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Em Educação e Barbárie: a escola contemporânea, Bernard Charlot ilustra a

relevância da antropologia para a compreensão do processo educacional e de


ensino. Ele enfatizou que a antropologia pode contribuir para a compreensão
das diferentes culturas e valores que existem em uma sociedade e como isso
afeta a educação e a prática docente. Mesmo em algum momento da década
de 1960, acreditava-se que, dependendo de onde você morasse, a Barbárie
estava desaparecendo no mundo graças à educação.
O autor observa que a antropologia é capaz de superar uma visão unilateral da
educação, permitindo uma análise ampla e crítica dos sistemas educacionais.
Além disso, enfatizou a importância de entender a relação entre educação e
sociedade, incluindo fatores sociais, políticos, econômicos e culturais.
No que diz respeito à minha área de atuação, a educação em geral enfrenta
problemas, seja pela falta de diálogo e respeito entre alunos e professores,
seja por uma gestão autoritária e antidemocrática, que não promove a
participação dos alunos nas tomadas de decisão, não considera seus desejos e
necessidades, podendo gerar muitos desafios e desconfortos. Existe um
interesse além da falta de engajamento dos alunos na construção do
conhecimento, mas na minha escola, por ser de ensino fundamental, não
percebo este desconforto, pois temos uma equipe gestora que desenvolve
projetos voltados para a integração dos alunos e ensino e aprendizagem,
proporciona aos professores autonomia pedagógica e recursos inovadores
para melhor desenvolver o ensino e a aprendizagem
Acredito que é possível a escola pública ser uma escola diferente com gestão
democrática, mudanças nas práticas pedagógicas, e com maior participação
dos alunos na construção do conhecimento, maior diálogo e respeito mútuo.

No texto O Sujeito e o Poder de Michel Foucault, o autor pretende fazer uma


história das diferentes formas pelas quais os humanos foram sujeitos em
nossa cultura, o primeiro método que ele usa é um levantamento de sujeitos
produtivos e objetivação. E a objetivação de fatos simples como eles existem
na história natural ou na biologia. Para ele, não é o poder, mas o sujeito que
constitui o tema geral da pesquisa. Para ele, o sujeito humano é colocado em
relações de poder muito complexas ao mesmo tempo em que é colocado em
relações de produção e significado.

As relações de poder implicam na relação mais próxima entre teoria e prática


e, para compreender as relações de poder, os seres humanos têm
experimentado várias lutas, lutas para questionar o status pessoal, lutas
contra privilégios intelectuais, e essas lutas levam à seguinte questão. Quem
somos nós? Segundo o autor, a luta contra as formas de dominação pode ser
dividida em três tipos (moral, social e religiosa).
Ele relaciona o poder com a subjetividade, pois para compreender o poder é
preciso distinguir entre o poder que exercemos sobre as coisas e a
capacidade de modificá-las, usá-las, consumi-las ou destruí-las, poder que se
inscreve diretamente no corpo ou na capacidade . Além de serem mediadas
pela instrumentação, é preciso distinguir relações de poder comunicativo que
transmitem informações por meio da linguagem, de sistemas simbólicos ou de
qualquer outro meio simbólico. O exercício do poder não é apenas uma
relação entre parceiros individuais ou coletivos, é um padrão de ação de uns
contra os outros.
Do meu ponto de vista, penso que o processo disciplinar que ocorre nas
instituições escolares tem algo a ver com a emergência do tema "os alunos
são tratados como normais" porque permite que o conceito de norma e
normalização seja considerado como conceitos operacionais para pensar de
outras maneiras e olhar, pensando historicamente e limitando-se a um único
evento. Ele estudou as formas de poder contra o sujeito, e acreditava que
esse tipo de conhecimento é essencialmente um meio estratégico, um tipo de
conhecimento sobre pessoas, personalidade, indivíduos normais dentro e fora
das regras, baseado na prática social de controle, vigilância e censura, essa
relação com a formação e estabilidade da sociedade capitalista.
Trata-se do saber e da prática de atingir a realidade mais concreta do
indivíduo e do seu corpo e, graças à sua estratégia de expansão junto da
população, funciona como um programa integrado de inclusão e exclusão
social, constituindo um processo de dominação. Binômios normais e
anormais. Para ele, todas as sociedades possuem normas para a
socialização dos indivíduos, enquanto a normalidade de um organismo, a
normalidade, inclui a capacidade de adaptar a variação do organismo às
mudanças ambientais no meio externo.
Acredito que as ideias de Michel Foucault podem colaborar para se pensar
sobre a escola de outra forma, porque ele defende claramente em seus textos
que a pedagogia é um conjunto de saberes e práticas educativas correlatas.
A partir dos conceitos da crítica e da autocrítica, o pensar de outros modos
propostos pelo autor é apontado como uma pratica difícil, mas muito importante
para a militância política que se articulam com a educação.

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