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Direito Constitucional

TEORIA GERAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

Os direitos fundamentais são aqueles baseados no princípio da dignidade da pessoa humana, são
instrumentos os que garantem a proteção do indivíduo em relação ao Estado. José Afonso da Silva
conceitua-os como “aquelas prerrogativas e instituições que ele [o ordenamento jurídico] concretiza
em garantias de uma convivência digna, livre e igual de todas as pessoas”[1], o autor esclarece que
os direitos fundamentais são situações jurídicas necessárias à realização da pessoa humana, sem os
quais, não é possível sobreviver e conviver, “no sentido de que a todos, por igual, devem ser, não
apenas formalmente reconhecidos, mas concreta e materialmente efetivados”[2].

O título II da A Constituição Federal de 1988 apresenta os direitos e garantias fundamentais, sendo

que o título referido é subdividido em cinco capítulos:

● direitos individuais e coletivos

● direitos sociais
● nacionalidade
● direitos políticos partidos políticos.

*** Gerações ou dimensões dos direitos fundamentais

Ocorre que tais direitos não surgiram de forma concomitante, pelo contrário, são fruto de uma
construção histórica, evoluindo conforme a exigência de cada era.

Nesse sentido, segundo a doutrina, os direitos fundamentais são divididos em cinco gerações ou
dimensões.

Qual o termo correto: Gerações ou Dimensões?

"Dimensões", isto porque, a palavra geração transmite a ideia de substituição, supressão. A ideia de
supressão não pode ser aplicada em relação aos direitos fundamentais, o que ocorre, na verdade é a
expansão e cumulação dos direitos fundamentais

*** A divisão é apenas para situar os direitos historicamente, permitindo situar no tempo as
reivindicações que foram acolhidas pelo ordenamento jurídico, nestes termos:

[...] a fantasia nefasta das chamadas “gerações de direitos”, histórica e

juridicamente infundada, na medida em que alimentou uma visão
fragmentada ou atomizada dos direitos humanos, já se encontra
devidamente desmistificada. O fenômeno de hoje testemunhamos não é
o de sucessão, mas antes, de uma expansão, cumulação e
fortalecimento dos direitos humanos consagrados, consoante uma
visão necessariamente integrada de todos os direitos humanos. As
razões histórico-ideológicas da compartimentalização já há muito
desapareceram. Hoje podemos ver com clareza que os avanços nas
liberdades públicas em tantos países nos últimos anos devem
necessariamente fazer-se acompanhar não de retrocesso – como vem

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ocorrendo em numerosos países – mas de avanços paralelos no domínio

econômico-social.[3]

*** Das dimensões dos Direitos Fundamentais:

Segundo a doutrina, a Revolução Francesa, pautada no lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”

abre às portas para a 1ª, 2ª e 3ª dimensões dos direitos fundamentais, que, atualmente, já evoluíram
até a 5ª dimensão.

*** 1ª Dimensão.

Pedro Lenza explica que “os direitos humanos da 1.ª dimensão marcam a passagem de um Estado
autoritário para um Estado de Direito e, nesse contexto, o respeito às liberdades individuais, em uma
verdadeira perspectiva de absenteísmo estatal.”[4] A primeira dimensão foi fortemente influenciada
pelo pensamento liberal-burguês do século XVIII e diz respeito aos direitos cuja titularidade pertence
ao indivíduo. Para Bonavides:

[...] os direitos de primeira geração ou direitos de liberdades têm por titular o

indivíduo, são oponíveis ao Estado, traduzem-se como faculdades ou
atributos da pessoa e ostentam uma subjetividade que é seu traço mais
característico; enfim, são direitos de resistência ou de oposição perante o
Estado.[5]

Ou seja, estão relacionados a uma atuação negativa do Estado.

Assim, nesta fase inaugural localizam-se, sobretudo, os direitos à vida, às liberdades públicas, à
participação política etc. Estes direitos possuem um caráter de resistência ao Estado, que naquele
período era absolutista, impondo limites na atuação deste, em prol da liberdade da coletividade. São
exemplos os direitos constantes no art. 5º e os direitos políticos (arts. 14 a 16).

*** 2ª Dimensão .

Em relação aos direitos de segunda dimensão, estes estão relacionados às liberdades positivas. A
segunda fase é impulsionada pela Revolução Industrial europeia, a partir do século XIX, aqui,
falamos em direitos sociais. Pedro Lenza nos explica que:

[...] em decorrência das péssimas situações e condições de trabalho,

eclodem movimentos como o cartista — Inglaterra e a Comuna de Paris
(1848), na busca de reivindicações trabalhistas e normas de assistência
social. O início do século XX é marcado pela Primeira Grande Guerra e
pela fixação de direitos sociais.[6]

Foi essa perspectiva de péssimas condições que impulsionou a luta do proletariado por melhores
condições sociais básicas, tais como, alimentação, saúde, segurança, educação, trabalho, cultura
etc.

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Nesta fase exige-se uma atuação positiva do Estado em prol da igualdade. Impondo deveres ao
Estado a fim de garantir melhor qualidade de vida e o desenvolvimento do ser humano aos
governados.

Na CF atual, os direitos de 2ª geração/dimensão estão localizados, em larga medida, nos

Direitos Sociais (arts. 6º a 11) e na Ordem Social (arts. 193 a 232).

*** 3ª Dimensão.

Os direitos fundamentais da 3.ª dimensão são caracterizados por grandes mudanças na sociedade
internacional. Marcados pelo desenvolvimento tecnológico e científico, novas preocupações surgem,
agora relacionadas à preservação do meio ambiente e à proteção aos consumidores

Nesta dimensão a preocupação é coletiva, ultrapassa o indivíduo e possui uma consequência

universal, por isso são conhecidos como direitos de solidariedade ou de fraternidade.

Aqui fala-se dos direitos à autodeterminação dos povos, proteção do meio ambiente, do consumidor,
do patrimônio histórico e cultura, da criança e adolescente, do idoso etc.

Como você vai lembrar na hora da prova? na hora de analisar a questão, pense no direito que está
na sua prova... se for para “todo mundo”, estamos falando da terceira geração/dimensão. Vamos ver
se dá certo? “Quem quer se aposentar? Quem precisa do meio ambiente? Quem é o consumidor?”
“TODO MUNDO”.

*** Direitos de 4ª e 5ª dimensão.

Aqui começa a divergência doutrinária. Vejamos:

Atualmente, há também alguns doutrinadores que defendem a existência de direitos de 4ª e 5ª

dimensão.

Quanto aos Direitos de 4ª dimensão há divergência doutrinária.

● Norberto Bobbio: estão relacionados ao campo da engenharia genética, à manipulação do

patrimônio genético, segundo o mestre “se apresentam novas exigências que só poderiam
chamar-se de direitos de quarta geração, referentes aos efeitos cada vez mais traumáticos
da pesquisa biológica, que permitirá manipulações do patrimônio genético de cada
indivíduo”[10].
● Bonavides: afirma que a 4ª dimensão estaria relacionada à globalização política, o autor
afirma que “a globalização política na esfera da normatividade jurídica introduz os direitos da
quarta dimensão, que, aliás, correspondem à derradeira fase de institucionalização do
Estado social”[11]. Assim, destacam-se os direitos à democracia, informação e pluralismo. O
autor defende que estes direitos representam o futuro da cidadania.

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Por fim, Bonavides defende ainda a existência da 5ª geração, a qual diz respeito ao direito à paz. O
Autor defende que a paz deve ser tratada de forma autônoma tendo em vista que é axioma da
democracia participativa e supremo direito da humanidade[12].

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VAMOS PRATICAR MAIS UM POUCO?!

1) É sabido que os Direitos Humanos são divididos em gerações, sendo cada geração destes direitos
atrelada a um valor específico. Tomando por base tal premissa, assinale a alternativa correta com
relação as mencionadas gerações e seus valores.

a) A primeira geração dos direitos humanos tem como principais valores a solidariedade e a
fraternidade, ao passo que tais institutos são verdadeiros pilares da sociedade, sem os quais não é
possível a operacionalização dos Direitos Humanos.

b) A primeira geração dos direitos humanos tem como principal valor a igualdade, defendendo que a
isonomia entre todos os seres humanos é basilar no fomento aos Direitos Humanos.

c) A terceira geração dos direitos humanos tem como pilar principal a liberdade, posto que apenas
com a liberdade do indivíduo, que não deve ser cerceada, é que podemos construir uma sociedade
livre, justa e solidária.

d) A segunda geração dos direitos humanos tem como pilar principal a igualdade e defende os
direitos sociais, econômicos e culturais.

2 ) A Constituição Federal de 1988, em relação aos Direitos e Garantias Fundamentais – Direitos e

Deveres Individuais e Coletivos, dispõe que:

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade […].”

Considerando a temática, analise as afirmativas a seguir.

I. A Constituição Federal de 1988, em seu Art. 5º; aponta como direitos fundamentais basilares o
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

II. Os direitos individuais e coletivos referem-se aos direitos fundamentais que toda a sociedade
desfruta, como direito à educação, alimentação, segurança, trabalho, moradia e saúde.

III. O direito à vida pressupõe a condição de viver de forma digna, considerando a preservação da
integridade, física e moral de cada indivíduo.

IV. O direito à liberdade abarca desde a liberdade de locomoção pelo país à liberdade de
pensamento, de expressão, de consciência e de reunião.

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Está correto o que se afirma apenas em

a) II.
b) III e IV.
c) I, II e IV.
d) I, III e IV.

3) Marie, de nacionalidade francesa, está residindo no território nacional há alguns meses. Para se
inteirar dos distintos aspectos de sua situação jurídica, procurou um advogado e o questionou se
possuía, ou não, direitos fundamentais.

O advogado respondeu corretamente que Marie

a) possui direitos fundamentais, desde que tenham sido provisoriamente deferidos no início do
processo de naturalização.
b) possui direitos fundamentais, desde que tenha requerido a sua fruição no momento de ingresso
no território nacional.
c) não possui direitos fundamentais, que somente são titularizados pelos brasileiros natos.
d) não possui direitos fundamentais, que somente serão obtidos ao fim do processo de
naturalização.
e) possui direitos fundamentais, já que se encontra residindo no território nacional.

4) A respeito dos direitos e das garantias fundamentais, assinale a alternativa correta.

a) Os direitos fundamentais de primeira geração englobam o direito a um meio ambiente
equilibrado.
b) Os direitos fundamentais de segunda geração são os direitos sociais, econômicos e culturais.
c) Os direitos fundamentais de terceira geração estão relacionados às liberdades públicas.
d) A Constituição Federal de 1988 não estabelece direitos e garantias fundamentais.
e) A classificação dos direitos e das garantias fundamentais em gerações baseia-se em critérios
puramente culturais.

5) A inalienabilidade dos direitos fundamentais representa a impossibilidade de sua disposição por

faltar-lhes conteúdo econômico, o que não quer dizer que os direitos fundamentais não possam ter
repercussões patrimoniais.
( ) Certo ( ) Errado

6) A imprescritibilidade dos direitos fundamentais quer dizer que eles são perdidos por seus titulares
em razão do decurso do tempo.
( ) Certo ( ) Errado

7) Os direitos e as garantias expressos na Constituição excluem outros decorrentes de tratados

internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

( ) Certo ( ) Errado

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8) Karel Vasak, inspirado nos ideais da Revolução Francesa (liberdade, igualdade e fraternidade),
associou algumas gerações ou dimensões de direitos humanos e propôs a divisão doutrinária. Nesse
sentido, os de primeira geração ou dimensão são os direitos
a) que se caracterizam por direitos dos povos e estão vinculados ao direito fundamental da paz.
b) e garantias individuais e políticos clássicos que tem o Estado no centro de proteção, como os
direitos sociais, econômicos e culturais que valorizam grupos de indivíduos.
c) que se caracterizam pela sua titularidade coletiva ou difusa, abrangem um meio ambiente
equilibrado e a fraternidade entre os povos.
d) que se caracterizam pela sua titularidade coletiva ou difusa, conhecidos por direitos dos povos,
como o direito à informação, ao pluralismo e à democracia.
e) e garantias individuais e políticos clássicos que tem o indivíduo no centro de proteção, como o
direito à vida à liberdade, à expressão e à locomoção.

9) A cidadania se desenvolveu ao longo do tempo em dimensões que se tornaram costumes a serem

considerados e que se desdobram em três áreas de direito dos cidadãos. Quais são essas
dimensões ou áreas de direito?

a) Direitos trabalhistas, associativos e públicos.

b) Direitos à vida, à liberdade e à propriedade.
c) Direitos ao voto, à representação e ao governo.
d) Direitos à educação, ao trabalho e à riqueza.
e) Direitos civis, políticos e sociais.

10) Enquanto os direitos fundamentais são bens jurídicos em si, as garantias são instrumentos que
buscam assegurá-los e protegê-los.

( ) Certo ( ) Errado

GABARITO

1-D 2-D 3-E 4-B 5-CERTO

6-ERRADO 7-CERTO 8-E 9-E 10-CERTO

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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[1] SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37. ed. São Paulo: Malheiros,
2014. p. 180.

[2] Ibidem, p. 180.

[3] TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de direito internacional dos direitos humanos.
Vol. 1. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 1997. p 390.

[4] LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. rev., atual. e ampl. Saraiva,
2012. p 958.

[5] BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 25 ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2010, p. 563-564.

[6] LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 16. ed. rev., atual. e ampl. Saraiva, 2012.
p 959.

[7] SARMENTO, Daniel. Direitos Fundamentais e Relações Privadas. 2ª Edição, Rio de Janeiro :
Editora Lumen Juris, 2006, p. 19.

[8] SARLET. Ingo Wolfang. A eficácia dos direitos fundamentais. 4. ed. Porto Alegre: Livraria dos
Advogados, 2004. p 56.

[9] Ibdem, p 56.

[10] BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. p 6.

[11] BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 25 ed. São Paulo: Malheiros Editores,
2010, p. 569.

[12] Idem, p. 593.

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