Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FACULDADE DE DIREITO
Salvador
2023
ALICE FREITAS DE OLIVEIRA EVANGELISTA
Salvador
2023
CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
CAPÍTULO I – CONSTITUCIONALISMO
1. ORIGEM E CONCEITO
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. CONSTITUCIONALISMO ANTIGO
2.2.CONSTITUCIONALISMO MEDIEVAL
3. NEOCONSTITUCIONALISMO
3.1.PATRIOTISMO CONSTITUCIONAL
2
CUNHA, Dirley, Curso de Direito Constitucional, p.37.
O conceito de Patriotismo Constitucional surge do pensamento do filósofo alemão
Jürgen Habermas e descreve uma forma de ligação com a nação que tem origem nos
valores e princípios estabelecidos na Constituição. Ao contrário do nacionalismo
tradicional, que se apoia em características étnicas, culturais ou religiosas, este modelo
de patriotismo destaca-se.
Nesse sentido, o Patriotismo Constitucional representa uma abordagem ponderada,
enraizada na visão da Constituição como um contrato social que garante direitos e
liberdades inalienáveis a todos os cidadãos. Nessa perspectiva, ser patriota significa
alinhar-se com os fundamentos e conceitos da Constituição e empenhar-se em tornar esses
princípios realidade.
O propósito do Patriotismo Constitucional é fortalecer os pilares da democracia e a
coesão social. Através da promoção do respeito pelos direitos humanos e pela justiça
social, esse tipo de patriotismo busca uma trajetória em direção a uma sociedade mais
igualitária e inclusiva.
Em resumo, o Patriotismo Constitucional, tal como definido por Jürgen Habermas,
apresenta uma visão de ligação com a nação que se baseia nos princípios fundamentais
da Constituição e tem como objetivos o fortalecimento da democracia e a promoção da
justiça social.
3.2.TRANSCONSTITUCIONALISMO
3 NEVES, Marcelo. Transconstitucionalismo. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
Uma ilustração pertinente de problemática transconstitucional é observada na
salvaguarda dos direitos humanos. Embora os direitos humanos sejam reconhecidos em
todas as ordens jurídicas modernas, sua interpretação e aplicação não raro diferem. Nesse
contexto, o transconstitucionalismo assume o papel de promover a coerência na
interpretação e implementação dos direitos humanos entre as distintas esferas legais.
O transconstitucionalismo se apresenta como uma teoria ainda em processo de
desenvolvimento, carecendo de um consenso consolidado em relação aos seus princípios
e ramificações. Contudo, o conceito gradativamente vem conquistando a aceitação de
juristas e estudiosos do direito constitucional, com o potencial de contribuir para a
construção de um sistema legal global mais equitativo e eficaz.
Dentre os principais pilares do transconstitucionalismo, destacam-se: o
reconhecimento da interdependência entre diferentes esferas legais; a necessidade de
diálogo e cooperação entre essas diversas jurisdições; e a ênfase na proteção dos direitos
humanos e valores constitucionais partilhados.
Apesar da adesão crescente ao transconstitucionalismo por parte de juristas e
acadêmicos, críticas não faltam, especialmente daqueles que defendem a soberania das
ordenações legais nacionais. Ainda assim, defensores do transconstitucionalismo
argumentam que o conceito se afigura essencial para lidar com os desafios impostos pela
globalização e pela interdependência entre múltiplas esferas legais.
A teoria política elaborada pelo jurista alemão Peter Häberle, conhecida como Estado
Constitucional Cooperativo, postula a necessidade de colaboração entre Estados a fim de
fomentar os direitos humanos e a democracia.
Aqui, propõe-se que o Estado Constitucional Cooperativo representa uma progressão
em relação ao Estado Constitucional. O último é caracterizado por ser um Estado
democrático de direito, fundamentado no princípio da soberania popular. Por outro lado,
o conceito de Estado Constitucional Cooperativo transcende a noção de soberania popular
e reconhece a significância da cooperação em âmbito internacional.
O argumento central de Häberle reside na essencialidade da cooperação internacional
para a promoção dos direitos humanos e da democracia em um contexto globalizado.
Desafios contemporâneos, como as mudanças climáticas, o terrorismo e a migração, não
são passíveis de solução por um único Estado isoladamente. A cooperação entre Estados
torna-se imperativa para identificar soluções eficazes a tais questões.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A Teoria Geral dos Direitos Fundamentais é um ramo da teoria do direito que se
dedica ao estudo dos direitos fundamentais presentes em sistemas jurídicos democráticos.
Esses direitos são considerados fundamentais porque são considerados essenciais para
garantir a dignidade, a liberdade e a igualdade das pessoas, além de constituírem a base
de um estado de direito democrático.
Conforme leciona o professor Dirley da Cunha Jr., não há consenso doutrinário sobre
o conceito de direitos fundamentais. Isso ocorre porque os direitos fundamentais são um
conjunto de direitos que evoluíram ao longo da história e que, portanto, são definidos de
diversas maneiras.
Os direitos fundamentais são também conhecidos como: Liberdades públicas;
Direitos individuais; Direitos subjetivos; Direitos públicos subjetivos; Direitos humanos
O Ilmo. autor do texto defende a expressão "direitos fundamentais" como a mais
adequada para se referir a esses direitos. Essa opção é justificada por dois motivos: É a
terminologia adotada pela Constituição Federal de 1988 e é a expressão mais abrangente,
compreendendo todas as outras.
Assim, direitos fundamentais são direitos essenciais à dignidade da pessoa humana,
que são garantidos pelo Estado. Eles incluem direitos individuais, sociais, políticos e
culturais.
3.2.FUNÇÃO DE PRESTAÇÃO
A função de prestação dos direitos fundamentais é a função que garante que o Estado
proporcione condições para que o indivíduo desenvolva suas potencialidades. Essa
função está relacionada ao status positivus, que é o status que diz respeito às prestações
do Estado ao indivíduo.
Os direitos fundamentais de prestação são aqueles que exigem do Estado a realização
de ações positivas para garantir o bem-estar do indivíduo. Por exemplo, o direito à
educação, o direito à saúde, o direito à moradia, o direito ao trabalho, etc. Esses direitos
são essenciais para a concretização do princípio da igualdade material, que é o princípio
que garante que todos os indivíduos tenham as mesmas oportunidades de
desenvolvimento.
A função de prestação dos direitos fundamentais é uma função importante para a
construção de uma sociedade justa e democrática. Ela garante que o Estado não apenas
se abstenha de violar os direitos dos indivíduos, mas também que promova o bem-
estar de todos.
Em resumo, a Teoria dos Quatro Estágios de Jellinek oferece uma estrutura para
entender a evolução dos direitos individuais em relação ao Estado e como esses direitos
desempenham diferentes funções ao longo dessa evolução.
A Constituição brasileira de 1988, em seu art. 5º, §§ 2º e 3º, prevê que os direitos e
garantias expressos em seu texto não excluem outros decorrentes do regime e dos
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
do Brasil seja parte.
Essas normas têm sido interpretadas como um reconhecimento da existência de
direitos fundamentais implícitos, ou seja, aqueles que não estão expressamente previstos
na Constituição, mas que podem ser inferidos a partir de seus princípios e valores
fundamentais.
A doutrina brasileira é dividida quanto ao alcance dessas normas. Alguns autores
entendem que elas apenas reforçam a força normativa dos direitos e garantias expressos
na Constituição, sem admitir a existência de direitos fundamentais implícitos. Outros, por
sua vez, entendem que essas normas abrem a possibilidade de reconhecimento de direitos
fundamentais não previstos na Constituição, desde que sejam compatíveis com os seus
princípios e valores fundamentais.
O Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não se manifestou de forma definitiva sobre
o alcance dessas normas. No entanto, alguns julgados recentes têm dado indícios de que
o Tribunal está caminhando na direção de reconhecer a existência de direitos
fundamentais implícitos.
Em suma, a questão do alcance das normas sobre abertura material dos direitos
fundamentais na Constituição brasileira ainda é polêmica. No entanto, há um movimento
crescente na doutrina e na jurisprudência brasileira no sentido de reconhecer a existência
de direitos fundamentais implícitos.
Aqui estão algumas das principais implicações da concepção materialmente aberta
dos direitos fundamentais:
Expande o rol de direitos fundamentais protegidos pelo Estado;
Fortalece a proteção dos direitos fundamentais;
Torna mais difícil a restrição de direitos fundamentais;
Dá mais espaço para a criatividade judicial na interpretação dos direitos
fundamentais.
Os direitos sociais são deveres do Estado, que deve garantir que todos os cidadãos
tenham acesso a esses direitos. O Estado pode garantir os direitos sociais por meio de
políticas públicas, como a criação de hospitais, escolas, creches, universidades,
programas de emprego, programas de assistência social, etc.
Os direitos sociais são essenciais para a construção de uma sociedade justa e
igualitária. Eles garantem que todos os indivíduos, independentemente de sua condição
social, tenham oportunidades iguais para desenvolver seu potencial e viver uma vida
digna.
Os direitos sociais são importantes por vários motivos. Em primeiro lugar, eles
garantem a dignidade humana. Todos os indivíduos, independentemente de sua condição
social, têm direito a viver uma vida digna. Os direitos sociais garantem que todos tenham
acesso aos bens e serviços essenciais para uma vida digna, como saúde, educação,
trabalho, moradia, etc.
Em segundo lugar, os direitos sociais promovem a justiça social. Eles ajudam a
reduzir as desigualdades sociais e garantir que todos tenham oportunidades iguais. Os
direitos sociais garantem que todos tenham acesso à educação, ao trabalho, à saúde, etc.,
independentemente de sua classe social, raça, gênero ou religião.
Em terceiro lugar, os direitos sociais contribuem para o desenvolvimento econômico
e social. Uma sociedade que investe em seus cidadãos, garantindo acesso à educação, à
saúde e ao trabalho, é uma sociedade mais próspera e desenvolvida.
Apesar da importância dos direitos sociais, eles ainda enfrentam muitos desafios para
serem plenamente efetivados no Brasil. Um dos principais desafios é a falta de recursos
do Estado. O Brasil é um país com uma grande desigualdade social e, por isso, o Estado
precisa investir muito em políticas públicas para garantir os direitos sociais.
Outro desafio é a falta de vontade política. Alguns governantes não estão
comprometidos com a efetivação dos direitos sociais. Eles preferem investir em políticas
públicas que beneficiam os grupos mais ricos da sociedade, em detrimento dos mais
pobres.
Apesar dos desafios, é importante continuar lutando pela efetivação dos direitos
sociais. Eles são essenciais para a construção de uma sociedade justa e igualitária.