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Houve a desobediência posterior e, por sua cobiça, o homem foi condenado a conhecer
o bem e o mal.
Para que o crime venha a eclodir é indispensável que ocorra uma intenção ou um ato
humano. Por isso, a par do fenômeno em si da criminalidade, o estudo do
comportamento humano deve ser basilar da Criminologia, pois, sendo o homem o
agente do ato delituoso, é principalmente sobre ele que devem ser concentradas as
pesquisas mais relevantes, já que sobre seus ombros atuam múltiplas causas, muitas
delas desconhecidas até a ocorrência do crime, mas com acentuado pesona
caracterização da origem do fato e do caráter ou da verdadeira natureza da vontade do
criminoso.
CONCEITO E DEFINIÇÃO
A Criminologia, como não poderia deixar de ser, não é definida de maneira uniforme,
existindo muitas e variadas definições.
Porém, na análise de Newton Fernandes e Valter Fernandes todos os conceitos até hoje
formulados pecam por não incluírem na Criminologia o estudo da vítima, também
denominado de vitimologia, uma vez que, a Criminologia se ocupa não apenas do crime
e do criminoso, mas, igualmente, da vítima.
OBJETO
Das várias colocações até agora feitas, verifica-se que a Criminologia representa:
a) o estudo dos fatores individuais (personalidade) e sociais (ambiente) básicos da
criminalidade;
b) o estudo dos fatores básicos e do fenômeno natural da luta contra o crime
(tratamento e profilaxia), objetivando a ressocialização do delinqüente e a prevenção da
criminalidade.
Sabe-se, contudo, que embora o Direito Penal e a Criminologia estudem ambos o crime,
são duas ciências autônomas e independentes, e o enfoque dado por uma e por outra,
relativamente ao delito, é diferente.
O Direito Penal tem por objeto o crime como uma regra anormal de conduta, contra o
qual estabelece o gravame, o castigo, a punição. O Direito Penal é, por assim dizer, a
ciência de repressão social ao crime, através de regras punitivas que ele mesmo elabora.
O seu objeto, portanto, é o crime como um ente jurídico, e como tal, passível de
sanções.
Enquanto o Direito Penal é uma ciência normativa, de repressão social contra o delito,
através de regras jurídicas coibitórias cuja transgressão implica em sanções, a
Criminologia é uma ciência causal-explicativa, essencialmente profilática, visando o
oferecimento de estratégicas, por intermédio de modelos operacionais, de molde a
minimizar os fatores estimulantes da criminalidade, bem como, o emprego de táticas
estribadas em fatores inibidores do conjunto do crime.
Como segunda diferença, temos que considerar que, enquanto ambas as ciências
estudam o delinquente, o Direito Penal só indaga o grau de responsabilidade do
mesmo (autor, co-autor, participe); enquanto á Criminologia interessa conhecer o
homem delinquente, aspecto que mais tem preocupado as escolas filosóficas, ou seja,
trata de compreender a personalidade do homem delinquente.
Assim, no que se refere ao crime, a Criminologia tem toda uma inequívoca actividade de
verificação, de análise da conduta anti-social, de pesquisa das causas geradora do
delito, e do efectivo estudo e tratamento do criminoso, na expectativa de que ele não se
torne recidivista
Porque delinquente o homem e as causas porque o faz, são as matérias essenciais com
que preocupa a Criminologia.
Exacto afirmar, então, que o Direito Penal e a Criminologia trabalham em cima da
mesma matéria prima, mas a forma de operação, de elaboração do trabalho, é bem
diferenciada, o que torna legítimo concluir que o objecto de uma ciência não é o
mesmo da outra.
Estas diferenças não significam que ambas as disciplinas não possam entender-se; pelo
contrário, completam-se, pois estão unidas por uma finalidade única, que é conhecer e
estudar o delinquente.
Método
MÉTODO
Em seu livro Criminologia Biológica, Sociológica e Mesológica, ensina Vitorino Prata
Castelo Branco: “Em geral, método é o meio empregado pelo qual o pensamento
humano procura encontrar a explicação de um fato, seja referente á natureza, ao
homem ou á sociedade”. E prossegue:
a)biológico;
b) sociológico
De fato, quando o referido autor fala em forças sociológicas e mesológicas, no fundo
significam a mesma coisa, ou seja, algo ligado ao meio ambiente, ao meio social.
E, como não poderia deixar de ser a uma disciplina que estuda o crime como um fato
biopsicosocial e o criminoso, a Criminologia não fica adstrita a um só terreno científico,
porque este não teria, por si só, o condão de conseguir explicar o fenómeno
delinquencial e a vasta caudal de causas delituógenas, dentre elas aquelas de natureza
social, biológica, psicológica, psiquiátrica, etc.
Por isso, a Criminologia constrói seus métodos, mas também, se utiliza dos métodos de
outras ciências.
Para os que não consideram a Criminologia como ciência, esta carece de objeto,
porquanto estuda o delito, que pertence ao Direito Penal. Porém, sabemos que não é
bem assim, pois como visto, ambas as disciplinas enfocam o delito de ângulos
diferentes.
Com relação ao método, os contrários afirmam não ser a Criminologia uma ciência, por
não ter um método determinado, uma vez que ela se vale de dois métodos, o biológico
e o sociológico. Abordando o assunto em sua obra Manual de Criminologia, Israel
Drapkin argumenta dizendo, inicialmente, que a Criminologia efetivamente usa os
métodos biológico e sociológico e exemplifica:
“se a Biologia é uma ciência, não há razão para que não o seja a Criminologia, que usa o
seu método”. E acresce: “A Criminologia usa o método experimental, naturalístico,
indutivo, para o estudo do delinqüente, o que não basta para conhecer as causas da
criminalidade. Por isso, recorremos aos métodos estatísticos, históricos e sociológicos”.
Por último, aqueles que negam o caráter científico à Criminologia, que esta não é
universal, pois o que num país pode ser estabelecido como uma verdade incontestável,
noutro poderá ser diferente, a ponto de existirem as chamadas Criminologia nórdica,
européia, americana, etc., que guardariam aspectos diferentes entre si.
A esse respeito, aliás, é oportuno citar ainda uma vez Vitorino Prata, que
reconhecendo a condição de ciência da Criminologia, sublinha:
Destarte, malgrado alguns que lhe neguem o caráter científico, aflora pacífico que a
Criminologia é ciência. Ciência que aborda o acontecimento delitivo em seus aspectos
individual e anti-social e na sua causação, inclusive destacando seus provocativos no
intento de atenuar a incidência delituosa.
a) Ciências Histórico-Filosóficas:
História do Direito Penal, Filosofia do Direito Penal e Direito Penal Comparado;
b) Ciências Causal-Explicativas:
Não será despiciendo recordar a conceituação sucinta das ciências que integralizam a
“Síntese Criminológica”. Vejamos:
a) Ciências Histórico-Filosóficas:
- História do Direito Penal: Vem a ser a pesquisa conexa dos fenômenos jurídico-
penais de cada povo;
b)
b) Ciências Causal-Explicativas:
c)
c) Ciências Jurídico-Repressivas:
d)
d) Ciências Auxiliares e de Pesquisa:
Política Criminal:
tem por finalidade a análise e a crítica das leis penais a partir de propostas
criminológicas;
Estatística Criminal: tem por fim a observação etiológica do delito com vistas ao
planejamento e avaliação do desempenho institucional contra a criminalidade.
Depreende-se do anteriormente explicitado, quando se fala em “Enciclopédia das
Ciências Penais”, que a expressão galardoa a própria Criminologia, naquilo que é
ela considerada uma ciência que abrange praticamente todas as disciplinas
criminais.
A Criminologia teria, por assim dizer, uma concepção enciclopédica, eis que se utiliza do
campo de labor de outras ciências criminais. Daí também ser chamada “ciência de
síntese”, porque sua base científica está fincada nas contribuições proporcionadas pelas
denominadas ciências do homem (Antropologia, Biologia, Sociologia, Psicologia,
Psiquiatria, etc.) quando voltadas para a pesquisa do delito.
Efetivamente, para atender sua finalidade, a Criminologia não pode atuar isoladamente,
havendo que recorrer ao objeto de outras ciências, mesmo porque o conhecimento não
se confina nos limitativos de uma única ciência.
b) Criminologia e Direito Processual Penal: Tem ligação com este na medida em que ele
regulamenta a verificação do ato delituoso e faz o exame da personalidade do autor
típico.
Cesare Bonesana, o Marquês de Becaria, dizia que a Justiça para ser justa deve ser
rápida, mas quando se vê um homem chegar na penitenciária condenado há 5 anos,
depois de haver estado no cárcere no decorrer de um processo que durou 4 anos, esta
Justiça não pode ser justa.
É preciso meditar sobre a imensa injustiça que significa uma absolvição depois de
muitos anos de cárcere, pois se bem que existe uma indenização de caráter
constitucional (art. 107 da CF), na realidade esta só existe teoricamente. Embora existem
não poucos casos de prisões ilegais, raramente é requerida e concedida indenização,
como no processo dos “Irmãos Naves”, injustamente condenados por homicídio em que
a suposta vítima apareceu viva após muitos anos,tendo um dos irmãos condenados
morrido na prisão. Foi concedida a indenização,confirmada pelo STF. Mas na grande
maioria dos casos, as pessoas sofrem as injustiças sem nada pleitear.
Conquanto não aceita a teoria darwiniana sobre a origem do homem, também existe
uma certa controvérsia em se admitir cegamente que a espécie humana está imersa em
pecado devido á sua herança de Adão e Eva. Importa, em suma, que o universo é
resultado de uma criação de Deus com finalidade.
b) A Sociedade e o Crime
Durkhein afirmava que “os fenômenos sociais são fatos naturais e devem ser estudados
pelométodo natural, isto é, pela observação e, quando for possível, pela
experimentação”.
Ora, o crime é um fenômeno social e a criminalidade depende do estado social. Tenha o
crime na sua gênese um fator exclusivamente endógeno (biológico) ou exclusivamente
exógeno (meio ambiente), ou a combinação de ambos os fatores, é inegável que o
crime é uma manifestação de vida coletiva, não fosse a existência de apenas duas
pessoas considerada um grupo social.
Não pode existir criminalidade fora de um estado social qualquer. Sendo o homem um
animal gregário, sua vida em sociedade não implica, porém, em que não haja uma
unidade de consciência social, pois esta nada mais é que a resultante das consciências
individuais, que vão compor a maioria da unidade social.
A criminalidade, que não se concebe fora da vida grupal, nasce e se desenvolve dos
interesses colidentes de seus componentes. É como se a criminalidade fosse uma
oposição do indivíduo á sociedade. Por isso que também deriva de interesses
personalíssimos.
O crime, social na sua etiologia, visto que suscitado pela existência em sociedade, é
antisocial nos seus efeitos. Distinguese, assim, a criminalidade, por firmar um conflito de
vontades: de um lado a vontade da sociedade, soma das vontades de seus integrantes
ou resultado da volição da maioria, e, de outro lado, a vontade individual de quem
perpetra o crime, ou seja o delinquente.
E. Glover, na obra The Roots of Crime, abordando o criminoso nato, comenta: “o crime
representa uma das parcelas do preço pago pela domesticação de um animal selvagem
por natureza(o homem), ou, é o resultado de sua domesticação mal sucedida”.
Infere-se, desse conceito, que o homem, não sendo tratado como ser humano,
transforma-se no mais violento e perigoso dos animais, posto que é o único que
raciocina.
Goring sustentou que o elemento herdado não é a criminalidade como tal, mas sim, a
inteligência deficiente.
DIVISÃO DA CRIMINOLOGIA:
CRIMINOLOGIA TRADICIONAL:
1º - Escola Clássica
2º - Escola Positiva
3º - Escola Socialista
1º - Microcriminalidade e Macrocriminalidade:
- Crime Organizado
- Crime do Colarinho Branco
CRIMINOLOGIA TRADICIONAL:
HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA:
1º - ESCOLA CLÁSSICA:
a) Antiguidade remota;
b) Antiguidade grega (Hipócrates, Platão e Aristóteles);
c) Idade Média. Teólogos e sacerdotes (especialmente S. Tomás de Aquino). Ciências
Ocultas.
a) Antiguidade remota
Nesta época não se encontra nada de concreto sobre Criminologia, nem entre hindus,
sírios, fenícios, hebreus, etc. Somente existem algumas normas, como os “Tabu”, que
deviam ser aplicadas para a segurança do grupo. Diante da transgressão de qualquer
dessas normas surgia a reação instintiva de defesa, que correspondia á pena atual.
Confúcio (551-478 a.C) com a reflexão: “tem cuidado deevitar os crimes para depois
não ver-te obrigado a castigá-los”, demonstra o conhecimento da pena como gravame
á uma má ação, o que, induvidosamente, no mínimo, implica no entendimento de algo
que, bem mais tarde, viria a ser preocupação da Criminologia.
- Platão (427-347 a.C), ao afirmar que “o ouro do homem sempre foi o motivo de seus
males”, na obra A República, também emitiu conceito criminológico, ao pretender
demonstrar que a ambição, a cobiça, a cupidez davam origem á criminalidade, ou seja,
fatores econômicos são desencadeantes de crimes. Fundamentava a criminalidade em
causas econômicas.
Dizia que o criminoso era muito parecido com um doente, e que por isso, deveria ser
tratado a fim de ser reeducado ou curado, se possível; e eliminá-lo do pais, se não fosse
possível a cura
Platão foi o 1º a enfatizar o aspecto intimidativo da pena. Não se castiga porque alguém
delinquiu, mas para que ninguém delinqua.
Em sua obra Retórica, Aristóteles estudou o caráter dos delinquentes, observando uma
freqüente tendência á reincidência.
c) Idade Média
Art. 61 CP. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituírem ou
qualificarem o crime:
- Demonologia:
2- Penólogos e penitenciaristas;
3- Fisiognomistas;
4- Frenólogos;
1- Filósofos e pensadores:
2-Penólogos e Penitenciaristas
No início do século XVIII, não existiam propriamente prisões e as que havia mantinham-
se em péssimas condições. Os juízes eram unilaterais e arbitrários. A confissão era a
rainha das provas (regina probatione), obtida através de torturas. Os primeiros aspectos
de prisões, que podem ser considerados como precursores das atuais, estabeleceram-se
em Amsterdam (Holanda) em 1611. Os detentos eram submetidos à trabalhos forçados
sem nenhuma utilidade prática, como moer pedras, extrair areia, etc. Contra este estado
de coisas levantaram-se filósofos e humanistas, dentre eles:
c) Voltaire: dizia que o roubo e o furto são os delitos do pobre. Foi um dos primeiros a
advogar o trabalho para os apenados.
Beccaria nasceu em Milão, Itália, e teve a audácia, aos 27 anos de idade, de afrontar os
costumes penais e as arbitrariedades da Justiça Criminal de seu tempo, publicando a
obra Dos Delitos e das Penas na cidade de Livorno, de forma clandestina, temendo
possíveis represálias. Tal livro causou muito impacto, sendo veemente atacado por
todos aqueles que, de uma forma ou de outra, foram por ele atingidos ou porque não
concordassem com suas proposições.
- O objetivo da pena não é atormentar o acusado e sim impedir que ele reincida e servir
de exemplo para que os outros não venham a delinquir;
Fisiognomistas:
Trata-se de uma ciência que procura estudar o indivíduo pela análise de suas expressões
fisionômicas, ou seja, de seu rosto. Entre os principais fisiognomistas, destaca-se Charles
Darwin (1809-1822), criador da famosa “Teoria da Evolução” (a evolução modifica o
homem), e que trouxe inegável importância no que diz respeito á origem do homem,
sendo que suas idéias foram influências para Lombroso, sobretudo quando este aborda
sobre o atavismo, o qual é um conceito darwiniano.
Frenólogos:
A Frenologia é uma ciência que estuda o indivíduo não só com base nas expressões
fisionômicas, mas, também, com base na configuração do crânio. O criador da
Frenologia tem sido Joseph Gaspard Lavater, porém, mais importante que ele para a
Frenologia, é Johan Frans Gall, que foi o 1º a relacionar a personalidade do delinquente
com a natureza do delito por ele praticado.
a) LOMBROSO:
Lombroso foi o criador da chamada Antropologia Criminal (ou Biologia Criminal, como a
consideram os alemães), ciência que difere-se da Antropologia Geral, pois não estuda
apenas o ser humano, mas sim o ser humano delinquente, ou seja, o homem criminoso,
procurando analisar, também, os fatores individuais do crime (nele compreendendo os
endógenos e os exógenos).
Conhecer o homem é conhecer a razão humana, a essência dessa razão, o que o move
através da História. Afinal, como dizia Marx, “o primeiro objeto do homem é o homem”.
De 1871 a 1876, Lombroso continua trabalhando com esses elementos e publica uma
séria de folhetos sob o nome de “L’uomo Delinqüente”, que adquiriram tam importância
e desenvolvimento, que a 6ª edição, publicada em Turim, em 1901, compreende 4
volumes e 1 atlas.
Lombroso é considerado o “Pai da Criminologia Moderna”. Seu grande mérito foi ter
desviado a atenção da Justiça para o homem que delinqüe.
Teoria de Lombroso:
O criminoso nato se explica, segundo esta teoria, pelo chamado “atavismo” que é o
aparecimento, em um descendente, de um caráter não presente em seus ascendentes
imediatos, mas sim em remotos, como por exemplo, se um membro de determinada
família apresente uma polidatilia, que é a anomalia congênita de possuir dedos a mais
que o normal, e não existir nessa família ninguém nas mesmas condições, dir-se-á que é
uma malformação atávica. Lombroso chegou ao atavismo após fazer a autópsia no
cadáver de Vilella, onde encontrou a terceira fosseta occipita lou média, a qual é
encontrada também, em alguns crânios de homens primitivos.
Lombroso julgou, também, ter encontrado relação entre a epilepsia e a chamada “moral
insanity” (insanidade moral), ou seja, para ele todo o epilético era um criminoso nato e,
pois, um doente mental.
Vejamos:
- Orelhas de abano;
- Fartas sobrancelhas;
- Dessimetria corporal;
- Daltonismo;
- Mancinismo (surdez);
- Insensibilidade á dor (tatuagens);
- precocidade sexual, etc.
Vaidade;
- Ações impulsivas;
- Tendências alcoólicas;
- Negligência;
- Superstições;
Uso de gírias;
- Imprevidência;
- Crueldade;
- Instabilidade;
- Indolência, etc.
Criminoso nato: era por ele encontrado entre 30% e 35% da massa delinquente, ou
seja, num termo médio de 33%.
Nos seus estudos para definir o criminoso nato, Lombroso primeiro o comparou á um
selgavem, por ser a conduta do criminoso nato parecida com a dos homens das
cavernas; depois comparou-o com a criança, baseado no egocentrismo desta, por sua
vaidade e egoísmo. Mais tarde, sem abandonar essas teorias, referiu-se á loucura moral
e, somente no final dos estudos, focalizou a epilepsia.
Lombroso recomenda certos tipos de penas para o criminoso, como duchas frias,
trabalhos pesados, exercícios exaustivos; porém, prescreve de forma categórica o uso da
tortura. Para os alienados recomendava o “manicômio judiciário”. Para os velhos,
propunha a internação em hospícios, não aceitando para eles a prisão, por considerá-los
incapazes de continuar cometendo delitos. Só aceitava a pena de morte em casos
graves, por julgála muito dolorosa.
Após um certo período de apogeu (sobretudo com a publicação de sua famosa obra O
Homem Delinquente), os adversários de suas ideias, a começar por seu sucessor na
cátedra da Universidade de Turim, Francesco Carrara e outros integrantes da chamada
Escola Clássica de Direito Penal (Filangieri, Fuerbach, etc) trouxeram à colação todos os
aspectos falhos da Antropologia Criminal, culminando, através de inúmeras pesquisas
que empreenderam, por fulminarcom a figura do criminoso nato.
1ª- Avaliar a criminalidade com base na aparência física. Para Lombroso, todo o
indivíduo que tivesse as características já mencionadas era um criminoso nato. Contudo,
é certo que há delinquentes que apresentam os traços lombrosianos; mas também
encontramos esses traços em homens inteligentes não delinquentes, ou mesmo em
débeis mentais não delinquentes, como também, há criminoso que não apresentam tais
traços. As características anatómicas das anormalidades morfológicas são próprias tanto
dos delinquentes como dos não delinquentes;
2ª- Avaliar a criminalidade com base na epilepsia. Para Lombroso, todo o epilético era
um criminoso em potencial. Comprovou-se haver epiléticos delinquentes, da mesma
maneira que não delinquentes;
3ª- Avaliar a criminalidade com base em taras degenerativas (daltonismo, surdez,
precocidade sexual, tatuagens, etc.) ou taras psicológicas (vaidade, crueldade, uso de
gírias, tendências alcoólicas, etc). Se é verdade que nos criminoso observam-se muitas
destas taras, não é menosverdade que há indivíduos normais que também as
apresentam e criminosos que não apresentam nenhuma.
Não obstante as inúmeras críticas que são feitas, a teoria de Lombroso tem o mérito
extraordinário – que imortalizará seu nome- de haver desviado a atenção do fato
delituoso para o homem delinquente.
Enrico Ferri deu relevo não só aos fatores biológicos, como também aos sociológicos,
além dos físicos. Salientou, ele, a existência do trinômio causal do delito, composto por
fatores antropológicos, sociais e físicos.
Foi também quem 1º classificou as causas dos delitos em três grupos: biológicas, físicas
e sociais:
Causas Biológicas: a herança, a constituição genética, etc;
A polêmica mais importante que se originou foi estabelecer quais os fatores que mais
influem na conduta do indivíduo criminoso: os endógenos ou os exógenos? O
criminoso nasce ou é feito? Lombroso, Ferri e Garófalo eram partidários dos fatos
endógenos (ele nascecriminoso).
Ferri teria sido o criador da expressão “criminoso nato”, isto em 1881. É o que ele
próprio admite em seu livro “Os Criminosos na Arte e na Literatura”, onde, em
determinado trecho, expõe: “os delinquentes a que eu dava, em 1881, o nome de
criminosos natos”.
O magistrado Garófalo foi o criador do termo “Criminologia”, para quem seria a ciência
da criminalidade, do delito e da pena.
Em razão de sua orientação naturalista e evolucionista, o ponto de partida de sua
doutrina é a conceituação do que chamou de “delito natural”. Examinou em sua obra,
também, a classificação de criminosos, que acabou por formular. Seu livro data de 1884,
já com o nome de Criminologia.
Garófalo era um jurista, tendo sido ministro da Corte de Apelação de Nápoles. Elaborou
sua concepção de delito natural partindo da idéia lombrosiana do criminoso nato e,
assim sendo, afirmava que, se existia um criminoso nato, deveria, necessariamente,
existirem delitos que fossem considerados como tal, em qualquer lugar ou época.
Para chegar á definição de delito natural, Garófalo procurou a parte mais profunda e
essencial dos sentimentos humanos.
Observou que tanto Lombroso como Ferri evitaram definir o que consideravam delito.
Garófalo propôs-se a isto. Passou a observar grupos sócias de diferentes épocas e
chegou á conclusão de que o conceito de delito era completamente diferente entre
povos distintos. Assim, o fato de causar a morte de um indivíduo, que é o crime de
homicídio, em outras épocas foi somente um costume.
I- no inverno se cometem mais delitos contra a propriedade, donde se deduz que nesta
época do ano são maiores as necessidades para a sobrevivência do homem;
II- no verão se cometem mais crimes contra a pessoa, devido á efervescência maior das
paixões humanas, provocada pelo aquecimento pelo sol;
III- os delitos sexuais são mais freqüentes na primavera, considerando a exacerbação da
atividade sexual nessa época.
Foi o autor dessa conhecida frase: “As sociedades têm os criminosos que merecem”.
Na segunda, comparava a sociedade com um meio de cultivo, e afirmava que “a
sociedade é um meio de cultivo que abriga em seu seio uma série de micróbios que são
os delinqüentes e que estes não desenvolverão se o meio não lhes for propício”.
Resumindo, podemos dizer que para Lacassagne, os fatos sociais atuam sobre o sujeito
“predisposto”; substituiu o conceito de nato pelo de predisposto.
- Manouvrier :
Professor de Antropologia da Universidade de Paris, não tem outro mérito que não seja
ter sido o braço direito de Lacassagne na sua luta contra as doutrinas de Lombroso.
Tarde demonstra que há indivíduos que são inadaptáveis ao meio em que vivem e essa
inadaptação decorre de 3 causas:
“A Filosofia Penal”:
Teorias Socialistas
1- A Terza Scuola;
2- A Escola Espiritualista;
3- A Escola da Política Criminal, que é a que dá o nome á esse período da
Criminologia.
1- A Terza Scuola:
A Escola Espiritualista:
Sustenta que cada indivíduo tem o livre arbítrio de fazer o que lhe dá prazer, ou seja,
prevalece apenas a vontade própria de cada indivíduo, sem qualquer limitação.
Esse conceito não foi aceito e logo surgiu a escola NeoEspiritualista.
Escola Neo-Espiritualista: Afirma que se é verdade que o homem tem liberdade, ela não
existe no sentido amplo, mas tem certas limitações impostas pelo meio ambiente. A
liberdade é um conceito filosófico e político, que analisado com critério realista, nos
demonstra que somos escravos da hora, do dever, das conveniências sociais, da rotina,
dos comentários alheios, etc.
A Política Criminal é de proporções tão vastas, que se pode chegar a confundi-la com a
prórpia Criminologia.
Vejamos algumas definições de Política Criminal:
Quintiliano Saldanã: “Política Criminal é o estudo científico da criminalidade, suas
causas e os meios para combatê-la”.
Manzini: “Política Criminal é o conjunto de conhecimentos que podem levar a realizar
um plano real e não utópico”. (Tratado de Direito Penal)
- Feuerbach: “ Política Criminal é o saber legislativo do Estado em matéria de
criminalidade”.
- Guillerno Portella: “Política Criminal é o conjunto de ciências que estudam o delito e
a pena, com o fim de descobrir as causas da delinqüência e determinar seus remédios”.
- Franz Von Liszt: “Política Criminal é o conjunto sistemático de princípios, segundo os
quais o Estado e a sociedade devem organizar a luta contra o crime”. Liszt é
considerado o “Pai da PolíticaCriminal”, tendo publicado importante obra (Princípios de
Política Criminal) em 1889.
- Na França: Voltaire
Embora ambas sejam muito parecidas, não devem, pois, serem confundidas.
- Criminologia: estuda as causas da criminalidade, o delinqüente e procura a maneira
de readaptá-lo.
- Política Criminal: é um ramo do Direito Penal. Não estuda o delinqüente, deixando
isto á cargo da Criminologia. Baseia-se nos resultados obtidos por esta para elaborar os
meios de repressão e prevenção á delinqüência. Baseia-se, também, na Antropologia
Criminal (que estuda o delinqüente) e na Estatística Criminal (que traduz em cifras os
fenômenos da criminalidade num determinado espaço de tempo). Assim, a Política
Criminal é a aplicação pelo Estado das medidas necessárias para a prevenção e
repressão da criminalidade, ou seja, a aplicação das medidas que fluem da investigação
científica do fenômeno da criminalidade. A liberdade condicional, a liberdade provisória,
a proteção á infância, etc. são resultados práticos dos princípios da Política Criminal.
FACTORES ENDÓGENOS
BIOTIPOLOGIA CRIMINAL
GENERALIDADES:
A HERANÇA GENÉTICA
A herança é “a lei biológica em virtude da qual todos os seres vivos tendem a repetir-se
em seus descendentes”. Quer dizer, os pais transmitem aos filhos toda a bagagem que
receberam de seus ancestrais, ou seja, todas as características biológicas, fisiológicas e
psicológicas dos seus descendentes.
O meio ambiente, o mundo que nos rodeia, não é capaz de criar nada, apenas de
acelerar ou frear, expandir ou restringir a herança natural. A herança pode ser influída
pelo meio ambiente, mas não é capaz de criar nada.
Vejamos quais:
1º) A herança existe para todos os caracteres, sejam eles favoráveis ou não. Assim como
se transmitem caracteres bons (a inclinação para a música, na família dos Bach, por
exemplo), também se transmitem os negativos (a hemofilia, na família dos Habsburgos,
por exemplo).
2º) A herança não é igual nem fatal para todos os descendentes do mesmo casal. Os
únicos seres considerados idênticos são os gémeos verdadeiros, ou seja, os uni vitelinos
(gémeos que nascem de 1 só ovo).
A HERANÇA DO HOMEM
c) Herança do Crime
a) Herança Normal:
Já dissemos anteriormente que o meio ambiente, embora não seja capaz de criar
nada por si mesmo, é contudo uma força formidável capaz de acelerar, retardar
ou desviar a bagagem hereditária recebida de nossos ascendentes.
Sobre este particular aspecto devemos recordar que não devem ser confundidas as
taras hereditárias com as malformações congênitas. Nossas taras hereditárias são as que
vem nacélula germinal e não desaparecem; ao passo que as malformações congênitas
se devem a causas que intervém depois da gestação do novo ser. Um choque elétrico
sofrido pela mãe em estado de gravidez, pode influir em sua descendência; as relações
sexuais em estado de alcoolismo tem uma grande influencia pelo grande poder de
difusão do álcool através dos tecidos orgânicos; também ostraumatismos sofridos pela
mãe durante a gestação podem ter influencia.
Apresenta-se em 3 estados:
a) O idiota: é o estado mais grave, pois o indivíduo não atinge idade mental superior a 3
anos; deve ser alimentado por terceiros, feita sua higiene, etc., sendo incapaz de cuidar
de si mesmo;
b) O imbecil: de idade mental superior a 3 anos e inferior a 7; fala mais corretamente,
consegue aprender a ler um pouco e a assinar o próprio nome;
c) O débil mental: idade mental superior a 7 e inferior a 14 anos.
17- Alcoolismo: Acredita-se muito que o alcoolismo seja hereditário. No entanto, não
podemos saber até que ponto influi no filho o mal exemplo de seus pais, a imitação
destes, etc. Existem características alcoólicas que é possível que sejam hereditárias como
a dipsomania, que quer dizer o impulso incoercível para beber.
18- Outras Toxicomanias: Morfismo, cocainismo, etc. Nestes casos, não se herdaria uma
tendência exclusiva para usar a morfina ou ingerir a cocaína, mas apenas uma
predisposição ao uso dos tóxicos ou drogas em geral.
f) Herança do Crime:
g)
Desde do século XVIII, que são formuladas várias teorias científicas para explicar
as causas do delito. O médico alemão Franz Joseph Gall, procurou relacionar a
estrutura cerebral com as inclinações criminosas. No final do século XIX, o
criminólogo Cesare Lombroso afirmava que os delitos são cometidos por aqueles
que nascem com certos traços físicos hereditários reconhecíveis, teoria essa
refutada no começo do século XX, por Charles Goring, que efetuou um estudo
comparativo entre delinquentes encarcerados e cidadãos respeitadores da lei,
concluindo que não existem os denominados “tipos criminais” com disposição
inata para o crime. Na França, Montesquieu procurou relacionar o
comportamento criminoso com o ambiente natural e o físico.
Por outro lado, estudiosos ligados aos movimentos socialistas consideram o delito
como um efeito derivado das necessidades da pobreza. Outros teóricos relacionam a
criminalidade com o estado geral da cultura, sobretudo pelo impacto desencadeado
pelas crises econômicas, pelas guerras, pelas revoluções e pelo sentimento generalizado
de insegurança, derivado de tais fenômenos.
Dugdale, por exemplo, investigou a família Juke, reconstituindo sua genealogia até
chegar ao antepassado comum: o individuo Marx Juke, nascido em 1720. Na família
aconteceram diversas uniões ilegítimas. Foram pesquisados 700 descendentes de Marx
Juke, sendo que mais da metade era constituída de criminosos, prostitutas, vadios, etc.
Verificou-se que 310 eram indigentes, 440 foram descritos como portadores de doenças
físicas graves, 50% das mulheres eram prostitutas e 130 haviam praticado diferentes
crimes, sendo que entre elas, existiram 7 homicidas. Em 1915, outro pesquisador deu
continuidade ao trabalho de Dugdale, voltando a pesquisar á Família Max Jukes, jánessa
ocasião com 2.094 descendentes. Dentre estes foram encontrados 76 desajustados
socialmente, 171 criminosos, 277 prostitutas, 282 ébrios contumazes, 323 tipicamente
degenerados e 255 mais ou menos corretos.
Outra família pesquisada foi a família francesa Chrétien, que teve 3 filhos: Píer,
assassino, teve 1 filho também assassino; Tomás teve 2 filhos assassinos e 1 neto ladrão
reincidente; Jean teve 7 filhos, sendo 4 ladrões e 2 filhas ladras, uma das quais teve 2
filhos assassinos e 4 ladrões; a terceira filha teve 1 filho assassino.
Também na família Zero, foram estudados 310 descendentes, dos quais 12% foram
criminosos, 28% imorais e indigentes, 41% vadios e somente 19% foram indivíduos tidos
como normais.
Na espécie humana, o DNA possui cerca de 100 a 200 mil genes. O Gene é encontrado
no núcleo das células, comandando todos os seus processos bioquímicos. Cada gene é
responsável pela produção de uma determinada proteína, que será necessária para o
funcionamento ou para a estrutura do corpo. Um defeito no gene poderá afetar ou
impedir a síntese de uma proteína, daí promanando uma doença genética ou
deformidade.
Os tecidos humanos mais ricos em DNA são os glóbulos brancos do sangue, o esperma,
os fios de cabelo, a polpa dentária e a medula óssea. A análise do DNA começa com a
retirada de uma amostra desse material orgânico (geralmente sangue ou esperma)
através da aplicação de uma solução específica (tensoativo com enzima proteolítica)
que fragmenta a amostra. Em seguida esses fragmentos do DNA (de diversos tamanhos)
são espalhados sobre uma superfície gelatinosa e submetidos a uma corrente elétrica,
que os faz ficar em fila, em ordem crescente de tamanho. Finalmente, os fragmentos do
DNA são transferidos para uma película de “nylon” que é colocada sobre um filme de
radiografia. A radioatividade imprime no filme a seqüência de fragmentos do DNA
como em uma fotografia. A comparação das “fotos” comprova se as amostras
pertencem á mesma pessoa.
Reforçando o que já foi explicitado, relevante enfatizar que todo o indivíduo possui um
fenótipo e um genótipo. Genótipo é o conjunto de fatores que constituem a bagagem
hereditária do indivíduo e que é recebida de seus ascendentes. Fenótipo é o que o
indivíduo aparenta ser (aspecto, cor, cabelo, funções fisiológicas, etc.).
Do ponto de vista da medicina forense é incorreto falar em herança criminal. Não está
estabelecido, de fato, que alguém possa delinquir através de sua configuração
genotípica.
Admite-se, isto sim, que um individuo mal nascido (com um legado psicopático e
educação viciosa ou submetido a fatores ambientais paratípicos) possa acabar no crime,
do mesmo modo que seus ascendentes.
A herança poderá ser um fator predisponente ao crime, não fator de sua acção direta
que prescinde de uma base com circunstâncias favoráveis. Um paranóico homicida
quiçá transmita a seu filho uma constituição paranóica que poderá levá-lo ao homicídio,
porém, isto não é herança criminal, pois o crime é só um acidente. O importante é a
herança patológica mental. O pai pode ser um simples neuropata, tornando-se
homicida por circunstâncias totalmente eventuais, enquanto o filho pode vir a sê-lo
como consequência, por exemplo, de um delírio de perseguição.
De qualquer modo, seria assaz temerário afirmar que existe uma herança específica do
crime ou mesmo certas condições físicas ou psíquicas herdadas que levam
irreversivelmente á prática delituosa.
Carecemos, ainda, de documentos definitivos que nos permitam afirmar com segurança
que, em certos casos, a criminalidade seja manifestação directa da herança, já que o
papel desencadeador das causas criminógenas do mundo circundante não pode ser
desprezado.
Em todo caso, a herança é um factor muito importante, porém, não de ação direta, mas
predisponente. Por outro lado, quanto mais pronunciada é a herança patológica, mais
separa o indivíduo do meio social normal, o que acentua mais ainda as suas
possibilidades negativas.
Quer dizer que, ao que parece, a maior parte dos fatores que integram a constituição, a
inteligência, o temperamento e o caráter, combinam entre si e se misturam de forma
muito variada na descendência, de maneira que jamais podemos prescindir dos fatores
do mundo circundante, já que são capazes de permitir ou não o aparecimento de um
caráter endógeno.
Nunca será demais repetir que uma coisa é a bagagem hereditária dos pais e outra as
alterações que possa sofrer um sujeito durante a sua vida e que podem influir depois
sobre os seus descendentes.
São conhecidas com o nome de blastotoxias todas as causas alheias á herança que
influem patologicamente nas células germinais do indivíduo e, por conseguinte, na
descendência.
Vamos agora estudar essas causas de acordo com os diferentes períodos do ciclo vital.
Todos os fatores que podem ser nocivos para a mãe durante o período de gravidez,
também podem ser para o filho. Não esqueçamos as relações estreitas que existem
entre a mãe e o filho durante este período em que ele é alimentado através da placenta.
Todas as causas patológicas ou toxicológicas que podem afetar a mãe, podem também
afetar a criança.
No entanto, depois dos estudos desse grande psicólogo, chegouse á conclusão que isto
era um grande erro, pois é durante a infância que o indivíduo é mais sensível á tais
fatores.
Os pais muito severos ou depravados também influem na psique de seus filhos, que
começam a acumular os primeiros ódios contra os pais e depois contra a sociedade.
De acordo com a análise de Freud, este período de vida é o mais importante de todos
sob o ponto de vista psicológico.
Por outro lado, o deficiente ambiente moral em que se vive gera ideias erróneas no
menino, como ter atos de virilidade, conhecer o sexo precocemente, embriagar-se,
fumar, etc.
O adulto não é outra coisa do que a consequência de uma luta constante entre os
factores hereditários e as exigências e imperativos do meio ambiente. Quando ambos os
factores actuam no mesmo sentido, ou seja, de forma desfavorável ou favorável,
teremos indivíduos anormais ou normais, respectivamente. Se ambos os fatores se
contrapõem, aparece o grupo dos“desorientados”, como o neuropata, o psicopata, etc.
Isto nos conduz á uma conclusão dolorosa: A humanidade está se tornando neurótica. A
civilização ocidental, com suas grandes cidades, estas com seus conglomerados de
indivíduos, acarreta uma série de consequências palpáveis nestes, sob todos os pontos
de vista.
Entretanto, tem sido muito difícil estabelecer um limite entre o normal e o anormal.
Qualquer pessoa está sujeita a sofrer transtornos mentais. Os factores exógenos influem
imponderavelmente na vida do individuo. Qualquer fato decisivo, como o falecimento
de um familiar, se nos surpreende numestado emocional de fraqueza, quer dizer, de
hipersensibilidade, pode se romper o equilíbrio das faculdades do indivíduo.
IDADE E SEXO
Continuando o estudo dos fatores endógenos do crime, vamos analisar a influencia que
poderiam ter na criminalidade a idade e o sexo.
Segundo Cláudio Beato, pesquisador da UFMG, “sexo e idade são os dois únicos fatores
inequivocamente relacionados á criminalidade”.
Isso se deve a que o jovem é especialmente suscetível á influência forte de amigos, tem
grande necessidade de afirmação de valores individuais, tem necessidade de dinheiro e
geralmente não encontra empregos por não ter experiência.
Segundo dados do Censo Penitenciário de 1995, 57% dos presos brasileiros tinham
menos de 30 anos (em 2004, segundo o MJ, esse nº aumentou para 60%), e 30% deles
tinham menos de 30 anos. A taxa de mortes violentas é substancialmente maior entre
jovens até 25 anos: 39 de cada mil jovens morrem assassinados no Brasil, 61 de cada mil
só na capital paulista.
Pode-se afirmar que certos tipos de delitos têm uma idade propícia para sua
consumação, o que é de grande importância.
Observou-se que os delitos contra o patrimônio ocorrem com maior freqüência entre os
16 e os 26 anos.
Legalmente, na maioria dos lugares a idade penal se estabelece depois dos 20 anos. No
Brasil, contudo, a idade da responsabilidade penal é aos 18 anos.
Os crimes passionais têm a sua freqüência máxima entre os 30 e 40 anos, sendo pouco
freqüente antes dos 30 ou depois dos 40 anos. Um delito passional cometido antes dos
30 ou depois dos 40 anos, nos levará a deduzir a existência de uma personalidade
perturbada, sobretudo se ocorre depois dos 40 anos, quando é possível que haja a
influencia da arterioesclerose, de uma alteração endócrina, etc.
A idade senil também tem influencia dentro destes fatores endógenos. Há mulheres
honestas que depois da menopausa adquirem uma tendência libidinosa que as torna
irreconhecíveis e propensas aos maiores desatinos sexuais. Isto também acontece com
os homens. Como vemos, quando se fala em idade, isso não é em Criminologia um
conceito tão fácil de precisar.
- Alemanha: 14 anos
- Dinamarca: 15 anos
- Finlândia: 15 anos
- França: 13 anos
- Itália: 14 anos
- Noruega: 15 anos
- Polônia: 13 anos
- Escócia: 8 anos
- Inglaterra: 10 anos
- Rússia: 14 anos
- Suécia: 15 anos
- Ucrânia: 10 anos
ÁSIA
- Blangadesh: 7 anos
- China: 14 anos
- Coréia do Sul: 12 anos
- Filipinas: 9 anos
- Índia: 7 anos
- Indonésia: 8 anos
- Japão: 14 anos
- Maynmar: 7 anos
- Nepal: 10 anos
- Paquistão: 7 anos
- Tailândia: 7 anos
- Uzbequistão: 13 anos
- Vietnã: 14 anos
ÁFRICA
AMÉRICA DO NORTE
AMÉRICA DO SUL
- Argentina: 16 anos
- Brasil: 18 anos
- Chile: 16 anos
- Colômbia: 18 anos
- Peru: 18 anos
ORIENTAL MÉDIO
Outro fato interessante é que a criminalidade feminina aumenta á medida que aumenta
a participação da mulher na vida social, política e econômica do pais. Verificou-se que a
mulher tem uma astúcia especial para lograr impunidade nos delitos nos quais incorre. É
mais astuta na elaboração do delito, em apagar ou fazer desaparecer os vestígios, etc.
Por esta razão, muitos infanticídios, abortos, envenenamentos, etc., jamais são
descobertos.
CRIMINOLOGIA CLÍNICA
A Criminologia Clínica representa o setor de aplicação prática e reinserção social do
delinqüente, apoiando-se, para tanto, no exame de sua personalidade.
Ensina o renomado jurista e criminólogo Álvaro Mayrink da Costa: “O exame
criminológico constitui o princípio básico da Criminologia Clínica, sendo que os
métodos utilizados não variam apenas segundo sua natureza médica,psiquiátrica,
psicológica ou social, mas diferem, entre si, pelo grau de profundidade que possam ter”.
CARÁTER E NARCISISMO
O caráter significa a maneira psíquica de um indivíduo reagir aos acontecimentos, o
aspecto psicológico da personalidade, mais particularmente, a nota afetivo-volitiva.
Aliás, a tentativa de estabelecimento de tipos morfológicos é antiga, tendo iniciado com
Hipócrates.
O narcisismo pode ser considerado como uma forma de autoerotismo, sem ser
acompanhado de orgasmo sexual concreto. Entende-se, inclusive, que o narcisismo
pode levar ao orgasmo sexual. A rigor, o narcisismo implica na excitação sexual
produzida pelo próprio corpo, sendo mais comum nas mulheres. Segundo a fábula,
Narciso foi personagem que, mirando-se numa fonte, ficou de si próprio enamorado.
OS CICLOTÍMICOS E OS ESQUIZOTÍMICOS
Enfim, a grosso modo, a personalidade é a maneira estável de ser de uma pessoa, que a
distingue de outra.
Na Idade Média, a insanidade mental era tida como resultado do pecado e de uma
existência libertina.
Em 1835, usava-se a expressão “insanidade moral” (insanity moral) para designar a
conduta anti-social e a ausência de senso ético de certos delinqüentes.
Em 1923, em sua obra Personalidades Psicopáticas, Kurt Schneider define:
“personalidades psicopáticas são as anormais, que sofrem por sua anormalidade ou
fazem sofrer a sociedade”.
Schneider assim classifica os portadores de personalidade psicopática: hipertímicos,
deprimidos, inseguros de si mesmos, fanáticos, ansiosos de valor, explosivos, atímicos
ou insensíveis, hipobúlicos e astênicos.
Diz Jason que “é definitiva a prova de uma correlação hereditária entre psicopatas e
delinqüência na Criminologia Moderna, e, desta sorte, Lombroso reaparece
modernizado”.
Em 1985, numa madrugada, na cidade de São Paulo, na moradia de seus pais situada no
bairro de Santa Catarina, o jovem Roberto Peukert Valente, com 18 anos de idade,
portador de epilepsia condutopática robustamente atestada por perícia
médicopsiquiátrica, matou a tiros e a facadas seus pais e 3 irmãos menores, sem
motivos aparentes. Em seguida, colocou os5 cadáveres no porta-malas de um veiculo
que abandonou no Jardim Marajoara. Depois voltou para sua casa para lavar a garagem.
Subseqüente, foi á padaria para comprar pão e leite para o café da manhã. Preso e
interrogado pela polícia, Roberto denotou frieza, insensibilidade e algum esquecimento
ao confessar o crime e sua execução, tudo nos moldes da teoria do “criminoso epilético”
de Lombroso. Este quíntuplo homicídio, por sua causação pouco comum, foi largamente
noticiado por emissoras deTV brasileiras e pela RAI (Televisão italiana).
Ainda que não haja um consenso amplo sobre o que seja o transtorno mental,
usualmente se caracterizam as personalidades psicopáticas por sua imaturidade
emocional e infantilismo, com acentuados defeitos de julgamento. Elas são sujeitas á
reações impulsivas, sem consideração paracom os outros. Também estão sujeitas á
instabilidade emocional, com oscilações rápidas do transtorno para a depressão por
causas banais.
Aspectos especiais dos indivíduos psicopatas são “traços criminais acentuados” (eis o
porque da importância da análise das personalidades psicopáticas em livros dessa
natureza). Neles, igualmente, são aspectos especiais a deficiência moral e a perversão
sexual. A sua inteligência, de acordo com os testes padrões, pode ser normal ou
superior.
Para o Direito Penal são considerados responsáveis, respondendo por seus delitos.
Os tipos de personalidades psicopatas, a grosso modo, são os abaixo elencados:
g) Poriômanos: são subtipos dos instáveis; referem-se á indivíduos que, sob a influencia
de estados afetivos íntimos fortes, sentemse compelidos á fuga durante horas;
procuram, por assim, dizer, a terra dos seus sonhos, de seus desejos acalentados. Alguns
crimes bárbaros referidos de tempos em tempos pelos jornais, são, muitas vezes,
cometidos pelos poriômanos.
a) as doenças em geral;
b) asendo-intoxicações;
c) as exo-intoxicações;
d) as infecções, sobretudo sifilítica;
e) a herança;
f) ascrenças e superstições;
g) as causas psíquicas, sobretudo emotivas;
h) as causas mecânicas, comotraumatismos, sobretudo os cranianos;
i) as disposições individuais;
j)as causas fisiológicas.
Quando conduz seu interesse para o doente que interessa à criminologia, a Psiquiatria
passa a denominar-se Psiquiatria Forense ou Psicopatologia Forense.
Conforme esclarece Geraldo Vasconcelos, torna-se complexo apresentar uma
classificação rígida das doenças mentais, seja pelo subjetivismo de cada autor, seja pela
variedade da aferição classificadora, seja pela designação e conceituação diferentes das
enfermidades.
Flamínio Fávero, Psiquiatra Médico Legal, classificava os distúrbios psíquicos em:
NEUROSES
São distúrbios psicológicos menos severos do que as psicoses, mas suficientemente
graves para limitar o ajustamento social e a capacidade de trabalho do indivíduo.
Usualmente atribuída a conflitos emocionais inconscientes, a neurose, ou psiconeurose,
constitui um dos pontos de partida para a análise psíquica de Freud.
Hélio Gomes diz que “as neuroses são estados mórbidos característicos por
perturbações psíquicas e somáticas, que causam grande sofrimento íntimo,
determinadas por fatores psicológicos, embora em algumas intervenham fatores
orgânicos”
Helio Gomes, esclarece: “Os sintomas neuróticos são numerosos e variados, incluindo
manifestações psíquicas, neurológicas e viscerais. Na parática esses sintomas se
apresentam associados, constituindo diversas síndrome neuróticas.
Slater diz que: “tal como para as psicoses, também existe uma disposição genética para
as neuroses”.
PSICOSES
É tradicionalmente classificada em dois grupos: psicose orgânica e psicose funcional.
Clinard entende que a psicose orgânica é doença cuja origem decorre de algum germe
patógeno, de alguma lesão no cérebro ou, então, de desordem fisiológica, tudo sem
conotação hereditária. Como exemplos de psicose orgânica podem ser citadas a
demência senil, a psicose sifilítica, a psicose alcoólica, a arteriosclerose cerebral etc...
a) esquizofrenia,
b) parafrenias ou paranóias,
c) psicose maníacodepressivas,
d) epilepsias,
e) oligofrenias,
f) personalidades psicopáticas,
g) sífilis cerebral e paralisiageral progressiva,
h) psicoses senis,
i) psicoses alcoólicas e por psicotrópicos.
As psicoses se apresentam em variadas formas, algumas das quais aqui serão referidas:
Paralisia geral: também chamada “demência paralítica”, é a mais grave entre as psicoses
sifilíticas. Caracteriza-se por uma demência progressiva, com acentuado
enfraquecimento do juízo, exteriorizado, via de regra, pela conduta absurda do doente,
para o que contribuem o desconhecimento da situação, a sugestibilidade exaltada, as
idéias delirantes, a ausência de qualquer idéia de enfermidade. A debilidade do juízo
acentua-se mais em consequência da memória da fixação, seguida da evocação, tudo
progressivamente mais lento e deficiente.
Psicose epiléptica: síndrome clínica cuja manifestação central é o ataque epiléptico, que
é um mero sintoma da moléstia e não a moléstia propriamente dita. O ataque epiléptico
de início é súbito, sendo seguido de perda de consciência e de queda com convulsões
generalizadas (contrações e tremores), tudo durando poucos minutos. Subseqüente
advem sono profundo ou coma. A psicose epiléptica pode ser precedida de
manifestações psíquicas. As vezes se observam pródomos, nas horas ou
dias precedentes aos ataques, referindo-se a modificações de humor ou a sintomas
físicos. Há também os ataques denominados de pequeno mal ou ausência, marcados
pela perda da memória ou da consciência do ambiente, isso por segundos ou minutos.
Há registros de perda de memórias por vários dias.
Há diversos tipos de epilepsia, mas alguns autores costuma agrupa-los em dois tipos
principais:
a) a epilepsia essencial,
b) a epilepsia jacksoniana (assim chamada por ter sido Jackson quem a descreveu,
dizendo-se adquirida e secundária, diferente da essencial ou primitiva).
1) Idiopáticas: são aquelas em que não se descobrem causas somáticas que possam
causa-la;
2) Reativas: compreendem um grupo de reações e desenvolvimentos psíquicos
motivados por causas psíquicas que sobrevêm em personalidades constitucionamente
predispostas, em indivíduos esquizóides.
3) Sintomáticas: causas exógenas (infecção, intoxicação)
forma tal que amigos e inimigos podem apresentar-se doente sob variados aspectos.
Tais falsas premissas levam geralmente ao delírio de grandeza ou de perseguição
desenvolvido muito lentamente no transcurso dos anos. Particularmente chama a
atenção, a credulidade do doente no que se relacionam com suas idéias delirantes, ao
tempo em que afasta tudo que as contradizem.
Nos casos mais grave e em que existe ansiedade, o doente tende a movimentar-se
continuamente, passeia infatigável o dia todo de um lado para outro, chora muito e se
lamenta, arranca os cabelos ou esmurra a parede, chegando a bater com a cabeça na
parede, quebra objetos ou os atira furioso contra o solo, buscando no movimento a
descarga que o libere do sofrimento cruel que lhe provoca o intenso estado de tensão
interna.
Nos casos leves pede adotar uma atitude compensadora contrária a seu afeto.
Podem ser citados como intoxicações exógenas: cogumelos não comestíveis, frutos
silvestres daninhos, carnes deterioradas, conservas de condicionamento inferior etc.. e
os medicamentos (ergotina, bromo, cloral, digital, barbitúricos etc..) estes de regra,
relacionados a super dosagem.
Hélio Gomes esclarece: “As oligofrenias são distúrbios durante a evolução cerebral
durante a gestação ou nos primeiros anos de vida, acompanhados de numerosas
anomalias e com acentuado déficit intelectual. Há uma parada, ou umatraso do
desenvolvimento mental, determinado diversos graus de deficiência mental. Várias são
as causas das oligofrenias: sífilis, alcoolismo, casamentos tardios, precoces ou
desproporcionais, abalos morais reiterados durante a gravidez, infecções, perturbações
endócrinas. Há ainda os traumatismos do nascimento, 10% dos deficientes mentais dos
hospitais apresentam sinais de parto laborioso”.
Vale advertir, por oportuno, que tanto os imbecis quanto os idiotas podem ser dotados
de atividades automáticas espontâneas – tais como estereotipias motoras e impulsões
destrutivas e – reações peculiares às formas ditas eréticas. Em compensação, entre os
chamados apáticos, a regra é que se conservem inertes, jogados a um canto qualquer,
alheados ao ambiente-acinéticos, entregues ao marasmo, a sordície e
as automutilações.
Outrossim, ao contrário do que acontece com os débeis mentais, tanto aos imbecis,
quanto aos idiotas, jamais faltam anomalias físicas, as mais diversas (macro, micro ou
escafocefalia, anorquidia, criptorquidia, hipospadia, macraglosia, lábio leporino,
sindatilia, polidatilia, etc.)
Uma das variedades de oligofrenias que vem sendo estudada mais intensamente nos
tempos atuais é a Síndrome de Down.
Face a esses estudos, a partir de 1959 e graças aos trabalhos de J. Lejeune e outros,
tem-se hoje por assente que o mongolismo relaciona-se com uma anomalia
cromossômica especial provinda da presença de um auroissoma suplementar,
constitutivo da chamada trissomia 21.
Sadismo: no sadismo sexual, usualmente é o homem que provoca dores, por vários
meios (tapas, socos, chicotadas e outros tipos de inflições de males físicos) à sua
companheira. Existem registros de casos em que o indivíduo chega ao orgasmo
enquanto apenas fere a vítima, sem possuí-la sexualmente. Este desvio comportamental
é muito mais freqüente nos homens.
Masoquismo: neste distúrbio, o indivíduo obtém prazer sexual quando lhe são infligidos
tratamentos dolorosos. Muitas vezes, o indivíduo exige que o parceiro sexual o
esbofeteie, arranhe, dêlhe tapas no rosto e em outras regiões do corpo, aperte-lhe o
pescoço em vias de quase esganar. Convém aduzir que, não raro, os sádicos são
também masoquistas e viceversa,encontrando-se, portanto, os dois distúrbios ao
mesmo tempo e funcionando concomitantemente na mesma pessoa, durante a relação
sexual. Essa perversão sexual é mais freqüente nas mulheres que nos homens,
contrariamente, portanto, ao que acontece como sadismo. Pedofilia: neste distúrbio, o
parceiro sexual é uma criança ou um adolescente.
Coprofilia: é o gosto pelos excrementos, quase sempre ligados a uma patologia mental,
também é encontrada na prática de relações sexuais.
Gerontofilia: é o desvio sexual que se caracteriza pela preferência por pessoa de idade
avançada. Riparofilia: é a atração por mulheres sujas, menstruadas. Travestismo: é
confundido, habitualmente, com o simples homossexualismo. Na quase totalidade, o
travesti é masculino e para obter satisfação sexual efetiva, é necessário que ele use traje
feminino.
O exame criminológico compõe-se de uma série de análises, pois através dele tem que
se chegar a uma visão pluridimensional da personalidade do autor do delito. Para tanto
participam desse exame um grupo de profissionais, (o psicólogo, o assistente social ou
um sociólogo, o médico e o advogado).
Exame Morfológico
Evidente que, nesse exame, se atenta para o físico em geral do periciado, verificando-se
seusas pectos neurológicos, patológicos e endocrinológicos, a parte das perícias
radiológicas e eletroencefalográficas que nele devem ser procedidas. Tudo para
registrar as particularidades ou peculiaridades que ensejam estabelecer caracteres
individuais, anormalidades, formações patológicas, malformações congênitas, caracteres
herdados,etc.
- Exame Funcional
Exame Psicológico
O exame psicológico deve ser amplo e ao menos aferir três aspectos fundamentais ao
interesse criminológico, quais sejam:
Exame Psiquiátrico
a) o desmantelamento do lar;
b) a falta de escolarização ou profissionalização; a institucionalização em casas de
reeducação da criança (creches, abrigos, orfanatos, etc.);
c) distúrbios precoces de comportamento;
d) desvios de conduta;
e) fugas do lar;
f) perturbações psíquicas da mais variada natureza.
2- Jurídico-penais: Entre eles:
Exame Moral
Existem pessoas que, por alterações de diversas naturezas, apresentam-se num patamar
muito baixo de condições instintosensitivas, que constituem o alicerce do
desenvolvimento da efetividade moral. Fala-se numa agenesia (falta ou
desenvolvimento incompleto ou defeituoso) do sentimento moral, da imoralidade
constitucional, de uma diátese moral delinquencial (tendência hereditária para o crime),
para indicar que a pessoa, mesmo tendo moral teórica, como conseqüência da
aprendizagem teórica, não é capaz de senti-la e muito menos vivêla.
- Amorais: são aqueles que jamais foram capazes de assimilar princípios ético-morais.
Estes constituem a maioria dos delinqüentes e caracterizam-se pelo embotamento
afetivo. São indivíduos desprovidos de piedade, de compaixão, de vergonha, de pudor.
Em regra, são raivosos, frios, calculistas, insensatos, traiçoeiros, egoístas, incapazes de
arrependimento, enfim, moralmente impuros.
Exame Social
Por este exame busca-se conhecer as condições que poderiam ter influenciado a
conduta anti-social do agente da ação, principalmente se decorrentes do meio social
em que nasceu, cresceu e viveu. Interessa a este exame o tipo de vida levada pelo
criminoso, o meio familiar, a sua situação econômica, a roda de amigos, etc.
Exame Histórico
e com quais pessoas; se foi ajudado por alguém e de que forma; se prestou ou não
socorro ou auxílio á vítima, etc.
Tratamento Delinquencial
Em seu livro Psicologia do Crime, falando sobre a personalidade, o prof. Odon Ramos
Maranhão, atribui-lhe natureza “normal”, “mórbida” e “defeituosa”.
Tal divisão tríplice dos indivíduos, sob o ponto de vista jurídico, obedeceria o
seguinteesquema:
Os psicólogos e psiquiatras, por sua vez, dizem da existência do que denominam fases
intrapsíquicas do crime e que seriam:
Intelecção ou“gnosia”;
a) Desejo ou tendência;
b) Deliberação ou dúvida;
c) Intenção;
d) Decisão;
e) Execução ou realização.
Por tudo o que foi dito, de se trazer ao palco da colação criminal mais um personagem:
o “criminoso social”. Dito isso, forçoso concluir que o homem criminoso haverá sim de
ser analisado e pesquisado sob todos esses matizes, ou seja, em todos os seus aspectos
estruturais, funcionais, racionais ou psíquicos, psiquiátricos, sociais e, através disso tudo,
se possa descortinar a sua personalidade, pois sem sombra de dúvida, é da forma como
ela reage, quer aos estímulos internos (ou endógenos), quer aos externos (exógenos),
na antecâmara da ação delituosa, que o crime virá ou não a acontecer.
Para Lombroso, não padecia dúvida que o calor influi sobre a criminalidade e, disto, cita
exemplos o brilhante e controvertido médico italiano.
Em seu livro Principles of Criminology, Edwin Sutherland vai mais longe, afirmando que
no verão são mais numerosos não apenas os crimes contra a pessoa, mas, também, os
delitos contra a moral.
Tendo em mira que o crime é determinado pelo comportamento do indivíduo, supõe-se
que os fatores cosmotelúricos, tendo a capacidade de atuar sobre o sistema nervoso e o
psiquismo da pessoa, poderiam, então, influenciar a conduta humana a ponto de levá-la
á prática delitiva, mas sempre de modo indireto.
O assunto foi pesquisado por Adolphe Quetelet, que formulou suas conhecidas “Leis
Térmicas”, estabelecendo certa relação entre as diversas estações do ano e um
determinado número e tipo de delitos.
A 1ª lei de Quetelet baseia-se nos delitos contra a propriedade, os quais, segundo ele,
são mais freqüentes no inverno; a 2ª lei refere-se aos delitos contra a pessoa, que
observou serem mais cometidos no verão; e a 3ª lei refere-se aos crimes sexuais, cuja
freqüência mais corrente é na primavera e no início do verão.
No Brasil, os delitos contra a pessoa são cometidos mais no verão, pois há mais
ajuntamento de pessoas nas ruas e nos estabelecimentos comerciais, dorme-se mais
tarde, bebe-se mais, discute-se mais, etc. Os crimes sexuais são mais praticados durante
o período de carnaval, onde o sexo está mais liberado. Os crimes contra o patrimônio
são cometidos mais no verão do que no inverno, pois, no verão as pessoas ficam mais á
vontade e se descuidam de seus valores pessoais (bolsas, pacotes no interior do veículo,
etc), sendo vítimas fáceis de larápios que também se aproveitam das aglomerações
próprias do verão.
Higiene
É notório que a falta de higiene é uma das características das moradias dos pobres e
miseráveis, que se acotovelam na promiscuidade dos cortiços, das casas de cômodos e
das favelas. Aí falta tudo: espaço físico vital, luz ou luminosidade adequadas, instalações
sanitárias, condições de oxigenação ambiental, etc. O que não falta é o cheiro
desagregador da dramaticidade vil e cruel da injustiça social, provinda da má
distribuição de riquezas, que impera nas camadas sociais não privilegiadasdos países do
epitetado Terceiro Mundo.
Registre-se, também, que habitações pouco arejadas, sem sol e sem luz, favorecem
enormemente a propagação de doenças infecto-contagiosas entre as pessoas que ali
coabitam.
Nutrição
Sistema econômico
Não resta dúvida que as condições econômicas exercem marcante influência na vida em
sociedade.
Todo transtorno operado nas condições de vida do povo desloca, violentamente, uma
parte de seus membros do ambiente normal de existência para uma outra vereda da
vida social, que pode vir a ser o caminho do crime.
Mas, para a eclosão do delito, também contribuem outras camadas do estamento social,
situadas na esfera dos socialmente mais desenvolvidos. Esses tipos de delitos
correspondem às cifras douradas da criminalidade, também chamados de “crimes do
colarinho branco” (white collar crime) ou seja, aqueles cujos criminosos possuem poder
político, econômico ou social e que, por isso, suas atuações criminosas, na absoluta
maioria dos casos, permanecem impunes, quase que representando uma condição de
inimputabilidade situacional.
Pobreza
É evidente que há uma relação estreita entre a pobreza e o crime. De enfatizar que os
assaltantes, em sua quase totalidade, são indivíduos rudes, semi-analfabetos e pobres,
quando não miseráveis. Sem formação moral adequada, eles são párias da sociedade,
nutrindo indisfarçável raiva e aversão, quando não ódio, por todos aqueles que
possuem bens de certo modo ostensivos, especialmente automóveis de luxo e mansões,
símbolos inquestionáveis de um status econômico superior.
Esse ódio ou aversão contra os possuidores de bens age como verdadeiro fermento,
fazendo crescer o bolo da insatisfação, do inconformismo e da revolta das classes mais
pobres da sociedade, e essa violência e agressividade, infalivelmente, as levarão ao
cometimento de alentado número de atos anti-sociais, desde a destruição de uma
simples cabine telefônica até à perpetração dos crimes mais bárbaros, dando números
maiores às altas taxas de criminalidade.
Miséria
A miséria é a pobreza elevada ao extremo. É o estado daqueles que tem muito pouco
ou não tem mais nada. A estes falecem, mais ainda que aos pobres, todas aquelas
condições mínimas de sobrevivência com um resquício de dignidade. Essa miséria
debilita centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, tornando-as, como os
pobres, presas fáceis da senda do crime.
É sabido que avaliações recentes da ONU revelam que, a par da alarmante mortalidade
infantil existente no Terceiro Mundo, a quantificação da miserabilidade nos países
pobres da América Latina, África e Ásia já atinge a cifra de 1 bilhão e quase 300 mil
pessoas! Em levantamento complementar ao de 1994 que registrava, nas nações
subdesenvolvidas, a morte anual de 500 mil crianças em razão da miséria, a informação
atual da Unicef é de que não menos de 700 mil infantes morrem anualmente nesses
países. No Brasil, por exemplo, a miséria e a fome matam mais de 300 mil pessoas
anualmente, entre adultos e crianças.
Não há como negar, entretanto, que a situação de miséria representa mais que
considerável ingrediente no poder de decisão do indivíduo que tende para o
comportamento criminoso
Mal-vivência
O desemprego, o subemprego, a falta de moradia etc., são outros fatores que impelem
o indivíduo a assumir a condição de malvivente mesológico.
Sutherland indica que o Estado deve olhar com mais carinho a criança na escola,
preservando-a contra os perigos de seu ingresso na criminalidade, para tanto,
preparando adequadamente os professores. Certa feita, afirmou Vitor Hugo, que “Abrir
uma escola, eqüivale a fechar uma prisão”.
Ninguém ignora que nos países com grande número de analfabetos, de que é exemplo
o Brasil (cerca de 29 milhões de analfabetos, conforme último senso) é grande o
contingente de analfabetos entre os criminosos (de 15,1 milhões de analfabetos,
inseridos em um total de 875 milhões no mundo).
Casa
Oque dizer da moradia, da casa onde a pessoa vive com sua família? O que ela pode
representar em termos de oferecer condições de predisposição à criminalidade?
Rua
Arua, com toda a espécie de maus exemplos que pode oferecer, inclui-se no crime.
Diga-se que à rua acorrem, igualmente, as infelizes crianças de lares desmantelados,
onde se iniciam cheirando cola (os “drogaditos”) e terminam assaltando e matando, não
raro, cruelmente.
Desemprego e Subemprego
Hoje, é freqüente que as camadas de baixa renda aumentem seus ganhos com a prática
de atividades que, não raro, invadem a área de criminalidade como, por exemplo, o que
ocorre comos chamados “trabalhadores de fronteira”, que através de pequenos
contrabandos objetivam aumentar sua renda mensal.
Profissão
A atividade profissional do indivíduo, desde que se trate de um predisposto, poderá
incliná-lo à prática de determinado delito. Assim acontece com certos empregados
domésticos que, em virtude da própria facilidade que encontram e possuindo tendência
para tal, passam a cometer pequenos furtos domésticos, prática que pode, com o
tempo, adquirir aspectos de maior gravidade. É comum, por exemplo, a doméstica
conluiar-se com um elemento de fora (quase sempre um namorado) e oferecer-lhe a
chave da residência para que ele, isoladamente ou com parceiros, subtraia os objetos de
valor ali existentes.
Guerra
Industrialização
O excesso da industrialização num país, via de regra eleva a criminalidade, e a razão
principal disso parece residir na aglomeração forçada de elementos de condições
pessoais diferentes, principalmente se encarados sob os prismas racial, educacional e
econômico.
Nas regiões industrializadas sempre existem indivíduos que, não reunindo condições de
emprego por não integrarem o contingente de mão de obra especializada, ou por não
possuírem condições intrínsecas de adaptação às novas exigências do progresso do
sistema de produção, passam a viver à margem do industrialismo mais sofisticado e,
não encontrando uma ocupação, tendem a engrossar as fileiras do crime.
Estatísticas criminais revelam que a grande maioria dos crimes são economicamente
motivados pela “aquisição” de algum bem, dinheiro ou algo nele conversível. Em razão
disso, em todas as cidades com grandes índices de criminalidade, os delitos contra o
patrimônio ocupam a cifra de mais de 50% do total de todos os delitos.
Por outro lado, tem-se verificado que nos crimes contra o patrimônio localiza-se não só
a forma mais acentuada de criminalidade, mas também de violência, fundamentalmente
quando observados os comportamentos do furto qualificado, do roubo, do latrocínio,
da extorsão mediante seqüestro, do cárcere privado, etc.
O estudo do crime correlacionado aos aspectos econômicos, mostra que sua tendência
de crescimento é maior quanto maior for o número de desempregados nas grandes
cidades. Quanto mais fermento (pobreza), maior o tamanho do bolo (criminalidade),
resultado de “fermentação social da criminalidade”.
A violência urbana pode ser vista como uma atividade de pequeno risco, principalmente
se o infrator é membro de uma quadrilha bem organizada, como sói acontecer com
“gangs” de seqüestradores, assaltos a bancos, de tráfico internacional de drogas, etc.,
que apenas vez ou outra são alcançados pela repressão.
Migração e Imigração
Política
A organização política dos países, sem sombra de dúvida, exerce grande influência
sobre a vida dos componentes dos diversos grupos sociais que neles estão inseridos e,
conseqüentemente, isso terá reflexos no fenômeno criminal
Polícia
A Polícia é um órgão vitalmente necessário à manutenção da ordem, à obediência às
leis, à segurança civil, à permanência do Estado. Sua tarefa mais relevante é a prevenção
do crime, sua característica deve ser a vigilância constante. Todavia, pode a Polícia,
através de maus elementos que venham integrar seus quadros, favorecer a prática de
crime, por via de ações delituosas individuais e até coletivas de seus membros (abuso
de poder, violência arbitrária, condescendência criminosa, corrupção passiva, peculato,
concussão, etc). A Polícia até pode pactuar com o crime (acobertando criminosos ou
operando junto com eles; participando dos lucros da jogatina proibida; protegendo e
cobrando “taxas” de motéis, hotéis, casas de massagem e locais onde se explora a
prostituição; conluiando-se com narcotraficantes e seqüestradores e deles auferindo
numerários etc.).}
Justiça
Afigura-se verdadeiro paradoxo supor que a Justiça pode favorecer o crime. Nada mais
certo, entretanto, e pelas seguintes razões: os ricos podem contratar qualquer
advogado; a demora no julgamento importa num contato maior, dentro da prisão, de
criminosos e não–criminosos, por vezes resultando na perversão destes; os delinqüentes
recebem tratamento diferenciado por força de suas posses e a prisão, inclusive, parece
não comportar infratores de terno, colarinho e gravata.
A Justiça, não sendo urgente, deixa de ser justa, pois posterga direitos e procrastina
obrigações. A Justiça deve ater-se, sempre, ao império da lei e da ordem constitucional
vigente, ou seja, à Constituição.
O Judiciário perde a sua legitimidade, pois deixa de cumprir a vontade do povo, do qual
emana todo o poder, inviabilizando, assim, o bem estar social. Vale mencionar, também,
a existência de leis que absolutamente não são cumpridas, que representam “letra
morta”, que parecem inexistirem. Trata-se de “anomia” encontrada em zonas periféricas
e não-periféricas de cidades com São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, onde armas
são portadas irregularmente e mercadorias contrabandeadas são adquiridas em
estabelecimentos com registro comercial. O mesmo se diga, relativamente, à exploração
desenfreada de jogos de azar (corridas de cavalos, jogo do bicho, loterias esportivas,
bingos beneficentes, etc.) e aos anúncios, dissimulados ou não, favorecedores da
prostituição, inseridos em jornais de larga circulação.
Prisão
Inúmeras prisões, na quase totalidade dos estados brasileiros, estão, por assim dizes,
formando mestres e doutores em crimes.
Todos os governantes até aqui passados sabem que o sistema prisional brasileiro está
em falência absoluta, mas pouco ou nada fazem para solucionar o problema. Milhares
de mandados de prisão não são cumpridos por falta de ter onde colocar aqueles contra
quem pesam esses mandados.
Raça
Sexo
Dizem, algumas estatísticas, que a proporção existente entre delitos cometidos por
homens e mulheres é de 6 para os primeiros contra 1 para as segundas. Observando-se,
ainda, que a proporção da criminalidade feminina aumenta à medida que aumenta a
participação da mulher na vida social, política e econômica do país em que vive.
Idade
O crime varia de acordo com a idade e nada é mais natural. Assinalam, alguns autores,
que delitos de determinadas naturezas são praticados em certas faixas etárias, por
exemplo, entre 21 e 24 anos seriam mais comuns os delitos de homicídio e a prática da
prostituição e da vadiagem. Segundo Sutherland, a idade máxima da criminalidade está
no período jovem da vida, apresentando um decréscimo a começar dos 30 anos. Entre
homens com mais de 70 anos é grande a média de crimes sexuais. Seja um menino, um
adulto de 25 anos ou um homem de 100 anos, há que se ter em conta o meio em que
vive.
Criminosos por contágio moral não só se deixam conduzir pelos outros, como são
levados por eles para a criminalidade. São uma espécie de papel carbono.
Jogo
Quando não se reveste de ilicitude penal, por ser proibido, o que o definiria como vício
criminoso, pode ser considerado como fator de criminalidade (cheques sem fundo,
agressões e até homicídios são cometidos em virtude do jogo).
Religião
Há que se evitar o perigo representado pela crença, por vezes extremamente absurda,
sobre o que o vulgo denomina de “misericórdia divina”. São religiões, seitas ou
doutrinas, umas que levam, pelo fanatismo, seus adeptos ao suicídio; outras se prestam
á que determinados religiosos pratiquem todas as espécies de violações sexuais contra
mulheres incautas e culturalmente despreparadas, como acontece em certos rincões do
Brasil e possivelmente de outros países subdesenvolvidos.
Prostituição
Microcriminalidade e Macrocriminalidade
Crime de Colarinho Branco: É a violação da lei penal por pessoas de elevado padrão
socioeconômico, no exercício abusivo de uma profissão ilícita. É a delinqüência
econômica. É o crime daqueles indivíduos de alto ou significativo status
socioeconômico, que tranqüilamente ignoram as leis para aumentar os lucros de suas
atividades ocupacionais, principalmente aquelas relativas ao gerenciamento de negócios
e empresas.
Nesta espécie de crime a violência praticamente inexiste, pois que seus promovedores
atingem os propósitos colimados através da astúcia e da fraude. Respaldando
fundamentalmente em seu poderio econômico, o criminoso de colarinho branco
desfruta de ampla impunidade, de respeitabilidade social e até de intangibilidade!
No Brasil, intenta-se, diga-se assim, combater o “crime de colarinho branco” com a Lei
7.492, de 16 de junho de 1986, coadjuvada pela Lei 8.884, de 11 de novembro de 1994.
a Lei 7.492/86 ironicamente é epitetada por muitos de “Lei de Regência”. A Lei 8.884/94
é a chamada “Lei Antitruste” que, alterando dispositivos do Código Penal Brasileiro,
possibilita a prisão preventiva com garantia de “ordem econômica”.
Inquestionável, por outro lado, que hoje a atuação do crime organizado é praticamente
universal. A máfia tende a crescer ainda mais, e assim também aquelas organizações
menores, algumas das quais lhe são aparentadas como a “Camorra” de Nápoles, a
“Sacra Corono Unita” de Púglia e a “N’drangueta” da Calábria. E igualmente se
expandem as Tríades Chinesas e a Yakuza japonesa.
A máfia japonesa tem como principal fonte de renda o tráfico de drogas, a exploração
da prostituição, a venda de armas, a extorsão através de “taxas de proteção”, os jogos e
as apostas, etc.
É sabido que em outros países operam associações criminosas nos moldes da máfia,
embora em proporções menores. É o que acontece na França, Inglaterra, Alemanha,
Turquia, Peru, Bolívia, Paraguai, Colômbia, Brasil, etc.
Na Colômbia, aliás, impressiona por sua força e influencia política o chamado Cartel de
Medelin, chefiado até fins de novembro de 1993 por Pablo Escobar Gaviria e que
chegou a responder por 75% do comércio mundial de cocaína, obtendo uma fortuna
calculada em US$ 3 bilhões!
Não obstante, em pleno século XXI, os cartéis de cocaína da Colômbia, agora com
dezenas de chefes e centenas de subchefes.
Vitimologia
Desde a Escola Clássica, impulsionada por Beccaria, passando pela Escola Positiva de
Lombroso, Ferri e Garófalo, o Direito Penal praticamente teve como meta a tríade
delito-delinquente pena.O outro componente do contexto criminal, a vítima, jamais foi
levado em consideração. Isto apenas passou a ocorrer quando outras ciências, e
principalmente a Criminologia, tiveram que vir em auxílio do Direito Penal para a análise
aprofundada do crime, do criminoso e da pena.
Benjamin Mendelsohn situa a Vitimologia como uma ciência que ele entende distinta da
Criminologia. Outros criminalistas, porém, negam que a Vitimologia seja mesmo uma
ciência. Contudo, irrelevante que a Vitimologia seja, ou não, uma ciência. Na realidade,
ela desponta como um dos ramos da Criminologia, ramo que, sob a filtragem do Direito
Penal e da Psiquiatria, tem por escopo a observação biológica, psicológica e social da
vítima em face do fenômeno criminal.
No contexto delituoso a vítima pode ser inteiramente passiva ou, ao contrário, pode ser
ativa e concorrente. Crimes há, em sua gênese, onde não se vislumbra nem ação nem
omissão da vítima, como o aborto consensual, por exemplo. O caso, é o nascituro quem
se transforma em vítima. Aausência da pessoa a ser vitimada também será suficiente
estímulo para que ocorra furto ou furto qualificado em sua residência. Da mesma forma,
poderá servir de estímulo á prática de roubo e até de latrocínio, o fato da pessoa se
expor em locais inidôneos ou suspeitos exibindo dinheiro, jóias ou valores. De
mencionar, ainda, certas modalidades de estelionato nos quais a participação da vítima
é fator primordial para o desenlace anti-social, eis que, nessas infrações, ao contrário de
estar em oposição, a vítima está psicologicamente solidária com o delinqüente.
Incontáveis, ademais, os episódios criminais em que a vítima é a causa eficiente do
delito que, sem ela, sem a sua ocorrência ativa, jamais teria ocorrido. É o que ocorre em
muitos crimes sexuais, como, por exemplo, o estupro, pois não são raros os caso em
que, em última análise, a maior vítima dos crimes sexuais é o acusado e não a “pobre e
infeliz” ofendida.
As Vítimas Autênticas
a) vítima inocente, que não concorreu a qualquer título para o evento criminoso;
b) vítima provocadora que, voluntária ou imprudentemente, colabora com os fins
pretendidos pelo delinqüente;
c) vítima agressora, simuladora ou imaginária, que não passa de suposta vítima (ou
pseudovítima) e, por isso, propicia a justificativa de legítima defesa de seu “atacante”.
O regramento jurídico penal brasileiro não estabelece a reparação dos danos sofridos
pela vítima. Enquanto se tem batalhado por uma ampla “humanização da pena”, nada
se faz, entre nós, no sentido da “humanização das vítimas dos delitos”, até agora
inteiramente esquecidas, não obstante no 1º Congresso Internacional de Vitimologia,
realizado em Jerusalém, tenha sido recomendado que as nações criem um instrumento
oficial de compensação ás vítimas do crime, independentemente de possível reparação
material por conta do próprio criminoso, na área cível.