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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE DIREITO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO

FICHAMENTO SOBRE OS CAPÍTULOS I, X, XI, XII, XIII DO LIVRO:


CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – DIRLEY DA CUNHA JR.

Salvador

2023
ALICE FREITAS DE OLIVEIRA EVANGELISTA

FICHAMENTO SOBRE OS CAPÍTULOS I, X, XI, XII, XIII DO LIVRO:


CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL – DIRLEY DA CUNHA JR.

Este fichamento, apresentado à


disciplina Direitos Fundamentais e
Direitos Humanos, do Programa de
Pós-Graduação em Direito da
Universidade Federal da Bahia, como
requisito parcial de avaliação da
disciplina.

Professor: Dirley da Cunha Jr.

Salvador
2023
CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL

CAPÍTULO I – CONSTITUCIONALISMO

1. ORIGEM E CONCEITO

O constitucionalismo ao longo da história representou um movimento de grande


importância, dando origem a dinâmicas históricas conhecidas como ciclos
constitucionais. Essa influência se fez presente em diversas épocas e eventos do passado.
O cerne do constitucionalismo reside em ser um movimento histórico, político e
filosófico que, desde sua concepção, buscou restringir o poder absoluto por meio da
salvaguarda e garantia das liberdades públicas e dos direitos individuais. Esse movimento
assumiu a tarefa de impor estruturas legais aos Estados e seus governantes, estabelecendo
limites claros.
As primeiras manifestações do constitucionalismo, segundo a maioria dos
estudiosos, datam do regime teocrático do povo hebreu. Nesse contexto, o movimento
constitucionalista já começava a se fazer presente, lançando as bases para o
desenvolvimento posterior de ideias e princípios que moldariam as estruturas de
governança em diferentes períodos históricos.
Segundo leciona o mestre Dirley da Cunha Jr.1, na origem, não se pregava o
constitucionalismo a elaboração de Constituições escritas. Aqui, iniciava-se a soberania
popular, visando o deslocamento do poder.

2. DESENVOLVIMENTO
2.1. CONSTITUCIONALISMO ANTIGO

1 CUNHA, Dirley, Curso de Direito Constitucional, p.35.


Na era subsequente à origem do constitucionalismo e ao período do povo hebreu na
antiguidade, é possível identificar as manifestações desse movimento em dois momentos
distintos: primeiro na Grécia e depois em Roma.

Na Grécia, o constitucionalismo ganhou destaque através do movimento político-


constitucional nas cidades-estado, sobretudo em Atenas. Nesse cenário, emergiu uma
forma de democracia direta e pura, na qual o povo não apenas era governado, mas também
participava ativamente no governo. Isso resultou em um regime propenso à liberdade,
enfatizando a plenitude da soberania popular.
Por outro lado, em Roma, esse movimento se manifestou durante o período da
Proclamação da República Romana. Nessa fase, as ideias constitucionalistas se
destacaram de maneira notável. Com a criação do sistema republicano, estabeleceu-se um
mecanismo de controle do exercício do poder por meio da interdependência dos poderes,
formando um sistema de freios e contrapesos. Como resultado, o poder foi fragmentado
e distribuído entre diversos órgãos políticos, permitindo um controle mútuo entre eles.

2.2.CONSTITUCIONALISMO MEDIEVAL

Durante a Idade Média, testemunhamos o advento da Magna Carta de 1215, um


documento que consagrou os princípios constitucionalistas e, entre outras disposições,
estabeleceu restrições ao poder absoluto do monarca.
A Magna Carta surgiu como resultado de um pacto celebrado entre o Rei João Sem
Terra e os Bispos e Barões ingleses. Nesse contexto, esse documento é reconhecido como
um marco fundamental que contribuiu para a evolução do devido processo legal. Esse
avanço, por sua vez, atenuou as prisões arbitrárias, garantindo às pessoas o direito à ampla
defesa.

2.3. CONSTITUCIONALISMO MODERNO


De acordo com o ensinamento do mestre Dirley da Cunha Jr.2, após a Magna Carta
inglesa, o constitucionalismo deslancha em direção à modernidade, ganhando novos
contornos.
Na implantação do constitucionalismo na era moderna, destacaram-se momentos
singulares. O primeiro foi a revolução liberal que conduziu à independência das colônias
inglesas na América do Norte (EUA) em 1776. Outro ponto relevante foi a criação da
primeira Constituição escrita do mundo que se deu nos EUA, promulgada em 1787,
seguida pela França em 1791. Ambas as constituições são caracterizadas por duas
qualidades distintivas: a estruturação do aparato estatal e a imposição de limites ao poder
governamental, alcançadas por meio da inclusão de declarações de direitos e garantias
fundamentais.

3. NEOCONSTITUCIONALISMO

O neoconstitucionalismo é um paradigma jurídico que emergiu no final do século


XX como resposta às transformações sociais, políticas e econômicas que moldaram as
sociedades modernas. Essa abordagem representa uma evolução no entendimento do
direito constitucional, buscando superar as limitações inerentes às abordagens
tradicionais do constitucionalismo.
Esse novo enfoque ressalta a importância central da Constituição como a pedra
angular de um Estado, promovendo a premissa de que os princípios e valores
constitucionais devem orientar todas as esferas do direito e a ação governamental.
No contexto do neoconstitucionalismo, a Constituição é concebida como uma norma
máxima e essencial, à qual todas as outras leis e ações devem estar em harmonia. Isso
acarreta que a Constituição não pode ser modificada com facilidade e possui um estatuto
singular.

3.1.PATRIOTISMO CONSTITUCIONAL

2
CUNHA, Dirley, Curso de Direito Constitucional, p.37.
O conceito de Patriotismo Constitucional surge do pensamento do filósofo alemão
Jürgen Habermas e descreve uma forma de ligação com a nação que tem origem nos
valores e princípios estabelecidos na Constituição. Ao contrário do nacionalismo
tradicional, que se apoia em características étnicas, culturais ou religiosas, este modelo
de patriotismo destaca-se.
Nesse sentido, o Patriotismo Constitucional representa uma abordagem ponderada,
enraizada na visão da Constituição como um contrato social que garante direitos e
liberdades inalienáveis a todos os cidadãos. Nessa perspectiva, ser patriota significa
alinhar-se com os fundamentos e conceitos da Constituição e empenhar-se em tornar esses
princípios realidade.
O propósito do Patriotismo Constitucional é fortalecer os pilares da democracia e a
coesão social. Através da promoção do respeito pelos direitos humanos e pela justiça
social, esse tipo de patriotismo busca uma trajetória em direção a uma sociedade mais
igualitária e inclusiva.
Em resumo, o Patriotismo Constitucional, tal como definido por Jürgen Habermas,
apresenta uma visão de ligação com a nação que se baseia nos princípios fundamentais
da Constituição e tem como objetivos o fortalecimento da democracia e a promoção da
justiça social.

3.2.TRANSCONSTITUCIONALISMO

O transconstitucionalismo representa uma teoria no campo do direito constitucional


que examina as interações entre distintas esferas legais, abrangendo tanto aquelas de
natureza estatal quanto aquelas de caráter transnacional, internacional e supranacional.
Este conceito foi formulado por Marcelo Neves, um renomado jurista brasileiro, e
encontra-se delineado em sua obra intitulada “Transconstitucionalismo”3.
Neves concebe o transconstitucionalismo como um fenômeno resultante da
globalização e da intrincada relação entre as diversas ordenações jurídicas. Nos tempos
contemporâneos, questões constitucionais transcendem as fronteiras de uma única esfera
legal, sendo compartilhadas entre múltiplas jurisdições.

3 NEVES, Marcelo. Transconstitucionalismo. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
Uma ilustração pertinente de problemática transconstitucional é observada na
salvaguarda dos direitos humanos. Embora os direitos humanos sejam reconhecidos em
todas as ordens jurídicas modernas, sua interpretação e aplicação não raro diferem. Nesse
contexto, o transconstitucionalismo assume o papel de promover a coerência na
interpretação e implementação dos direitos humanos entre as distintas esferas legais.
O transconstitucionalismo se apresenta como uma teoria ainda em processo de
desenvolvimento, carecendo de um consenso consolidado em relação aos seus princípios
e ramificações. Contudo, o conceito gradativamente vem conquistando a aceitação de
juristas e estudiosos do direito constitucional, com o potencial de contribuir para a
construção de um sistema legal global mais equitativo e eficaz.
Dentre os principais pilares do transconstitucionalismo, destacam-se: o
reconhecimento da interdependência entre diferentes esferas legais; a necessidade de
diálogo e cooperação entre essas diversas jurisdições; e a ênfase na proteção dos direitos
humanos e valores constitucionais partilhados.
Apesar da adesão crescente ao transconstitucionalismo por parte de juristas e
acadêmicos, críticas não faltam, especialmente daqueles que defendem a soberania das
ordenações legais nacionais. Ainda assim, defensores do transconstitucionalismo
argumentam que o conceito se afigura essencial para lidar com os desafios impostos pela
globalização e pela interdependência entre múltiplas esferas legais.

3.3.ESTADO CONSTITUCIONAL COOPERATIVO

A teoria política elaborada pelo jurista alemão Peter Häberle, conhecida como Estado
Constitucional Cooperativo, postula a necessidade de colaboração entre Estados a fim de
fomentar os direitos humanos e a democracia.
Aqui, propõe-se que o Estado Constitucional Cooperativo representa uma progressão
em relação ao Estado Constitucional. O último é caracterizado por ser um Estado
democrático de direito, fundamentado no princípio da soberania popular. Por outro lado,
o conceito de Estado Constitucional Cooperativo transcende a noção de soberania popular
e reconhece a significância da cooperação em âmbito internacional.
O argumento central de Häberle reside na essencialidade da cooperação internacional
para a promoção dos direitos humanos e da democracia em um contexto globalizado.
Desafios contemporâneos, como as mudanças climáticas, o terrorismo e a migração, não
são passíveis de solução por um único Estado isoladamente. A cooperação entre Estados
torna-se imperativa para identificar soluções eficazes a tais questões.

3.4. O NOVO CONSTITUCIONALISMO LATINO-AMERICANO

O movimento do Novo Constitucionalismo Latino-americano surge na região da


América Latina como uma resposta à era de ditaduras militares e às violações dos direitos
humanos que a marcaram. Esse movimento propõe uma abordagem renovada do
constitucionalismo, caracterizada por sua natureza participativa, inclusiva e direcionada
à salvaguarda abrangente dos direitos fundamentais, englobando tanto os direitos sociais,
quanto os ambientais e culturais.
Este novo paradigma do constitucionalismo latino-americano é caracterizado por
algumas características centrais: ampla participação da população; integração dos direitos
de cunho social; reconhecimento do caráter plurinacional do Estado; e a busca pela
descolonização do sistema jurídico.
Algumas das constituições mais proeminentes vinculadas a esse novo movimento são
as da Bolívia, Equador, México e Brasil. Estes textos constitucionais não somente
incorporam as características mencionadas previamente, como também se revelaram
ferramentas cruciais para fomentar os princípios democráticos, a justiça social e a
sustentabilidade em toda a América Latina.

3.5. O CONSTITUCIONALISMO NEGRO

O constitucionalismo negro representa tanto um movimento quanto uma abordagem


inseridos no âmbito do estudo e aplicação do direito constitucional. Seu foco reside nas
visões, problemáticas e obstáculos enfrentados pelas comunidades de ascendência
africana. A proposta central é confrontar as disparidades históricas, sociais e econômicas
que impactam essas comunidades, valendo-se do direito constitucional como instrumento
para fomentar a equidade racial, a paridade e os direitos fundamentais.
O constitucionalismo negro reconhece a tendência de as leis e estruturas legais
frequentemente manterem a discriminação, segregação e marginalização das
comunidades negras ao longo do tempo. Esse movimento tem como objetivo desafiar
essas estruturas discriminatórias e se esforça para promover a mudança social, utilizando
interpretações constitucionais que coloquem ênfase na inclusão, na equidade e na busca
por reparação.
O constitucionalismo negro constitui uma abordagem com o propósito de fomentar a
equidade racial e a justiça social através da utilização do direito constitucional como uma
ferramenta de mudança. Ao confrontar as normas tradicionais e as interpretações
convencionais da lei, o constitucionalismo negro busca redefinir conceitos como
igualdade, liberdade e dignidade humana, para que possam espelhar as realidades
vivenciadas pelas comunidades negras e suas batalhas por reconhecimento e capacitação.
O constitucionalismo negro frequentemente ultrapassa limites geográficos, uma vez
que as batalhas por justiça racial e equidade são questões globais. Ao enfatizar a
relevância da representação, da expressão e da participação das comunidades negras nos
âmbitos legais e políticos, essa perspectiva contribui para a formação de sociedades mais
abertas, progressistas e autenticamente democráticas.

CAPÍTULO X – TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A Teoria Geral dos Direitos Fundamentais é um ramo da teoria do direito que se
dedica ao estudo dos direitos fundamentais presentes em sistemas jurídicos democráticos.
Esses direitos são considerados fundamentais porque são considerados essenciais para
garantir a dignidade, a liberdade e a igualdade das pessoas, além de constituírem a base
de um estado de direito democrático.

2. DELIMITAÇÃO TERMINOLÓGICA E CONCEITUAL DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS. EM BUSCA DE UM CONCEITO
CONSTITUCIONALMENTE ADEQUADO DOS DIREITOS
FUNDAMENTAIS

Conforme leciona o professor Dirley da Cunha Jr., não há consenso doutrinário sobre
o conceito de direitos fundamentais. Isso ocorre porque os direitos fundamentais são um
conjunto de direitos que evoluíram ao longo da história e que, portanto, são definidos de
diversas maneiras.
Os direitos fundamentais são também conhecidos como: Liberdades públicas;
Direitos individuais; Direitos subjetivos; Direitos públicos subjetivos; Direitos humanos
O Ilmo. autor do texto defende a expressão "direitos fundamentais" como a mais
adequada para se referir a esses direitos. Essa opção é justificada por dois motivos: É a
terminologia adotada pela Constituição Federal de 1988 e é a expressão mais abrangente,
compreendendo todas as outras.
Assim, direitos fundamentais são direitos essenciais à dignidade da pessoa humana,
que são garantidos pelo Estado. Eles incluem direitos individuais, sociais, políticos e
culturais.

3. A TEORIA DOS QUATRO STATUS DE JELLlNEK E AS FUNÇÕES DOS


DIREITOS FUNDAMENTAIS

A Teoria dos Quatro Estágios de Jellinek representa uma concepção jurídica


formulada no final do século XIX pelo jurista alemão Georg Jellinek. Seu propósito reside
na exploração da dinâmica entre o indivíduo e o Estado, por meio da análise aprofundada
dos direitos fundamentais.
Essa teoria é frequentemente utilizada para examinar o papel e a evolução dos direitos
individuais em uma sociedade e como eles interagem com as estruturas estatais.
Os Quatro Estágios da Teoria de Jellinek são: Função de defesa ou de liberdade;
Função de prestação; Função de proteção perante terceiros; Função de não descriminação.

3.1. FUNÇÃO DE DEFESA OU DE LIBERDADE


Com base nessa função, os direitos fundamentais atuam para evitar que o Estado
restrinja ou dificulte certas ações do detentor do direito, representando o direito de o
detentor do direito fundamental não ser impedido em suas ações. Dessa forma, o Estado
não está autorizado a dificultar o uso de liberdades concedidas (por exemplo, estabelecer
censura prévia sobre expressões artísticas ou religiosas, limitar a liberdade de movimento
e o direito de se reunir) nem a criar requisitos excessivos para o exercício de uma
profissão.

3.2.FUNÇÃO DE PRESTAÇÃO

A função de prestação dos direitos fundamentais é a função que garante que o Estado
proporcione condições para que o indivíduo desenvolva suas potencialidades. Essa
função está relacionada ao status positivus, que é o status que diz respeito às prestações
do Estado ao indivíduo.
Os direitos fundamentais de prestação são aqueles que exigem do Estado a realização
de ações positivas para garantir o bem-estar do indivíduo. Por exemplo, o direito à
educação, o direito à saúde, o direito à moradia, o direito ao trabalho, etc. Esses direitos
são essenciais para a concretização do princípio da igualdade material, que é o princípio
que garante que todos os indivíduos tenham as mesmas oportunidades de
desenvolvimento.
A função de prestação dos direitos fundamentais é uma função importante para a
construção de uma sociedade justa e democrática. Ela garante que o Estado não apenas
se abstenha de violar os direitos dos indivíduos, mas também que promova o bem-
estar de todos.

3.3. FUNÇÃO DE PROTEÇÃO PERANTE TERCEIROS

A função de proteção perante terceiros é a função que garante que os direitos


fundamentais do indivíduo sejam protegidos também contra a ação de outros indivíduos.
Essa função está relacionada ao status subjectionis, que é o status que diz respeito às
obrigações do indivíduo perante o Estado.
Os direitos fundamentais de proteção perante terceiros são aqueles que garantem que
os indivíduos não sejam vítimas de violações de seus direitos por outros indivíduos. Por
exemplo, o direito à vida, o direito à integridade física, o direito à honra, o direito à
imagem, etc. Esses direitos são essenciais para a garantia da dignidade humana, que é o
valor fundamental que fundamenta os direitos fundamentais.
A função de proteção perante terceiros é uma função importante para a construção
de uma sociedade justa e democrática. Ela garante que os indivíduos não sejam vítimas
de abusos ou violência por outros indivíduos.

3.4. FUNÇÃO DE NÃO DISCRIMINAÇÃO


A função de não discriminação dos direitos fundamentais é a função que garante que
todos os indivíduos sejam tratados de forma igual perante a lei, independentemente de
sua raça, religião, gênero, orientação sexual, deficiência, etc. Essa função está relacionada
ao princípio da igualdade, que é um dos princípios fundamentais que fundamentam os
direitos fundamentais.
A função de não discriminação é uma função essencial para a construção de uma
sociedade justa e democrática. Ela garante que todos os indivíduos sejam respeitados em
sua dignidade humana e que tenham as mesmas oportunidades de desenvolvimento.

Em resumo, a Teoria dos Quatro Estágios de Jellinek oferece uma estrutura para
entender a evolução dos direitos individuais em relação ao Estado e como esses direitos
desempenham diferentes funções ao longo dessa evolução.

4. ANTECEDENTES HISTÓRICOS E EVOLUÇÃO DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS

4.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS


4.2.AS DECLARAÇÕES DE DIREITOS
Os antecedentes históricos dos direitos fundamentais remontam à Antiguidade,
quando já se observava a preocupação com a proteção de alguns direitos, como a vida, a
propriedade e a liberdade religiosa. No entanto, foi apenas no século XVIII, com o
Iluminismo, que os direitos fundamentais ganharam um novo impulso.
Os pensadores iluministas, como John Locke, Montesquieu e Voltaire, defendiam a
ideia de que os homens nascem livres e iguais, com direitos inalienáveis. Essas ideias
influenciaram o movimento constitucionalista, que se desenvolveu na Europa no final do
século XVIII e início do século XIX.
Um dos principais marcos da evolução dos direitos fundamentais foi a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte
Francesa em 1789. Essa declaração consagrou os princípios da liberdade, igualdade e
fraternidade, bem como uma série de direitos civis e políticos, como a liberdade de
expressão, a liberdade de reunião e a liberdade de religião.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão inspirou a elaboração de outras
declarações de direitos, como a Declaração dos Direitos dos Estados Unidos, de 1791, e
a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948.
As revoluções liberais, inglesa, americana e francesa, e suas respectivas declarações
de Direitos, foram essenciais para a afirmação histórica dos direitos humanos.

4.2.1. A MAGNA CARTA


A Magna Carta (1215) consistiu em um diploma contra os abusos do monarca João
Sem Terra, na Inglaterra. A Carta trouxe a ideia de governo representativo e direitos que,
posteriormente, seriam universalizados, atingindo todos os indivíduos.
Esse diploma esteve inserido no período da Idade Média, em que se tinha os feudos,
cujo sistema era o de divisão de classes. No séc. XVII, tem-se o questionamento do Estado
Absolutista, em que se buscou limitar o poder do soberano. É com essa ideia que se
consagra em 1628, a Petition of Right.

4.2.2. A PETITION OF RIGHT


A Petition of Right (1628) trata sobre conceito de legalidade. Visando limitar o poder
do monarca, o baronato inglês, representando pelo Parlamento, estabelece o dever do Rei
de não cobrar impostos sem a autorização do Parlamento. Além disso, determina que
nenhum homem livre pode ser detido ou privado de seus bens, das suas liberdades e
franquias, ser molestado, ou exilado, senão em virtude de sentença legal dos seus pares
ou da lei do seu país. A exigência de lei, auxiliará em parte importante do devido processo
legal a ser implementado.

4.2.3. O HABEAS CORPUS ACT


O Habeas Corpus Act (1679) é o ato que estabelece algumas normativas para o
habeas corpus; ideia de apresentar o corpo, ter o corpo presente.
Era uma medida de liberdade individual e dos seus bens - não era apenas o direito de
ir e vir como se encontra constitucionalizado.

4.2.4. O BILL OF RIGHTS


O Bill of Rights (1689) concede grande poder ao parlamento. Surgiu após a
Revolução Gloriosa, em que é editada a Declaração Inglesa de Direitos, que visou limitar
o poder autocrático do Rei, do soberano.
Afirma a vontade da lei sobre a vontade absolutista do rei.
A Petition of Right e o Bill of Rigths (Revolução Gloriosa), consagraram a
supremacia do Parlamento e o império da lei.

4.2.5. O ACT OF SETTLEMENT


O Act of Settlement (ou Ato de Estabelecimento) é um ato do Parlamento da
Inglaterra que foi aprovado em 1701. Ele estabeleceu a sucessão protestante ao trono
inglês e irlandês, e também reforçou o poder do Parlamento.
O ato foi promulgado em resposta à deposição do rei Jaime II, um católico, em 1688.
Os parlamentares ingleses temiam que a sucessão do filho de Jaime II, o rei católico
Guilherme III, pudesse levar a um retorno do absolutismo e da perseguição religiosa.

4.2.6. A DECLARAÇÃO DE DIREITOS DO BOM POVO DA VIRGÍNIA


A Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia é um documento histórico
elaborado em 1776, em meio à Revolução Americana.
A Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia é um documento histórico
elaborado em 1776, em meio à Revolução Americana. Foi escrita por Thomas Jefferson,
um dos líderes da independência americana, e foi adotada pelo Primeiro Congresso da
Virgínia.
O documento é uma das declarações de direitos mais importantes da história. Ela é
considerada um marco do Iluminismo e da Revolução Americana, e influenciou a
elaboração de outras declarações de direitos, como a Declaração de Independência dos
Estados Unidos e a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A Declaração de Direitos da Virgínia proclama que todos os homens nascem livres e
iguais, e que têm certos direitos naturais, como a vida, a liberdade e a busca da felicidade.
Ela também afirma que o governo existe para proteger esses direitos, e que os cidadãos
têm o direito de se rebelar contra um governo que não atenda a essa função.

4.2.7. A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO


A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão representa um registro histórico
produzido em 1789 pela Assembleia Nacional Constituinte da França. Reconhecida como
um ponto crucial da Revolução Francesa, esse texto figura entre os documentos mais
significativos na trajetória dos direitos humanos ao longo da história.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão proclama a inata liberdade e
igualdade em direitos de todos os indivíduos desde o nascimento, enfatizando que tais
direitos são intrínsecos, inalienáveis e sacrossantos. Além disso, estabelece que o
propósito do governo é salvaguardar esses direitos, e que os cidadãos mantêm o direito
de se insurgir contra um governo que negligencie esse dever.
A influência da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é evidente na
criação de outras declarações de direitos, como a Declaração de Independência dos
Estados Unidos e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Seu impacto estende-se
à inclusão nos textos constitucionais de várias nações, incluindo o Brasil.

4.2.8. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM


A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento
internacional que proclama os direitos fundamentais de todos os seres humanos, sem
distinção de raça, sexo, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social,
riqueza, nascimento ou qualquer outra condição.
A DUDH foi adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro
de 1948, após a Segunda Guerra Mundial. Ela foi um marco na história dos direitos
humanos, pois estabeleceu um conjunto de direitos e liberdades universais que todos os
povos e nações devem respeitar e garantir.
A DUDH não é um tratado internacional, mas é um documento de referência que
inspirou muitas leis e constituições nacionais. Ela também é o fundamento do sistema
internacional de direitos humanos, que inclui órgãos e mecanismos para a proteção e
promoção dos direitos humanos.

4.3. A EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS: OS DIREITOS


FUNDAMENTAIS DE PRIMEIRA, SEGUNDA, TERCEIRA E QUARTA
GERAÇÃO OU DIMENSÃO

A evolução dos direitos fundamentais é um processo histórico que acompanha o


desenvolvimento da sociedade humana. Os direitos fundamentais são direitos e garantias
que são essenciais para a dignidade da pessoa humana e para a construção de uma
sociedade justa e igualitária.
A classificação dos direitos fundamentais em gerações ou dimensões é uma forma de
organizar e compreender esse processo evolutivo. Essa classificação foi proposta pelo
jurista Karel Vasak, em 1979, e divide os direitos fundamentais em três gerações:

 Primeira geração ou dimensão: os direitos fundamentais de primeira geração são


os direitos civis e políticos. Esses direitos são voltados para a proteção da
liberdade individual, como o direito à vida, à liberdade de expressão, à liberdade
de reunião e à liberdade de associação.
 Segunda geração ou dimensão: os direitos fundamentais de segunda geração são
os direitos econômicos, sociais e culturais. Esses direitos são voltados para a
promoção da igualdade e da justiça social, como o direito ao trabalho, à educação,
à saúde, à seguridade social e à moradia.
 Terceira geração ou dimensão: os direitos fundamentais de terceira geração são
os direitos de solidariedade. Esses direitos são voltados para a proteção de
interesses difusos ou coletivos, como o direito ao meio ambiente, à paz, ao
desenvolvimento sustentável e à paz.
 Quarta geração são os direitos relacionados às tecnologias da informação e da
comunicação (TICs). Eles incluem o direito à privacidade digital, o direito à
autodeterminação informativa e o direito ao acesso à informação. Esses direitos
são essenciais para a proteção da liberdade individual e para a construção de uma
sociedade justa e igualitária no mundo digital.
 Quinta geração são os direitos relacionados à paz, à democracia e ao meio
ambiente. Eles incluem o direito à paz, o direito à democracia direta e o direito ao
meio ambiente sustentável. Esses direitos são essenciais para a proteção da
dignidade da pessoa humana e para a construção de um mundo mais pacífico,
democrático e sustentável.
A classificação de Vasak tem sido criticada por alguns juristas, que argumentam que
ela é simplista e não reflete a complexidade da evolução dos direitos fundamentais. No
entanto, essa classificação continua sendo um marco importante no estudo dos direitos
fundamentais, pois ajuda a compreender o processo histórico de expansão e consolidação
desses direitos.
Além das três gerações ou dimensões tradicionais, alguns juristas têm proposto a
inclusão de uma quarta geração de direitos fundamentais. Os direitos fundamentais de
quarta geração seriam os direitos relacionados às tecnologias da informação e da
comunicação (TICs), como o direito à privacidade digital, o direito à autodeterminação
informativa e o direito ao acesso à informação.

5. FUNDAMENTOS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


De acordo com o texto, a doutrina dos direitos do Homem questiona a fundamentação
filosófica desses direitos, ou seja, busca-se descortinar uma justificação que os torne
necessários e os reforce. Nesse contexto, existem diversas concepções jusfilosóficas que
esgrimem, com argumentos não raro excludentes entre si, as concepções justificadoras
dos direitos do Homem.
As principais concepções são:
Jusnaturalismo: os direitos do Homem são imperativos do direito
natural, inatos ao ser humano, anteriores e superiores ao Estado.
Positivismo: os direitos do Homem são franquias previstas e
concedidas por lei.
Idealismo: os direitos do Homem são pautas ideais recolhidas ao
longo do tempo.
Realismo: os direitos do Homem são o resultado da experiência
concreta haurida das lutas políticas, econômicas e sociais.
Diante da variedade dos fundamentos encontrados e expostos pelas inúmeras
concepções filosóficas e da dificuldade em harmonizá-los, alguns autores chegam a ver
com indiferença o debate acerca dos fundamentos dos direitos fundamentais, negando-
lhes qualquer utilidade. Bobbio é enfático quando afirma que o problema dos direitos do
Homem não é fundamentá-los, mas sim realizá-los e protegê-los.
Bobbio4 entende, portanto, que é uma ilusão buscar-se um fundamento absoluto para
os direitos fundamentais, que são direitos historicamente relativos e estruturalmente
diversos. Contra essa ilusão ele levanta quatro dificuldades:
Primeira dificuldade de conciliar os diversos fundamentos
propostos: Nenhuma das concepções jusfilosóficas é capaz de
oferecer um fundamento absoluto para os direitos fundamentais,
que sejam aceitos por todos.
Segunda dificuldade de compatibilizar os direitos fundamentais
com as demais normas jurídicas: Os direitos fundamentais não
são normas absolutas, mas devem ser compatibilizados com as
demais normas jurídicas, como as leis e os costumes.
Terceira dificuldade de dar efetividade aos direitos
fundamentais: Mesmo que se encontre um fundamento absoluto
para os direitos fundamentais, isso não garante que eles serão
efetivamente respeitados.
Quarta dificuldade de superar as divergências políticas sobre os
direitos fundamentais: As divergências políticas sobre os direitos
fundamentais são frequentemente insuperáveis, o que dificulta a
sua fundamentação.
Concluindo, Bobbio defende que o problema fundamental dos direitos do Homem
não é fundamentá-los, mas sim realizá-los e protegê-los.

4 BOBBIO, Norberto. A era dos Direitos, p.24.


6. A CONSTITUCIONALlZAÇÃO DAS DECLARAÇÕES DE DIREITOS, A
FUNÇÃO LEGITIMADORA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E SEU
REGIME JURÍDICO-CONSTITUCIONAL REFORÇADO
A constitucionalização das declarações de direitos é um fenômeno que ocorre quando
os direitos fundamentais, que inicialmente foram proclamados em documentos de
natureza não-constitucional, são incorporados à Constituição. Esse fenômeno tem sido
observado em diversos países ao redor do mundo, e no Brasil, teve início com a
Constituição de 1988.
A constitucionalização dos direitos fundamentais tem uma série de implicações
importantes. Primeiramente, ela confere a esses direitos um status jurídico superior,
tornando-os mais difíceis de serem restringidos pelo Estado. Em segundo lugar, ela
fortalece a função legitimadora dos direitos fundamentais, tornando-os um fundamento
do Estado de Direito e da democracia.
O regime jurídico-constitucional reforçado dos direitos fundamentais é uma
decorrência da sua constitucionalização. Esse regime é caracterizado por uma série de
garantias que visam a assegurar a máxima efetividade desses direitos. Dentre essas
garantias, destacam-se:

 Aplicabilidade imediata: os direitos fundamentais são aplicáveis


imediatamente, mesmo que não sejam regulamentados por lei.
 Interpretação conforme a Constituição: as leis devem ser interpretadas
de forma a serem compatíveis com os direitos fundamentais.
 Controle judicial de constitucionalidade: os direitos fundamentais
podem ser protegidos pelo Poder Judiciário, que pode declarar a
inconstitucionalidade de leis ou atos que os violem.
A constitucionalização dos direitos fundamentais e o seu regime jurídico-
constitucional reforçado têm sido fundamentais para a consolidação da democracia e do
Estado de Direito no Brasil. Esses direitos são essenciais para a garantia da liberdade, da
igualdade e da dignidade da pessoa humana, valores fundamentais de qualquer sociedade
democrática.

7. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


Os direitos fundamentais são direitos inerentes a todos os seres humanos,
independentemente de sua nacionalidade, raça, religião ou qualquer outra condição.
Eles são reconhecidos e protegidos pelo Estado, e têm como objetivo garantir a
liberdade, a igualdade e a dignidade da pessoa humana.
As características dos direitos fundamentais são:
a) Historicidade - A historicidade é uma das características dos direitos fundamentais
que diz respeito à sua evolução ao longo do tempo. Os direitos fundamentais não
são fixos e absolutos, mas sim dinâmicos e mutáveis, adaptando-se às mudanças
sociais, políticas e econômicas.
b) Universalidade - Os direitos fundamentais são universais, ou seja, são aplicáveis
a todos os seres humanos, sem distinção.
c) Inalienabilidade - Os direitos fundamentais são inalienáveis, ou seja, não podem
ser vendidos, cedidos ou renunciados.
d) Imprescritibilidade – Os direitos fundamentais são imprescritíveis, ou seja, não se
perdem com o passar do tempo.
e) Irrenunciabilidade: os direitos fundamentais são irrenunciáveis, ou seja, não
podem ser renunciados, mesmo que o indivíduo assim o queira.
f) Limitabilidade - É uma das características dos direitos fundamentais que diz
respeito à possibilidade de esses direitos serem restringidos em situações
específicas. Essa característica é necessária para garantir o equilíbrio entre os
direitos fundamentais e os demais interesses da sociedade.
g) Indivisibilidade - tais direitos humanos compõem um único conjunto de direitos,
uma vez que não podem ser analisados de maneira isolada, separada. Afirma-se
que, o desrespeito a um deles constitui a violação de todos ao mesmo tempo, ou
seja, caso seja descumprido seria com relação a todos.
h) Concorrência - É uma das características dos direitos fundamentais que diz
respeito à possibilidade de esses direitos se conflitarem entre si. Essa característica
é necessária para garantir que os direitos fundamentais sejam exercidos de forma
equilibrada e harmoniosa.
i) Constitucionalização - É uma característica que diz respeito à positivação desses
direitos na Constituição. Essa característica é importante para garantir a
supremacia dos direitos fundamentais sobre os demais atos normativos.

8. RESTRIÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


Os direitos fundamentais são direitos inerentes à pessoa humana, que são
reconhecidos e protegidos pela Constituição Federal. Eles podem ser limitados em
algumas situações, sempre que necessário para proteger outros direitos ou interesses
constitucionalmente protegidos.
As restrições aos direitos fundamentais devem ser interpretadas de forma restritiva e
proporcional. O controle judicial das restrições aos direitos fundamentais é essencial para
garantir que elas sejam aplicadas de forma adequada e proporcional.
Em resumo, as restrições aos direitos fundamentais são possíveis, mas devem ser
justificadas e limitadas.

9. AS DIMENSÕES SUBJETIVA E OBJETIVA DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS
As dimensões subjetiva e objetiva dos direitos fundamentais são duas formas de
compreender a sua natureza e importância.
A dimensão subjetiva dos direitos fundamentais está relacionada ao seu caráter de
direito subjetivo público. Isso significa que os direitos fundamentais são direitos que
podem ser exigidos judicialmente do Estado ou de particulares.
Por exemplo, o direito à liberdade de expressão é um direito subjetivo que permite a
qualquer pessoa expressar suas opiniões, ideias e crenças sem censura. Se o Estado ou
um particular impedir alguém de se expressar livremente, essa pessoa poderá ajuizar uma
ação judicial para garantir o seu direito.
A dimensão objetiva dos direitos fundamentais, por sua vez, está relacionada ao seu
caráter de princípio jurídico. Isso significa que os direitos fundamentais são valores ou
fins que devem ser perseguidos pelo Estado e pela sociedade.
Por exemplo, o princípio da dignidade da pessoa humana é um princípio objetivo que
deve ser observado por todos os órgãos do Estado e pelos particulares. Quando o Estado
ou um particular age de forma a violar a dignidade da pessoa humana, esse ato é
considerado inconstitucional e ilegal.
As dimensões subjetiva e objetiva dos direitos fundamentais são complementares. A
dimensão subjetiva garante o exercício efetivo dos direitos fundamentais, enquanto a
dimensão objetiva garante que esses direitos sejam respeitados por todos.

10. A EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS (OU


“EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NAS RELAÇÕES
PRIVADAS” OU EFICÁCIA PRIVADA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS”
OU EFICÁCIA EXTERNA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS”)

A eficácia horizontal dos direitos fundamentais é o princípio jurídico segundo o qual


os direitos fundamentais não se aplicam apenas às relações entre o Estado e os
particulares, mas também às relações entre particulares.
Em outras palavras, significa que os particulares também estão obrigados a respeitar
os direitos fundamentais, mesmo quando não estão atuando em nome do Estado.
A eficácia horizontal dos direitos fundamentais é uma conquista importante do
constitucionalismo moderno. Ela representa o reconhecimento de que os direitos
fundamentais são direitos que devem ser respeitados por todos, independentemente do
seu status jurídico.

CAPÍTULO XI – DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

1. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL


DE 1988
A Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã,
consagrou um amplo rol de direitos fundamentais, divididos em cinco categorias:
Direitos individuais e coletivos: são aqueles que garantem a liberdade, a igualdade e
a segurança do indivíduo. São exemplos o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
privacidade, à propriedade e à liberdade de expressão.
Direitos sociais: são aqueles que garantem o bem-estar social e a igualdade de
oportunidades. São exemplos o direito à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à
previdência social, à proteção à maternidade e à infância e à assistência aos
desamparados.
Direitos de nacionalidade: são aqueles que definem o vínculo jurídico entre o
indivíduo e o Estado. São exemplos o direito à nacionalidade, o direito à cidadania e o
direito de asilo.
Direitos políticos: são aqueles que garantem a participação do indivíduo no governo
e na vida política da sociedade. São exemplos o direito de votar e ser votado, o direito de
associação política e o direito de manifestação.
Direitos de defesa: são aqueles que garantem o devido processo legal e a proteção
contra o abuso do poder do Estado. São exemplos o direito à defesa, o direito ao
contraditório e o direito à presunção de inocência.
Os direitos fundamentais têm aplicação imediata, o que significa que eles podem ser
exigidos diretamente pelos indivíduos, sem a necessidade de lei para regulamentá-los.
Além disso, os direitos fundamentais não podem ser suspensos, nem mesmo em caso de
estado de defesa ou estado de sítio.
A Constituição Federal de 1988 consagrou um importante avanço na proteção dos
direitos fundamentais no Brasil. Essa conquista foi resultado de um processo histórico de
lutas e reivindicações populares, que culminou na redemocratização do país em 1985.
Os direitos fundamentais são essenciais para a construção de uma sociedade justa e
democrática. Eles garantem que todos os indivíduos, independentemente de sua raça,
gênero, religião ou condição social, tenham as mesmas oportunidades e possibilidades de
desenvolvimento.

2. OS TITULARES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


Os titulares dos direitos fundamentais são os indivíduos que podem exigir a
observância desses direitos. De acordo com a Constituição Federal de 1988, os titulares
dos direitos fundamentais são:
Os brasileiros: os cidadãos brasileiros, natos ou naturalizados, têm os mesmos
direitos e garantias fundamentais, independentemente de sua raça, gênero, religião ou
condição social.
Os estrangeiros residentes no Brasil e os não residentes: os estrangeiros que residem
legalmente no Brasil também são titulares dos direitos fundamentais, exceto os direitos
políticos, como o direito de votar e ser votado. Estrangeiros não residentes também são
portadores desses direitos.
As pessoas jurídicas: as pessoas jurídicas, sejam de direito público ou privado,
também são titulares de alguns direitos fundamentais, naquilo que for compatível com a
sua natureza. Por exemplo, as empresas têm o direito à propriedade, à liberdade de
expressão e à liberdade de associação.
A Constituição Federal também prevê que os direitos fundamentais podem ser
exercidos por grupos ou coletividades, como as minorias étnicas, religiosas ou culturais.
Nesse caso, os direitos fundamentais são exercidos coletivamente, para garantir a
proteção dos interesses dos grupos ou coletividades.
Os titulares dos direitos fundamentais têm o direito de exigir a observância desses
direitos, tanto perante o Estado quanto perante os particulares. Em caso de violação dos
direitos fundamentais, os indivíduos podem recorrer ao Poder Judiciário para garantir a
sua proteção.
A Constituição Federal de 1988 estabelece um amplo rol de direitos fundamentais,
que visam garantir a dignidade da pessoa humana e o seu pleno desenvolvimento. Os
titulares desses direitos são os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade,
residência ou condição social.

3. A EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E O PRINCIPIO DA


APLICABILIDADE IMEDIATA DAS NORMAS DEFINIDORAS DE
DIREITOS FUNDAMENTAIS. SIGNIFICADO E ALCANCE DO ART.
5°, § 10, DA CONSTITUIÇÃODE 1988

A eficácia dos direitos fundamentais é um tema complexo e controverso no direito


constitucional brasileiro. A Constituição Federal de 1988, no art. 5º, § 1º, estabelece que
as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. Isso
significa que esses direitos podem ser exigidos diretamente pelos indivíduos, sem a
necessidade de lei para regulamentá-los.
O princípio da aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais tem como objetivo
garantir a efetividade desses direitos. Ele impede que o Estado ou os particulares possam
se esquivar do cumprimento desses direitos, alegando a falta de lei regulamentadora.
No entanto, o alcance do princípio da aplicabilidade imediata dos direitos
fundamentais não é absoluto. Em alguns casos, os direitos fundamentais podem exigir a
intervenção do Estado para serem efetivados. Por exemplo, o direito à saúde exige que o
Estado disponibilize serviços de saúde gratuitos à população. Nesse caso, o Estado deve
editar leis para regulamentar o direito à saúde e garantir a sua efetivação.
O art. 5º, § 10, da Constituição Federal de 1988 estabelece que os direitos e garantias
expressos na Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por
ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja
parte. Esse dispositivo garante que os direitos fundamentais não sejam interpretados de
forma restritiva. Os direitos fundamentais podem ser complementados por outros direitos,
decorrentes do regime democrático, dos princípios constitucionais ou de tratados
internacionais.
A doutrina e a jurisprudência brasileira têm interpretado o princípio da aplicabilidade
imediata dos direitos fundamentais de forma ampla. Os direitos fundamentais são
considerados normas abertas, que devem ser interpretadas de forma a garantir a sua
efetividade.

4. A CONCEPÇÃO MATERIALMENTE ABERTA DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988. O SIGNIFICADO
E ALCANCE DA CLÁUSULA DE "ABERTURA MATERIAL OU DE
INESGOTABILlDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS" DO ART.
5°, § 2° E O NOVO § 3°

A Constituição brasileira de 1988, em seu art. 5º, §§ 2º e 3º, prevê que os direitos e
garantias expressos em seu texto não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte.
Essas normas têm sido interpretadas como um reconhecimento da existência de
direitos fundamentais implícitos, ou seja, aqueles que não estão expressamente previstos
na Constituição, mas que podem ser inferidos a partir de seus princípios e valores
fundamentais.
A doutrina brasileira é dividida quanto ao alcance dessas normas. Alguns autores
entendem que elas apenas reforçam a força normativa dos direitos e garantias expressos
na Constituição, sem admitir a existência de direitos fundamentais implícitos. Outros, por
sua vez, entendem que essas normas abrem a possibilidade de reconhecimento de direitos
fundamentais não previstos na Constituição, desde que sejam compatíveis com os seus
princípios e valores fundamentais.
O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não se manifestou de forma definitiva sobre
o alcance dessas normas. No entanto, alguns julgados recentes têm dado indícios de que
o Tribunal está caminhando na direção de reconhecer a existência de direitos
fundamentais implícitos.
Em suma, a questão do alcance das normas sobre abertura material dos direitos
fundamentais na Constituição brasileira ainda é polêmica. No entanto, há um movimento
crescente na doutrina e na jurisprudência brasileira no sentido de reconhecer a existência
de direitos fundamentais implícitos.
Aqui estão algumas das principais implicações da concepção materialmente aberta
dos direitos fundamentais:
 Expande o rol de direitos fundamentais protegidos pelo Estado;
 Fortalece a proteção dos direitos fundamentais;
 Torna mais difícil a restrição de direitos fundamentais;
 Dá mais espaço para a criatividade judicial na interpretação dos direitos
fundamentais.

5. A CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS NA


CONSTITUIÇAO DE 1988
Embora haja várias abordagens para classificar os direitos fundamentais, aquela que
se mostra mais apropriada leva em consideração as múltiplas funções desempenhadas por
esses direitos. Essas funções podem ser agrupadas da seguinte forma: a) direitos
fundamentais como direitos de defesa; b) direitos fundamentais como direito a prestações.
Os direitos fundamentais, quando vistos como direitos de defesa, conforme
denominados por Alexy como "direitos a ações negativas", abrangem aqueles que têm
como propósito salvaguardar a autonomia individual, delimitando o escopo de
intervenções abusivas por parte do Estado.

6. O ESTADO DAS COISAS INCONSTITUCIONAL COMO GARANTIA


DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
O Estado de Coisas Inconstitucional (ECI) é um instituto jurídico que se caracteriza
pela violação grave e generalizada de direitos fundamentais, decorrente de omissão ou
ação estatal. O ECI foi criado pela Corte Constitucional Colombiana, em 1997, e foi
incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
em 2015, no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
(ADPF) 347/DF.
A declaração de ECI tem como objetivo compelir o Estado a tomar medidas concretas
para remediar a violação de direitos fundamentais. Para tanto, o STF pode determinar a
adoção de políticas públicas, a realização de reformas legislativas ou a criação de
mecanismos de controle e fiscalização.
O ECI é uma importante ferramenta para a garantia dos direitos fundamentais, pois
permite ao STF atuar de forma proativa na defesa de direitos que estão sendo violados de
forma sistemática. O instituto também tem o potencial de contribuir para a
democratização do Estado, pois obriga o Poder Público a prestar contas de seus atos e a
respeitar os direitos dos cidadãos.
Alguns exemplos de ECI reconhecidos pelo STF são:
 A situação carcerária no Brasil, declarada inconstitucional na ADPF 347/DF;
 A violência contra as mulheres, declarada inconstitucional na ADPF 779/DF;
 A falta de saneamento básico no Brasil, declarada inconstitucional na ADPF
642/DF.
A declaração de ECI é um instrumento poderoso, mas também controverso. Alguns
críticos argumentam que o instituto é demasiadamente amplo e pode levar à judicialização
excessiva da política. Outros argumentam que o ECI é necessário para garantir a
efetividade dos direitos fundamentais, especialmente em situações de violação grave e
generalizada.
Apesar das críticas, o ECI é um instituto que tem se consolidado no ordenamento
jurídico brasileiro. O STF tem utilizado o instituto com frequência para compelir o Estado
a tomar medidas concretas para remediar a violação de direitos fundamentais.

CAPÍTULO XII – DOS DIREITOS INDIVIDUAIS E COLETIVOS

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, estabelece os direitos e garantias


fundamentais do indivíduo e da coletividade.
Os direitos individuais são aqueles que visam à defesa da autonomia pessoal do
indivíduo, permitindo que ele desenvolva suas potencialidades e goze de sua liberdade
sem interferência indevida do Estado ou de terceiros. São exemplos de direitos
individuais a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, estabelece os direitos e garantias
fundamentais do indivíduo e da coletividade.
Direitos individuais - Os direitos individuais são aqueles que visam à defesa da
autonomia pessoal do indivíduo, permitindo que ele desenvolva suas potencialidades e
goze de sua liberdade sem interferência indevida do Estado ou de terceiros. São exemplos
de direitos individuais:
Vida: o direito à vida é o direito fundamental mais importante, pois é a base de todos
os outros direitos.
Liberdade: o direito à liberdade é o direito de ir e vir, de manifestar sua opinião, de
se associar, de trabalhar e de escolher o seu próprio destino.
Igualdade: o direito à igualdade é o direito de ser tratado com respeito e dignidade,
sem distinção de raça, sexo, religião, nacionalidade ou qualquer outra condição.
Segurança: o direito à segurança é o direito de ser protegido do crime, da violência e
da guerra.
Propriedade: o direito à propriedade é o direito de possuir bens e usar o fruto do seu
trabalho.
Direitos coletivos - Os direitos coletivos são aqueles que destinam-se à proteção de
um grupo ou coletividade, onde a defesa de seus membros é apenas reflexa ou indireta.
São exemplos de direitos coletivos:
Meio ambiente: o direito ao meio ambiente é o direito de viver em um ambiente
saudável e equilibrado.
Saúde: o direito à saúde é o direito de ter acesso a serviços de saúde de qualidade.
Educação: o direito à educação é o direito de ter acesso a uma educação de qualidade.
Trabalho: o direito ao trabalho é o direito de ter um emprego digno e com condições
justas.
Os direitos individuais e coletivos são fundamentais para a construção de uma
sociedade justa e democrática. Eles garantem que todos os indivíduos,
independentemente de suas condições, sejam tratados com dignidade e respeito.
Os direitos individuais permitem que as pessoas desenvolvam suas potencialidades e
vivam de forma plena e autônoma. Já os direitos coletivos protegem os interesses da
coletividade, garantindo que todos tenham acesso aos bens e serviços essenciais.
A Constituição Federal de 1988 é um marco na história do Brasil, pois consagra uma
série de direitos e garantias fundamentais que foram conquistados após anos de luta.

CAPÍTULO XIII – DOS DIREITOS SOCIAIS


Os direitos sociais são um conjunto de direitos fundamentais que buscam garantir o
bem-estar social e a justiça social. Eles são direitos de segunda geração, que surgiram no
século XIX, com o movimento socialista.
Os direitos sociais são considerados direitos fundamentais porque são essenciais para
a dignidade humana. Eles garantem que todos os indivíduos, independentemente de sua
condição social, tenham acesso aos bens e serviços essenciais para uma vida digna.
Os direitos sociais estão previstos na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 6º.
São eles:

Saúde: o direito à saúde é o direito de ter acesso a serviços de


saúde de qualidade, sem discriminação.
Educação: o direito à educação é o direito de ter acesso a uma
educação de qualidade, gratuita e obrigatória dos 4 aos 17 anos
de idade.
Trabalho: o direito ao trabalho é o direito de ter um emprego
digno e com condições justas.
Cultura: o direito à cultura é o direito de participar da vida cultural
da sociedade.
Lazer: o direito ao lazer é o direito de descansar e usufruir de
atividades de lazer.
Moradia: o direito à moradia é o direito de ter um lugar para morar
com dignidade.
Seguridade social: o direito à segurança social é o direito de
receber benefícios sociais em caso de necessidade, como
aposentadoria, seguro-desemprego e auxílio-doença.

Os direitos sociais são deveres do Estado, que deve garantir que todos os cidadãos
tenham acesso a esses direitos. O Estado pode garantir os direitos sociais por meio de
políticas públicas, como a criação de hospitais, escolas, creches, universidades,
programas de emprego, programas de assistência social, etc.
Os direitos sociais são essenciais para a construção de uma sociedade justa e
igualitária. Eles garantem que todos os indivíduos, independentemente de sua condição
social, tenham oportunidades iguais para desenvolver seu potencial e viver uma vida
digna.
Os direitos sociais são importantes por vários motivos. Em primeiro lugar, eles
garantem a dignidade humana. Todos os indivíduos, independentemente de sua condição
social, têm direito a viver uma vida digna. Os direitos sociais garantem que todos tenham
acesso aos bens e serviços essenciais para uma vida digna, como saúde, educação,
trabalho, moradia, etc.
Em segundo lugar, os direitos sociais promovem a justiça social. Eles ajudam a
reduzir as desigualdades sociais e garantir que todos tenham oportunidades iguais. Os
direitos sociais garantem que todos tenham acesso à educação, ao trabalho, à saúde, etc.,
independentemente de sua classe social, raça, gênero ou religião.
Em terceiro lugar, os direitos sociais contribuem para o desenvolvimento econômico
e social. Uma sociedade que investe em seus cidadãos, garantindo acesso à educação, à
saúde e ao trabalho, é uma sociedade mais próspera e desenvolvida.
Apesar da importância dos direitos sociais, eles ainda enfrentam muitos desafios para
serem plenamente efetivados no Brasil. Um dos principais desafios é a falta de recursos
do Estado. O Brasil é um país com uma grande desigualdade social e, por isso, o Estado
precisa investir muito em políticas públicas para garantir os direitos sociais.
Outro desafio é a falta de vontade política. Alguns governantes não estão
comprometidos com a efetivação dos direitos sociais. Eles preferem investir em políticas
públicas que beneficiam os grupos mais ricos da sociedade, em detrimento dos mais
pobres.
Apesar dos desafios, é importante continuar lutando pela efetivação dos direitos
sociais. Eles são essenciais para a construção de uma sociedade justa e igualitária.

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