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DIREITO PENAL DO INIMIGO: REFLEXOS NO ORDENAMENTO JURÍDICO


BRASILEIRO

Elisandra Mai Rodrigues1

Thiago Andrade dos Santos2

RESUMO

Este artigo cuidou abordar de maneira objetiva, os principais pontos sobre a teoria
do Direito Penal do Inimigo, cunhada pelo jurista alemão, Günther Jakobs, trazendo
as características e ideias mais relevantes, defendidas pelo autor. De maneira
sucinta, a teoria encabeçada por Jakobs, propõe a divisão do direito penal em dois
tipos: o direito penal comum e o direito penal do inimigo. Como o próprio nome
sugere, o primeiro tipo seria destinado ao cidadão, e teria como objetivo demonstrar
a validade da norma, e o seu poder de coerção. Já o segundo, voltado ao inimigo,
teria por escopo a própria manutenção do Estado, na medida em que visa
resguardar a sua existência. Com o intuito de enriquecer o estudo, buscou analisar a
crescente aparição das características desta teoria no ordenamento jurídico pátrio,
com a seleção de leis que revelam em seus dispositivos, traços marcantes do direito
penal do inimigo.

Palavras chaves: Direito Penal do Inimigo; Ordenamento jurídico; Inimigo; Cidadão.

1 INTRODUÇÃO

Com o surgimento do Estado Democrático de Direito, após a segunda guerra


mundial, a constituição deixou de ser entendida apenas como carta política,
passando a ter reconhecida a sua supremacia normativa, tornando-se, por sua vez,

1
Elisandra Mai Rodrigues, Aluna concludente do curso de Bacharel em Direito da Faculdade Doctum de Direito
da Serra – Rede de Ensino Doctum – Unidade Serra. E-mail: elisandra.mai@gmail.com.
2
Thiago Andrade dos Santos, Mestre em segurança pública, Especialista em Direito Penal e Processual Penal,
Professor Universitário e Professor Orientador do Artigo Científico da Faculdade Doctum de Direito da Serra –
Rede de Ensino Doctum – Unidade Serra. Email: monitoria.thiago@gmail.com.
2

o centro do ordenamento jurídico. Dotadas de caráter principiológico, as


constituições elaboradas no pós-guerra, abarcaram em seu texto, os princípios
iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, bem como, a valorização dos
direitos humanos. Os direitos fundamentais tornaram-se limite não apenas da
atividade administrativa, mas também da legiferante.
Sabe-se, que a Constituição de 19883, tem como fundamento central, o
princípio da dignidade da pessoa humana, princípio este, que orienta todos os
demais princípios presentes no texto constitucional. No artigo 5º, a Carta Magna
assegura, além de outros direitos semelhantemente importantes, a igualdade de
todos perante a Lei.
O Direito Penal do Inimigo, por sua vez, trata-se de uma teoria idealizada na
década de 1990, pelo jurista alemão Günther Jakobs, na qual, defende a ideia de um
direito penal dividido em dois tipos, um direcionado ao infrator cidadão, e outro
voltado unicamente ao infrator inimigo. De acordo com Jakobs4, “o Direito penal do
cidadão é o Direito de todos, o Direito penal do inimigo é daqueles que o constituem
contra o inimigo: frente ao inimigo, é só coação física, até chegar à guerra”.
Inegável que o aumento da criminalidade faz surgir grande temor na
sociedade, que, somado à sensação de impunidade, eclode em movimentos que
exigem um maior endurecimento nas penas. O Poder Público, em resposta, adota
medidas no sentido que minorar tal sensação, acarretando, não raras vezes, na
mitigação de direitos e garantias constitucionais.
A importância do tema reside no fato de que o Estado, ao editar leis que,
além de suprimir direitos constitucionais, ao contrário de coibir eficazmente os
crimes para os quais são direcionadas, na prática, acabam por se tornar meramente
simbólicas, não produzindo efeitos externos, mas apenas internos. A crítica que se
faz é justamente em relação a essa postura do poder estatal, que, em nada contribui
para a resolução do problema da criminalidade, e acaba por levar o direito penal ao
descrédito.
Para a confecção do presente artigo, foi adotado o método dialético, somado
à pesquisa bibliográfica e qualitativa, sendo, todas as informações obtidas a partir de

3
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acesso em mai. 2018.
4
JAKOBS, Günter; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito penal do inimigo, noções e críticas. Org. e Trad.: André Luis
Callegari e Nereu José Giacomolli. 4.ed.. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, p. 28.
3

material já publicado, tais como, livros, legislações, artigos publicados em sítios


eletrônicos, periódicos, entre outros.
Com relação ao marco teórico, num primeiro momento, foi realizada uma
contextualização acerca do Estado Democrático de Direito. Posteriormente, cuidou-
se de explicar a teoria do Direito Penal do Inimigo, apontando o surgimento, a base
filosófica de sua construção, bem como, as características e principais ideias que
compõe a teoria.
A seguir, buscou-se examinar a Lei de Crimes Hediondos (Lei n. 8.072/90), a
Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006), e a Lei de Organizações criminosas (Lei n.
12.850/13), identificando e pontuando as influências do direito penal do inimigo na
criação dos tipos penais previstos nos referidos diplomas legais.
Por fim, procedeu-se a análise do Regime Disciplinar Diferenciado, buscando,
do mesmo modo, ilustrar os traços da teoria encabeçada por Jakobs, presente
nesse regime.

2 ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: SURGIMENTO E BREVES


CONSIDERAÇÕES

Ao longo da história, vários foram os modelos de Estado que surgiram como


forma de organização da sociedade. No século XVI, o chamado Estado Absolutista,
era marcado pela figura do rei como detentor único e soberano do poder.
Considerava-se que o poder exercido pelos monarcas era fruto de um “direito divino
dos reis” 5. No final século XVIII, inspirado nos ideais da Revolução Francesa, surge
o Estado Liberal (Estado de Direito) tendo como principais características, a não
intervenção do Estado na economia, a Divisão dos Poderes, e a supremacia da
constituição, como norma limitadora do poder estatal e garantidora de direitos
individuais fundamentais6.

5
Jean Bodin (1530-1596) foi um teórico político e jurista francês conhecido por defender o regime absolutista,
utilizando-se de argumentação fortemente religiosa. Sustentava em suas obras, que o poder supremo era
concedido por Deus aos reis. Disponível em: <
http://www.institutodehumanidades.com.br/index.php/galeria/10-galeria-dos-grandes/24-jean-bodin>.
Acesso em abr. 2018.
6
MORAES, Ricardo Quartim de. A evolução histórica do Estado Liberal ao Estado Democrático de Direito e sua
relação com o constitucionalismo dirigente. Revista de Informação Legislativa. Disponível em: <
https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/51/204/ril_v51_n204_p269.pdf>. Acesso em abr. 2018.
4

Com o passar do tempo, verificou-se que, a igualdade meramente formal e o


absenteísmo do modelo Liberal, apenas contribuíram para o avanço do capitalismo,
que, por sua vez, aumentou a desigualdade econômica entre as classes. A realidade
verificada era a concentração das riquezas nas mãos da burguesia, enquanto a
classe operaria vivia em situação de miséria. Como resposta às consequências
advindas do liberalismo, nasce no século XIX, o Estado Social7.
Foi a partir desse novo modelo de estado, que os direitos subjetivos materiais
começam a se expandir, e do Estado passa-se a exigir uma atuação positiva, com
vistas a proporcionar à coletividade, o direito a educação, a saúde e ao trabalho,
diferentemente, do que ocorria no liberalismo8.
Não obstante a busca pela supressão das desigualdades geradas pelo
liberalismo, o Estado Social se frustra, na medida em que suas políticas voltadas à
coletividade, não foram capazes de proteger os seus membros, de forma
individualizada9.
O Estado Democrático de Direito surge no pós-guerra, como uma tentativa de
corrigir as falhas apresentadas pelos regimes totalitários e socialistas, que, não
conseguiram proteger o indivíduo, muito menos atender de maneira efetiva, os
anseios democráticos da sociedade10.
Acerca o tema, Alexandre de Moraes11, explica que:

O Estado Democrático de Direito, significa a exigência de reger-se por


normas democráticas, com eleições, periódicas e pelo povo, bem como o
respeito das autoridades públicas aos direitos e garantias fundamentais (...)
adotou o denominado princípio democrático, ao afirmar que todo poder
emana do povo.

Partindo da explanação supracitada, pode-se entender o Estado Democrático


de Direito como aquele constituído pelo conjunto de regras jurídicas, selecionadas
de forma democrática, no qual todos os direitos fundamentais da pessoa humana
são assegurados.

7 LA BRADBURY, Leonardo Cacau Santos. Estados liberal, social e democrático de direito: noções, afinidades e
fundamentos. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 11, n. 1252, 5 dez. 2006. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/9241>. Acesso em abr. 2018.
8
LA BRADBURY. Op. Cit.
9
GORDILLO, Agustín. Princípios Gerais de Direito Público. Trad. Brasileira de Marco Aurelio Greco. Ed.RT: São
Paulo, 1977.
10
SOARES, Igor Alves Noberto. Brevíssimas considerações sobre a formação do estado democrático de direito.
Conteúdo Jurídico, Brasília-DF: 10 jun. 2013. Disponível em:
<http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=2.43814&seo=1>. Acesso em abr. 2018.
11
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 17ª ed. São Paulo: Atlas, 2005.
5

2.1. Constituição Federal de 1988 e Direito Penal do Inimigo

A Carta Magna estabelece a dignidade da pessoa humana como um dos


fundamentos do Estado democrático de Direito, além de assegurar, entre outros
direitos, a igualdade de todos perante a lei. Em obediência aos parâmetros
constitucionais, o sistema penal brasileiro adotou, para caracterizar o crime, o direito
penal do fato, isso significa que o Estado irá aplicar a sanção penal ao indivíduo em
decorrência da conduta ilícita praticada, não sendo levado em consideração, num
primeiro momento, as características pessoais do autor, o que, somente ocorrerá
quando da fixação da pena e do regime de cumprimento da pena.
O direito penal foi criado para ser a ultima ratio, ou seja, a sua intervenção
somente será possível quando os demais ramos do direito fracassarem ou se
mostrarem insuficientes para garantir a proteção e o controle social. Não obstante,
nos últimos anos, o direito penal passou por diversas mudanças, isso porque, com o
desenvolvimento mundial, houve também o crescimento da criminalidade,
materializado pelo aumento da violência nos grandes centros, surgimento de novos
delitos, bem como, pelo “aperfeiçoamento” das práticas criminais12.
Esse cenário faz surgir dois fenômenos, o Simbolismo e o Punitivismo, que
são utilizados, pelo poder estatal, como ferramentas de resposta ao clamor público.
O primeiro, diz respeito à criação de tipos penais objetivando unicamente tranquilizar
a sociedade, sem, contudo, se preocupar com a efetividade da norma. Por sua vez,
o segundo reflete-se no endurecimento sobremaneira das penas para as normas já
existentes, isso, com o intuito de dar máxima eficiência ao cumprimento da lei13.
Um dos traços mais expressivos do direito penal do inimigo é justamente a
restrição ou mitigação de direitos e garantias penais e processuais penais. Em
âmbito jurídico nacional, cita-se como exemplo da ocorrência desse fenômeno, a
decisão proferida pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do

12
GRECO, Rogério. Direito Penal do Inimigo. Direito Penal do Equilíbrio – uma visão minimalista do Direito
Penal, Editora Impetus, 2005. Disponível em: <http://rogeriogreco.jusbrasil.com.br/artigos/121819866/direito-
penal-do-inimigo>. Acesso em mar. 2018.
13
LEMES, Flávia Maria. Manifestações do direito penal do inimigo no ordenamento jurídico brasileiro. Publicado
em 10/2014. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/32886/manifestacoes-do-direito-penal-do-inimigo-no-
ordenamento-juridico-brasileiro/1>. Acesso em fev. 2018.
6

Habeas Corpus n. 126292/SP14, que fixou a possibilidade de execução provisória da


pena a partir da confirmação, em segunda instância, de sentença penal
condenatória. Neste julgado, a Suprema Corte relativizou o princípio constitucional
da presunção da inocência (ou princípio da não culpabilidade).
Desta feita, forçoso concluir que, apesar de, à primeira vista, ser incompatível
com o Estado Democrático de Direito, é possível encontrar, no ordenamento jurídico
pátrio, traços do Direito Penal do Inimigo.

3 DIREITO PENAL DO INIMIGO

O Direito Penal do Inimigo trata-se de uma teoria desenvolvida no final da


década de 1990, pelo professor e filósofo alemão Günter Jakobs 15. Seu surgimento
está associado, sobretudo, às ações de grupos terroristas em vários países,
constituindo-se numa reação de combate contra esses grupos especialmente
perigosos, que atentam contra o próprio Estado. Na visão do autor, esses indivíduos
não devem ser encarados como cidadãos, mas, como uma ameaça inimiga 16.
Segundo Jakobs17, o Estado deve reconhecer a existência de dois grupos
distintos de pessoas, quais sejam: os infratores comuns, aqueles que cometem erros
por meio de condutas desviantes, bem como, os infratores inimigos, aqueles que
sistematicamente infringem as normas, e, portanto, devem ser impedidos de destruir
o ordenamento jurídico. Ao primeiro, é garantida a manutenção do status de
cidadão, já ao segundo, o mesmo não se aplica, pois deverá ser tratado como
verdadeiro inimigo.
No que tange a esse último grupo, lhes é dado um tratamento diferenciado
daquele ofertado aos infratores comuns, isso porque, devido à infração cometida e a
periculosidade que tal grupo representa, torna-se cabível qualquer medida adotada
por parte do Estado. Logo, dentro dessa visão, o Direito Penal do Inimigo tem como

14
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus 126292/São Paulo. Disponível em: <
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=310153>. Acesso em abr. 2018.
15 GRECO, Rogério. Direito Penal do Inimigo. Direito Penal do Equilíbrio – uma visão minimalista do Direito

Penal, Editora Impetus, 2005. Disponível em: <http://rogeriogreco.jusbrasil.com.br/artigos/121819866/direito-


penal-do-inimigo>. Acesso em abr. 2018.
16
ALENCAR, Antônia Elúcia. A inaplicabilidade do direito penal do inimigo diante da principiologia
constitucional democrática. Revista dos Tribunais, 2010.
17
JAKOBS, Günter; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito penal do inimigo, noções e críticas. Org. e Trad.: André Luis
Callegari e Nereu José Giacomolli. 4.ed.. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010, p. 28.
7

funções primordiais a subsistência do Estado, assim como, a garantia da segurança


aos seus membros, não podendo então, num primeiro momento, ser encarado de
forma demonizada18.
Uma observação importante a ser realizada é que nem todos os infratores são
inimigos, logo, é fundamental que se faça uma separação entre Direito Penal do
Cidadão e Direito Penal do Inimigo, visto que, a introdução de traços deste, naquele,
acaba por ser extremamente maléfico, uma vez que, em muitos casos, o infrator
cidadão é punido como infrator inimigo. Conforme assevera o autor19:

Por outro lado, entretanto, em princípio, nem todo delinquente é um


adversário do ordenamento jurídico. Por isso, a introdução de um cúmulo –
praticamente já inalcançável – de linhas e fragmentos de Direito penal do
inimigo no Direito penal geral é um mal, desde a perspectiva do Estado de
Direito.

Em países onde se pratica o Direito Penal do Inimigo, tal como a Colômbia,


observa-se diferenças estruturais entre este e o Direito Penal do Cidadão. Dentre
tais disparidades, pode-se destacar a aplicação do Direito Penal do Inimigo contra
grupos específicos de pessoas, o que o torna um Direito Penal do autor e não do
fato. Assim, o Direito Penal do Inimigo é aplicado contra um grupo de pessoas que
possuem uma qualidade especial, independentemente dos fatos. No Brasil, foi
adotado o Direito Penal do fato, entretanto, para fins de individualização da pena,
como já mencionado, utiliza-se o Direito Penal do autor20.

3.1 Características

Silva Sánchez21 entende que o direito penal apresenta duas velocidades. A


primeira diz respeito à aplicação das penas privativas de liberdade com observância
dos princípios norteadores do Direito Penal, assegurando garantias processuais
penais e penais aos acusados. Já a segunda velocidade engloba as infrações de

18 JESUS, Damásio E. de. Direito penal do inimigo. Breves considerações. Teresina: Jus Navigandi, 2008.
Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/10836>. Acesso em abr. 2018.
19
JAKOBS; MELIÁ. Op. Cit. 2010, p. 28.
20
LARIZZATTI, Rodrigo. As organizações criminosas e o direito penal do inimigo. Disponível em:
<http://direitopenaldoinimigo.blogspot.com.br/p/bibliografia.html>. Acesso em abr. 2018.
21
SILVA SANCHEZ, Jesus-Maria. A expansão do direito penal. aspectos da política criminal nas sociedades pós-
industriais. Trad. de: Luiz Otávio de Oliveira Rocha. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002, p. 159 e ss.
8

menor potencial ofensivo, onde se tem a predominância da aplicação de penas


pecuniárias ou de penas restritivas de direitos somada à flexibilização proporcional
de determinadas garantias penais e processuais.
A terceira velocidade surge da junção das duas velocidades anteriores,
caracteriza-se pelo predomínio de penas privativas de liberdade com a flexibilização
dos princípios norteadores do Direito Penal e Processual Penal. Esse Direito Penal
de terceira velocidade é o Direito Penal do Inimigo, tendo ele, segundo Sánchez 22,
as seguintes características:

1. Relativização do Princípio da Exteriorização do Fato, com a antecipação da


punibilidade, tipificando atos preparatórios;

2. Inobservância do Princípio da Ofensividade, com a criação de tipos penais


abstratos e tipos penais de mera conduta;

3. Flexibilização do Princípio da Legalidade, através da descrição vaga dos


crimes e das penas, permitindo que um maior número de comportamentos sejam
abrangidos pelo tipo;

4. Predomínio do Direito Penal do Autor em detrimento do Direito Penal do


Fato, pois o autor é punido não pelo fato, mas sim por suas características pessoais;

5. Surgimento das chamadas “leis de luta e de combate” caracterizadas pela


desproporcionalidade das penas, pelo endurecimento da execução penal e pela
restrição de garantias penais e processuais penais.

3.2 Construção filosófica e justificação

O ordenamento jurídico é o vínculo que une as pessoas de uma sociedade,


sendo atribuídos direitos e deveres frente à comunidade. Ocorre que, para fazer
prevalecer os interesses sociais sobre os interesses privados, o Estado é dotado de
um poder coercitivo. Dentre os ramos do Direito, aquele que tem o maior poder de

22
SILVA SANCHEZ. Op. Cit.
9

coação é o Direito Penal. Essa coação, que é praticada contra os indivíduos da


sociedade, é semelhante àquela promovida pelo Estado contra seus inimigos de
guerra, tendo inclusive, como uma de suas principais penas, a privação da
liberdade23.
Para justificar esse tratamento semelhante empregado pelo Estado, tanto
para o cidadão infrator como para o inimigo de guerra, Jakobs assevera que o
delinquente, ao descumprir o contrato social que uni a todos, já não faz parte da
sociedade e por conta disso deve receber o mesmo tratamento ofertado aos seus
inimigos. Entretanto, não se pode tirar o status de cidadão de todos aqueles que
infringem a norma, pois, além de terem o direito de se reajustarem a sociedade,
também tem o dever de reparar o dano causado. Porém, existem alguns indivíduos
que, através de constantes violações a norma penal, afirmam de forma sistemática,
não possuírem interesse em participar da vida em sociedade, devendo então, serem
tratados, não mais como infratores cidadãos, mas, como infratores inimigos do
Estado, vez que atentam contra as normas que mantém as relações sociais 24.
É necessário esclarecer que, de regra, um delito não atenta contra a
manutenção da sociedade, logo, o autor de um delito menos gravoso, deve ser
tratado como um infrator cidadão, uma vez que seu ato não tem por escopo o fim da
sociedade. Entretanto, essa conduta deve ser penalizada, pois se exige o
cumprimento das normas por parte de todos, sendo necessária a aplicação de uma
punição, pelo Estado, para ratificar essa exigência. Em sentido diverso, aquele que
desatende as expectativas sociais de forma duradoura, diminui a disposição de ser
tratado do mesmo modo, nesse caso, o agente deve ser tratado não mais como
cidadão, mas como inimigo do Estado, pois um indivíduo que sistematicamente
atenta contra as normas do sistema, não pode participar dos seus benefícios. Neste
contexto, o Jakobs25 afirma que:

O que ainda se subentende a respeito do delinquente de caráter cotidiano,


isto é, não tratá-lo como indivíduo perigoso, mas como pessoa que age
erroneamente, já passa a ser difícil, como se acaba de mostrar, no caso do
autor por tendência. Isso está imbricado em uma organização – a

23
JAKOBS, Günter; MELIÁ, Manuel Cancio. Direito penal do inimigo, noções e críticas. Org. e Trad.: André Luis
Callegari e Nereu José Giacomolli. 4.ed.. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2010.
24
MARTÍN, Luis Garcia. O horizonte do finalismo e o direito penal do inimigo. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2007.
25
JAKOBS; MELIÁ. Op. Cit. 2010, p. 30.
10

necessidade da reação frente ao perigo que emana de sua conduta,


reiteradamente contrária à norma.

Tratar os infratores habituais como cidadãos, com todas as garantias


inerentes a essas pessoas, acaba por impor limites ao Estado, impedindo que ele
cumpra sua função principal de se manter e proteger a todos. Desta feita, podemos
imaginar, conforme exemplo dado pelo autor, a seguinte situação:

Portanto, o Direito Penal conhece dois polos ou tendências em suas


regulações. Por um lado, o tratamento com o cidadão, esperando-se até
que se exteriorize sua conduta para reagir, com o fim de confirmar a
estrutura normativa da sociedade, e por outro, o tratamento com o inimigo,
que é interceptado já no estado prévio, a quem se combate por sua
periculosidade.

Através dessas ideias Jakobs desenvolveu a Teoria Funcionalista Radical ou


Sistêmica. Segundo essa teoria, a principal missão do Direito Penal é de resguardar
o sistema normativo, mantendo o império das normas. Assim, quando a pena
cominada a um indivíduo é aplicada, ela faz um exercício de fidelidade ao Direito e
comprova que o Direito é mais forte que sua contravenção. O autor tem extrema
preocupação com o sistema normativo, entendendo que a norma sempre deve
prosperar26.
Jakobs define conduta criminosa como sendo todo o comportamento humano
voluntário, violador do ordenamento jurídico, frustrando as expectativas normativas.
Logo, a prática de um fato criminoso significa um questionamento sobre a validade
da normal penal, ou seja, com sua conduta o delinquente interroga o Estado se
aquela norma continua válida ou não. A aplicação da pena por parte do Estado, por
sua vez, significa uma resposta ao indivíduo infrator, afirmando que aquela norma
continua em vigor27.
Com relação às bases filosóficas, a fim de oferecer sustentação a sua teoria,
Jakobs fez uso de escritos que remontam aos séculos XVII e XVIII, inspirando-se
nas ideias de autores como, Jean-Jacques Rousseau, Johann Gottlieb Fichte,
Immanuel Kant e Thomas Hobbes.

26
VILELA, Leonardo Couto. Direito penal do inimigo: o funcionalismo radical de Jakobs. 2014. Disponível em:
<http://leocoutocpa.jusbrasil.com.br/artigos/114727908/direito-penal-do-inimigo-o-funcionalismo-radical-de-
jakobs>. Acesso em abr. 2018.
27
VILELA. Op. Cit.
11

Sobre o tema, Damásio Evangelista de Jesus28 explica que:

(...) O pressuposto necessário para a admissão de um Direito Penal do


Inimigo consiste na possibilidade de se tratar um indivíduo como tal e não
como pessoa. Nesse sentido, Jakobs inspira-se em autores que elaboram
uma fundamentação "contratualista" do Estado (em especial, Hobbes e
Kant)(...).

Utilizando-se da teoria do Contrato Social, engendrada por Rousseau,


Günther buscou demonstrar a legitimidade de um tratamento diferenciado ao infrator
inimigo, haja vista entender que esse tipo de delinquente, ao infringir
sistematicamente as normas, além de atentar contra a existência do Estado,
demonstra não possuir interesse em fazer parte da ordem social estabelecida pelo
Contrato.

3.3. Expansão

Atualmente, no mundo inteiro, podemos observar a evolução do Direito Penal,


quer na criação de novos tipos penais, às vezes regulando setores inteiros, ou no
endurecimento dos tipos penais já existentes. Rogério Greco critica esse movimento,
chegando a afirmar que estamos passando de um “Estado Social” para um “Estado
Penal”. Essa expansão pode ser resumida em dois fenômenos: o Direito Penal
Simbólico e o ressurgimento do punitivismo penal. Esses fenômenos constituem na
verdade, traços do Direito Penal do Inimigo29.
A expansão atual do Direito Penal, incriminando novas condutas, muitas
vezes tem cumprido um papel meramente simbólico. Entretanto, os efeitos
simbólicos da criação de um tipo penal não são estranhos ao Direito Penal, pelo
contrário, fazem parte dele. Porém, a crítica que se faz ao Direito Penal Simbólico é
a de que os agentes políticos criam o tipo penal objetivando unicamente dar uma
sensação tranquilizadora a sociedade, sem se preocupar com a efetividade da
norma30.

28
JESUS, Damásio E. de. Direito penal do inimigo. Breves considerações. Jus Navigandi, Teresina, ano 13, n.
1653, 10 jan. 2008. Disponível em: <http://jus.com.br/artigos/10836>. Acesso em abr. 2018.
29
GRECO, Rogério. Direito Penal do Inimigo. Direito Penal do Equilíbrio – uma visão minimalista do Direito
Penal, Editora Impetus, 2005. Disponível em: <http://rogeriogreco.jusbrasil.com.br/artigos/121819866/direito-
penal-do-inimigo>. Acesso em abr. 2018./artigos/121819866/direito-penal-do-inimigo>. Acesso em abr. 2018.
30
JAKOBS; MELIÁ. Op. Cit. 2010, p. 28.
12

Além do recurso da criação do Direito Penal Simbólico, o legislador também


tem recorrido ao ressurgimento do punitivismo, endurecendo sobremaneira as penas
para as normas já existentes, isso, com o intuito de dar máxima eficiência ao
cumprimento da Lei. Essa outra face da atual expansão do Direito Penal fica claro
nos debates políticos, onde se discute o aumento de penas para os tipos penais,
sem a preocupação de um debate verdadeiro sobre questões de política criminal 31.
Esses fenômenos estão interligados, pois quando se introduz penas mais
severas aos tipos penais, acaba por assumir também um caráter simbólico. Segundo
adverte o autor32:

(…) ambos os fenômenos aqui selecionados não são, na realidade,


suscetíveis de ser separados nitidamente assim, por exemplo, quando se
introduz uma legislação radicalmente punitiva em matéria de drogas, isto
tem uma imediata incidência nas estatísticas da persecução criminal (isto é,
não se trata de normas meramente simbólicas, de acordo com o
entendimento habitual) e, apesar disso, é evidente que um elemento
essencial da motivação do legislador, na hora de aprovar essa legislação,
está nos efeitos simbólicos obtidos mediante sua mera promulgação.

Todos esses fenômenos, o Direito Penal Simbólico e o ressurgimento do


punitivismo, são, sem dúvida, traços marcantes do Direito Penal do inimigo.

4 REFLEXOS DO DIREITO PENAL DO INIMIGO NO ORDENAMENTO JURÍDICO


BRASILEIRO

4.1 Código Penal de 1940

É possível encontrar, no Código Penal pátrio, a presença de alguns tipos


legais que, sugerem a influência da teoria defendida por Jakobs, em sua criação.
Tipificando, pois, crimes de mera conduta, bem como, atos preparatórios, por
exemplo.
O artigo 288 da Lei Penal, define a associação criminosa como o ato de,
“associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes” 33.

31 JAKOBS; MELIÁ. Op. Cit. 2010, p. 30.


32
JAKOBS; MELIÁ. Op. Cit. 2010, p. 31.
33
BRASIL. Código Penal. Decreto-Lei n. 2.848 de 7 de dezembro de 1940. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em abr. 2018.
13

Esse dispositivo prevê pena de reclusão de 1 (um) à 3 (três) anos, podendo ser
aumentada até a metade se a associação é armada, bem como, se contar com a
participação de criança ou adolescente (parágrafo único, do art. 288, CP).
Segundo a doutrina34, o tipo previsto no artigo 288 do Código Penal é
classificado como sendo um crime comum, podendo qualquer pessoa figurar como
sujeito ativo. É plurissubjetivo, somente pode ser praticado por três ou mais
indivíduos. Formal, se consuma sem a produção do resultado naturalístico,
plurissubsistente, costuma se realizar por meio de vários atos. Ademais, trata-se de
crime de perigo comum abstrato, o que significa que coloca em perigo um número
indeterminado de pessoas, prescindível de ser demonstrado e provado, haja vista
que é presumido por lei.
O tipo penal do artigo ora em comento possui a mesma pena dos crimes de
aborto provocado ou consentido pela mulher grávida previsto no artigo 124 do CP,
assim também, o crime de sequestro e cárcere privado, tipificado no artigo 148 do
mesmo diploma legal. Ou seja, aqui é possível verificar uma das características do
Direito Penal do Inimigo, qual seja, a desproporcionalidade entre a conduta e a ação,
já que se pune um mero ato preparatório com a mesma pena de crimes materiais (só
se consuma com a produção do resultado naturalístico).
A punição de atos preparatórios pode ser verificada também nos artigos 253,
291 e 294, todos do Código Penal Brasileiro35. Por sua vez, os crimes de mera
conduta, podem ser encontrados nos artigos 150 (violação de domicílio) e 233 (ato
obsceno), do Estatuto Penal.

4.2 Lei de Crimes Hediondos (Lei n. 8.072/90)


A Lei n. 8.072/90 que trata sobre crimes hediondos foi introduzida no
ordenamento jurídico, em observância ao imperativo constitucional previsto no artigo
5º, inciso XLIII, da CF/88. A época de sua promulgação coincide com um momento
de pânico experimentado pela sociedade, haja vista o aumento de crimes noticiados

34
GRECO. Rogério. Curso de Direito Penal: parte especial, volume IV/ Rogério Greco. 5. Ed. – Niterói, RJ:
Impetus, 2009.
35
CÓDIGO PENAL. Op. Cit.
14

pela mídia, bem como a onda de casos de sequestros, ocorridos principalmente no


estado do Rio de Janeiro36.
A sociedade exigia do poder estatal uma providência urgente para inibir a
crescente criminalidade, afastando assim, o ambiente de insegurança vivenciado no
País. O Estado, em resposta ao clamor público, elabora e aprova as pressas, a Lei
dos Crimes Hediondos. A referida lei nasce com o objetivo de elevar penas, impedir
benefícios e impor maior rigor a determinados crimes37.
A Lei n. 8.072/90 estabelece em seu artigo 1º os crimes que serão
considerados hediondos, além de o serem assim entendidos, os crimes de
terrorismo, tortura, e tráfico de drogas. O texto normativo prevê ainda, que tais
crimes serão insuscetíveis de indulto e anistia, o que reforça a ideia de ofensa ao
princípio de isonomia estatuído na Carta Magna38.
Com o intuito de neutralizar os condenados, a redação inicial da lei n.
8.072/90 previa o cumprimento de pena integralmente em regime fechado, o que por
sua vez, impede a aplicação de três institutos penais, quais sejam, a progressão de
regimes, a substituição de uma pena privativa de liberdade por uma pena privativa
de direitos e a suspensão da execução de uma pena privativa de liberdade.
Ademais, tais medidas interferem diretamente na finalidade do sistema carcerário
brasileiro, que é a ressocialização do preso, com a consequente inserção deste ao
convívio social. Todas essas problemáticas, ensejaram a alteração da redação do
art. 2º, parágrafo 1º, pela Lei n. 11.464/2007, passando a prever o cumprimento de
pena em regime inicialmente fechado39.
Destaca-se ainda que, a redação inicial da lei, em seu artigo 2º, inciso II,
estabelecia a vedação de liberdade provisória nos crimes hediondos e equiparados,
ou seja, o acusado pela prática de tais delitos não poderia responder ao processo
em liberdade, o que se coaduna as ideias defendidas por Jakobs, e, sobretudo,
afronta o princípio da presunção de inocência (ou não culpabilidade) garantido pela

36 GALLINATI. Raquel Kobashi. Direito Penal do Inimigo: uma realidade latente. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/48007/direito-penal-do-inimigo-uma-realidade-latente>. Acesso em set. 2018.
37 GALLINATI. Op. Cit.
38 BRASIL. Lei dos Crimes Hediondos. Lei n. 8.072 de julho de 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm>. Acesso em set. 2018.
39 BASAIA. Diego Costa. Crimes hediondos: estudo sobre a Lei nº 8.072/1900 e da própria terminologia.
Disponível em: <http://www.marciomiranda.adv.br/?p=124>. Acesso em set. 2018.
15

Constituição Federal de 1988. Insta salientar, que não por outra razão, a redação do
inciso II do artigo em comento foi também alterada pela Lei n 11.464/200740.
Outra medida que demonstra flagrante desprezo ao princípio da presunção de
inocência é o previsto no parágrafo 3º do artigo 2º, que diz “Em caso de sentença
condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em
liberdade.”.41. Verifica-se que o legislador buscou, através desse dispositivo legal,
aumentar o período de encarceramento do condenado em primeira instância, bem
como, mantê-lo preso antes do trânsito em julgado da sentença que o condenou.
A supressão de direitos e garantias penais, processuais e até mesmo
constitucionais pode ser verificada em diversos dispositivos da Lei de Crimes
Hediondos, pois, não por outra razão, muitos artigos foram revogados, e outros
tiveram a redação original alterada pela Lei n. 11.464/2007.
Nota-se, que a Lei dos Crimes Hediondos trata-se na verdade, de uma lei
simbólica, criada para atender ao clamor público, mas que, na prática não trouxe
resultados satisfatórios, mas sim, uma falsa sensação de que, através de uma lei
extremamente repressiva, reencontrar-se-ia a almejada segurança.

4.3 Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006)

A Lei n. 11.343/2006 que dispõe sobre o tráfico ilícito de drogas traz, no Título
IV, Capítulo II, a criminalização de diversas condutas, relacionadas à produção não
autorizada de substâncias entorpecentes e afins. O artigo 33, caput, prevê pena de
reclusão 05 (cinco) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500
(mil e quinhentos) dias-multa, para aquele que, importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou
fornecer drogas, gratuita ou onerosamente, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar42.
O artigo supracitado possui dezoito núcleos do tipo, sendo, portanto, possível
verificar que o objetivo da Lei de drogas é antecipar a punibilidade, haja vista que,

40
BRASIL. Op. Cit.
41
BRASIL. Op. Cit.
42
BRASIL. Lei de Drogas. Lei n. 11.343 de 23 de agosto de 2006. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/Lei/L11343.htm >. Acesso em set. 2018.
16

tipificou condutas que podem ser classificadas como de perigo abstrato ou de mera
conduta, a exemplo disso, cita-se os verbos nucleares “expor à venda”, “preparar” e
“produzir”. Insta ressaltar que essa previsão trazida pela lei ora estudada, reflete a
relativização do princípio da exteriorização do fato, o que por sua vez trata-se de
influências trazidas pelo direito penal do inimigo43.
O parágrafo 1º, inciso I do artigo 33, prescreve que nas mesmas penas do
caput, incorre quem importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe
à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda,
ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação
de drogas44.
Por sua vez, o inciso II do parágrafo 1º criminaliza a conduta de quem semeia,
cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação
de drogas45.
Na Lei de Drogas, um mesmo dispositivo pune inúmeras condutas, sendo
que, a pena aplicada às condutas previstas nos incisos I e II, parágrafo 1º do artigo
33, são as mesmas aplicadas ao tráfico internacional de drogas, previsto do caput
do mesmo dispositivo legal.
Noutra via, cumpre destacar ainda que a Lei de Drogas, assim como ocorre na
Lei de Crimes Hediondos, suprimiu várias garantias processuais, haja vista a
vedação contida no artigo 44, que prevê a inafiançabilidade, bem como, a vedação
de sursis e concessão de graça, indulto, anistia e liberdade provisória, nos crimes
descritos nos artigos 33, caput e parágrafo 1º, e artigos 34 a 37, todos do mesmo
diploma46.
Vale ressaltar que o supracitado artigo 44, dispõe ainda, acerca da proibição
de conversão das penas em restritivas de direito, contudo, o Supremo Tribunal
Federal, no julgamento do Habeas Corpus n. 97256/RS47, declarou a

43
LEMINI. Matheus Magnus Santos. Direito penal do inimigo: sua expansão no ordenamento jurídico brasileiro.
Disponível em: < http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7619 >. Acesso em set. 2018.
44
BRASIL. Op. Cit.
45
BRASIL. Op. Cit.
46
BRASIL. Op. Cit.
47
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus n. 97256/RS. Disponível em: <
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=617879>. Acesso em set. 2018.
17

inconstitucionalidade de dispositivos na Lei de Drogas que impedem a aplicação de


penas alternativas.
Nota-se que a lei ora em comento, apresenta em seu texto, várias
ramificações do Direito Penal do Inimigo, tendo como traços desse Direito Penal
justamente a punição de atos preparatórios e a desproporcionalidade das penas.

4.4 Lei de Organizações Criminosas (Lei n. 12.850/2013)

A Lei n. 12.850 de 02 de agosto de 2013, trata exaustivamente sobre


organizações criminosas, e em seu artigo 1º, parágrafo 1º prevê que: “considera-se
organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com
objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante
a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro)
anos, ou que sejam de caráter transnacional.”48.
Por sua vez, o artigo 2º, caput, do mesmo diploma legal, criminalizou os atos
de financiamento, promoção, e constituição de organização criminosa,
estabelecendo pena de 3 (três) a 8 (oito) anos de reclusão e multa49.
O parágrafo 3º do artigo 2º dispõe acerca do agravamento da pena para
quem exerce o comando individual ou coletivo, de organização criminosa. Ressalta-
se a prescindibilidade da prática pessoal de atos de execução, conforme prescreve a
parte final do parágrafo ora tratado50.
Segundo entende a doutrina, o bem jurídico tutelado nos crimes previstos na
lei ora estudada, é a paz pública, cujo sujeito passivo é a sociedade. Assim, por se
tratar de delito de perigo abstrato, a mera formação e/ou participação em
organização criminosa, representa risco a segurança da coletividade51.
Ressalta-se que por ser crime formal, não se exige a produção de qualquer
resultado naturalístico para que ocorra a consumação, logo, ainda que a

48
BRASIL. Lei de Organizações Criminosas. Lei n. 12.850 de 02 de agosto de 2013. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm>. Acesso em out. 2018.
49
BRASIL. Op. Cit.
50
BRASIL. Op. Cit.
51
NUCCI. Guilherme de Souza. Organização criminosa - Aspectos legais relevantes. Disponível em: <
https://www.lfg.com.br/conteudos/artigos/geral/organizacao-criminosa-aspectos-legais-relevantes>. Acesso
em out. 2018.
18

organização não tenha efetivamente cometido os delitos almejados, restará o crime


configurado52.
Verifica-se a influência do direito penal do inimigo na Lei de Organizações
Criminosas através da antecipação da punibilidade, com a punição de atos
preparatórios, bem como, a violação de princípios penais, em especial o da
fragmentariedade e da intervenção mínima, haja vista a tutela de bens jurídicos
genéricos.

4.5 Regime Disciplinar Diferenciado

O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) teve origem com a Resolução n. 26,


de 04 de maio de 2001, da Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo.
Essa Resolução autorizou um novo regime de cumprimento de pena, a ser aplicado
em alguns estabelecimentos prisionais do estado paulista53. Entretanto, o RDD
somente adentou ao ordenamento jurídico em âmbito nacional com a edição da Lei
n. 10.792/2003 que alterou a Lei n. 7.210/84 (Lei de Execução Penal), em seu artigo
5254, nos seguintes termos:

Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave
e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita
o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime
disciplinar diferenciado, com as seguintes características:
I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição
da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto
da pena aplicada;
II - recolhimento em cela individual;
III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com
duração de duas horas;
IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de
sol.
§ 1º O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos
provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem
alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da
sociedade.
§ 2º Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso
provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de
envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações
criminosas, quadrilha ou bando. (Grifei)

52
NUCCI. Op. Cit.
53
MACCACCHERO. Alice de Lemos. O Regime Disciplinar Diferenciado e o Direito Penal do Inimigo. Disponível
em: < https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/33028/33028.PDF>. Acesso em out. 2018.
54
BRASIL. Lei de Execução Penal. Lei n. 7.210 de 11 de julho de 1984. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm> Acesso em: out. 2018.
19

As hipóteses de aplicação do Regime Disciplinar Diferenciado são três. De


acordo com o caput do artigo supracitado, a primeira situação de incidência desse
regime diz respeito à prática de crime doloso que ocasione perturbação a ordem e a
disciplina interna do presídio. Por sua vez, nos termos do parágrafo 1º do artigo 52,
a segunda situação é com relação ao preso provisório ou condenado que apresente
grande risco a ordem e segurança do estabelecimento prisional, bem como, a
sociedade. No que tange a terceira hipótese, esta se refere aos presos condenados
ou provisórios em que recaiam suspeitas de envolvimento no crime organizado.
(parágrafo 2º, art. 52)55.
Sobre o Regime Disciplinar Diferenciado, Mirabete56 explica que:

(...) o RDD não constitui um regime de cumprimento de pena em acréscimo


aos regimes fechados, semiaberto e aberto, nem uma nova modalidade de
prisão provisória, mas sim um novo regime de disciplina carcerária especial,
caracterizado por maior grau de isolamento do preso e de restrições ao
contato com o mundo exterior, a ser aplicado como sanção disciplinar ou
com medida de caráter cautelar, tanto ao condenado como ao preso
provisório, nas hipóteses previstas em lei.

Nos termos do artigo 52, incisos I e III, da Lei de Execução Penal, no RDD, o
preso poderá ficar em isolamento pelo prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta)
dias, sendo possível a repetição da sanção pela prática de nova falta, respeitado o
limite de 1/6 (um sexto) da pena. Com relação às visitas semanais, estas são
limitadas em duas pessoas, com duração de duas horas, não sendo possível a
ocorrência de visitas íntimas. Ademais, o preso submetido a esse regime contará
com apenas duas horas diárias para o chamado “banho de sol”, conforme inciso IV
do artigo ora mencionado57.
Damásio E. de Jesus58, ao discorrer sobre as características do Direito Penal
do Inimigo diz que o “seu objetivo não é a garantia da vigência da norma, mas a
eliminação de um perigo”, e exemplifica a sua ocorrência no ordenamento jurídico

55
BRASIL. Lei de Execução Penal. Lei n. 7.210 de 11 de julho de 1984. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm> Acesso em out. 2018.
56
MIRABETE, Júlio Fabbrine. Execução penal. 11. ed.. São Paulo: Atlas, 2007, p. 149.
57
BRASIL. Op. Cit.
58
JESUS, Damásio E. de. Direito penal do inimigo. Breves considerações. Disponível em:
<https://jus.com.br/artigos/10836>. Acesso em out. 2018.
20

pátrio expondo que “(...) o regime disciplinar diferenciado, previsto nos arts. 52 e ss.
da Lei de Execução Penal, projeta-se nitidamente à eliminação de perigos”.
A aplicação do RDD guarda considerável aproximação com teoria de Jakobs,
haja vista que dispende tratamento diferente aos presidiários condenados ou
provisórios, com base em suas características pessoais. Percebe-se uma
antecipação da tutela penal, ao determinar o cumprimento de pena em regime mais
severo inclusive em situações onde não há efetivamente a prática de ato ou
exteriorização de conduta delituosa pelo apenado.
Nota-se ainda, que o Regime Disciplinar Diferenciado afronta direitos e
garantias constitucionais, tais como, o princípio da dignidade da pessoa humana,
previsto no artigo 1º, inciso III da CF/88, e o princípio da humanidade das penas,
estabelecido no artigo 5º, incisos III e XLVII, respectivamente, da Lei Maior.

5 CONCLUSÃO

O presente artigo abordou sobre as influências do Direito Penal do Inimigo na


formação do direito penal pátrio, sendo possível observar a presença de
características relevantes da teoria elucidada pelo jurista alemão Günther Jakobs,
em diversos dispositivos da legislação brasileira. Nota-se que há alguns anos, essa
tendência vem ganhando espaço no ordenamento jurídico pátrio, com a crescente
aparição de leis que guardam considerável relação com esse tipo de direito penal.
Importante elucidar que a Constituição Federal de 1988 estabelece garantias
e direitos de forma irrestrita, logo, não deve haver diferenciação no tratamento
dispensado a cada indivíduo ou grupo da sociedade, exceto se para promover uma
igualdade substancial entre os membros que compõe a coletividade. Não obstante a
determinação dada pela Carta Magna de que “todos são iguais perante a lei”, é
notório que algumas legislações penais trazem previsão de tratamento distinto com
base inclusive, em características pessoais e não necessariamente em atos
praticados em desconformidade com a lei, o que por sua vez, aproxima o Direito
Penal brasileiro a um Direito Penal do Autor, logo, incompatível com as premissas
constitucionais estabelecidas.
Ressalta-se que a infiltração do Direito Penal do Inimigo no direito penal
comum é vista como prejudicial, inclusive pelo próprio defensor dessa teoria. Como
21

já ilustrado neste artigo, Jakobs entende que os dois tipos de direito penal devem
existir independentes um do outro, tendo em vista que um é direcionado ao cidadão
comum que delinque, e o outro é voltado ao infrator inimigo. Assim, a junção dos
dois tipos em um único direito penal geraria um desequilíbrio no poder punitivo do
Estado, ocasionando situações de limitação de direitos penais e processuais penais,
desigualdade na aplicação das sanções e grave afronta aos princípios
constitucionais. Conclui-se então pela inadequação do Direito Penal do Inimigo à luz
do Estado Democrático de Direito estabelecido pela Constituição Federal de 1988.

THE ENEMY'S CRIMINAL LAW: REFLECTIONS ON BRAZILIAN LEGAL


ORDINANCE

ABSTRACT

This article aims to address objectively the main points on the theory of the Criminal
Law of the Enemy, coined by the German jurist, Günther Jakobs, bringing the most
relevant features and ideas defended by the author. Briefly, the theory headed by
Jakobs proposes the division of criminal law into two types: common criminal law and
criminal law of the enemy. As the name itself suggests, the first type would be aimed
at the citizen, and would aim to demonstrate the validity of the norm, and its power of
coercion. The second, aimed at the enemy, would have as its scope the very
maintenance of the State, insofar as it seeks to safeguard its existence. With the aim
of enriching the study, it sought to analyze the increasing appearance of the
characteristics of this theory in the legal order of the country, with the selection of
laws that reveal in their devices, striking features of the criminal law of the enemy.

Key words: Criminal Law of the Enemy; Legal order; Enemy; Citizen.

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Jakobs. 2014. Disponível em:
<http://leocoutocpa.jusbrasil.com.br/artigos/114727908/direito-penal-do-inimigo-o-
funcionalismo-radical-de-jakobs>. Acesso em abr. 2018.

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