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Resumo
Abstract
This article intends to investigate the answer to the question of the constitutionality of
FONAJE statements, that inspite of not have legal force, are used as if they were, confronting
all the legislative process. It has adopted as theorical marc, the Pietro Costa conception about
Sobenarity, Representation and democracy, as well André Del Negrii conceptions bout the
Constitutionallity Control in the legislative process. The method of deductive approach and
dogmatic-juridical research of bibliographical nature were used, through the consultation of
works and documents.
process.
1 INTRODUÇÃO
dedicado às considerações finais, mediante a síntese dos resultados obtidos na pesquisa. Para o
alcance dos objetivos propostos, utilizou-se o método de abordagem indutivo e a pesquisa dogmático-
jurídica de natureza bibliográfica, por meio da consulta de obras e legislação.
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Costa, Pietro. Soberania, Representação, Democracia: ensaios de história do pensamento jurídico.
Curitiba:Juruá,2010.
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súdito do soberano.
Surge também Hobbes2, com o jusnaturalismo, segundo ele a ordem não é natural da
natureza humana, mas sim a desordem, o conflito, portanto a ordem deve ser construída,
inventada, por isso, o soberano é indispensável para a manutenção de organização artificial.
A vontade do soberano é a lei, a legalidade se encontra na figura do monarca.
Segundo Pietro:
Nesta época o que imperava era o sistema autocrático de governo, absolutista, nos
quais os súditos não têm acesso e nem controle sobre as decisões políticas.
Ao passar dos anos novas teorias surgem, a soberania se desenvolve, surge a exigência de se
colocar um limite no soberano e garantir direitos aos indivíduos destinatários da vontade
monárquica.
Um grande desdobramento surge da visão de Locke 3, de forma sucinta, para ele o
indivíduo é racional e capaz de autocontrole e pode satisfazes suas necessidades na forma de
propriedade; e a liberdade- propriedade é que permite a convivência ordenada dos sujeitos.
Ele separa esta convivência em dois momentos, o pré-político, onde os sujeitos ao respeitarem
a liberdade-propriedade dos demais, dão lugar a uma convivência pacifica, e o segundo
momento, o político, onde o soberano recebe a legitimidade através destes sujeitos para
reforçar e garantir as regras fundamentais da ordem pré-política.
Segundo ele os indivíduos conferem ao monarca o poder de reforçar as suas vontades,
daí surgem dois sistemas distintos, mas conexos, a sociedade e Estado.
O povo que confere a legitimidade ao monarca.
Para Hobbes não há um “povo” antes do soberano, para ele é o soberano que
legitimado pelos sujeitos age em seus lugares, os representa e assim se forma o “povo”, antes
do soberano só existia uma multiplicidade de indivíduos apolíticos. Cria-se um nexo entre
soberania, representação e decisão política.
Chegamos aqui no ponto importante para esta pesquisa cientifica a separação dos
poderes para a manutenção da democracia e da legalidade, sistema e forma de governo
brasileiro, objeto de estudo que será aprofundado no próximo capitulo.
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Montesquieu. O espírito das leis. 1748
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3.1 EXECUTIVO
3.2 JUDICIARIO
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Constituição Federal de 1988-Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: I - nomear e
exonerar os Ministros de Estado; II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da
administração federal; III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; IV -
sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e
funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de
órgãos públicos; b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; VII - manter relações com Estados
estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados, convenções e atos
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
X - decretar e executar a intervenção federal; XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso
Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências
que julgar necessárias; XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos
instituídos em lei; XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha,
do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos; XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os
diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei; XV - nomear, observado o disposto
no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União; XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos
nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União; XVII - nomear membros do Conselho da República, nos
termos do art. 89, VII; XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por
ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
parcialmente, a mobilização nacional; XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso
Nacional; XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; XXII - permitir, nos casos previstos em lei
complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam
temporariamente;XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes
orçamentárias e as propostas de orçamento previstas nesta Constituição;XXIV - prestar, anualmente, ao
Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao
exercício anterior; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; XXVI - editar
medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
Constituição. Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos
incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.
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3.3 LEGISLATIVO
O legislativo é tratado no capitulo I do título, será tratado por último por ser este o
mais importante dentro do tema abordado.
O Poder legislativo é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara
dos Deputados e do Senado.
A câmara dos Deputados compõe-se de representantes eleitos pelo povo, pelo sistema
proporcional, em cada Estado, em cada Território e no Distrito Federal, com legislatura de
quatro anos.
O Senado Federal compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal,
eleitos segundo princípio majoritário, cada Estado e Distrito Federal elegerão três Senadores,
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Constituição Federal de 1988- Art. 96. Compete privativamente: I - aos tribunais: a) eleger seus órgãos
diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias
processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e
administrativos; b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados,
velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os
cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; d) propor a criação de novas varas judiciárias; e) prover, por
concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos
necessários à administração da justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei; f) conceder licença, férias
e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados; II - ao
Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo
respectivo, observado o disposto no art. 169: a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; b) a
criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem
vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores,
onde houver; c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; d) a alteração da organização e da divisão
judiciárias; III - aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, bem como
os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral.
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Nas subseções seguintes a lei elenca quais as formas que devem tramitar perante a
Câmara dos deputados o processo legislativo de cada tipo legal acima citado.
Como por exemplo, a Emenda Constitucional que deverá seguir os tramites elencados
no art. 60, vejamos:
Como visto acima o processo legislativo é realizado pela Câmara dos Deputados, que
é formada por cidadãos eleitos através do sufrágio universal, no exercício de suas funções,
representam o povo e fazem da vontade destes a lei, ou seja, a lei só é legitima quando
obedece aos preceitos constitucionais.
4 FONAJE
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Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos
por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas
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da criação e implementação do juizado, em vigor desde 1995. A lei dos juizados representou
uma grande ruptura com o processo tradicional, com o procedimento do Código de Processo
Civil.
Como por exemplo, na área criminal, as medidas como transação penal, composição
de danos e suspensão condicional do processo possibilitaram a celeridade processual8. Já na
área cível institutos como unicidade de procedimento e prevalência da autocomposição,
oralidade e celeridade apareceram como novidade9.
A implementação da nova lei criou muitas dúvidas, lacunas jurídicas que necessitam
ser esclarecidas, então em maio de 1997, com o intuito de unificar entendimentos e dar
diretrizes aos juízes, alguns coordenadores estaduais dos juizados especiais se reuniram em
Natal, Rio Grande do Norte, a princípio com o nome de Fórum de Coordenadores dos
Juizados Cíveis e Criminais do Brasil, de onde surgiam os enunciados.
Os encontros aconteciam a cada seis meses, deixaram de ser apenas para
coordenadores e passaram a ser para todos os integrantes dos juizados especiais. O nome foi
alterado para Fórum Nacional dos Juizados Especiais, conhecido até hoje como FONAJE, que
se sustenta ao longo dos últimos 20 anos como o maior intérprete da Lei 9.099/95.
O FONAJE foi criado, como dito anteriormente, para preencher as dúvidas, lacunas na
lei através dos enunciados que são formados nestes encontros.
Atualmente são 314 enunciados que podem ser consultados no site do FONAJE, sendo
14 enunciados que versam sobre a Fazenda Pública, 129 enunciados criminais e 171
enunciados cíveis.
Os enunciados não são vinculantes, não possuem força de lei, são apenas orientações
jurídicas, doutrinarias aos magistrados. Entretanto, não é o que se vislumbra na aplicação da
lei, inúmeros juízes e tribunais utilizam enunciados do FONAGE para embasarem suas
decisões.
Na breve pesquisa de jurisprudência realizada nos sites do STF, STJ, TJMG, TJSP e
cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e
sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de
juízes de primeiro grau;
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Art.60 da lei 9099/95-O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e leigos, tem
competência para a conciliação, o julgamento e a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo,
respeitadas as regras de conexão e continência. (Redação dada pela Lei nº 11.313, de 2006)
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Art.2º da Lei 9.099/95- O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade,
economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação.
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O art. 61 da CF elenca quais são as pessoas autorizadas a dar iniciativa a leis ordinárias e
complementares.
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer
membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do
Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal
Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
É clara a vontade do legislador de garantir ao povo que a produção das leis se daria de
forma segura, através de um processo legislativo descrito e regulado pela Constituição e que a
aprovação dessas leis somente viria dos representantes eleitos pelo povo, aqueles que
possuem a legitimidade para falar em nome daqueles.
Importante distinção que deve ser realizada no estudo do processo legislativo é a
distinção entre legitimidade validade e eficácia. Usaremos aqui trecho do livro Controle de
Constitucionalidade no Processo legislativo de André Del Negri.
Por isso, revela acentuar que, apesar da locução validade/eficácia sofrer um
entendimento fragmentário e distorcido, conforme demonstra a lição de
Sérgio Cademartori, tem-se, para a maioria dos juristas contemporâneos, que
uma norma é válida “[...] por ter sido produzida pelo órgão competente e de
acordo com o procedimento regular”, e eficaz “[...] quando decorrente do
efetivo comportamento dos destinatários em relação a norma posta
[...]”(NEGRI, DEL ANDRÉ,2003, p. 69)
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Constituição Federal de 1988- Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à
Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias;IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI -
decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação,
alteração e consolidação das leis.
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art.61, não passa pela analise do Congresso Nacional e nem previstos legalmente estes são, ou
seja, não possuem qualquer validade.
Há quem se oponha e reforce que os enunciados não precisam deste processo
legislativo por não possuírem força de lei, que estes somente são uma forma de uniformizar as
decisões do juizado e que sua aplicação não é obrigatória.
No entanto é dos tribunais a responsabilidade de uniformizar as decisões, através da
jurisdição, através de sumulas.
E em alguns casos, até enunciados contrários a súmulas são editados pelo FONAJE,
como é o exemplo do Enunciado 13 e a súmula do STJ 379.
Outro exemplo de colisão entre entendimento do FONAJE e tese firmada pelo STJ:
Outro destaque é que apesar de não ser o enunciado lei, este está sendo usado como se
lei fosse, muitas vezes contrario a leis ordinárias.Como o caso mostrado anteriormente o
Enunciado Cível 161, o qual restringiu a aplicação do Código de Processo Civil de 2015 aos
juizados especiais, apenas quando houver expressa e específica remissão ou na hipótese de
compatibilidade com os critérios do art.2º da Lei 9.099/95.
Ou mesmo o enunciado 157 em detrimento do art. art. 329 do CPC.
Fica evidenciado desta forma que os Enunciados não seguem qualquer Processo
legislativo constitucional, não se submete ao devido processo legal, garantias constitucionais
necessárias e garantidoras da ordem democrática. Alguns destes enunciados até afrontam a lei
válida e eficaz, os tronando assim completamente inconstitucionais e antidemocráticos.
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Não se pode admitir em uma democracia, que um plenário formado por membros que
trabalham nos juizados especiais, por maioria simples dos votos, definam qual a melhor
aplicação da lei, mesmo que seja só de forma a orientar, pois não papel deste Fórum.
As orientações passadas pelo FONAJE estão sendo usadas de forma exacerbada pelo
judiciário, prejudicando assim direitos que foram constituídos através do devido processo
legislativo constitucional.
norteadores do juizado especial são importantes e deve o judiciário buscar uma forma de
garanti-los, mas não ao custo das garantias Constitucionais.
O FONAJE possui enunciados que trariam benéficos a atividade jurisdicional, mas
para que estes possam ser aplicados devem se submeter ao processo legislativo constitucional,
garantindo a todos acesso igualitário ao judiciário e a segurança jurídica.
Não resta dúvida que a legitimação em uma sociedade democrática deve ocorrer na
produção do Direto, ou seja, as normas devem ser elaboradas com a participação popular
através do Congresso Nacional e com rigorosa observação ao processo constitucional
legislativo.
5 CONCLUSÃO
menção a enunciados.
Utilizar de enunciados em processos, decisões ou qualquer forma para aplicar o
Direito é ir contra a democracia, a constituição. Estes não obedecem ao processo legislativo
constitucional e sua propositura ou promulgação não é realizada pelos legitimados a fazê-las.
Não resta dúvida que a legitimação em uma sociedade democrática deve ocorrer na
produção do Direto, ou seja, as normas devem ser elaboradas com a participação popular
através do Congresso Nacional e com rigorosa observação ao processo constitucional
legislativo.
REFERÊNCIAS
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