Triagem ou rastreamento de sangue e hemoderivados.
42. Triagem ou rastreamento populacional.
43. Vacinação de contatos.
44. Vacinação de população suscetível
Saúde populacional
Introdução

Os países da Região das Américas se comprometeram com a consecução dos objetivos da Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável e da Agenda de Saúde Sustentável para as Américas 2018- 2030
(ASSA2030).

Para tanto, reafirmaram a necessidade de haver ação coletiva para cumprir a meta 3.3 dos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS), que requer acabar com as epidemias de aids, tuberculose, malária e
doenças tropicais negligenciadas e combater as hepatites, as doenças transmitidas pela água e outras
doenças transmissíveis, assim como o objetivo 10 da ASSA2030, que busca reduzir a carga das doenças
transmissíveis e eliminar as doenças negligenciadas.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) prioriza a prevenção de doenças, a expansão e


consolidação da cobertura de vacinação, o acesso a tratamento, o fim das epidemias de doenças
transmissíveis e, enfim, a eliminação das doenças.
Introdução

Este documento de política leva em consideração o mandato da Organização e


os planos e estratégias de eliminação existentes voltados para diversos
problemas de saúde.

Oferece um enfoque coletivo e uma estratégia integral para a eliminação de


doenças, identifica as doenças e as condições relacionadas que são possíveis
candidatas à eliminação na Região, e indica linhas de ação comuns.

O documento fixa metas usando um novo enfoque para enfrentar as quatro


dimensões da eliminação, interrupção da transmissão endêmica, fim da mortalidade,
fim da morbidade e fim da incapacidade, uma ou mais das quais podem ser incluídas
na meta de eliminação específica para cada doença
Introdução

O conceito abrangente promovido por essa iniciativa é a de uma abordagem comum para a
eliminação dessas doenças transmissíveis, as quais impõem uma carga epidemiológica
significativa e cuja eliminação é viável com as ferramentas e tecnologias existentes.

O uso inovador de ferramentas e tecnologias existentes, além da incorporação de novas


tecnologias, também terá um papel importante para alcançar a eliminação.

Deve-se observar que o conceito de eliminação tem diferentes graus e modalidades,


dependendo da doença transmissível.

Pode ser a eliminação da doença como um problema de saúde pública, a eliminação da


transmissão e a erradicação.
Introdução
A referência para a eliminação de doenças transmissíveis delineada neste documento se alinha
estreitamentecom os ODS relacionados à saúde, como da meta 3.3 dos ODS 3
Conforme mencionado anteriormente, além as metas a seguir:
1. (redução da mortalidade materna),
2. (redução da mortalidade de recém-nascidos e menores de 5 anos),
3.4 (redução mortalidade por doenças não transmissíveis),
7. (garantia de acesso à saúde sexual e reprodutiva),
8. (obtenção da cobertura universal de saúde),
9. (redução da mortalidade por poluição do ar, água e solo), 3.b (acesso a medicamentos e vacinas), 3.d
(fortalecimento da preparação para emergências),
e as metas 6.1 (garantia de acesso a água potável) e 6.2 (garantia de acesso a saneamento).
A iniciativa apoiará o progresso no sentido desses objetivos e oferece uma oportunidade de que a
resposta de saúde pública a doenças transmissíveis na Região avance para a próxima etapa,
caracterizada por uma sólida agenda para a eliminação da doença. Desse modo, facilita-seuma
maior integração e sinergiasentre os programas prioritários de saúde pública e a atenção primária à
saúde por meio de um enfoque do curso da vida centrado na comunidade que promova a prestação
de serviços de saúde sustentáveis para todos.
Antecedentes

Ao longo de sua história, que se estende por mais de 116 anos, a OPAS vem desempenhando um papel essencial na
realização de importantes avanços para a eliminação de doenças nas Américas e no mundo.

A OPAS liderou a erradicação da varíola e a eliminação da poliomielite e do tétano neonatal nas Américas, e apoiou os
países na eliminação da transmissão endêmica do sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita (SRC) pelo
fortalecimento de programas de vacinação bem concebidos e bem implementados já existentes.

Atualmente, os países da Região estão se aproximando da eliminação da transmissão da hepatite B perinatal e na


primeira infância, após a introdução da respectiva vacina nos programas de vacinação de rotina há mais de 25 anos.

Para além das doenças que podem ser prevenidas com vacina, os países da Região estão também se aproximando da
eliminação da malária e de várias doenças infecciosas negligenciadas, inclusive a doença de Chagas, hanseníase,
tracoma, filariose linfática e oncocercose (cegueira dos rios).
Obtiveram ainda reduções substanciais do impacto adverso da geo-helmintíase, esquistossomose e fasciolíase nas
crianças e outras populações em risco por meio de estruturas e intervenções ambientais e de saúde pública, como a
quimioprofilaxia das geo-helmintíases e a melhoria do acesso à água para consumo humano, ao saneamento básico e à
moradia com qualidade e segurança.

A eliminação da transmissão materno-infantil (TMI) do HIV, sífilis, hepatite B e doença de Chagas nas Américas também
está ao alcance por meio de um enfoque inovador, integrado, eficaz e com boa relação custo-benefício.
Antecedentes

Esses exemplos de sucesso documentam a experiência e a vantagem comparativa da Região na


eliminação de doenças.

No entanto, há ainda muito por fazer, e a atual agenda de eliminação precisa ser acelerada para manter os
ganhos e continuar avançando a resposta às doenças transmissíveis na Região.

Isso é urgente diante da transição demográfica e epidemiológica em curso, das iniquidades em saúde
em nossa Região, da carga ascendente e simultânea das doenças não transmissíveis e da limitação
cada vez maior dos recursos que afetam as respostas nos âmbitos nacional e regional.

Juntos esses fatores apresentam o risco de desacelerar o progresso ou mesmo de minar as


conquistas obtidas na Região com relação à eliminação de doenças transmissíveis como a filariose
linfática, tracoma, doença de Chagas, malária, tuberculose e TMIdo HIV.
Antecedentes

O trabalho futuro pode ser fortalecido com a elaboração de uma iniciativa regional de eliminação
plenamente alinhada com o Plano Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde 2020-2025 e
os ODS e vinculada a estratégias e planos de ação mundiais e regionais em curso das Nações Unidas,
da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da OPAS para melhorar a saúde e o bem-estar.

Entre elas está a iniciativa conjunta da OMS por um plano de ação mundial a favor de uma vida
saudável e bem- estar para todos: unidos para acelerar o progresso no sentido dos ODS relacionados
à saúde, que deve contribuir significativamente para a consecução dos ODS até 2030.

A sustentabilidade da iniciativa proposta é respaldada pelo alinhamento com a Estratégia para o


acesso universal à saúde e a cobertura universal de saúde (documento CD53/5, Rev. 2) da OPAS (16),
a referência para ação da OMS sobre o fortalecimento dos sistemas de saúde para a melhoria dos
resultados de saúde (2007)

Plano de ação sobre Saúde em Todas as Políticas


Antecedentes

O número e o alcance das doenças transmissíveis e condições relacionadas nas Américas é enorme e vasto.

O foco, portanto, recairá sobre um grupo-chave de doenças que representam uma carga significativa e afetam desproporcionalmente as
populações mais vulneráveis da Região, incluindo as populações indígenas, afrodescendentes e migrantes, e cuja eliminação é viável com a
utilização de meios técnicos disponíveis e inovadores.

São elas o HIV, inclusive a TMI; a sífilis, inclusive a sífilis congênita; o vírus da hepatite B, inclusive a transmissão perinatal e na primeira infância; o
vírus da hepatite C; a febre amarela; a doença de Chagas, inclusive a congênita; bem como a malária, leishmaniose, esquistossomose, geo-
helmintíase, oncocercose, filariose linfática, fasciolíase, tracoma, hanseníase, bouba, tuberculose, cólera, peste, raiva humana e difteria.

A iniciativa também trata do risco de reintrodução de doenças que podem ser prevenidas com vacina como a rubéola, inclusive a síndrome da
rubéola congênita, o sarampo e a poliomielite, bem como do controle de doenças que tendem a produzir surtos, como o cólera, a peste e a febre
amarela por meio do Regulamento Sanitário Internacional.

Além dessas doenças transmissíveis, o câncer de colo do útero foi considerado uma doença com grande potencial para a eliminação como um
problema de saúde pública, com base em intervenções disponíveis e com boa relação custo-benefício para a prevenção desse câncer comum nas
mulheres.

A iniciativa de eliminação também está visando certos fatores ambientais determinantes relacionados às doenças transmissíveis, inclusive a
eliminação da defecação a céu aberto e da preparação de alimentos com combustíveis de biomassa poluentes, ambos problemas de saúde pública
generalizados em certas áreas geográficas.

As doenças e condições cobertas por essa iniciativa são apresentadas no anexo B, o qual indica as metas e objetivos de eliminação e a atual
situação epidemiológa
Justificativa Econômica

• Calcula-se que um grupo principal de doenças transmissíveis,


inclusive a infecção pelo HIV/aids, a tuberculose, a malária e as
doenças infecciosas negligenciadas, representava 6% da carga total
dos anos de vida ajustados por incapacidade (AVAI) em todas as
faixas etárias e gêneros nas Américas em 2017.

• O mesmo grupo de doenças foi responsável por 7% de todos os


tipos de mortes. A carga da mortalidade aumenta para 9% quando
se incluem a cirrose relacionada à hepatite viral e os cânceres
hepáticos, assim como o câncer de colo do útero.
Justificativa Econômica

Dados os custos econômicos tanto dos AVAI como das mortes, juntamente com o custo
monetário para o setor da saúde, os benefícios financeiros desta iniciativa devem ser
considerados.

Por exemplo, o benefício socioeconômico mundial atribuído à eliminação das doenças


tropicais negligenciadas como a hanseníase, a leishmaniose e a doença de Chagas foi
estimado como sendo de até US$10,7 bilhões1 para 2011-2020 e até $16,6 bilhões para
2021-2030.

Além disso, estima-se também uma redução de $6,7 bilhões e $10,4 bilhões das despesas
individuais nos períodos correspondentes
Justificativa econômica

Além dos custos econômicos, as doenças transmissíveis impõem custos


sociais intangíveis sobre indivíduos, famílias e comunidades.

Em resumo, a carga dessas doenças, com seus custos sanitários,


econômicos e sociais, impede a obtenção plena da saúde e salienta a
necessidade de intensificar o trabalho de eliminação de doenças nas
Américas
[VUNESP – 2019]

Ações de prevenção primária têm como objetivo:


A) remover causas e fatores de risco de um problema de saúde individual ou
populacional antes do desenvolvimento de uma condição clínica.
B) detectar indivíduos em risco de intervenções, diagnósticas e/ou terapêuticas,
excessivas, visando protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas e
sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.
C) reduzir em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes de um
problema agudo ou crônico, incluindo reabilitação.
D) detectar, no indivíduo ou na população, problema de saúde em estágio inicial,
muitas vezes em estágio subclínico, facilitando o diagnóstico definitivo e o
tratamento, e reduzindo ou prevenindo sua disseminação e os efeitos de longo
prazo.
E) estimular a conscientização dos sinais precoces de problemas de saúde e rastrear
pessoas sob risco, de modo a detectar um problema de saúde em sua fase inicial.
[VUNESP – 2019]

Ações de prevenção primária têm como objetivo:


A) remover causas e fatores de risco de um problema de saúde individual ou
populacional antes do desenvolvimento de uma condição clínica.
B) detectar indivíduos em risco de intervenções, diagnósticas e/ou terapêuticas,
excessivas, visando protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas e
sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.
C) reduzir em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes de um
problema agudo ou crônico, incluindo reabilitação.
D) detectar, no indivíduo ou na população, problema de saúde em estágio inicial,
muitas vezes em estágio subclínico, facilitando o diagnóstico definitivo e o
tratamento, e reduzindo ou prevenindo sua disseminação e os efeitos de longo
prazo.
E) estimular a conscientização dos sinais precoces de problemas de saúde e rastrear
pessoas sob risco, de modo a detectar um problema de saúde em sua fase inicial.
[IESES – 2023]

Qual é o objetivo do controle de doenças transmissíveis?

A) Regular a produção e o uso de medicamentos.


B) Monitorar a exposição a substâncias tóxicas no ambiente de trabalho.
C) Estabelecer diretrizes para o tratamento de doenças crônicas.
D) Prevenir a disseminação de doenças infecciosas na população.
[IESES – 2023]

Qual é o objetivo do controle de doenças transmissíveis?

A) Regular a produção e o uso de medicamentos.


B) Monitorar a exposição a substâncias tóxicas no ambiente de trabalho.
C) Estabelecer diretrizes para o tratamento de doenças crônicas.
D) Prevenir a disseminação de doenças infecciosas na população.

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