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Boa leitura.
Na prática
Aliás, deve-se anotar que, como algo novo, que se cristalizou no ambiente
doutrinário de alguns países europeus (notadamente Itália e Espanha), o
impacto inicial daquilo que se nomeava a partir do final da década de 1990
como neoconstitucionalismo acabou por causar certo fascínio sobre aqueles
pesquisadores que procuravam encontrar um sentido mais forte e poderoso
para o Direito Constitucional em um país com baixíssima tradição democrática,
como é o caso do Brasil. De algum modo, esse foi o meu caso. E sei que isso
também se aplica ao Georges. No meu histórico de pesquisa, principalmente nos
anos iniciais de minha formação, escrevi textos nos quais asseverei ou secundei
alguma posição que acabava por incorporar postulados desse
neoconstitucionalismo. Posteriormente, o amadurecimento de nossos estudos e
a autoanálise constante a que submetíamos os resultados de nossas pesquisas
acabou por revelar que o principal objeto de nossa busca, qual seja, a afirmação
de verdadeira força normativa da constituição, capaz de projetar, em todo o
Direito brasileiro, uma espécie de sentimento constitucional (Verdú) ou de
vontade de Constituição (Hesse), não encontraria no neoconstitucionalismo sua
melhor conformação.
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Princípios constitucionais
Essa ênfase excessiva no espaço judicial pode olvidar que outras arenas são
importantes à concretização da Constituição e realização dos Direitos Fundamentais.
Isso obscurece o papel do Legislativo e do Executivo nesta tarefa. Precisamos cuidar
para que a toga não assuma uma posição paternalista diante de uma sociedade
infantilizada (Sarmento). Como está a ocorrer com a justiça eleitoral e o moralismo
contra os direitos políticos fundamentais, no tema “ficha limpa”: agride-se a vontade
popular ao argumento de sua salvaguarda.
Por outro lado, esse movimento pressupõe a idealização da figura do juiz, e essa
“idealização” não se compatibiliza com as notórias deficiências estruturais do Judiciário
e da formação jurídica de seus membros; pois a valoração da ponderação e dos
princípios não tem sido acompanhada do necessário cuidado com as justificações das
decisões judiciais.
Há um custo elevado para isso tudo, pela incerteza e insegurança que se gera ao
se desprezar o papel das regras com a sobrevalorização desmedida dos princípios.
Esse breve e modesto texto, inspirado nos grandes autores citados, procura dar
sua contribuição ao debate crítico em torno do tema.