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CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS:

INCLUSÃO E IGUALDADE

Profa. Ma.: Gleidy Braga Ribeiro

Aula 1
TEORIA GERAL DOS DIREITOS HUMANOS
O que são os direitos humanos?
Não existe um conceito único do que são os direitos
humanos.
Carvalho (2019) diz que os direitos humanos consistem
em um conjunto de direitos que são indispensáveis para
uma vida humana pautada na liberdade, igualdade e
dignidade. Logo, eles são essenciais e indispensáveis à
vida digna.
Para Scarano e outros (2018), os direitos humanos são
os princípios ou valores ético-políticos, que vão permitir
que a pessoa afirme a sua condição e sua dignidade
como ser humano.

Madruga (2021), afirma que os direitos humanos


fundamentam-se na dignidade da pessoa humana e,
em contraposição, aos abusos e arbítrios do Estado.
MAS O QUE É DIGNIDADE?
Nunes (2018, p. 71) afirma que, a dignidade da pessoa humana
aparece “como uma conquista da razão ético-jurídica, fruto da
reação à história de atrocidades que, infelizmente, marca a
experiência humana”.
Para o autor, o termo dignidade aponta para dois aspectos
análogos, mas distintos: “aquele que é inerente à pessoa, pelo
simples fato de ser, nascer pessoa humana; e outro dirigido à
vida das pessoas, à possibilidade e ao direito que têm as pessoas
de viver uma vida digna (NUNES, 2018, p. 73)”.
MÍNIMO EXISTENCIAL
Carvalho (2019, p. 78) explica o mínimo existencial
como sendo um conjunto de direitos sem os quais
não é possível ter uma existência digna, de modo que
é preciso assegurar “o direito geral de liberdade e os
direitos sociais básicos, tais como o direito à
educação, o direito à saúde, o direito à previdência e
assistência social, o direito à moradia, o direito à
alimentação, entre outros”.
DIGNIDADE HUMANA X
MÍNIMO EXISTENCIAL
Direito à moradia
A fronteira dos
bairros Paraisópolis e
Morumbi, em São
Paulo - condomínios
e segregação urbana.
Fonte: Daiane Araújo, 2021.
RESERVA DO POSSÍVEL
Argumento desenvolvido pelo Tribunal
Constitucional Federal da Alemanha é
constantemente utilizado pelos governos, para não
implantar ou suprir políticas públicas, já que a
escassez de recursos impede a implementação
imediata de todos os direitos que exijam prestações
positivas, isto é, exijam uma postura ativa do
Estado na promoção dos direitos humanos.
JUDICIALIZAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
ATIVISMO JUDICIAL
• Princípio da dignidade humana, princípio fundante da
República Federativa do Brasil.
• Direitos fundamentais são de aplicação imediata.
• Na ausência de uma postura mais ativa do Legislativo
e do Poder Executivo, abre espaço para uma postura
mais ativa do Judiciário, devendo ser provocado
judicialmente.
ATIVISMO JUDICIAL
O Jurista e Ministro do Supremo Federal, Luís
Roberto Barroso, explica que essa postura
mais concreta do Judiciário frente ao
Executivo, cuja doutrina chama de ativismo
judicial, nada mais é que uma forma proativa
de interpretar e aplicar a Constituição.
TERMINOLOGIA
• Há uma pluralidade de expressões e terminologias
que albergam os direitos humanos nos documentos
internacionais e textos constitucionais.
• Direitos humanos, direitos fundamentais, direitos do
homem, liberdades públicas, direitos naturais etc.
• As mais comuns: direitos humanos e direitos
fundamentais.
TEORIA DAS GERAÇÕES
DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS
O jurista francês de origem checa, Karel Vasak, em
1979, classificou os direitos humanos em três gerações,
cada uma com características próprias.
Utilizou o lema da Revolução Francesa: “liberté, egalité
et fraternité” (liberdade, igualdade e fraternidade) para
apresentar o processo histórico evolutivo pelo qual
passou os direitos humanos.
PRIMEIRA GERAÇÃO
• Marco histórico: revoluções liberais do século XVIII.
• Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos da
América.
• Restringir o poder absoluto do monarca.
• Direitos de liberdade.
O que se quer é que o Estado proteja a esfera de autonomia
do indivíduo. São denominados também “direitos de
defesa”, pois protegem os indivíduos.
SOCIEDADE FRANCESA X
REVOLUÇÃO FRANCESA

Fonte: Brasil Escola, 2021. Queda da Bastilha, em 1789, foi o estopim da Revolução Francesa.
Fonte: BBC, 2013.
Quadro retrata a batalha de Bunker Hill: guerra de independência Ataque de Bunker Hill: Boston concentrou grande parte do
começou em 19 de abril de 1775 e se prolongou até 3 de setembro de movimento de rebelião das 13 colônias.
1783. Fonte: BBC, 2019.
Fonte: BBC, 2019.
SEGUNDA GERAÇÃO
• Os direitos humanos de segunda geração são frutos das
chamadas lutas sociais, que ocorreram no início do
Século XX, tanto na Europa quanto nas Américas.
• Destacam-se como marcos, a Constituição mexicana de
1917 e a Constituição alemã de Weimar de 1919.
• No Direito internacional, o Tratado de Versalhes criou a
Organização Internacional do Trabalho, reconhecendo os
direitos dos trabalhadores.
TRATADO DE VERSALHES ENCERROU A
PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

Fonte: Conhecimento Científico, 2021. Fonte: Descomplica, 2021.


• Espera-se uma postura ativa do papel do Estado. Constatou-se
que a inserção formal de liberdade e igualdade em declarações
de direitos não garantiam a sua efetiva concretização. Passou-
se a exigir que o Estado assegure uma condição material
mínima de sobrevivência.
• Nos direitos de primeira geração estão o direito à liberdade,
igualdade perante a lei, propriedade, intimidade e segurança,
traduzindo o valor de liberdade.
• Nos direitos de segunda geração estão o direito à saúde,
educação, previdência social, habitação, entre outros.
TERCEIRA GERAÇÃO
• Os titulares dos direitos são a
comunidade e não o indivíduo.
São os direitos chamados de
solidariedade.
• Nesta geração temos o direito
à paz, direito à
autodeterminação e, em
especial, o direito ao meio
Fonte: 123RF, 2021.
ambiente equilibrado.
FUNDAMENTOS DOS DIREITOS HUMANOS
Existem outras correntes de pensamentos na doutrina,
mas entre as mais importantes, conforme explica
Ramos (2019), temos a jusnaturalista e o juspositivista
ou corrente positivista nacionalista.
A corrente jusnaturalista fundamenta que os direitos
humanos são um conjunto de normas vinculantes
anterior e superior ao sistema de normas fixadas pelo
Estado, ou seja, do próprio direito posto.
CORRENTE POSITIVISMO NACIONALISTA
• Surgiu com a consolidação do Estado constitucional.
• Inseriu os direitos humanos tidos como naturais
(jusnaturalismo de direitos humanos) no corpo das
Constituições e das leis, sendo agora considerados
direitos positivados.
• Passa ser algo expresso na Constituição, que está no
topo do sistema jurídico.
CARACTERÍSTICAS DOS
DIREITOS HUMANOS
• Oliveira (2016) apresenta as características mais
recorrentes nos estudos sobre a temática.
• Universalidade: indivisibilidade e interdependência,
historicidade, vedação ao retrocesso e proibição de
proteção deficiente, inalienabilidade,
irrenunciabilidade e imprescritibilidade.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Daiane. Um pequeno relato sobre a construção de redes comunitárias no contexto urbano. IBEBrasil, 2021. Disponível em:
https://ibebrasil.org.br/2021/07/um-pequeno-relato-sobre-a-construcao-de-redes-comunitarias-no-contexto-urbano/. Acesso em: 23 set.
2021.

BARROSO, Luís . Retrospectiva 2008: Judicialização, ativismo e Legitimidade democrática. Revista Eletrônica de Direito do Estado, Salvador –
Bahia, n. 18, abr. mai. jun. 2009. Disponível em: http://www.direitodoestado.com.br/revista/REDE-18-ABRIL-2009-LUIS%20BARROSO.pdf .
Acesso em: 14 set. 2021.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil 1988. Disponível em:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 14 set. 2021.

MADRUGA, S. Pessoas com deficiência e direitos humanos: ótica da diferença e ações afirmativas. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.

NUNES, Rizzatto. O princípio constitucional da dignidade da pessoa humana: doutrina e jurisprudência. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.

OLIVEIRA, Fabiano Melo Gonçalves de. Direitos humanos. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016.

RAMOS, André de C. Curso de Direitos Humanos. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.

SCARANO, Renan Costa Valle et al. Direitos Humanos e Diversidade. 1. ed. Porto Alegre: Sagah, 2018.
BONS ESTUDOS!

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