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UFPEL 2022/2 Fundamentos Psicológicos da Educação T7 - 5f noite 30/03/23

Nome: Lutero Borges de Medeiros Junior Matrícula: 21103469

Curso: Licenciatura em História Semestre ingresso curso: 2021/1

Avaliação Dissertativa Online

1. Considerando a análise desenvolvida no texto Educação sem Sociedade, de


Rinaldo Voltolini (2011), apresenta evidências (fatos, argumentos, situações)
que sustentam ou refutam as ideias apresentadas pelo autor.

Segundo a análise do autor, o modelo sobre qual a sociedade estabelece suas


relações, diante de um capitalismo hegemônico, vai diretamente contra o papel
pensado para a escola contemporânea, como sendo uma instituição voltada à
potencialização na socialização e construção coletiva nos processos de ensino-
aprendizagem. O modo de produção e de utilização da educação, na atualidade, faz
com que a escola produza processos de individualização e transmissão de mero
“saber” ou tradição.
O questionamento que se faz constante diante dessa realidade perpassa os
alunos, que não sabem para que serve o que aprendem, os professores, que se
perguntam se ensinar o que aprenderam vale mesmo alguma coisa, e os pedagogos,
que tentam buscar na pedagogia um problema de caráter também antropológico.
Fato é que esse problema antropológico se faz evidentemente presente em nossa
sociedade, percebemos cada vez mais processos de neoliberalização da educação,
processos de individualização e utilização da educação “formal” nas escolas para
fins mercadológicos. De maneira que a escola não se torna espaço para reflexão e
crítica sobre os aprendizados tradicionais, presentes também no âmbito familiar.
Observamos então, um não questionamento do objeto por parte do jovem que se
encontra condicionado e pisando em um “solo comum” sem “olhar para baixo”.
Portanto, situações e argumentos que sustentam a percepção do autor podem ser
conferidos mais notadamente desde o governo FHC, com as reformas da década de
1990, e toda produção anterior e posterior a essa consolidação, de maneira a
demonstrar um movimento de expansão capitalista, em seu caráter individualizante.
Percebemos, recentemente, a reforma do ensino médio, que se deu por meio de
decreto durante o governo Temer, além do constante discurso do empreendedorismo
de si mesmo e problemas sociais que somos alertados desde os escritos de Freire.
2. A partir das ideias desenvolvidas nos artigos Desnaturalizar a Psicologia é
preciso e Psicologia Escolar e Educacional: história, compromissos e perspectivas,
explica através de exemplos as análises/críticas acerca da relação entre
Psicologia e Educação

Partindo do pressuposto de que a psicologia não é dada por natureza, mas sim
uma construção histórica a partir de processos oriundos do humanismo, que
emergem no renascimento, podemos perceber uma trajetória que evidencia as
interpretações que normatizaram, até certo ponto, a educação e o modo de se pensar
a escola. Na educação brasileira esse aspecto fica claro quando conferimos a
influência do comportamentalismo no planejamento educacional.
Em minha interpretação, as relações entre a psicologia e a educação estão
diretamente ligadas no sentido de que a psicologia teoriza e a educação viabiliza,
tendo em vista o potencial de “ajustamento” que esta ciência, com raízes profundas
na biologia, exerce enquanto ferramenta. Essa posição se afirma na medida em que
no texto “Desnaturalizar a Psicologia é preciso” percebemos a posição da psicologia
em um movimento higienista como sinônimo de “limpeza e saúde mental”, de modo
que os meios educativos devessem estar assistidos não só por médicos escolares,
mas também por psicólogos escolares, para então classificar as crianças atrasadas e
especialmente as adiantas.
Parte daí então um movimento que visa moldar, a partir da educação e com o auxílio
da psicologia, uma sociedade mais harmônica e equilibrada, amparando as
mentalidades, corrigindo os defeitos, disciplinando e “higienizando a mente”, mas
que resulta em puro capacitismo e individualismo. Algo que a mim remete algo
concordante com o “positivismo histórico”.
Portanto, compreender o papel da psicologia e da educação hoje é também olhar
para seu passado e compreender seus excessos, principalmente nas funções da
sociabilidade burguesa. Atualmente, compreendemos os objetivos da psicologia de
outra forma, mas de jeito nenhum podemos “reparar” sua construção na educação.

3. Apresenta pelo menos três aprendizagens que realizaste na disciplina situando


em diálogo com textos indicados ou experiências em sala de aula

Durante a leitura dos textos e das participações em aula tive a oportunidade de me


relacionar com diversos conceitos melhor aprofundando-os ou ressignificando
completamente algumas interpretações e termos.
Em primeiro lugar, gostaria de dar ênfase ao trabalho acerca da Pedagogia não-
diretiva e seu pressuposto epistemológico, presente no texto Modelos pedagógicos e
modelos espistemológicos, onde tive a oportunidade de repensar questões sobre o
docente como auxiliar ou facilitador, que acredita que o aluno encontrará seu caminho
de maneira autodidata, melhor relacionando uma abordagem apriorista onde o aluno
determina a ação do professor, mas que me fez pensar sobre a grande probabilidade da
omissão docente.
Em segundo lugar, durante os diálogos em aula, achei extremamente rico o debate
acerca da infância, sua definição em contraponto com a sua prática, como ela é vista em
diferentes culturas, quando não completamente inexistente. Pensar infância me
possibilitou dialogar com os textos até então trabalhados, com enfoque na questão do
condicionamento social, sofrido por todos nós e que construiu e ainda constrói os
“adultos” de nossa sociedade.
Em terceiro e último lugar, a desnaturalização da psicologia, que me permitiu
conhecer os processos históricos que formaram essa ciência tão mitificada em nossa
sociedade atual. Ter acesso ao texto Desnaturalizar a psicologia é preciso me
possibilitou conversar com diversos outros saberes em mim introjetados ou construídos
pelo contexto social em que vivo.

4. Problematize a idéia de família estruturada e a idealização da infância


presentes na sociedade atual

Certa vez, em uma reunião do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à


Docência, com meus colegas de curso, elaboramos um questionário destinado aos
pais dos alunos, levamos ao público e só então nos deparamos com uma realidade
que havíamos de encontrar: muitos jovens não possuíam pais, mas sim responsáveis
ou meramente cuidadores. Esse choque de realidade fez com que dentro de mim uma
questão se impusesse, como será a infância, se é que essa existe, de alguém que não
enxerga no conceito de uma família estruturada, dentro de sua cultura, a si mesmo?
A própria concepção de família e infância por si só já é uma grande problemática,
mas que é tão comumente e sutilmente construída em nosso ideário por meio da
ideologia dominante que pouco refletimos sobre essa idealização. Fato é que não há
uma única infância, mas sim infâncias que variam de acordo com contextos
socioculturais de uma sociedade, ou até mesmo de sujeitos que de uma maneira
diferente participam da mesma cultura, da mesma forma ocorre com a “família”
Pensar a dimensão do capitalismo nessa dinâmica é essencial, bem como os
valores burgueses. Aqueles que vendem a ideia de uma infância são justamente os
que não garantem em um lastro material a existência da mesma, bem como criam a
normatização de uma “família estruturada” composta por pai, mãe e filhos ao mesmo
tempo que consideram desestruturadas todas as outras que não cumprem esses
requisitos.
Portanto, é de suma importância questionar essa idealização afim de pensar como
impacta na realidade. Onde está o lugar de uma criança que não tem pai durante o
“dia dos pais”? onde está o lugar de uma criança que não tem mãe durante o “dia das
mães”? Quais são os brinquedos de uma criança que precisa trabalhar para
sobreviver? Seria toda família a segurança de uma criança? Seria toda criança
completamente contemplada por uma infância?

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