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MATERIAL DE APOIO – TEORIAS NÃO-CRÍTICA, CRÍTICO-REPRODUTIVISTA E

CRÍTICAS

Teorias da Educação – Livro Escola e Democrática de Saviani.

1. Teorias não-críticas:
-Entende a educação como um instrumento de equalização social e, portanto, de superação da
marginalidade. Ela reforça os laços sociais, promove a coesão e garante a integração de todos os
indivíduos no corpo social (é fundamentalmente educativa). Nesta perspectiva, a educação é autônoma.

-Não consideram os problemas e a estrutura social como influenciadores da educação. Estas teorias "já
encaram a educação como autônoma e buscam compreendê-la a partir dela mesma"

-Para as teorias não-críticas a marginalidade é considerada um desvio e a educação tem como função
corrigi-lo. O autor destaca que “[...] enquanto as teorias não-críticas pretendem ingenuamente resolver o
problema da marginalidade por meio da escola sem jamais conseguir êxito, as teorias crítico-reprodutivistas
explicam a razão do suposto fracasso” (p.24).

-Tendências Liberais/Teoria Redentora

2. Teorias Crítico-Reprodutivistas
"Em suma, treinamentos na "fase da denúncia" (78 a 82, aproximadamente) foram utilizados como meios
para difundir a denúncia do caráter perverso da escola capitalista, onde a escola da maioria reduz-se
totalmente à inculcação da ideologia dominante, enquanto as elites se apropriam do saber universal nas
escolas particulares de boa qualidade, reproduzindo, assim, as contradições inerentes e necessárias ao
capitalismo. É evidente que houve um saldo positivo, na medida em que ocorreu, de certa forma, um
avanço da consciência ingênua dos educadores para uma concepção mais crítica da educação escolar; e o
mais positivo, e que a história tem comprovado, foi a superação deste pessimismo crítico imobilista em
relação ao desenvolvimento da escola, como um espaço contraditório, onde se pode e se deve atuar de
forma competente e comprometida politicamente, com os interesses das maiorias, dando origem ao que
pode ser denominado de 'realismo crítico'. "

• Entende a educação como instrumento de discriminação social e, portanto, ela própria fator de
marginalização. Essencialmente marcada pela divisão entre grupos e classes antagônicas (é
fundamentalmente política).

• O grupo ou classe que detém a maior força é dominante por se apropriar dos resultados da
produção social e produz necessariamente marginalização. Nesta perspectiva, a função básica da
educação é a reprodução da sociedade. (p.3-4)

• Abarca a Teoria do Sistema de Ensino como Violência Simbólica, a Teoria da Escola como Aparelho
Ideológico do Estado e a Teoria da escola Dualista, que ompreendem a educação como instrumento
de discriminação social, ou seja, fator de marginalização.
• Para o grupo das teorias crítico-reprodutivistas a marginalidade é um problema social e a educação
que dispõe de autonomia em relação à sociedade, estaria capacitada a intervir eficazmente na
sociedade, transformando-a e promovendo assim a equalização social.

• A Escola cumpre papel fundamental no processo de reprodução do capitalismo

• Quanto mais os professores ignoram que estão reproduzindo a sociedade capitalista, tanto mais
eficaz a reproduzem.

• Teoria Reprodutora

2.1 Teoria do sistema de ensino enquanto Violência Simbólica (Bourdieu e Passeron)

-Os grupos e classes dominantes controlam os significados culturalmente legítimos e socialmente mais
valorizados. O Capital cultural é distribuído desigualmente entre os grupos e classes. Educação como
instrumento de discriminação social, fator de marginalização.

-Aqueles que tem mais capital cultural são bem mais sucedidos na escola;

-A educação é um processo de reprodução das diferenças culturais e sociais

-É assim que os sistemas simbólicos cumprem a sua função política de instrumentos de imposição ou de
legitimação da dominação, que contribuem para assegurar a dominação de uma classe sobre a outra
(violência simbólica) dando o reforço da sua própria força às relações de força que as fundamentam e
contribuindo assim, segundo a expressão de Weber, para a domesticação dos dominados (BOURDIEU, 1989,
p. 11).

-Traduzindo - Violência simbólica - formas culturais que impõem e fazem que aceitemos como normal,
como verdade que sempre existiu e não pode ser questionada. Um conjunto de regras não escritas nem
ditas, é exercida por meio de um conjunto de mecanismos sutis de conservação e reprodução das
estruturas de domínio.

Mnemônico: Violência Simbólica - Bourdie - Meninas são frágeis.

2.2 Teoria da escola enquanto Aparelho Ideológico do Estado (Althusser)

• A escola se constitui no instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção de tipo
capitalista

• AIE - Aparelhos Ideologicos do Estado: Igreja, Escola, Mídia, etc. A Escola é o Aparelho Ideologico de
Estado Dominante na sociedade Capitalista

• ARE- Aparelhos Represivos do Estado – policiais, tribunais, prisões etc

2.3 Teoria da escola dualista (Baudelot e Establet)

• Escola dividida em duas grandes redes: a burguesia e o proletariado;

• Rede PP (Primário Profissional) - destinados aos trabalhadores


• Rede SS (Secundário Superior) - destinado a burguesia
• A escola é um aparelho ideológico da burguesia e esta a serviço de seus interesses

3. TEORIAS CRÍTICAS

-Saviani anuncia que a tarefa de uma teoria crítica, que não seja reprodutivista é superar tanto o poder
ilusório, característico das teorias não-críticas, como a impotência, presente nas teorias crítico-
reprodutivistas, “[...] colocando nas mãos dos educadores uma arma de luta capaz de permitir-lhes o
exercício de um poder real, ainda que limitado” (p.25).

-Compreendem a escola como espaço de lutas e de contradições, mas, também, como espaço de
superação de conflitos;

-Teoria transformadora da educação;

-Frase que demonstra o pensamento crítico e transformador da educação: superar tanto o


pensamento ilusório, quanto a impotência crítico reprodutivista:

Leitura Complementar

Dermeval Saviani, um dos grandes teóricos da educação, classifica as teorias educacionais em teorias
críticas e não-críticas. As teorias não-críticas entendem a educação como uma ferramenta de equalização
social, de superação da desigualdade social, vista de forma autônoma em sua atuação, e ao tentar
entendê-la partem dela mesma. Como exemplos de teorias não-críticas temos a pedagogia
tradicional( preconiza o professor como centro do processo de ensino e ao aluno cabe aprender o que lhe
é transmitido, sem ter o direito de questionar, preconiza o “aprender”), a pedagogia nova( defende a
escola como um meio de equalização social, enfatiza o “aprender a aprender”). Daí vem o escolanovismo.
Propunha uma ampla modificação na aparência das escolas, com salas de aula de aspecto mais agradável
e mais alegre. A partir daí surge a pedagogia tecnicista, já que a pedagogia nova não conseguiu seu
intento. A última das teorias não –críticas é a pedagogia tecnicista que enfatiza o “aprender a fazer” e tem
como objetivo tornar o processo de ensino mais operacional, formando homens competentes e
produtivos.
As teorias acima representam um processo de reorganização do aparelho escolar que passou por um
intenso processo de burocratização. Essa fragmentação no trabalho pedagógico causou um caos no
campo educativo por tentar comparar a educação com o sistema fabril.
Quanto às teorias críticas, elas são também denominadas de teorias crítico-reprodutivistas, pois são
compreendidas a partir da influência da sociedade a qual servem. Portanto, há uma estreita relação entre
educação e sociedade. Entre essas teorias Dermeval Saviani cita: a teoria do sistema de ensino enquanto
violência simbólica(como exemplo temos a violência material imposta pela classe dominante à classe
dominada, o que provoca uma violência cultural, o que vemos claramente na ação pedagógica
institucionalizada, ou seja, no sistema escolar).
Uma outra teoria crítico-reprodutivista é a teoria da escola enquanto aparelho ideológico de Estado, que
Althusser bem distinguiu em Aparelhos Repressivos de Estado(a Polícia, os Tribunais, etc.) e os Aparelhos
Ideológicos de Estado(a igreja, a família, os sindicatos, as escolas, etc.).Esses aparelhos ideológicos
espalham a ideologia dominante, de forma não institucionalizada, mas de forma massiva e ideológica, já
que a escola serve como instrumento de inculcação do pensamento da classe dominante. Para isso, ela
prepara durante vários anos as crianças provenientes de todas as classes sociais e as transmite a ideologia
da classe dominante, reproduzindo assim as relações de exploração do sistema capitalista.
A teoria dualista é a última teoria crítico-reprodutivista. Esta teoria acredita que a escola é dividida em
duas camadas ou classes: o proletariado e a burguesia e que essa divisão está presente em todo o
conjunto escolar, desde a primária até a secundária. Tal teoria entende que a escola cumpre a missão de
formar a força de trabalho pra atuar no sistema, contribuindo para a reprodução das relações produtivas.
Ela reconhece que existe uma ideologia proletária, mas que a ideologia proletária não está na escola.
Através dessas teorias conclui-se que as teorias não-críticas não conseguem bons resultados, por
distanciarem a educação da realidade do aluno e as teorias crítico-reprodutivistas explicam o porquê do
fracasso escolar.
Comenius ( Jean Amos Komenisky – 1592 – 1670), considerado o pai da didática, considerou a escola
como o espaço fundamental da educação do homem, estruturando seu pensamento na máxima: Ensinar
tudo a todos. Para ele, essa educação concebida em um ambiente adequado, com diálogo e através da
experiência é que formaria cidadãos capazes e atuantes no mundo. E Comenius acredita na escola como
uma aliada nesse modelo de construção do saber.
Maria Montessori, representante da Pedagogia Nova, a partir de experiências com o ensino de crianças,
conclui que o espaço ideal para ser uma escola é uma casa com um jardim cultivado pelas crianças, com
liberdade onde as crianças aprendem e se desenvolvem sem a ajuda dos adultos. Já que para Montessori,
o ambiente adulto se torna um obstáculo para o desenvolvimento das crianças. Assim, preparando-se um
ambiente adequado aos movimentos das crianças, ocorrerá a manifestação psíquica natural e portanto um
aprendizado saudável.
Para Paulo Freire, grande expoente da educação brasileira, a escola é o espaço onde se dá o diálogo entre
os homens, mediatizados pelo mundo ao redor, surgindo daí a necessidade de transformação do mundo. “
Não devemos chamar o povo à escola para receber instrução, postulados, receitas, ameaças, repreensões e
punições, mas para participar coletivamente da construção de um saber, que vai além do saber de pura
experiência feito, que leve em conta as suas necessidades e o torne instrumento de luta, possibilitando-lhe
transformar-se em sujeito de sua própria história(...) Freire, 1980. Freire considera a escola como um
espaço político para a organização popular.
Numa perspectiva realmente progressista, democrática e não–arbitrária, não se muda a “cara” da escola
por portaria. Não se decreta que, de hoje em diante, a escola será competente, séria e alegre. Não se
democratiza a escola autoritariamente. A administração precisa testemunhar ao corpo docente que o
respeita, que não teme revelar seus limites a ele, corpo docente. A administração precisa deixar claro que
pode errar. Só não pode é mentir. (Freire, 1980)
No século XXI, a escola enfrenta um dilema. Com o grande avanço tecnológico, a era do computador,
surge o desafio: seguir uma formação intelectual ou uma formação profissional?
As promessas que foram feitas no séc. XIX, para a implantação de uma escola pública e universal não se
cumpriram de fato. O modelo da escola tradicional sofreu inúmeras críticas nos últimos tempos. Como
enfrentar tais desafios na atual estrutura da escola? Antonia de Jesus Sales - Professora e Tradutora

http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-escola-atraves-dos-tempos.htm
QUESTÕES

1. (IF-SE-2010) De acordo com Saviani, as teorias de educação classificam-se em: “não-críticas”, “crítico-
reprodutivistas” e “críticas”. Identifique, nos enunciados, abaixo, os que correspondem às teorias críticas:

I. Encaram a educação como autônoma e buscam compreendê- la por ela mesma;.

II. Remetem a educação a seus condicionantes objetivos, isto é, à estrutura socioeconômica, que determina
a forma de manifestação do fenômeno educativo;

III. Compreendem a educação e a escola como mecanismos de reprodução da cultura dominante;

IV. Compreendem a escola como espaço de lutas e de contradições, mas, também, como espaço de
superação de conflitos. Estão corretas as alternativas:

a) II e V

b) I e IV

d) c) I e II

e) II e III

f) III e IV

2. (IBFC- SEAP-DF-2015) De acordo com a teorização de Saviani (1984) nas abordagens do processo de
ensino e aprendizagem, julgue os itens a seguir:

I. A Pedagogia Tradicional, a Pedagogia Nova e a Pedagogia Tecnicista são exemplos de teorias crítico-
reprodutivistas.

II. A escola dualista enquadra-se na teoria crítico-reprodutivista.

III. A escola, enquanto aparelho ideológico do Estado, e o sistema de ensino, enquanto violência simbólica,
enquadram-se nas teorias críticos-reprodutivistas.

IV. A teoria não crítica engloba as abordagens tradicional e comportamentalista, enquanto as abordagens
humanista, cognitivista e sociocultural são exemplos de teorias crítico-reprodutivistas.

É correto o que se afirma em

a) II, III, IV, penas

b) I, II, IV, apenas.

c) II, III, apenas.

d) I, II, III e IV.

3. (Cespe-MPU-2013) O principal representante da vertente redentora é o teórico Althusser, que estudou o


papel da escola como um dos aparelhos do Estado.

Errado

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