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PROFESSOR(A): STEFANO CARDOSO

Estado Contemporâneo

Constitucionalismo e Neoconstitucionalismo

Objetivo da Aula

Tecer as principais características entre o Constitucionalismo e Neoconstitucionalismo


de modo que o aluno consiga entender e diferenciar os dois fenômenos.

Apresentação

Olá, aluno! Bem-vindo à nossa última aula da Unidade 1.

Esta aula é mais dinâmica e fluida.

Os assuntos que serão temas desta aula serão Constitucionalismo e Neoconstitucionalismo.

Vamos lá!

1. Evolução do Constitucionalismo

Comecemos nossa aula com os movimentos constitucionalistas, destacando os principais


marcos (LENZA, 2020, p. 64-67):

• Na Antiguidade Clássica, pode-se dizer que já havia algo parecido com constitucionalismo
entre o povo hebreu e as cidades-estados gregas. Eram normas que, de alguma forma,
funcionavam como fundamento de validade para o restante do Direito;

• Na Idade Média, destacam-se os pactos e os forais. Pactos são documentos pactuados


entre o rei e seus súditos, de forma que o monarca concedia ao povo em geral
determinados direitos, o que, por outro lado, significava dizer que havia uma limitação
do poder do rei. O maior exemplo dos pactos é a Carta Magna de 1215;

• Já na Idade Moderna, o constitucionalismo, além dos pactos, conhece a figura


dos forais, que eram documentos por meio dos quais direitos eram concedidos a
determinado indivíduo, ao contrário dos pactos, que tinham alcance geral;

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• Mais à frente, na Idade Contemporânea, desenvolveu-se uma nova fase em que


predominaram as constituições escritas e tem como destaques a Constituição
dos Estados Unidos da América, em 1787, e da França em 1791. Nesse momento, o
povo passa a ser o titular do poder – vide a Unidade 1, em que estudamos com mais
profundidade a criação do Estado-moderno;

• Ainda, na Idade Contemporânea, mas no século XX, é inaugurada a fase do


constitucionalismo programático. Os textos constitucionais têm uma alta carga
programática e alta carga de dirigismo estatal, estabelecendo metas e objetivos
para o Estado. Consagram, ainda, os chamados direitos de terceira geração, baseados
nas ideias de solidariedade e fraternidade. Como exemplo, a Constituição do Brasil
de 1988.

Em 2011, houve a promulgação da Constituição da Islândia. Os trabalhos da assembleia


que escreveu o novo documento foram acompanhados por meio das redes sociais,
tais como Twitter, Facebook, YouTube etc., tendo recebido milhares de sugestões.
A esse movimento se deu o nome de Crowdsourced Constituion.

Não se pode falar em neoconstitucionalismo sem antes definir o que vem a ser o
constitucionalismo. Então, vamos a isso.

1.1. Constitucionalismo

De uma forma bem direta e didática, mais que uma categoria filosófica ou um conceito
estritamente jurídico, o Constitucionalismo é um movimento que traduz uma luta
ideológica e política. Trata-se da teorização e prática em torno da limitação da arbitrariedade
estatal como instrumento para a proteção e salvaguarda dos direitos do ser humano.
O constitucionalismo vem como um arranjo institucional que assegura a diversificação
da autoridade, para a defesa de certos valores fundamentais, como a liberdade, a
igualdade e outros direitos individuais. Ainda, tem como características a primeira
Constituição escrita, as primeiras formulações de supremacia (superioridade), a rigidez
(controle) e o formalismo (texto), além de formular controle judicial de constitucionalidade.

O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para LEILA - 01380319595, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição
sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.

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Pedro Lenza destaca, de outro giro, que o constitucionalismo do futuro terá de


trabalhar na consolidação dos direitos de terceira geração/dimensão,

incorporando à ideia de constitucionalismo social os valores do constitucionalismo fraternal e


de solidariedade, avançando e estabelecendo um equilíbrio entre o constitucionalismo moderno
e alguns excessos do contemporâneo. (FERNANDES, 2022, p. 36).

O conceito de participação, para o constitucionalismo do futuro, refere-se à efetiva


participação dos “corpos intermediários da sociedade”, consagrando-se a ideia de
democracia participativa e de Estado Democrático de Direito.

1.2. O Neoconstitucionalismo

No Brasil, o marco histórico da criação do neoconstitucionalismo é todo o processo


de redemocratização que culminou com a promulgação da Constituição Federal de 5 de
outubro de 1988. De 1985 a 1988, passou-se por uma abertura democrática e ocorreu uma
queda do regime militar.
Muito se fala na doutrina acerca do neoconstitucionalismo, que consistiria em um
movimento que busca se reaproximar do direito da ética e da moral (FERNANDES, 2022).
Bernardo Gonçalves Fernandes pontua que a expressão neoconstitucionalismo representa
um novo constitucionalismo, de cunho contemporâneo, que chegou ao Brasil oriundo da
doutrina constitucional espanhola e italiana, não sendo fruto da tradição alemã ou norte-
americana. (FERNANDES, 2022, p. 36).
Com propriedade, Luís Roberto Barroso acentua que o neoconstitucionalismo estaria
fundado em três relevantes marcos, quais sejam, o histórico, o filosófico e o teórico.
(FERNANDES, 2022, p. 37).
Há críticas ao neoconstitucionalismo, principalmente na primordial importância dada
ao Poder Judiciário, que estaria se sobrepondo ao Legislativo (ferindo, destarte, a teoria
dos freios e contrapesos).
O neoconstitucionalismo, também chamado de ”constitucionalismo contemporâneo”,
é uma doutrina do Direito que coloca a Constituição no centro do ordenamento jurídico e
que interpreta o direito a partir dos Direitos Fundamentais.
O neoconstitucionalismo se apresenta com a preocupação de efetivar os princípios
fundamentais: dignidade da pessoa humana, liberdade, igualdade, entre outros.

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Considerações Finais

Chegamos ao fim da nossa Unidade 1, com esse tema que é muito importante.
Espero que tenha gostado.
Mas o que desejo mesmo é que, a partir do que vimos em todo o curso até agora,
acrescido do que trabalhamos nesta aula, você tenha sido capaz de entender como funciona
a ordem constitucional.
Na próxima unidade, teremos mais temas superinteressantes dentro desse olhar
constitucional para construção das bases do nosso curso.
Bons estudos e até a próxima!
Acredite, a Unidade 2 consegue ser ainda mais interessante e incrível.

Materiais Complementares

Como material complementar, indico fortemente o podcast Direito no Cast. Disponível


em: https://podcasts.apple.com/us/podcast/constitucional-constitucionalismo-e-
-neoconstitucionalismo/id1492827812?i=1000561576626.

Referências

BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do Direito. O


triunfo tardio do Direito constitucional no Brasil. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 851,
1 nov. 2005. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/7547>.

FERNANDES, Aragonê, 2022. PDF Gran Cursos online.

FERNANDES, Bernardo Gonçalves. Curso de direito constitucional. 10ª ed. Salvador:


Jus Podivm. 2018, pág. 58.

LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010,
pág. 53.

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