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RESUMO
1 Artigo apresentado à Universidade Potiguar – UnP, como parte dos requisitos para obtenção do
título de bacharelem Direito.
2 Graduando do curso de Direito da Universidade Potiguar, campus de Natal/RN
3 Professora orientadora. Mestra em Direito pela UFRN
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1 INTRODUÇÃO
Na visão de Hans Kelsen (2000 apud TOMAZ NETO; LIRA, 2012, p. 1), a
Constituição, lei fundamental e suprema do Estado, é vista como a norma que irá
organizar e estruturar todo o Estado. Todas as demais normas que existem no
ordenamento jurídico devem obediência à Constituição Federal, que assume papel
de destaque.
Já Pedro Lenza (2009 apud TOMAZ NETO; LIRA, 2012, p. 1) focando no
sentido material define Constituição como
Aquela norma que defina e trate das regras estruturais da sociedade, de
seus alicerces fundamentais (formas de Estado, governo, seus órgãos etc.).
Ao eleger o critério material torna-se possível encontrarmos normas
constitucionais fora do texto constitucional, na medida em que o que
interessa no aludido conceito é o conteúdo da norma, e não a maneira pela
qual ela foi introduzida no ordenamento interno. O que importa é a matéria
da norma e não os seus aspectos formais.
Constitucional” (PONTUAL, 2018, p. 1). Ainda segundo o autor, “ao fim de 1945, as
eleições realizadas para a Presidência da República deram vitória ao general Eurico
Gaspar Dutra, empossado em 1946, que governou o país por decretos-lei, enquanto
preparava-se uma nova Constituição”.
Essa Constituição, datada de 18 de setembro de 1946, foi promulgada de
forma legal e retomou a linha democrática de 1934. Entre as medidas adotadas,
estão o restabelecimento dos direitos individuais, o fim da censura e da pena de
morte. A Carta também devolveu a independência ao Executivo, Legislativo e
Judiciário e restabeleceu o equilíbrio entre esses poderes, além de dar autonomia a
estados e municípios. Outra medida foi a instituição de eleição direta para presidente
da República, com mandato de cinco anos. Após as deliberações do Congresso
recém-eleito, este assumiu a configuração de Assembleia Nacional Constituinte, é o
que esclarece Pontual (2018, p. 1).
Além das referidas medidas adotadas em seu contexto, destacam-se
também, conforme observa Pontual (2018, p. 1), a incorporação da Justiça do
Trabalho e do Tribunal Federal de Recursos ao Poder Judiciário, a pluralidade
partidária, o direito de greve e livre associação sindical e o condicionamento do uso
da propriedade ao bem-estar social, possibilitando a desapropriação por interesse
social. Tais direitos pró-trabalhadores, geraram descontentamento por parte do
Governo, provocando, no ano de 1964, um golpe de Estado que acaba por instaurar
a Ditadura Militar no Brasil.
Três anos após a instauração do regime militar, implanta-se a nova
Constituição brasileira, outorgada em 1967 pelo Congresso Nacional, originando um
Estado Ditatorial. Essa constituição surgiu na passagem do governo Castelo Branco
para o Costa e Silva, período no qual predominavam o autoritarismo e o arbítrio
político.
A constituição de 1967, implementou a eleição indireta para Presidente da
República, o que se dava através de um Colégio Eleitoral, formado por Delegados,
escolhidos estes, pela Assembleia Legislativa e membros do Congresso Nacional.
No período compreendido entre 1964 e 1969 foram decretados 17 (dezessete) Atos
Institucionais (AI) – os quais foram “reconhecidos” pela constituição de 1967
(HISTÓRIA, 2016, p. 1).
Conforme assevera Vainer (2010, p. 22) “os Atos Institucionais e os Decretos-
Leis tornaram o Poder Executivo o titular efetivo do poder legiferante, sob o
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Elaborada por [...] parlamentares com diversas crenças políticas, ela não só
restabeleceu a inviolabilidade de direitos e liberdades básicas como instituiu
uma vastidão de preceitos progressistas, como a igualdade de gêneros, a
criminalização do racismo, a proibição total da tortura e direitos sociais
como educação, trabalho e saúde para todos. (CYSNE, 2016, p. 1).
Conta com mais de setenta incisos sobre os direitos de todo cidadão à vida,
à liberdade, à igualdade, à propriedade e à segurança. Mais inovadores são
os doze direitos sociais [...], que incluem transporte, lazer, previdência
social, assistência aos desamparados e proteção à maternidade e à infância
(CYSNE, 2016, p. 1).
De acordo com Freire (1980 apud SALES, 2009) o ambiente escolar é “um
espaço político para a organização popular”.
Moraes (2008, p. 1) alerta para o fato de que, apesar dos avanços – ainda
que a passos lentos – implementados no âmbito escolar, no tocante as áreas de
“infraestrutura”, bem como que se refere a “formação de professores, material
didático, inovações tecnológicas, entre outros aspectos que deveriam favorecer a
aprendizagem”, a educação brasileira continua, ainda, instável.
Segundo a autora, mesmo com todas essas ‘melhorias’, os resultados obtidos
no campo da aprendizagem, colhidos estes por meio de avaliações propostas pelos
“SAEB SPAECE, ENEM, entre outros, as respostas esperadas no segmento
educacional não condizem com os esforços governamentais e os investimentos
feitos na área (MORAES, 2008, p. 1).
Como forma de se obter esse resultado, Santos (2008, p. 1) atenta para o fato
que
Ainda que existam alguns institutos jurídicos cuja atenção está focada na
educação brasileira, os quais têm como missão garantir a educação a criança e ao
adolescente, sente-se a falta ainda, de uma “vontade”, por parte dos profissionais
que atuam no contexto escolar, de faze-los “funcionar” como de fato deveriam. É o
que aduz Santos (2008, p. 1) para quem a educação tem um papel de grande
importância para a formação do cidadão. Para ele
A educação, em termos de Brasil, deve ser tratada como uma política social,
que tem como compromisso fundamental à garantia dos direitos do cidadão,
ou, ainda a escola deve assumir um novo papel frente à sociedade, que é o
de propiciar ações para a efetivação dos direitos sociais.
este, o primeiro direito social enumerado pela nossa Carta Maior. Em seu art. 205,
defende que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”.
Nesse sentido, Maliska (2001, p. 106-107), analisa que a educação é um
direito de todos e de dever do Estado e da família, onde o Estado tem a obrigação
de possibilitar a todos o acesso à educação, que é um direito fundamental, que tem
relevância tanto no critério conteúdo, como no critério importância, visto que, é
através da educação que os indivíduos se transformam em cidadãos.
“A educação é o processo de desenvolvimento da capacidade física,
intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor
integração individual e social” (DE PLÁCIDO E SILVA, 1999 apud EMÍLIO, 2013, p.
1).
Ainda, no artigo 211 da Constituição, com redação dada pela Emenda
Constitucional n. 14/1996, trata de competência para organização dos sistemas de
ensino, estabelecendo que
4 Disponível no http://www.sjpunidadepolo.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=41
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Não funciona, sabe-se bem, se todas essas benesses não saírem da teoria. É
importante que a escola, com o auxílio de todos os que a compõem, bem como com
a participação da família – a quem cabe tutelar esse processo - se esforcem para
fazer funcionar. Somente assim será possível garantir uma escola com ensino de
qualidade, formada esta, pela participação direta daqueles que são os ‘atores’ mais
importantes desse cenário – o alunado.
Como na nossa Carta Maior de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional e no Estatuto da Criança e do Adolescente, mostra também, que
a educação é dever do Poder Público5, devendo ser oferecido de forma gratuita e
universal. A obrigatoriedade do ensino fundamental também implica reconhecê-lo
5 Com destaque o art. 54 do ECA que dispõe ser “dever do Estado assegurar à criança e ao
adolescente: I - Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram
acesso na idade própria; II - Progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino; IV – Atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos de
idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016) V - Acesso aos níveis mais elevados do ensino,
da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - Oferta de ensino noturno
regular, adequado às condições do adolescente trabalhador; VII - atendimento no ensino
fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde. § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
subjetivo. § 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular
importa responsabilidade da autoridade competente. § 3º Compete ao poder público recensear os
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela
frequência à escola (BRASIL, 1990, p. 1).
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como a formação mínima que deve ser garantida a todos os brasileiros, de qualquer
idade.
A Carta Magna ou Lei Maior, é o livro sagrado de uma nação que possibilita
aos cidadãos o entendimento da organização do Estado. O estudo deste livro
possibilita que sejam levantados questionamentos que irão fomentar, no corpo
docente, o senso crítico sobre a existência do Estado Democrático de Direito.
Assim sendo, pensando na disseminação de seu contexto, o Senador
Romário Faria criou o Projeto de Lei nº 70, de 2015, cujo texto altera a redação dos
arts. 32 e 36 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional) com o propósito de inserir novas disciplinas, tornando-as
obrigatórias, nos currículos dos ensinos fundamental e médio. O Senador Romário
quer, por meio desse projeto, implementa-la nas escolas das redes pública e
particular do Brasil, expandindo a noção cívica dos nossos estudantes, ensinando-
lhes sobre seus direitos constitucionais, como cidadão e futuro eleitor e, em
contrapartida, sobre seus deveres.
Em 06/10/2015, o Projeto de Lei Suplementar - PLS foi aprovado pelo
Senado, pela maioria de votos dos senadores da Comissão de Educação, Cultura e
Esporte, visto que o projeto tramita em caráter terminativo.
A situação atual do projeto, segundo consta do site do Senado é
6 Entrevista realizada na Secretaria de Estado de Educação e da Cultura - SEEC do Estado do Rio Grande do Norte, nos dias
4 e 5 de setembro de 2018. Na ocasião foram entrevistados Afonso Gomes Ferreira Filho – lotado no setor de Avaliação
Educacional e Maria Auxiliadora da Cunha Albano – lotada no setor: Organização e Inspeção Escolar – SOINSPE.
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5 CONCLUSÃO
A sociedade deve ser regida por direitos e deveres, com base na legislação
vigente, em especial num país que sofre com a desigualdade e condições precárias
em determinadas regiões, muito em consequência do desconhecimento, entre uma
gama populacional, daquilo que vem ‘grafado’ na Carta Maior de uma nação.
Os deveres ali impressos, são sim, disseminados, uma vez que os indivíduos
são cobrados, a cada minuto, por suas obrigações enquanto cidadãos. O contrário
não se vislumbra acerca de seus direitos, uma vez que estes estão apregoados na
legislação, mas mantidos apenas na teoria, já que estão, na maioria das vezes,
‘trancados em livros’ buscados estes, por pessoas com algum conhecimento
adquirido por meio de informações de terceiros, quando passando por alguma
‘necessidade’.
O Estado do Rio Grande do Norte aparece na lista daqueles que se
destacam, regularmente, pelos resultados mais críticos registrados no Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB, do INEP/MEC. O Ideb sintetiza os
desempenhos das escolas referentes à taxa de aprovação e à proficiência obtida na
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ABSTRACT
REFERÊNCIAS
<http://www.brasil.gov.br/noticias/educacao-e-ciencia/2012/04/etapas-do-ensino-
asseguram-cidadania-para-criancas-e-jovens>. Acesso em: 21 out. 2018
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vol. 23, n. 80, setembro/2002, p. 168-200 Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/es/v23n80/12929.pdf. Acesso em: 10 out. 2018.
FABER, Marcos Emílio Ekman. Crise de 1929 no Brasil e a Revolução de 30. [2018].
Disponível em: < http://www.historialivre.com/brasil/vargas_rev30.htm>. Acesso em:
4 out. 2018.
PONTUAL, Helena Daltro. 25 anos da Constituição cidadã: uma breve história das
Constituições do Brasil. 2018. Disponível em:
<http://www.senado.gov.br/noticias/especiais/constituicao25anos/historia-das-
constituicoes.htm>. Acesso em: 5 out. 2018.
SANTOS, André Michel dos. A educação no Brasil na atualidade. Brasil, Escola, 2008.
Disponível em: < https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-educacao-no-brasil-
na-atualidade.htm>. Acesso em: 20 out. 2018.
TOMAZ NETO, José Alves; LIRA, Daniel Ferreira de. A posição hierárquica dos
tratados e convenções internacionais que versam sobre direitos humanos
recepcionados pelo sistema normativo brasileiro após o julgamento do Recurso
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Extraordinário 466.343-1/São Paulo. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun
2012. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?
n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=11686>. Acesso em out 2018.