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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CAMPUS UNIVERSITÁRIO DO MARAJÓ – BREVES
FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS – FECH
LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

BEATRIZ VIEIRA MEIRELES


ELTON NEVES DA CUNHA
FELIPE VANZALER DO NASCIMENTO
KARINA DA SILVA LOPES

TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVAS

BREVES
2021
BEATRIZ VIEIRA MEIRELES
ELTON NEVES DA CUNHA
FELIPE VANZALER DO NASCIMENTO
KARINA DA SILVA LOPES

TEORIAS CRÍTICO-REPRODUTIVAS

Resumo Crítico do texto TEORIAS CRÍTICO-


REPRODUTIVAS apresentado como requisito parcial
para avaliação na disciplina Filosofia da Educação.

Professor: Dr. Natamias Lopes de Lima.


BREVES/PA
2021
REFERÊNCIA: ARANHA, Maria. Filosofia da Educação. 3. ed. Moderna, 2007. 327 p.

SOBRE A OBRA: Trata-se de um capítulo do livro Filosofia da Educação, da autora Maria


Lúcia de Arruda Aranha. Publicado em 2007 pela editora Moderna

SOBRE O(A) AUTOR(A): Nasceu em Três Lagoas, Mato Grosso do Sul. Formou-se em
Filosofia pela PUC-SP, Maria Lúcia de Arruda Aranha lecionou no Ensino Médio até a
aposentadoria. Em parceria com Maria Helena Pires Martins, é autora de "Filosofando -
introdução à filosofia" e "Temas de filosofia". Maria escreveu também as obras "Filosofia da
Educação" e "História da Educação e da Pedagogia - Geral e Brasil".

RESUMO DO CONTEÚDO DA OBRA


As teorias crítico-reprodutivistas surgiram em um contexto de desmascarar as verdadeiras
intenções da escola influenciada pelo estado, já que a escola era vista de forma otimista, como
meio de tornar iguais as chances para os indivíduos que pertencem a classes diferentes, assim
no primeiro momento muitos teóricos atraídos pela ideia afirmaram que a escola seria sim, um
meio de desfazer injustiças e de democratização, porém, entre 60 e 70 os teóricos críticos
reprodutivistas observaram que a ideia de escola como meio de democratização e igualdade
social não passava de uma ilusão e através de suas teorias destacaram o verdadeiro objetivo da
escola capitalista e o que realmente ocorria em seu seio. assim nasceram diversas teorias que
objetivavam expor as intenções da escola/estado e diversos autores se destacaram nesse meio
como: Althusser, Baudelot, Establet, Bourdieu e Passeron.

A violência simbólica é exercida pelo poder de imposição das ideias transmitidas por meio
da comunicação cultural, da doutrinação política ou religiosa, das práticas esportivas, da
educação escolar. Isso faz com que a pessoa coagida passe a pensar de uma determinada
maneira que é imposta a ela, sem se dar conta de que está agindo ou pensando sob poder de
coação. Desse modo os sistemas simbólicos se tornam instrumentos de poder, tornando
homogêneo o comportamento social. Para os autores, a escola se limita a reforçar e confirmar
o “habitus” de classes, que para eles, significa uma formação durável e transportável, que são,
sistemas comuns de pensamentos, de percepção, de apreciação e de ação. São colocados
desde a infância por um trabalho pedagógico realizado primeiramente pela família e só em
seguida pela escola. De modo que a criança seja devidamente preparada para um convívio em
sociedade.

Porém, do ponto de vista dos reprodutivistas, essa justificativa não passa de mascaramento
para causas reais do insucesso escolar e o que essa “ideologia de dotes” realmente dissimula,
é a imposição da cultura da classe dominante sobre a dominada. Isso ocorre, porque a
autoridade pedagógica tem poder de aplicar sanções, que por sua vez, determinam o
reconhecimento da cultura dominante. A objetividade do sistema exige formas aparentemente
neutras do método de avaliação, por meio dos quais se excluem os “menos dotados”, e estes
por sua vez, se reconhecem como sendo “incompetentes". Para concluir, o exame
aparentemente democrático, oculta os laços entre sistema escolar e a estrutura das relações de
classes, fazendo com que nem mesmo as classes que sofrem com decorrência disto percebam
a sua posição como classe dominada.

Althusser considera que a função da escola deve ser analisada no contexto da sociedade
capitalista, sendo assim desenvolvida, a noção de aparelho ideológico de estado. Sendo o
autor influenciado pelo pensamento de Marx, Althusser reconhece que toda produção precisa
assegurar a reprodução de suas condições materiais. Sendo a escola responsável por
reproduzir a ideologia dominante. Marx dividiu a sociedade em dois níveis de realidade: O
primeiro é a infraestrutura ou estrutura material da sociedade, na qual esta voltada para
economia, isto é, nas diferentes formas que o homem produz itens para sua sobrevivência. A
segunda, é a superestrutura corresponde à estrutura jurídico-politica de caráter ideológico,
responsável pelas relações entre a sociedade, assim como a formar de ver o mundo, através de
expressos artísticas e culturais.

O desenvolvimento do sistema capitalista, mostra duas classes sociais opostas, porém que
dependem uma da outra. A burguesia que é detentora do capital e dos meios de produção, na
posição de dominadora. A outra é o proletariado produtor, possuindo apenas a sua força
laboral, sendo essas relação sustentadas apenas pela dominação burguesa. O estado passa a
representar os interesses da burguesia, sendo diluída a ideia de bem comum. Pois dentro da
sociedade dividida, os interesses são divergentes. Segundo Althusser, o Estado é composto de
dois tipos de aparelho que impõe ideologia burguesa. São eles: Aparelho repressivo de estado:
é constituído do governo, a administração e as forças militares, funcionando através da
“violência” para o cidadão não cumpridor das leis, na qual a classe burguesa é a favorecida,
pois legisla e aplica a lei; o outro é o aparelho ideológicos do Estado (AIE), trata-se de várias
instituições distintas que pertencem ao domínio privado, funcionando “pela ideologia”.

Baudelot e Establet se diferenciaram dos demais autores pois enfatizaram a questão da


força latente da ideologia do proletariado, além de terem retomado o conceito de Althusser a
respeito da escola como aparelho ideológico, ademais dividiram a escola em duas redes
importantes na PP (primária principal) com continuidade dos estudos após o termino das
séries primárias em cursos técnicos e na SS (secundária superior) com continuidade no
segundo ciclo/bacharelado, assim para eles essas divisões em redes não se daria no final das
series primárias, mas sim desde o inicio os filhos do proletariado já teriam seu caminho
traçado em chegar até a rede PP e não atingirem níveis superiores, a escola tem o papel de
reafirmar a divisão em trabalho intelectual (SS) que no caso é destinado a burguesia e trabalho
manual (PP) destinado ao proletariado, essa divisão se configura deste modo para que o
objetivo do estado seja conquistado que são formação da força de trabalho e propagação de
sua ideologia. vale ressaltar que existe uma preocupação do estado em calar as ideologias que
o proletariado obtém e que são contrarias as do interesse capitalista, então no olhar do estado
se o proletariado se apoderar de conhecimentos, poderão se rebelar contra essa força latente e
causar a desestabilização do capitalismo.

No Brasil vários teóricos como: Barbara Freitag, Maria de Lourdes Deiró Nosella, Luiz
Antônio Cunha e outros. Apoiados nas teorias crítico-reprodutivistas fizeram uma releitura do
fracasso escolar que ocorre no Brasil e criticam a ilusão da escola nova, bem como as
tendências tecnicista que influenciam a educação durante o período de ditadura militar.
Teóricos como Luiz Antônio Cunha que criticou a escola liberal sobretudo a escola nova.
Denunciando a política educacional que leva a discriminação e à falência da educação no
Brasil

É indispensável reconhecer a importância da análise feita pelos autores crítico reprodutivas


para a compreensão dos mecanismos da escola na sociedade dividida em classes. Levar essas
críticas às últimas consequências, poderia resultar em um pessimismo imobilista. Se
considerarmos a escola mera reprodutora das desigualdades sociais, não teremos como
exercer a ação pedagógica sem mistificações, a menos que a exploração de classe seja
politicamente superada.

A autora fundamenta sua conclusão com a citação de Luiz Antônio Cunha, que diz teorias
são pessimistas e geradora de impotência, ponderando que, “se algum problema existe. Está
na onipotência dos educadores, e não nas teorias que pretendem desvelar a ilusão da mudança
da sociedade a partir da educação escolar”. E completa dizendo que, em vez de “levarem à
suposta impotência, por nada resta aos docentes senão conforma-se com a reprodução da
sociedade, elas permitem orientar a sua ação”.

COMENTÁRIOS CRÍTICOS

Maria Lúcia de arruda arranha professora com experiência de mais de vinte anos
lesionando em sala de aula, no seu livro intitulado filosofia da educação especificamente o
capitulo 20 teorias crítico-reprodutivistas, aborda como assunto principal a escola como
aparelho ideológico do estado, onde a autora destaca no decorrer do capitulo as teorias e o
ponto de vistas de outros autores que se encaixam no perfil crítico-reprodutivista, e o que em
suas pesquisas perceberam a respeito da escola/estado, sua influencia no percurso
educacional, ideológico, entre outros.

A autora expõe de forma embasada e analítica as teorias dos autores que serão
mencionados no texto, citando o ano que as teorias vieram a efeito, dados estatísticos e
também o nome da obra para quem sentir o desejo de se aprofundar possa pesquisar o que trás
facilidade ao leitor, outrossim mostra que a autora para a criação de seu livro se aprofundou a
respeito do tema, se baseando-se em teóricos renomados da área de filosofia e sociologia,
além de valer-se de seus conhecimentos a respeito da disciplina, pontuando citações para
fundamentar a obra.

Se faz muito interessante a maneira como a autora aborda a teoria de Bourdieu e Passeron
a respeito da temática de violência simbólica, pois se faz de suma importância o seu
compreendimento, para que assim, se possa de uma maneira mais clara e objetiva reconhecer
maneiras como tal violência ocorre nos dias atuais. A violência simbólica não é algo que
ocorre de maneira física, mas sim pela imposição de ideias por meio de uma comunicação
cultural , doutrinação política e principalmente da educação escolar. A autora também busca
retratar como a educação imposta pela escola não é completamente neutra e democrática, uma
vez que, implica somente na reprodução da cultura da classe dominante. Outro excelente
ponto que a autora também apresenta, é a maneira como ocorre o mascaramento dessa relação
da escola e a estrutura de relações de classes, fazendo com que todo esse sistema passe
desapercebido principalmente pelas classes desfavorecidas.

Na teoria de Althusser, ele se baseou no pensamento de Marx, no qual a sociedade


capitalista era divida em duas classes, uma dominante e a outra dominada, essa divisão
interferia na maneira de pensar, de agir e de ver o mundo entre essas classes. Evidentemente
que essas relações interferem na escola, o texto traz várias analises ao leitor, sendo uma delas
é de que a escola que não oferece muitas oportunidades para os que fazem parte da classe
trabalhadora, basta observarmos que isto é realmente verdade se levarmos em conta, onde está
localizado a maioria da população que faz parte dessa classe, em sua maioria residente na
periferia e que também estão localizadas as piores escolas (falando apenas de aspectos
estruturais).

concordasse com autor, na ideia professor como peça de desconstrução da ideologia


burguesa, onde a escola é um local que há também muitas desigualdades entre esses dois
níveis sociais. Sendo a escola aparelho ideológico do Estado e ela atendendo o interesse da
classe dominante, precisa-se que a educação seja uma ambiente de total igualdade, mesmo
que essa realidade esteja longe de ser alcançada, a escola tem sim papel e importante
ferramenta de formação de cidadãos.

Ademais outra teoria muito interessante que a autora Aranha expõe é a dos autores
Baudelot e Establet chamada de teoria da escola dualista que destaca o proletariado que
possui suas próprias ideologias e que também fala a respeito da divisão da escola em duas
grandes redes, em PP (primária profissional) e SS (secundária superior), onde segundo os
autores da teoria o proletariado desde sempre estaria sujeito a não atingir os ensinos
superiores, bom esse ponto que os autores formularam em sua obra o que seria uma meia-
verdade pois os proletariados ou aquela que detêm o trabalho manual por muitas das vezes
tem mais dificuldades de chegar a um nível superior, mas tudo depende da força de vontade e
acredito que todos temos chances de alcançar um nível superior.

Concorda-se com os autores quando dizem que não existe uma escola única pois sendo a
sociedade tão diversificada consequentemente nas escolas teremos pessoas de condições
sociais diferentes, e que também tem acesso a escola e ao ensino de maneira diferente, outro
ponto que também é concordável é que a burguesia inculca suas ideologias sobre o
proletariado e isso pode ser observado na cultura que nos é imposta, nos livros didático que
estudamos, no cronograma que é feito pelo estado para que as escolas sigam, enfim influencia
de várias maneiras.

Também é importante destacar o mérito dos teóricos brasileiros que apoiado nas teorias
crítico-reprodutivistas fizeram uma releitura do fracasso escolar que ocorre no Brasil e
criticaram a ilusão da escola nova, bem como as tendências tecnicista que influenciam a
educação durante o período de ditadura militar. Este é um dos pontos positivos de suma
importância das teorias crítico-reprodutivistas aqui no Brasil, o papel que essa tendência
desempenhou na década de 1970, onde suas análises constituíram-se em armas teóricas
utilizadas para fustigar a política educacional do regime militar.

Portanto, reconhecemos a análise feita pelos autores crítico-reprodutivistas para a


compreensão dos mecanismos da escola na sociedade dividida em classes, porém não
devemos levar essas críticas às últimas consequências, isso poderia resultar em um
pessimismo imobilista. Se considerarmos a escola como mera reprodutora das desigualdades
sociais, não teremos como exercer a ação pedagógica sem mistificações, a menos que a
exploração de classe seja politicamente superada.

De fato os teóricos não apresentarem uma proposta capaz de mudar essa realidade, mas é
inegável que os autores contribuíram consideravelmente com o estudo para descortinar essa
realidade, eles levantaram essa questão da problemática da educação mediante a constatação
da existência de uma estrutura socioeconômica dominante que utilizava a escola como espaço
de socialização e perpetuação de sua dominação, portanto conclui-se que as teorias não são
pessimistas e geradora de impotência, ponderando que, as mesmas pretendem desvelar a
ilusão da mudança da sociedade a partir da educação escolar.

Contribuindo para a formação de senso crítico nos professores que irão ministrar as
disciplinas, e nos alunos que estudarão essas teorias deixando em aberto a possibilidade de
analise, por isso a importância de tantos autores, com suas diversas opiniões, e todas com seu
mérito apesar de que nem sempre se acertar em tudo o que se diz por isso a autora do livro
enfatiza a importância de não se levar tudo ao pé da letra e de se aprofundar no que se
acredita.

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