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Revista IUJ – In Utroque Jure, Vol.

1, Nº1, 2022 | 243

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E


LIBERDADE
RULE OF LAW AND FREEDOM

Ronaldo Brêtas de Carvalho Dias1


PUC Minas

Resumo
A liberdade do povo é uma questão vinculada ao exercício do poder pelo Estado, vez que
é o povo que confere legitimidade àquele exercício. É o conceito de Estado Democrático
de Direito sintetiza essa vinculação, que será abordada na presente investigação.
Palavras-chaves
Liberdade. Estado Democrático de Direito. Poder

Abstract
Freedom of people is an issue linked to the exercise of power by the State, since it is the people that confer
legitimacy to that exercise. It is the concept of the Democratic State of Law that synthesizes this link,
which will be addressed in this investigation.
Keywords
Freedom. Rule of Law. Power.

1. INTRODUÇÃO

A vigente Constituição brasileira promulgada em 1988, ao tratar de


seus princípios fundamentais, logo no enunciado normativo de seu artigo
1º, proclama que a República Federativa do Brasil é formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constituída

1 Advogado. Doutor em Direito Constitucional e Mestre em Direito Civil pela


Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Decano de Direito Processual Civil na
PUC Minas Gerais. Professor Colaborador no Mestrado Acadêmico em Instituições
Sociais, Direito e Democracia da Universidade FUMEC, Minas Gerais. Membro Titular
do Instituto Panamericano de Derecho Procesal. Membro do Instituto do Direito de
Língua Portuguesa, sede em Lisboa. Membro Honorário da Associação Brasileira de
Direito Processual. Ex-Advogado Chefe Adjunto da Assessoria Jurídica Regional do
Banco do Brasil S. A., em Minas Gerais. Presidente da Comissão de Estudos Estratégicos
da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de Minas Gerais. Autor do livro Processo
constitucional e Estado Democrático de Direito, Belo Horizonte: Editora Del Rey.
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em Estado Democrático de Direito, tendo como fundamentos a


soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do
trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político, a partir daí declarando
que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente.
A partir daí, muito se tem discutido e publicado sobre Estado
Democrático de Direito, muito embora os respectivos textos produzidos,
em seus enunciados, algumas vezes, revelem muitas inconsistências, pois
alicerçados em ideias nas quais o Estado de Direito esteja caracterizado
apenas pelo exercício do poder político por meio de uma entendida
tripartição de poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a base da
democracia surja considerada tão somente na realização de eleições e no
exercício do voto pelas pessoas do povo a partir da obtenção do título de
eleitor, o que se revela muito pouco em relação ao tema.
Sustentamos que essas ideias revelam noções derivadas de
pensamentos envoltos por marcante simplicidade técnica, científica e
política, nada condizentes com a complexidade e a verdadeira grandeza e
dimensão política, jurídica e social do Estado Democrático de Direito,
neste século XXI, é o que se pretende demonstrar neste texto.
Urge compreender que Estado de Direito e democracia são
verdadeiros princípios jurídicos conexos, amalgamados pela complexidade
sistemática e normativa da vigente Constituição brasileira de 1988,
verdadeira peça de arquitetura jurídica que empreende a configuração
principiológica do Estado Democrático de Direito.
Essa afirmativa é atestada logo na redação do seu artigo 1º,
contido no Título I, que trata, exatamente, de seus princípios fundamentais,
neles incluído o princípio jurídico do Estado Democrático de Direito, cujo
objetivo institucional, no fundo, é harmonizar o exercício do poder
político pelo Estado com a necessária e irrenunciável liberdade das pessoas
do povo.

2. EXERCÍCIO DE PODER PELO ESTADO E LIBERDADE DO


POVO

As noções apresentadas pelos estudiosos da Teoria do Estado


indicam textos nos quais surge apontada conexão entre as ideias de poder
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e direito, a partir daí consideradas que as palavras chaves das instituições


políticas são Estado, poder político e direito.2 Esta realidade levou
Norberto Bobbio a afirmar que “o alfa e o ômega da teoria política é o problema
do poder: como o poder é adquirido, como é conservado e perdido, como é exercido, como
é defendido e como é possível defender-se contra ele”.3
Em breve noção, poder é a possibilidade de se gerir ou comandar
grupo de pessoas. Algumas vezes, o vocábulo poder é empregado de
forma equivalente a poder político, no sentido de se ter autoridade, por
meio de prerrogativas legais, para ditar ordens a pessoas ou a grupos de
pessoas e lhes impor obediência. Os estudos sobre poder abrangem todos
os setores de vida em sociedade, mas é na política que o poder se
evidencia mais importante. Costuma-se afirmar que a noção de poder
talvez seja a única em comum nos estudos da Ciência do Direito e da
Ciência Política.4
Segundo Karl Loewenstein, quaisquer que sejam os cenários nos
quais são desenvolvidas as relações humanas, o poder tem grande
importância, com presença marcante na infraestrutura das instituições
sociais e políticas. Na sua complexidade, Estado e sociedade constituem
um sistema de múltiplas e variadas relações de poder, como exemplos,
poder político, poder social, poder econômico, poder familiar, poder
moral, poder religioso, poder cultural. O poder é compreendido como
relação sócio-psicológica, baseada no efeito recíproco das ações daqueles
que o detêm e o exercem e das ações de seus destinatários, ou seja,
daqueles frente aos quais o poder é exercido. A partir de tais reflexões,
Loewenstein entende que o poder político surge no Estado como
exercício de um controle social por parte daqueles que o detêm. Como
controle social, completa Loewenstein, deve-se entender a função estatal
respaldada em normas legais de se tomar determinada decisão e a
possibilidade que os detentores do poder têm de instar os destinatários do
exercício do mesmo poder a cumpri-la.5

2 Cf. BARACHO, José Alfredo de Oliveira. Regimes políticos, p. 119 e 137. CARVALHO
DIAS, Ronaldo Brêtas de. Processo constitucional e Estado Democrático de Direito.
3 BOBBIO. A era dos direitos, p. 43.
4 Cf. MORAES, Filomeno. Dicionário de Filosofia do Direito, p. 640-642.
5 LOEWENSTEIN, Karl. Teoría de la Constitución, p. 24-27. CARVALHO DIAS, Ronaldo

Brêtas de. Processo consitucional e Estado Democrático de Direito, p. 11-12.


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Essas considerações entram na área de pesquisas do Direito


Político, ramo da ciência jurídica pouco estudado no Brasil, ao contrário
do que ocorre nos Estados da Europa. Prestigiados autores europeus,
como Pablo Lucas Verdú e Ekkehart Stein, consideram que o Direito
Político busca estudar o equilíbrio harmonioso entre o exercício do poder
pelo Estado, na preservação da ordem e da autoridade constituídas e
necessárias ao desempenho das complexas e ingentes atividades estatais
voltadas ao bem estar da sociedade e a garantia da liberdade dos
destinatários deste mesmo poder, as pessoas do povo, livrando-as do
perigo que sempre contagia todo e qualquer poder, qual seja, o de ser
exercido de forma degenerada, arbitrária ou abusiva. Com tal propósito, o
Direito Político tem como objeto o estudo das normas que estabelecem
limites, balizas e restrições ao exercício do poder pelo Estado, nas suas
relações com a sociedade, a fim de assegurar a plenitude da liberdade e
garantias fundamentais das pessoas do povo. Na persecução de tais
objetivos, o Direito Político apoia-se nos estudos da Ciência Política,
concernentes aos fundamentos e à organização do poder político no
Estado e nos princípios e regras do Direito Constitucional, sistematizados
para disciplinar as atividades das instituições jurídicas essenciais ao
exercício do poder estatal, direcionado ao bem estar social, em
concomitante respeito aos direitos e liberdades fundamentais dos seres
humanos, pessoas do povo, que vivem no território do Estado.6
Nas lições de Jürgen Habermas são encontradas confirmações de
algumas dessas ideias, ao dissertar o filósofo alemão sobre a relação
interna entre Ciência do Direito e Ciência Política, afirmando que:

[...] o Estado é necessário como poder de organização, de sanção e de


execução, porque os direitos têm que ser implementados, porque a
comunidade de direito necessita de uma jurisdição organizada e de uma
força para estabilizar a identidade, e porque a formação da vontade
política cria programas que têm de ser implementados. [...]. Pois o poder
organizado politicamente não se achega ao direito como que a partir de

6 Cf. VERDÚ, Pablo Lucas. Curso de Derecho Politico, p. 40. STEIN, Ekkehart. Dereho
Politico, p. 9-10. VIVANCO MARTÍNEZ, Ángela. Curso de Derecho Constitucional, p. 54-56.
BACELAR GOUVEIA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, v. I, p. 171. CARVALHO
DIAS, Ronaldo Brêtas de. Processo constitucional e Estado Democrático de Direito, p. 12.
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fora, uma vez que é pressuposto por ele: ele mesmo se estabelece em
formas do direito. O poder político só pode desenvolver-se através de
um código jurídico institucionalizado na forma de direitos
fundamentais.7

Analisando a estrutura do poder político, Luiz Sanchez Agesta


observa que tal poder é exercido por meio do direito, porquanto, em boa
síntese, “mandar é estabelecer e fazer cumprir normas”. Observa referido autor
que, dentro da comunidade política, existe uma ordenação da estrutura do
poder, tendo como pressuposto “um processo de atuação jurídica do poder”, em
seus aspectos essenciais, normalmente referidos na Ciência do Direito e na
Teoria do Estado como funções jurídicas do Estado - (1) função
administrativa (ou executiva), (2) função legislativa e (3) função
jurisdicional - funções estas comumente qualificadas de “poderes” em
grande parte dos livros jurídicos, sob atecnia e deturpação da teoria de
Montesquieu.8
Essas funções do Estado, segundo enfoque de Jorge Miranda,
devem ser compreendidas como atividades estatais que traduzem
manifestações específicas do exercício do poder político, ou seja, um
complexo ordenado de atos que o Estado desenvolve, por meio de seus
órgãos e agentes, visando à realização das tarefas e incumbências que lhe
cabem, impostas pela Constituição e pelas leis que edita, componentes do
ordenamento jurídico.9
Todavia, por importante, não se pode deslembrar que o poder do
Estado é uno e as funções decorrentes do exercício deste poder emanam
do povo, sua comunidade política, com intransigente fidelidade às normas
jurídicas (princípios e regras constitucionais e infraconstitucionais) que
compõem o ordenamento jurídico estatal, orientado pelos princípios
jurídicos do Estado de Direito e da democracia (Estado Democrático),
preservando-se os direitos e garantias fundamentais das pessoas do povo,
razões pelas quais, na literatura jurídica, a expressão função do Estado

7 HABERMAS. Direito e democracia: entre facticidade e validade, v. I, p. 171.


8 AGESTA, Luiz Sanches. Curso de Derecho Constitucional Comparado, p. 54-55.
CARVALHO DIAS, Ronaldo Brêtas de. Processo constitucional e Estado Democrático de Direito,
p. 17-26.
9 MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, t. V, p. 9-11.
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aparece nos respectivos textos com o sentido de “atividade” ou de “exercício


do poder”.10
Assim, surge no texto da Constituição a construção normativa da
organização e regência do Estado, impondo-se-lhe normas para o
exercício do poder, porém, sempre de forma harmonizada com a garantia
de liberdade das pessoas do povo, em verdadeira simbiose constitucional,
o que é analisado por Joaquim Carlos Salgado, ao afirmar:

É na Constituição que se dá o encontro do político (poder) e do jurídico


(norma) e é na Constituição democrática contemporânea que se dá a
superação da oposição entre poder e liberdade. E isto na forma de uma
organização do poder e de uma ordenação da liberdade, qual se mostra
como ordem jurídica ou liberdade objetivada. Com relação ao direito,
diz-se ordenação, norma; com relação ao poder, diz-se organização. A
organização só é possível por normas; a ordenação por órgãos.11

Em consequência, tenha-se em mente que o poder político, nos


sistemas democráticos, é sempre exercido em nome do povo, por isto
mesmo conformado pelo modo de ser e de agir das pessoas do mesmo
povo, cuja liberdade tem de ser preservada.

3. POVO: COMUNIDADE POLÍTICA DO ESTADO E FONTE DE


LEGITIMAÇÃO DO PODER

A dimensão atual, grandiosa e marcante do Estado Constitucional


Democrático de Direito resulta da articulação dos princípios jurídicos do
Estado Democrático e do Estado de Direito, cujo entrelaçamento técnico
e harmonioso se concretiza pelas normas (princípios e regras) da
Constituição vigente (artigo 1º).
Para se chegar a essa conclusão, impõe-se perceber que a
democracia, na atualidade, mais do que forma de Estado e de governo, é

10 Cf. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, p.


504. CARVALHO DIAS, Ronaldo Brêtas de. Processo constitucional e Estado Democrático de
Direito, p. 16-17.
11SALGADO, Joaquim Carlos. Revista do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, v. 27,

p. 39.
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princípio de direito consagrado nos modernos ordenamentos


constitucionais como fonte de legitimação do exercício do poder. Tal
legitimação tem origem no povo, daí o protótipo constitucional dos
Estados Democráticos, ao se declarar que todo o poder emana do povo.
Nesse sentido, é ler, por exemplo, (1) o parágrafo único, do artigo
1º, da Constituição brasileira, (2) os artigos 3º e 10 da Constituição
portuguesa e (3) o artigo 20 da Constituição da Alemanha, originada do
texto da sua Lei Fundamental de Bonn (1949), todos estes referidos textos
normativos afirmando que o poder emana do povo.
Como povo, há de se entender o substrato humano formador da
comunidade política do Estado, composta de pessoas livres, dotadas de
direitos subjetivos umas em face das outras e do próprio Estado, fazendo
parte do povo tanto os governados quanto os governantes, pois estes são
provenientes do povo, sejam quais forem suas condições sociais, todos
obedientes às mesmas normas jurídicas, sobretudo as componentes da
Constituição, que é o estatuto maior do exercício do poder político.12
Ao princípio jurídico da democracia se agrega o princípio jurídico
do Estado de Direito, ambos informados por gama variada de ideias-
mestras que lhes dão contextura, espécies de subprincípios, albergados em
normas expressas das modernas Constituições, entre elas a brasileira de
1988, que determinam, direcionam e conformam as atividades do Estado,
limitando-lhe o poder, em defesa da liberdade das pessoas do povo.
Na dinâmica estatal, segundo lições de Jorge Miranda, povo deve
ser qualificado como o substrato humano do Estado, isto significando
que: (1º) povo é a razão de ser do Estado, que o modela em concreto; (2º)
o Estado resulta da obra de uma coletividade, que há de se tornar o povo;
(3º) o poder político se define primordialmente como poder em relação a
um povo; (4º) historicamente, o poder sempre emerge do povo; (5º) o
poder político, nos sistemas democráticos, é sempre exercido, direta ou
indiretamente, em nome do povo, por isto mesmo conformado pelo
modo de ser, de agir e de obedecer do povo e das pessoas que o integram;
(6º) o território do Estado corresponde à área de fixação do povo em
nome do qual o poder político é exercido.13

12 Cf. MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, t. III, p. 47, 49 e 57.


13 MIRANDA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, t. III, p. 50-51.
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Essas considerações ficam justificadas pela qualificada doutrina de


Canotilho, para quem a teorização do Estado Democrático de Direito
centra-se em três principais fundamentos, quais sejam, (1º) “o Estado
limitado pelo direito e o poder político legitimado pelo povo”, (2º) “o direito é o direito
interno do Estado” e (3º) “o poder democrático é o poder do povo que reside no
território do Estado ou pertence ao Estado”.14
A doutrina italiana vem qualificando esse sistema constitucional
marcado técnica e juridicamente pela articulação do poder político
legitimado do povo (democracia) com a limitação do poder estatal (Estado
de Direito) de Democracia Constitucional.15
A literatura jurídica alemã, ao examinar os conteúdos dos
princípios jurídicos do Estado Democrático e do Estado de Direito, realça
a afirmativa de que ambos os princípios atuam simultaneamente na
moderna estruturação jurídico-constitucional do Estado.
Com efeito, nesta diretiva, referidos princípios mantêm relação
ora marcada por traços que se distinguem, ora caracterizadas por vetores
que lhes são comuns. A ideia fundamental de democracia está relacionada
à fonte de legitimação do poder, que é o povo, dele emanado o exercício
do poder pelo Estado. Em razão disto, o povo elege livremente seus
representantes, cujos trabalhos legislativos devem refletir o pensamento
popular na construção dos conteúdos das normas de direito que
prevalecem nas relações sociais e no exercício das funções e das diferentes
atividades desenvolvidas pelos órgãos do Estado. Também ocorre que os
destinatários e atingidos pelos atos do Estado são todos aqueles que
residem no seu território, ou seja, o povo, sua comunidade política,
integrada por governantes e governados. É este ciclo de atos de
legitimação que aponta o lado democrático do Estado de Direito. Assim, o
princípio jurídico da democracia é considerado um princípio configurador
de caráter formal e orgânico. Lado outro, tem-se o Estado de Direito
como princípio jurídico de natureza material e procedimental, porque, em
termos gerais: (1º) incide no modo de proceder da atividade estatal,
limitando e vinculando o exercício do poder pelo Estado ao ordenamento
jurídico vigente, a fim de garantir a liberdade das pessoas do povo; (2º)

14 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, p.


227.
15 Cf. BONGIOVANNI, Giorgio. Teorie “costituzionalistiche”del diritto”, p. 13-14.
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reconhece os direitos fundamentais das pessoas do povo; (3º) institui o


controle jurisdicional da legalidade dos atos do Estado; (4º) concede
proteção jurídica às pessoas do povo por meio das decisões judiciais
geradas nos processos obedientes à garantia fundamental do devido
processo legal.16
Embora sejam estes os traços básicos que diferenciam os dois
princípios jurídicos – Estado de Direito e democracia – ainda segundo a
doutrina alemã, há um campo em que ambos cobrem o mesmo conteúdo,
quando se referem à liberdade das pessoas do povo. Assim o é, porque a
democracia proclama o respeito aos chamados direitos de liberdade
democrática, quais sejam, liberdade de pensamento, de expressão e de
opinião, liberdade de imprensa, liberdade de informação e liberdade de
reunião e de associação das pessoas do povo. Em assim sendo, estes
intitulados direitos de liberdade democrática seriam um vetor comum
entre democracia e Estado de Direito, um nexo determinante de união
entre os dois mencionados princípios jurídicos, amalgamados pelas
normas constitucionais.17

4. ESTADO DEMOCRÁTICO

Há consenso doutrinário no sentido de que os direitos essenciais


do ser humano inerentes à vida, à liberdade, à dignidade, à igualdade, à
segurança, ao valor e à natureza da própria condição humana, encarados
na perspectiva espiritual, mental, corpórea e social, os chamados Direitos
Humanos, que receberam destacadas atenção e menção na história a partir
da Revolução Francesa de 1789, referidos atualmente na literatura jurídica
por Direitos Fundamentais, quando positivados nos textos das
Constituições, devem ser reconhecidos pelo Estado, de sorte a limitar seu
poder político, a fim de impedir seu exercício de forma arbitrária ou

16 Cf. BÖCKENFORDE, Ernst Wolfgang. Estudios sobre el Estado de Derecho y la


democracia, p. 118-121. MÜLLER, Friedrich. Quem é o povo? A questão fundamental da
democracia, p. 60-62. CARVALHO DIAS, Ronaldo Brêtas de. Processo constitucional e Estado
Democrático de Direito, p. 69-70.
17 Cf. BÖCKENFORDE, Ernst Wolfgang. Ob. cit., p. 120-121. CARVALHO DIAS,

Ronaldo Brêtas de. Processo constitucional e Estado Democrático de Direito, p. 70.


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abusiva.18
Dessa forma, os fundamentos do Estado Democrático brasileiro
têm base jurídico-constitucional, por primeiro, em um amplo conjunto de
normas jurídicas (princípios e regras) encontradas no texto da Constituição
de 1988, no vigoroso e exuberante rol de direitos e garantias fundamentais
e direitos sociais declarados nos seus artigos 5º e 6º, dentre eles à vida, à
igualdade, à liberdade, à segurança, à propriedade, à herança, à reserva
legal, ao direito adquirido, à coisa julgada, ao ato jurídico perfeito, à
jurisdição, ao devido processo legal, dentre muitos outros.19
A tese contemporânea vigente no âmbito do Direito
Constitucional, originária dos estudos desenvolvidos pelos juristas após a
segunda guerra mundial, que liga o dever do Estado ao respeito dos
direitos e garantias fundamentais do povo, parte do princípio jurídico de
que o Estado é obrigado a proteger e observar a dignidade da pessoa
humana, que tem caráter geral e absoluto, devendo-se entender os direitos
e garantias fundamentais das pessoas do povo como extensão ou
desdobramento do princípio constitucional da dignidade da pessoa
humana (ver Constituição da República, artigo 1º, inciso III).20

A respeito do tema, bem esclarece Ingo Wolfgang Sarlet que:

[...] o princípio da dignidade da pessoa humana tem sido compreendido


como uma espécie de direito a ter direitos, ou seja, como o direito
fundamental de toda e qualquer pessoa humana ser titular de direitos
fundamentais que assegurem e promovam justamente a sua condição de
pessoa (com dignidade) no âmbito de uma comunidade.21

18 Cf. CARVALHO DIAS, Ronaldo Brêtas de. Processo constitucional e Estado Democrático de
Direito, p. 83-85. Assinala o autor que a expressão Direitos Fundamentais recebeu
consagração normativa expressa na Alemanha (Grundrechte), quando ali elaborados os
textos da Constituição de Weimar (1919) e da Lei Fundamental de Bonn (1949), como
era então chamada a atual Constituição da República Federal da Alemanha, antes da
unificação do Estado alemão, pós segunda guerra mundial, com o episódio histórico
chamado “queda do Muro de Berlim” (1989).
19 Cf. CARVALHO DIAS, Ronaldo Brêtas de. Processo constitucional e Estado Democrático de

Direito, p. 70-71.
20 Cf. MARTINS, Leonardo. Direito processual constitucional alemão, p. 62.
21 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade (da pessoa humana) e direitos fundamentais na
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Com precisão técnica e científica, sobre o princípio da dignidade


da pessoa humana, leciona Jorge Bacelar Gouveia que:

[...] a dignidade humana como critério de fundamentação do


Direito em geral, e dos direitos fundamentais em particular, parte
das características da (I) liberdade e da (II) racionalidade da pessoa,
antropologicamente sustentada numa (III) inserção social,
garantindo seu (IV) desenvolvimento pessoal.22

Lado outro, o Estado Democrático brasileiro tem sua dimensão e


se estrutura constitucionalmente na legitimidade do domínio político e na
legitimação do exercício do poder político pelo Estado assentadas na
soberania e na vontade do povo (Constituição da República, artigo 1º,
incisos I, II, parágrafo único; artigo 14; e artigo 60, § 4º, inciso II). A tanto,
apontadas legitimidade e legitimação são instrumentalizadas,
primeiramente, via do sufrágio universal, por meio do voto direto, secreto
e igual para todos, ao prever o texto constitucional brasileiro que o povo,
substrato humano componente da comunidade política do Estado, no
exercício da cidadania, escolhe livremente seus representantes e
governantes (Constituição da República, artigo 14).23
Além disso, em segundo lugar, porque a democracia não se
exercita apenas e simplesmente nas urnas, pelo voto dos cidadãos, ao
ensejo dos pleitos eleitorais, pois, com maior amplitude, o povo pode e
deve exercer participação ostensiva e preponderante na discussão política
relacionada à resolução dos problemas e questões de interesse nacional,
por meio do plebiscito, do referendo, da iniciativa legislativa popular
(Constituição da República, artigo 1º, parágrafo único; e artigo 14, incisos
I, II e III), das audiências públicas e, ainda, por meio do processo
constitucional.24

Constituição Federal de 1988, p. 73-74 e 122.


22 BACELAR GOUVEIA, Jorge. Manual de Direito Constitucional, v. II, p. 800.
23 Cf. CARVALHO DIAS, Ronaldo Brêtas de. Processo constitucional e Estado Democrático de

Direito, p. 73-74.
24 Cf. CARVALHO DIAS, Ronaldo Brêtas de. Ob. cit., p. 74. David Deustsh, físico

israelense e Professor na Universidade de Oxford, tece comentários interessantes sobre as


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Assim o é, porque o texto da Constituição da República de 1988,


ao condensar metodológica e sistematicamente as normas constitucionais,
orienta o processo (devido processo constitucional), além de nele incluir,
com destaque, a garantia matriz e fundamental do devido processo legal
(Constituição, artigo 5º, inciso LIV; Código de Processo Civil, artigos 1º e
15), também estatui e cataloga, no mesmo plano sistemático, em favor do
povo, proporcionando-lhe defesa contra os atos arbitrários do Estado, um
vasto e poderoso arsenal de garantias procedimentais constitucionais,
assim enumeradas: (1) o mandado de segurança individual e coletivo; (2) o
habeas corpus; (3) o mandado de injunção; (4) o habeas data; (5) a ação direta
de inconstitucionalidade; (6) a ação declaratória de constitucionalidade; (7)
a arguição de descumprimento de preceito fundamental; (8) a ação
constitucional de revisão da súmula vinculante; (9) a reclamação; (10) a
ação civil pública; (11) o direito constitucional de ajuizar ação popular,
concedido a qualquer cidadão, sem ônus, para anular atos estatais lesivos
ao patrimônio público e à moralidade administrativa (artigo 1º, parágrafo
único; artigo 14, incisos I, II e III; artigo 5º, inciso LXXIII; artigo 37).25

5. ESTADO DE DIREITO

Os fundamentos do Estado de Direito têm base jurídica em um


extenso conjunto de normas (regras e princípios) encontradas no texto da
vigente Constituição da República, das quais pode-se destacar: (1) o
princípio da separação das funções do Estado, proclamado no artigo 2º da
Constituição, embora ali se faça referência tecnicamente inadequada às
expressões “Poderes da União, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”, as quais

eleições, ao considerar que a essência do processo decisório democrático não reside


apenas na livre escolha feita pelo sistema eleitoral, mas, também, nas ideias dos
candidatos expostas nos debates eleitorais, testificadas e refutadas pelo povo e
modificadas pelos candidatos. A partir daí, o povo eleitor torna-se um crítico daqueles
que almejam exercer o poder como agentes políticos e deve ser o povo, então,
considerado fonte de sabedoria, quando aponta os equívocos na fala dos candidatos,
antes e depois das eleições, fiscalizando e criticando suas atuações, o que é da essência da
democracia (cf. DEUSTSH. The beginning of infinity: explanations that transform the world, p.
345).
25 Cf. CARVALHO DIAS, Ronaldo Brêtas de. Ob. cit., p. 74-75.
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de há muito deveriam ter sido recolhidas ao museu das antiqualhas


jurídicas;26 (2) os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência, que regem os atos praticados pelos órgãos do
Estado, no exercício de quaisquer das suas funções essenciais, a
administrativa, a legislativa e a jurisdicional (artigo 37); (3) o princípio da
responsabilidade do Estado pelos danos causados aos particulares, no
exercício de suas funções jurídicas essenciais – a administrativa, a
legislativa, a jurisdicional – como prescrevem o artigo 37, § 6º, e o artigo
5º, inciso LXXV; (4) o direito das pessoas do povo de obter indenização
do Estado pelos prejuízos sofridos em razão do erro judiciário ou do
tempo em que a pessoa ficou presa além daquele determinado na sentença
condenatória (artigo 5º, inciso LXXV); (5) o princípio da independência
dos juízes, viabilizada pelas garantias da vitaliciedade, da inamovibilidade e
da irredutibilidade de subsídio (artigo 95); (6) o princípio da
fundamentação das decisões proferidas pelos órgãos jurisdicionais,
consagrado no artigo 93, incisos IX e X; (7) o princípio da prestação dos
serviços públicos ao povo de forma adequada e eficiente, albergado nos
artigos 37 e 175, parágrafo único, inciso IV; (8) o princípio da prevalência
dos direitos humanos nas relações internacionais mantidas pelo Estado
brasileiro (artigo 4º, inciso II); (9) o princípio da incorporação no direito
interno das normas internacionais de proteção aos direitos humanos
contidas nos tratados internacionais dos quais o Estado brasileiro seja
parte (artigo 5º, § 2º); (10) o princípio da vinculação dos órgãos legislativos
ao Estado de Direito e à democracia, acolhido em normas constitucionais
que os constitucionalistas brasileiros denominam de cláusulas pétreas
(Constituição, artigo 60, § 4º, incisos I, II, III e IV).27

26 As funções legislativa, executiva ou administrativa e jurisdicional são exercidas por


órgãos do Estado e não pelos poderes do Estado, já que o poder político, que tem origem no
povo, é uno e indivisível. A respeito, tem pertinência a crítica procedente de Rosemiro
Pereira Leal: “com o advento do Estado moderno, torna-se arcaica a divisão da atividade estatal pela
afirmação de Poderes, porque, em face do discurso jurídico-democrático avançado das sociedades modernas,
a única fonte de poder é o povo” (LEAL. Teoria geral do processo: primeiros estudos, p. 187). Sobre a
teoria das funções fundamentais do Estado, em substituição à decrépita teoria da
separação ou tripartição dos poderes estatais, em deturpação das ideias de Montesquieu,
ver considerações de Ronaldo Brêtas a respeito (cf. CARVALHO DIAS, Ronaldo Brêtas
de. Processo constitucional e Estado Democrático de Direito, p. 17-26).
27 Cf. CARVALHO DIAS. Ob. cit., p. 71-73.
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Bem examinadas ditas normas da Constituição da República,


torna-se evidente a conclusão de que todos esses princípios e regras ali
existentes, como bem considera Canotilho, “concretizam a ideia nuclear do
Estado de Direito – sujeição do poder a princípios e regras jurídicas – garantindo às
pessoas e cidadãos liberdade, igualdade perante a lei e segurança”.28

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Resumindo brevemente as ideias desenvolvidas ao longo do texto,


com o objetivo de demonstrar o que deve ser entendido por Estado
Democrático de Direito, o findamos, alinhando as considerações que se
seguem.
O Estado contemporâneo se organiza e se rege por uma
Constituição, dentro de uma estruturação jurídica que lhe permite criar
órgãos para o desempenho de suas funções jurídicas essenciais
(administrativa, legislativa, jurisdicional), os quais, porém, não são
soberanos, pois vinculadas às normas constitucionais e infraconstitucionais
(ordenamento jurídico). O Estado é que detém a soberania em nome do
povo, sem a qual lhe faltaria – também exercido em nome do povo – o
poder de criação e de aplicação das normas que edita para composição de
seu ordenamento jurídico, que lhe serve de diretriz obrigatória no
desempenho de suas funções jurídicas essenciais, a executiva ou
administrativa, a legislativa e a jurisdicional.
Em razão disso, o poder do Estado é uno, não se podendo dividi-
lo ou fracioná-lo, em visão tripartida, sob evidente atecnia, ao se conceber
a existência de três Poderes – Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder
Judiciário – porquanto o que deve ser repartida ou separada é a atividade
estatal e não o poder do Estado, que tem origem no povo.
A fusão dos princípios jurídicos do Estado Democrático
(democracia) e do Estado de Direito, amalgamados pelo entrelaçamento
técnico e harmonioso das normas da Constituição, é denominada
legitimação democrática do Estado de Direito pelos juristas alemães e
qualificada democracia constitucional pelos juristas italianos.

28CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição, p.


227.
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Essas qualificações são tecnicamente procedentes e plenamente


justificadas, porque partem da ideia atual, lógica e cientificamente
demonstrada, como se procurou fazê-lo ao longo do texto, de que a
referida junção permite criar para o Estado um sistema constitucional
marcado de forma preponderante pela associação do poder político
legitimado do povo (democracia) com a limitação do poder estatal pelas
normas constitucionais e infraconstitucionais integrantes de seu
ordenamento jurídico (Estado de Direito), sobretudo aquelas normas
voltadas à proteção da liberdade e dos demais direitos e garantias
fundamentais das pessoas do povo positivadas no texto da Constituição.

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